quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Futebol: risco, loucura, paixão, garra, querer



Ponto prévio: o futebol tem que ter risco. Risco, loucura, paixão, garra, querer. Só assim poderá haver um jogo memorável, gravado para a eternidade, recordado em qualquer compêndio, algo verdadeiramente especial. Pragmatismo em demasia, zero risco e segurança total poderão dar um bom jogo? Não, claro que não. Muitas vezes é essa a fórmula do sucesso, as equipas deixam de lado o espectáculo, jogam um futebol cínico e matreiro, buscam a vitória. Se não der para juntar o agradável, não há problema, importa é garantir o essencial. Certo, afinal é de vitórias que se alimentam e quem pretende sucesso tem de ganhar, não ser espectacular. Para os adeptos, é diferente.

Nenhum adepto gostará de ver a sua equipa ganhar sem convencer. A vitória está garantida, o clube cumpriu o objectivo para aquela partida, mas não foi totalmente bom, faltou alguma coisa, o treinador foi calculista, os jogadores tiveram receio de errar. Um mínimo erro, já se sabe, poderá muito bem ser fatal e deitar a perder todo o trabalho desenvolvido até então. Assim, por essa lógica, não terá sido bom jogar pelo seguro? Sim, mas o futebol dispensa qualquer tipo de lógica. Nada é exacto, um jogo é capaz de desmentir qualquer teoria que se conceba. Para o amante de futebol pouco se jogou. Não houve risco. Por aí, se percebe que a essência do futebol ficou para trás, esquecida.

Em muitos desses jogos resulta um empate. Um nulo. Um jogo de futebol sem golos é o mesmo que um filme de Western sem tiros. Se o leitor ainda não está bem convencido, se ainda pensa que um jogo de paciência, além de bom para a equipa que o vence, favorece o futebol: quantos jogos sem loucura, sem paixão, sem emoções fortes ficaram na História? O futebol-espectáculo tem que ter duas equipas em busca da vitória, procurando ser superiores ao adversário, jogando melhor. Por isso mesmo, por aliar tão bem a eficácia ao brilhantismo com que os seus jogadores se apresentam, o Barcelona é a equipa que enche as medidas ao amante de futebol. Percebe-se porquê.

A Liga dos Campeões coloca em confronto as melhores equipas dos mais variados países. Inglaterra, Itália, Espanha, gigantes, dominadores do futebol europeu, com os seus representantes frente a frente. Há magia, há paixão, há a vontade de triunfar e chegar ao trono de melhor equipa do continente. Proponho-lhe, então, leitor, que recuemos até Maio de 2005. Um ano depois de o FC Porto ter tocado o céu na Alemanha. Em Istambul, Liverpool e AC Milan, colossos mundiais, com os olhos postos no troféu. Um representante inglês, vindo do campeonato mais apaixonante do planeta, frente a um italiano que previligia o resultado em detrimento do bom futebol. Mundos desiguais.

O Milan entrou a ganhar. Paolo Maldini, eterno capitão, marcou no primeiro minuto. Estava aberto o caminho para a glória. Crespo marcou mais dois, tudo rosas, antes do intervalo o Liverpool estava vergado, derrotado, sem forças. Três-zero, nada tiraria a vitória aos matreiros italianos, jogo resolvido. Calma! Estamos a falar da Liga dos Campeões, onde tudo acontece, onde a magia é superior a qualquer táctica, onde o resultado é imprevisível. Estavam ali duas das melhores equipas mundiais. O Liverpool ainda teria uma palavra, quanto mais não fosse para atenuar o resultado, para não deixarem os adeptos corados de vergonha. Mas... recuperar de três-zero?

Só seria possível com uma ambição enorme, com uma auto-estima elevadissíma e, acima de tudo, uma fé inabalável. A diferença no resultado pesava, grande como a distância entre Inglaterra e Itália, mas os jogadores ainda acreditavam ser possível. Podiam ser os únicos, não importa. E chegaram somente seis minutos. Entre os cinquenta e quatro e os sessenta, tudo mudou: Gerrard reduziou as diferenças, Smicer encurtou para um golo, Xabi Alonso empatou. Num ápice, louco e mágico, estava tudo do avesso. Chegou o prolongamento, depois os penaltis. Seria demasiado cruel que uma equipa que conseguiu tal feito, perdesse na lotaria. Ganhou! A sorte também lá esteve.

