sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Taça de Portugal: Um dragão em defesa da chave do Jamor

SEXTA ELIMINATÓRIA

No futebol, afinal, ainda há surpresas. Na Taça de Portugal, sobretudo, onde os clubes de menor dimensão ou teoricamente com menores probabilidades de vitória, se mostram capazes de ombrear com os mais fortes. Contudo, é natural que essas vitórias inesperadas surjam cada vez menos, por força do conhecimento que todas as equipas têm do adversário. O que não quer dizer, claro, que seja missão impossível. O resultado do FC Porto-Sporting não foi uma enorme surpresa? Para além disso, um tomba-gigantes não precisa necessariamente de fazer cair um grande: qualquer equipa com maior potencial, um primodivisionário que defronte um clube secundário, ganha esse estatuto de gigante. A Taça permite que seja tombado.

Nesta sexta eliminatória da Taça de Portugal, o Desportivo de Chaves cometeu a maior proeza: eliminou, na Mata Real, o Paços de Ferreira, mesmo tendo jogado mais de metade do tempo reduzido a dez elementos. A equipa flaviense, desde que Nuno Pinto assumiu as funções de treinador para substituir Ricardo Formosinho, tem feito uma excelente recuperação no campeonato, largando o desassossego dos últimos lugares, e agora alcança também a sua glória na Taça. Para além do Chaves, importa também destacar a presença do Rio Ave nas meias-finais. Por duas vezes no recurso a grandes penalidades, com Vitória de Guimarães e Sp.Braga, os vila-condenses mostraram que têm grande valor.

Por ser o líder do campeonato, jogando no seu estádio, tem mais sabor a vitória sobre o Sp.Braga - naquela que, para Carlos Brito, foi a melhor exibição da sua equipa. Mérito para o Rio Ave. Por outro lado, não foi o Braga do campeonato que ali jogou para a Taça: uma equipa demasiado cinzenta, com menos dinamismo e sem a mesma capacidade ofensiva. Nas mentes dos adeptos bracarenses ficam duas questões, fantasmas que poderão mudar o que de bom foi feito até aqui, ou apenas contribuir para aumentar a vontade de triunfar: como será o resto de campeonato sem Vandinho, a base da consistência, e os próximos dois jogos sem Mossoró, o maior virtuosista? Faltou essa força ao Sp.Braga e o Rio Ave foi mais feliz.

Para além de FC Porto, Rio Ave e Chaves, nas meias-finais da Taça de Portugal estará também a Naval - os figueirenses bateram o Pinhalnovense, terminando com o excelente caminhada da equipa do terceiro escalão do futebol nacional. Poder-se-á dizer, então, que os dragões têm caminho aberto para a conquista da Taça de Portugal, já que são, indiscutivelmente, a equipa mais forte - diferença que se sente, talvez, mais do que na temporada anterior, quando eram acompanhados por Nacional, Estrela da Amadora e Paços de Ferreira (que viria a chegar ao Jamor). No entanto, apesar dessa superioridade, há mais três candidatos preparados para fazer História. Exceptuando o FC Porto, apenas o Rio Ave (1984) marcou presença numa final.