terça-feira, 27 de abril de 2010

Liga Sagres: O clássico do título com o Belenenses condenado

ANÁLISE

Os festejos do Benfica estão oo aquecimento. Após a vitória sobre o Olhanense, os benfiquistas desejaram um desaire do Sp.Braga, frente à Naval, para poderem, então, declarar-se como novos campeões nacionais. Os bracarenses, contudo, estão empenhados em levar a luta até ao fim, são guerreiros na verdadeira acepção da palavra, não encolhem os ombros e dão-se por vencidos. Há que lutar. Sempre, até que não mais seja possível. O papel do Sp.Braga foi cumprido na íntegra. Na próxima jornada, sem depender de deslizes alheios, o Benfica pode carimbar o seu trigésimo segundo título de campeão nacional. No Dragão. O clássico será vivido com papéis invertidos relativamente a épocas anteriores. Estará a ferro e fogo. Até porque o FC Porto acendeu a revolta em Setúbal e não terá Radamel Falcao para discutir com Cardozo. Nem Jesualdo.


Pode uma equipa que luta para não descer, vive com o fantasma dos últimos lugares a apoquentar, resistir a um duplo hara-kiri se jogar perante um rival forte, com uma tremenda confiança que lhe invade a alma e contagia o universo a ela ligado e está um passo de se sagrar campeão nacional? Não, claro que não. O Olhanense não resistiu a duas asneiras brutais de Delson. Em apenas nove minutos, o médio brasileiro cometeu uma grande penalidade tonta e acertou feio em Di María. Resultado: o Benfica marcou aos dois minutos, aliou a vantagem no marcador à númerica aos nove. Os algarvios ficaram por aí. O Benfica aproveitou as benesses, ainda nem tinha tido tempo para assentar o seu jogo, ganhou desde logo a tranquilidade que procurava. Marcou por Di María, mais dois de Cardozo e fechou através de Aimar. O terceiro golo, metade feito por aquele passe de letra de Angelito, é uma obra que merece honras...

Tracção atrás na Naval, equipa construída para conceder poucos espaços ao Sp.Braga, arrastar o nulo, deixar o jogo numa intensidade baixa e procurar sair para o ataque, através da velocidade de Fábio Júnior, elemento importante na pequena surpresa com o Benfica, e Michel Simplício. Respondeu o Sp.Braga com circulação de bola, futebol ligado, incisivo, coeso em todos os sectores, equipa rematadora. Entre dois golaços de Luis Aguiar, um aos vinte e cinco e outro aos oitenta e cinco minutos, passou uma hora de jogo. Nessa hora, iniciada com um livre superiomente colocado no ângulo da baliza de Peiser e um chapéu ao guarda-redes da Naval, o Sp.Braga construiu uma vitória sólida, justa e gorda por quatro golos. Não precisou de ser intensa, foi consistente e geriu o jogo de acordo com as suas pretensões. Os figueirenses não criaram uma verdadeira oportunidade para marcar. Desistir é palavra proibida em Braga.

Se Jesualdo Ferreira tivesse uma bola de cristal à disposição, acompanhando as saídas de Fucile e Raúl Meireles, pouparia Radamel Falcao para o jogo com o Benfica. O FC Porto tinha o jogo perfeitamente controlado, ganho, o Vitória de Setúbal estava inconsequente e sem forças para anular a vantagem de três golos portistas. A vitória azul não iria fugir. O jogo fluía sereno, com poucos motivos de interesse, com golos de Guarín e Belluschi para abalar a monotonia e se juntarem a três de bola parada: Falcao e Maicon haviam marcado para o FC Porto, Henrique reduziu e deu uma fugaz esperança aos sadinos. Nada mais havia para contar. Chegou o minuto oitenta. A temperatura subiu ao extremo. Falcao foi apertado por Ricardo Silva e Bruno Ribeiro, lutou para se soltar e atingiu o adversário com a mão. Viu o amarelo. E falha o clássico com o Benfica. Novos golos de Henrique e Falcao, magoado e triste, ficaram em segundo plano.

Não há nada em jogo: o Sporting terminará em quarto lugar, nem mais nem menos, é o objectivo que os dirigentes leoninos traçaram após terem percebido que o pesadelo inicial já havia deixado a sua irreparável marca na temporada leonina. O Sporting terminará sem nada conquistado. No campeonato, sem possibilidade de ser mais ambicioso, limita-se a cumprir os seus jogos, esperando rapidamente pelo final da época, abrindo horizontes e preparando correctamente o que se avizinha para que os erros não se repitam. É natural, por isso, que os jogos dos leões tenham pouca história. Em Leiria, ante uma União ainda esperançada em chegar ao quinto lugar, Liedson marcou, adiantou o Sporting, traduziu o ascendente no marcador. Não chegou, porém, para resolver. Foi gritante a ineficácia leonina. Cássio, cada vez mais uma figura nos leirienses, empatou no início da segunda parte. O empate prolongou-se. Até ao apito final.

O Belenenses desceu de divisião. Foi a confirmação de uma morte há muito anunciada, um ciclo negro só com duas vitórias pelo meio, uma época para séria reflexão de um histórico, um dos cinco campeões, do futebol nacional. A derrota ante o Vitória de Guimarães, por 2-0, carimbou matematicamente a descida às trevas. Também o Leixões está às portas da despromoção: os leixonenses perderam, em casa, ante a Académica (1-3), mantendo os quatro pontos de atraso para o primeiro lugar de salvação - a equipa de André Villas Boas assegurou a permanência, assim como o Rio Ave, após o nulo com o Marítimo. Caso perca ante o Olhanense, num duelo de verdadeiros aflitos, o Leixões desce ao segundo escalão do futebol português. Na luta pela Europa, o empate caseiro do Nacional com o Paços de Ferreira (1-1), poderá ter entregue definitivamente o quinto lugar ao Vitória de Guimarães - tem três pontos de vantagem.