A final de Istambul ficou marcada. Ou melhor: imortalizada, foi a melhor da década, uma final onde uma vitória fácil de uma equipa deu lugar a uma recuperação soberba de outra. Um jogo louco, verdadeiramente incrível, cheio de querer. Derrotados por três golos ao intervalo, poucos se manteriam convictos de que ainda era possível virar o sentido da vitória. Muitos terão pensado: não resultou, fica para a próxima. Numa final de Liga dos Campeões? Nada disso, ainda há quarenta e cinco minutos pela frente, ainda há hipóteses, mostraram-se firmes os reds de Liverpool. A crença resultou. No futebol, por vezes, acreditar no próprio valor é a melhor táctica. A Hard Day's Night.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O mercado dos grandes a seu tempo

Ao Sporting chegaram Mexer, João Pereira e Sinama Pongolle. Têm ainda sido referidos os nomes de Del Horno e Manuel Fernandes, ambos actualmente ao serviço do Valencia. O Benfica voltou a investir no mercado brasileiro: acertou as contratações de Kardec e Airton, que teroricamente não deverão entrar directamente na equipa titular mas procurarão contribuir para aumentar a competitividade interna, sendo também já uma certeza que o atacante Éder Luís rumará à Luz. A reabertura do mercado está, por isso, a ser aproveitada para apetrechar os planteis. Com sentidos diferentes, é certo: os leões precisam mesmo de combater o défice de qualidade, os encarnados querem um conjunto de jogadores que dê todas as garantias. E o FC Porto?

Nos portistas, até ao momento, a paragem natalícia não trouxe ainda qualquer reforço para Jesualdo Ferreira. Apenas o nome do avançado argentino Eduardo Salvio foi veiculado como sendo um potencial jogador que interessasse portistas. Nada concreto. Pinto da Costa já o dissera, aliás: o FC Porto não iria fazer qualquer reajustamento no seu plantel. No entanto, os dragões chegam a esta fase no terceiro lugar, nada comum no passado bem recente, e com algumas lacunas no seu futebol. Neste FC Porto falta alguém que construa e assuma o futebol ofensivo, que não se esconda, que seja decisivo. Pode-se dizer que ainda falta quem entre no papel que pertenceu a Lucho González. O que mais se aproxima de El Comandante é Belluschi.

O médio argentino, contudo, tem sido utilizado com alguma irregularidade. Nos jogos com equipas de valor igual ou superior ao do FC Porto é preterido, invariavelmente, por Guarín, algo que demonstra bem que Jesualdo Ferreira ainda não o considera como um valor seguro. Apesar disso, Pinto da Costa mantém a sua opinião de que não são necessários reforços nem, acima de tudo, o treinador lhe pediu qualquer novo jogador - no Porto não há petróleo, disse o presidente portista, crítico, sarcástico para os rivais. Contudo, ainda como resquícios do clássico com o Benfica, o FC Porto poderá deixar de contar com Sapunaru e, sobretudo, Hulk. Quando os castigos forem conhecidos, os portistas atacarão o mercado. Obrigatoriamente.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Investimento tardio

Depois de João Pereira, é o avançado francês Sinama Pongolle, até aqui no plantel do Atlético de Madrid, a reforçar o Sporting. Nas duas contratações, gastaram-se cerca de oito milhões de euros (três mais cinco, respectivamente). Acresce ainda a chegada de Mexer, jogador moçambicano, que, embora não tenha obrigado os leões a desembolsar tanto, também teve o seu custo. Pode ser paradoxal, no entanto, que o investimento apenas tenha sido feito na reabertura do mercado, ou seja, quando já foi jogada a primeira metade do campeonato português. É que nem João Pereira nem Pongolle poderão ser utilizado na Liga Europa, pois já actuaram pelos seus anteriores clubes. Serão, então, somente para consumo interno.

Nesta altura, é absolutamente indiscutível que o Sporting necessita de reforçar o plantel e de aumentar a qualidade para poder ainda ambicionar, até Maio, algo positivo que apague o péssimo arranque de temporada. Importa recordar, também, que o clube está integrado nas quatro competições a que ficou habilitado. Contudo, é habitual apetrechar os planteis em Agosto, para assim atacar a época na plenitude das forças, e a reabertura do mercado serve somente para preencher eventuais lacunas que possam surgir. No Sporting, no Verão, pouco se investiu: Matías Fernández foi o único que se impôs na equipa titular, Angulo e Caicedo rapidamente se percebeu não passarem de contratações falhadas. Não havia crédito para mais.

