sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Golpe na recuperação do Sporting?

A tranquilidade e o optimismo em relação ao futuro, por força das últimas partidas, bem jogadas e ganhas pela equipa, pareciam estar plenamente de regresso ao clube leonino. Cinco jogos sempre a vencer, um ambiente bem melhor comparativamente com o passado recente, reaparecimento da alma do Sporting. Tudo isto faz parte da recuperação que a equipa tem conseguido, algo indiscutível até ontem. A série de triunfos foi aumentada, depois de os leões terem eliminado o Mafra, equipa do terceiro escalão nacional, da Taça de Portugal, mas a prestação do Sporting, em relação com as partidas mais recentes, deixou muito a desejar - desconcetração incrível nos dez minutos finais. Por momentos, deu a ideia de que havia sido feito um retrocesso.

No entanto, tudo isso faz parte do jogo. O futebol tem altos e baixos. O Sporting está a recuperar, certo, mas ainda não totalmente bem e, por isso, mostra algumas debilidades que Carlos Carvalhal ainda não conseguiu combater. Paulatinamente, sem pressão e com total apoio dos adeptos, é esse o caminho a seguir. Quando tudo parecia indicar um futuro mais risonho e sereno, eis que o Sporting entra em verdadeiro estado de sítio: Sá Pinto e Liedson envolveram-se numa troca de palavras que culminou em agressões! As cenas lamentáveis, ocorridas logo após o término da partida de ontem, ditaram a demissão, por sua iniciativa, do director do futebol leonino. Liedson, no momento, está sob alçada disciplinar interna, suspenso e não deixará de ser multado.

Minuto oitenta e dois do Sporting-Mafra. A equipa leonina vencia por 4-1, vantagem mais do que confortável sobre um adversário claramente inferior. Rui Patrício recebe a bola, procura afastá-la para longe da área. O relvado trai o guarda-redes, o pontapé sai defeituoso, a bola vai ao encontro de Zhang, avançado chinês autor de um hat-trick, que cabeceia para o segundo golo do Mafra. De imediato, o público de Alvalade se uniu nos protestos, assobiando Patrício. Em defesa do colega, mostrando desagrado pelo que ouvia, Liedson manifestou-se insatisfeito com a reacção - o guarda-redes tem sido, refira-se, um importante suporte para a equipa. Sá Pinto não gostou da atitude do Levezinho, houve uma troca de palavras azeda. No balneário, chegaram a vias de facto.

Não há memória, no futebol profissional, de algo semelhante. São actos que irão, por certo, afectar o estado do grupo e poderão ter influência no rendimento da equipa - deve-se recordar, pois, que o Sporting está em plena recuperação de uma primeira metade de temporada decepcionante. O temperamento de Ricardo Sá Pinto é, porém, bem conhecido por todos. Mesmo não sendo consensual no cargo de director-desportivo, após a saída de Pedro Barbosa, o ex-jogador é um dos símbolos da garra e do querer que os sportinguistas pretendem ver na equipa. Na altura da debandada dos então responsáveis pelo futebol, José Eduardo Bettencourt, perante a apatia mostrada pela equipa, terá pretendido exactamente isso com a inclusão de Sá Pinto.

Idolatrado pelos adeptos, enquanto jogador, Sá Pinto sempre se caracterizou como sendo impetuoso e de nervos à flor da pele. A sua carreira de profissional ficará manchada pela agressão ao seleccionador nacional Artur Jorge, em 1997. Agora, a sua primeira experiência como dirigente termina de forma abrupta, mais uma vez negra, pouco condizente com as responsabilidades que o cargo lhe exigia. Para a equipa do Sporting, a estabilidade do grupo terá de ser bem salvaguardada, blindada - algo que só se perceberá com o passar do tempo, com o aparecimento de mais jogos. Para José Eduardo Bettencourt, um novo rombo: Sá Pinto foi uma aposta sua, visava marcar uma nova era após as demissões que se seguiram à saída de Paulo Bento.

1 comentário:

Jornal Só Desporto disse...

Nunca devia ter entrado no Sporting o Sá Pinto.