sábado, 24 de abril de 2010

Jorge Coroado: "Olegário Benquerença não influenciou"

O trabalho de um árbitro é ingrato. Sempre assim será, não há volta a dar. O erro é algo que não se pode dissociar. Custa, contudo, a entender. Ninguém espera que um árbitro erre, que influencie um resultado, que altere a verdade dos factos. Mas acontece, porque não é nenhum ser com poderes sobrenaturais que ali se apresenta. As derrotas, sem excepção, custam a digerir. Custam ainda mais quando são sofridas numa competição gloriosa e sem que seja esperado. A vitória do Inter ante o Barcelona, na terça-feira, foi uma surpresa. Até pelos números: três-um, uma diferença de dois golos que nunca ninguém havia imposto à formação de Guardiola. Olegário Benquerença ficou no epicentro do furacão revoltoso vindo da Catalunha. A prestação do árbitro português continua na ordem do dia. Os blaugrana consideram-se lesados. As manifestações desenvolvem-se. Nos intervenientes, nos jornais espanhóis e até nas redes sociais.

Resta perceber se com razão ou se apenas para diminuir a obra do Inter de Milão. Jorge Coroado, ex-árbitro internacional português e actualmente analista de arbitragem, é taxativo: "Olegário Benquerença cometeu erros. Quem não os comete em noventa minutos? Influenciou o resultado? Não!", dispara convicto. As queixas do Barcelona incidem particularmente sobre dois lances: o terceiro golo do Inter e uma queda de Dani Alves na área nerazzurra. Coroado explica-os: "No golo de Milito, só através da passagem frame by frame nos apercebemos de um ligeiro adiantamento", adianta. "A grande penalidade reclamada só pode ser entendida como patrocínio do sentimento de impotência que afectava os catalães. Em boa verdade, avaliando a jogada, alguém compreenderá que um jogador lançado em corrida, sofrendo uma rasteira tem tempo e engenho para elevar ambos os braços na vertical e cair qual prancha?", questiona.

Na globalidade, na opinião de Jorge Coroado, o desempenho da equipa de arbitragem portuguesa, também nomeada para o Mundial da África do Sul, foi positivo. "Apesar de algumas situações não tão bem conseguidas, gostei da prestação", afirma o ex-árbitro. O que falhou, então, na acção de Olegário Benquerença, Bertino Miranda e José Cardinal?: "Cartões amarelos exibidos a Eto'o, primeiro, e Sergio Busquets, depois: o primeiro foi um exagero e não se justificava num jogo até aí tão tranquilo; o segundo pretendeu nitidamente equilibrar o barco e acalmar as hostes italianas", explana. Coroado enuncia ainda um outro cartão que Olegário deixou no bolso após uma falta cometida por Pedro Rodríguez, jogador do Barça, junto de Bertino Miranda. Para além destes, ainda na primeira parte, José Cardinal assinalara indevidamente um fora-de-jogo a Diego Milito. Um lance rápido e semelhante ao protestado pelos culés.

Para Jorge Coroado, as ferozes críticas manifestadas pelos catalães em relação a Olegário Benquerença não têm, portanto, razão de ser. São, porém, facilmente explicáveis para o agora comentador de arbitragem: "O Barcelona e os seus apaniguados sentiram a derrota por números expressivos, a forte probabilidade de serem arredados da final da Liga dos Campeões e um tremendo murro no estômago por não poderem defender o troféu em Madrid, a cidade rival", conclui, deixando bem patente que não foi devido ao árbitro português que o Barcelona foi vergado pelo Internazionale. No entanto, em Espanha, está criado um ambiente hostil ao árbitro português, acusado pelo diário catalão Sport de ter fechado os olhos a três grandes penalidades e a ter dado um contributo fundamental ao "amigo Mourinho". Sem qualquer cabimento: as críticas não passam de uma forma de declinar responsabilidade. Essa é a tese de Coroado.

2 comentários:

Anónimo disse...

olha visita e troca de links

http://www.mercadoleonino.blogspot.com/

Jornal Só Desporto disse...

É sem dúvida o melhor árbitro Português.