A primeira metade da época, já se sabe, foi decepcionante: pelo futebol apresentado, claro, mas sobretudo pelo quinto lugar em que os leões se encontram na paragem do campeonato. As soluções escassearam. Agora, com possibilidades utópicas de discutir o título, o investimento do Sporting visa terminar na melhor posição possível, sendo a qualificação para a Liga Europa o mínimo que se pode exigir. É precisamente nesse contexto que entram João Pereira e Pongolle. Não deixa, porém, de ser estranho que cheguem só nesta fase a um clube que optou por uma política de contenção - e onde são bem conhecidas as debilidades financeiras - para atacar uma competição... onde o objectivo prioritário já está perdido. Chegam tarde? Certamente!

sábado, 26 de dezembro de 2009

O melhor momento de 2009

O ano do tetracampeonato do FC Porto, em Portugal. O ano sensacional do Barcelona, em Espanha, na Europa e no Mundo. O ano em que Cristiano Ronaldo tocou o céu como melhor do planeta, Nélson Évora trouxe ouro para o atletismo português. Mas também o ano em que Usain Bolt espantou todos com a sua velocidade, Jenson Button conquistou um título de Fórmula Um verdadeiramente louco, Alberto Contador mostrou todos os créditos numa Volta a França que voltou a ter Lance Armstrong ou o ano em que Michael Phelps ganhou um estatuto de imortal. E para si, leitor, qual foi o momento mais marcante de 2009?

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Quatro cores na primeira metade

Um vermelho mais forte do que nunca. O Sp.Braga chega, pela primeira vez no seu historial, à paragem natalícia como líder do campeonato. Não deixa de ser uma surpresa, mas fá-lo com todo o mérito de quem leva dez vitórias, três empates e apenas uma derrota nos catorze jogos disputados até aqui. Há muito que os bracarenses fazem por merecer um papel de maior relevo no futebol português, destacando-se de equipas de menor dimensão e colando-se aos grandes. Para que essa afirmação seja definitiva é necessário conquistar títulos, algo que se junte à Taça de Portugal ganha no longínquo ano de 1966. O sonho de ser campeão nacional vai crescendo com as prestações da equipa.

Um encarnado bem vivo. O mais vivo dos últimos anos. Nem mesmo na época do título, em 2004-05, o Benfica chegou ao Natal em tão boa posição. Em alta com a vitória no clássico frente ao FC Porto, categórica e inteiramente justificada, quatro anos depois do último triunfo sobre os portistas, estão em igualdade pontual no topo com o Sp.Braga. Para trás ficou o tempo em que os encarnados finalizavam a primeira metade do campeonato quase sem possibilidades de discutir a liderança. No ano passado, a equipa estava também na frente mas já davam mostras de pouca regularidade. Agora, contudo, parece ser diferente. O Benfica está bem, a aposta no título é mais alta que nunca.

Um azul mais esbatido do que é habitual. Olhando aos pontos, comparativamente com a época passada, o FC Porto até está melhor, conta com mais um do que em igual período da temporada transacta. Os portistas estão, porém, no terceiro posto e com um atraso de quatro pontos para o primeiro lugar. A equipa demonstrou alguma irregularidade, demorou a arrancar, fê-lo a meio gás e perdeu alguns pontos importantes. Depois disso, passada essa fase má, conseguiu reencontrar-se, subiu claramente de rendimento. Até ao jogo da Luz, os dragões cresceram. Todavia, no clássico nada correu bem: o FC Porto nunca se conseguiu impor, não teve capacidade para evitar a vitória do Benfica.

Um verde pálido. O Sporting chega à décima quarta jornada no quinto lugar. Por aí, é fácil de perceber que a época não corre bem para os leões. Além da modesta colocação na tabela classificativa, existem ainda inúmeras dificuldades que têm sido apanágio nesta temporada: a equipa nunca se encontrou, denota grandes problemas na ligação do seu futebol, não houve nenhuma partida em que realmente tenha impressionado pelo futebol apresentado. Falar-se de título, em Alvalade, é quase uma utopia, um sonho cor-de-rosa impossível de realizar. O mercado de Inverno servirá, por isso, para aumentar a competitividade da equipa. Para reencontrar a equipa e conseguir algo de positivo, portanto.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

As consequências de uma contratação acertada

João Pereira é o primeiro reforço de Inverno para o Sporting. O lateral, vindo do Sp.Braga, assinou um contrato válido para os próximos quatro anos e meio e custou três milhões de euros. Trata-se, indiscutivelmente, de um bom reforço para o plantel leonino. No entanto, a aquisição tem prós e contras. À primeira vista, o negócio dificilmente poderia ser melhor: os leões conseguem preencher uma lacuna importante na zona defensiva; o Sp.Braga obtém um encaixe financeiro que lhe permitirá atacar a reabertura do mercado. Há, todavia, para além disso, aspectos negativos. O Sporting quase nada investiu no Verão passado, optou por uma política de contenção, tem agora condições para reforçar o plantel mas fá-lo, talvez, demasiado tarde. Do outro lado, os bracarenses perdem um jogador-chave para Domingos Paciência.

