sábado, 30 de janeiro de 2010

Um diabo imaturo

Há algo em Carlos Martins que o impede de ser um jogador acima da média. Falta-lhe maturidade. No futebol, o talento é apenas uma parte, a mais importante, a que é imperativo juntar uma grande capacidade mental, imune à pressão e que não inflame com elogios. Carlos Martins é daqueles jogadores capazes do melhor e do pior, satisfaz os adeptos agora, desilude-os logo de seguida. Viu-se no triunfo sobre o Vitória de Guimarães: marcou dois excelentes golos, desbloqueou um empate que os vimaranenses já haviam ameaçado, deixou o Benfica com a vitória na mão. Pouco depois, infantilmente, colocou a mão na bola, viu o segundo cartão amarelo e fez com que a equipa jogasse vinte minutos em inferioridade. Um verdadeiro diabo.

Ainda antes disso, de tocar no céu com os golos e descer ao inferno com a expulsão, Carlos Martins já havia sido protagonista. Na área, Cardozo recebeu a bola, demorou a fazer a rotação, perdeu espaço e tempo para fazer o remate à baliza do Vitória. Carlos Martins, isolado à entrada da área, desesperava. Queria a bola, queria o golo, estava em boa posição para o fazer. Disse-o ao colega, trocaram palavras, Luisão, elevando o seu estatuto de capitão, sanou os conflitos. Os remates certeiros que surgiriam na segunda parte tinham lá toda a raiva, a vontade de Martins em mostrar serviço. Fora chamado devido à ausência de Ramires, pretendia justificá-la na plenitude. Conseguiu-o. Foi o homem do jogo. Pena ter manchado um belo quadro.

Esta partida mostra, portanto, na perfeição como é Carlos Martins. Para sempre irreverente. É isso que o prejudica e impede de chegar mais alto na carreira, quiçá a ser presença na selecção nacional. Saiu de forma algo letigiosa do Sporting, de costas voltadas com Paulo Bento, criticado pelo então treinador pela referida falta de maturidade. Vingar-se-ia, na época passada, na final da Taça da Liga: marcou a grande penalidade decisiva, deu um título ao Benfica perante o clube de onde saíra antes de ingressar no Huelva, teve uma vitória muito particular sobre quem o dispensara. Foi esse, talvez, o seu ponto mais alto desde que, no Verão de 2008, ingressou nos encarnados. Falta-lhe amadurecer para chegar mais além.

1 comentário:

Jornal Só Desporto disse...

De facto o Carlos Martins foi um diabo pena a sua expulsão.