Abnegado, com garra, cem por cento profissional, nunca dando um lance por perdido, sempre em busca do sucesso. João Pereira é assim. O lateral, muito provavelmente o melhor do campeonato português, foi uma das imagens do Sp.Braga de 2009. Com a sua saída, os bracarenses perdem um elemento fundamental, quer a defender quer a atacar. É certo que a candidatura ao título não é assumida, mas nos horizontes minhotos está bem presente a ideia de que poderá mesmo ser possível a equipa ser campeã nacional. A conjuntura actual quase obriga a que se pense dessa forma. Depois de uma passagem fugaz pelo Benfica, onde se formou como jogador, o percurso de João Pereira levou à cobiça de clubes de renome, tanto a nível nacional como internacional. Poderia ter saído no Verão, o Sp.Braga conseguiu segurá-lo no plantel.

Olhando para a tabela do campeonato, João Pereira deixa o primeiro classificado para entrar no quinto. Deixa uma equipa que tem surpreendido positivamente, que constrói o sonho de ser campeão nacional, para entrar noutra que vive diversas dificuldades. Contudo, naturalmente, o Sp.Braga não atingiu ainda o nível dos leões. O Sporting é, a par de FC Porto e Benfica, o topo do futebol português, independentemente do lugar que ocupam. Para Carlos Carvalhal, a chegada de João Pereira é uma excelente notícia: terá à disposição um jogador de qualidade indiscutível para o lado direito da defesa, uma zona onde nem Abel nem Pedro Silva se têm conseguido impor. Com condições para tornar o plantel mais competitivo, o Sporting procurará recuperar o seu estatuto e conseguir algo de positivo no que resta da temporada.

O regresso da escuridão dos túneis

A Liga suspendeu preventivamente Hulk e Sapunaru por, alegadamente, terem agredido um membro da segurança no túnel de acesso aos balneários da Luz. As versões, naturalmente, são contraditórias: o steward queixa-se de ter sido agredido por Sapunaru, uma acção que terá tido também o contributo de Hulk; do lado dos portistas, embora sem uma reacção oficial, refere-se que o jogador romeno reagiu a uma provocação. Independentemente das causas, nada justifica as atitudes dos jogadores. São profissionais, não devem ter descontrolos emocionais que levam a uma extrapolação daquilo que sentem. Está, por isso, aberto um inquérito para que se apure a realidade daquilo que realmente aconteceu no final do clássico - algo a que o sistema de vídeo-vigilância dará um contributo fundamental.

Os problemas ocorridos nos túneis não são, contudo, de agora. Esta temporada tem, inclusivamente, sido fértil em conflitos já fora do relvado. O caso mais mediático até então, que tanta polémica deu, aconteceu no intervalo do Sp.Braga-Benfica e culminou nas expulsões de Óscar Cardozo e André Leone, um jogador de cada equipa. Terão havido agressões junto aos balneários, Jorge Sousa assim decidiu. Nada a apontar, por isso. Todavia, as imagens televisivas vistas posteriormente, onde se registam agressões de Ney Santos e Mossoró a Cardozo, deveriam ter servido para que fosse instaurado um processo aos jogadores. No entanto, apenas foram assumidos os castigos aos jogadores expulsos pelo árbitro da partida. Agressões claras, captadas pelas câmaras, não mereceriam castigo?

Antes disso, na ronda anterior, o Benfica já havia tido alguns problemas no túnel. Também no intervalo. Ruben Micael e Manuel Machado, jogador e treinador do Nacional, afirmaram, após o final do jogo, que elementos da equipa madeirense, em especial o médio português, haviam sido pressionados e até agredidos. Vejam as imagens, afirmou Ruben Micael. Até hoje, ninguém está esclarecido sobre o que se passou ao intervalo do Benfica-Nacional. Nem do jogo de Braga, nem no fim do clássico. A única certeza é que os túneis voltam a ganhar, infelizmente, protagonismo no futebol português. Que pena é que a verdadeira essência do jogo, o futebol jogado dentro do campo em noventa minutos de disputa cordial, seja esquecida...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Opinião: O ano glorioso do Barcelona

O Barcelona é a melhor equipa do planeta? É. E também a melhor do século. Nenhuma outra formação consegue ser tão espectacular, tão brilhante e, sobretudo, tão vencedora. São muitas as que jogam bom futebol mas pouco ganham. Outras ganham mas não convencem nem os próprios adeptos. No Barça tudo é perfeito, assenta em maquinismos que não deixam escapar o mínimo detalhe, é um verdadeiro carrossel, a equipa encanta, domina e ganha. O ano de 2009 deve ser emoldurado, legendado com letras de ouro, servir de guião a quem pretenda glória no futebol, imortalizado junto às melhores de sempre. Haverá mais alguma que consegue juntar tão bem o útil ao agradável? Haverá quem encante e ganhe?

Liga, Taça do Rei, Supertaça espanhola, Liga dos Campeões, Supertaça europeia e Mundial de clubes. São seis provas. Para o Barcelona, seis títulos. Pep Guardiola entrou na época passada, chegou da segunda equipa blaugrana, sucedendo a Frank Rijkaard, treinador com glória no auge de Ronaldinho mas caído em desgraça. Guardiola era uma lenda, um ídolo, tal como agora é Puyol, mas com trinta e oito anos teria capacidade para liderar um colosso mundial? Com ele, o Barcelona reaquiriu a beleza, o espectáculo, o domínio. Guardiola é, hoje em dia, reconhecidamente como um dos melhores treinadores mundiais. Tem trinta e nove anos, ganhou todas as competições em que esteve. Seis títulos.

Lionel Messi é o melhor jogador do Mundo. Foi ontem distinguido com o prémio. É mesmo? Depende: uns responderão imediatamente que sim, outros dirão que beneficia de estar numa equipa como o Barcelona. Afinal, o argentino é a estrela maior da equipa. Se formos pelas jogadas, pelas fintas, pelo espectáculo, Messi é o melhor. Se formos pela importância no processo colectivo, os melhores são Xavi e Iniesta. Jogam de olhos fechados, fazem carrilar o futebol do Barça, sabem precisamente o que fazer à bola quando a têm nos pés. O Barcelona sobrevive sem eles? Dificilmente, o carrossel sente complicações para atingir o melhor funcionamento, a equipa perde a formatação que tão bem resulta. E sem Messi?

O Barcelona tem, então, o melhor do Mundo. E tem Xavi, Iniesta e Ibrahimovic. São jogadores de classe mundial, um desejo de qualquer treinador, decisivos onde quer que seja. Todos gostariam de ter um deles, Guardiola tem os quatro. Depois tem jogadores da cantera, como são Pedro Rodríguez, Bojan Krkic e Sergio Busquets. Na mesma equipa, num todo, há uma junção perfeita entre o traquejo e a juventude. De um lado, homens que sabem o que fazer e executam com toda a mestria. Do outro, jovens que se divertem a jogar à bola e a maravilhar a plateia. O espírito deste Barcelona reflecte-se precisamente aí. A equipa joga, convence, vence. Está na galeria das melhores. Das verdadeiras equipas de sonho.


Liga Sagres: Saber sofrer para ser feliz

ANÁLISE

É mais do que provado que para uma equipa ter sucesso precisa de ter qualidade, grande regularidade que não dê espaços a intermitências e uma pontinha de sorte. Tem, também, de passar por algum sofrimento. Nesta jornada, os dois primeiros do campeonato, empatados em pontos, distanciados por uma vitória em Braga, venceram. Com sofrimento: o Sp.Braga acaba o ano em primeiro, o Benfica empolgado por uma vitória sobre o FC Porto, grande rival. Os dragões pararam o ciclo ascendente, ficaram intimidados na Luz, o campeão tem quatro pontos de atraso para o trono. Na Figueira, o Sporting recebeu um pouco de oxigénio.

Quantos esperariam que Jorge Jesus lançasse, num jogo de tamanha importância, um jogador sem um único minuto jogado nas trezes anteriores jornadas do campeonato português? Só quem, de facto, estivesse bem informado das pretensões do treinador encarnado. Sem Di María e Coentrão, não subiu Peixoto, jogou Urretaviscaya, extremo uruguaio, em estreia nesta época. Sem Aimar, a batuta esteve ao comando de Carlos Martins. O Benfica surpreendeu o FC Porto, a vitória encarnada começou aí. Depois, apareceu um cliente habitual, oportunista e decisivo: Javier Saviola. Por alguma razão lhe chamam El Conejo - Clique para aceder à crónica do Benfica-FC Porto


Quatro deslocações à Figueira da Foz, quatro vitórias para o Sporting. O momento actual da equipa não inspira confiança mas a estatística estava, nesta partida com a Naval, do lado dos leões. Carlos Carvalhal, depois dos desaires consecutivos com União de Leiria e Hertha de Berlim, alterou o esquema táctico: deixou o 4x2x3x1 que tem procurado implementar e optou por um 4x1x3x2, colocando Carlos Saleiro ao lado de Liedson no ataque à baliza de Peiser. A sociedade funcionou: trinta e cinco minutos, toque do Levezinho, desvio de Saleiro para o golo. Sobretudo por aquilo que fez na segunda parte, o Sporting justificou a vitória. O leão está a recompor-se.

Sem o mesmo fulgor de há bem pouco tempo, sem o brilhantismo, mas extremamente eficaz. O Sp.Braga vale pelo colectivo, os jogadores demonstram uma entreajuda extraordinária, a equipa torna-se numa verdadeira muralha. Esse é o primeiro passo, a base para o sucesso minhoto. Para coroar surgem lances de puro aproveitamento individual. Em Paços de Ferreira, perante uma equipa destemida e com a vitória no horizonte, foi Meyong quem marcou em cima do intervalo. Momento cirúrgico, perfeito, matreirice de uma equipa que é líder por mérito próprio. Depois, bem, depois houve que suster o adversário. Os bracarenses souberam sofrer, também aí ganham pontos.

Se em jornadas anteriores, os empates e alguns nulos bem enfadonhos ganharam destaque, nesta ronda foi bem diferente: apenas houve uma igualdade, a dois, entre Leixões e Olhanense, duas equipas a lutar para saírem de posições delicadadas, num jogo emotivo que um verdadeiro dilúvio estragou. Vitória de Setúbal, equipa que tantas debilidades tem mostrado e que anseia pela reabertura do mercado, conseguiu um salto importante por força da vitória (3-2) sobre o Marítimo. O último posto, antes dos sadinos, é agora do Belenenses: derrota em Leiria, por 1-0, e saída de João Carlos Pereira. Vitórias do Nacional sobre a Académica (4-3) e do Vitória de Guimarães sobre o Rio Ave (1-0).

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Depois do clássico: análise

Um Benfica de gala, um FC Porto intimidado. À partida, seriam os portistas quem mais tinham a ganhar: equipa totalmente disponível, ciclo de quatro vitórias e boas exibições, perante um Benfica desfalcado de Di María e Fábio Coentrão, obrigando Jorge Jesus a inovar no vértice esquerdo do losango do meio-campo, e Aimar, o maestro que tão fundamental tem sido para a construção de jogo. O treinador encarnado, contudo, não abdicou do seu 4x4x2, mudou somente as peças, os maquinismos mantinham-se com outros intérpretes. Lançou Carlos Martins, raramente utilizado, e surpreendeu com a colocação de Urretaviscaya sobre a esquerda. Bem apoiado por César Peixoto, acontecendo o mesmo com Ramires e Maxi Pereira na direita, o Benfica tornou-se comandante do jogo aí: nas faixas laterais do terreno.

Jesualdo Ferreira, por sua opção, prescindiu de Belluschi e Varela. Tal como já acontecera em jogos assim, importantes e contra adversários de valor idêntico, o treinador portista alterou a equipa. Não a táctica, manteve o 4x3x3. No meio, também devido às más condições de um relvado cada vez mais pesado e difícil devido à acção da chuva, Jesualdo preferiu a força de Guarín à maior criatividade de Belluschi. O colombiano garante solidez em termos defensivos mas não tem capacidade para construir jogo ofensivo, para ser rápido e eficaz nas transições que o treinador tanto gosta de explorar. Essa missão, sem Belluschi, estaria destinada a Raul Meireles, mas o médio nunca conseguiu assumir o jogo portista. O Benfica, em superioridade, tomou também conta do meio-campo, campo nevrálgico de batalha.

Se no Benfica, quer à direita com Maxi no apoio a Ramires quer à esquerda com o auxílio de César Peixoto a Urreta, as alas funcionavam para criar perigo junto à área de Helton, no FC Porto essas acções eram inconsequentes. Fucile, importante na manobra ofensiva, não teve forma de se livrar do compatriota Urreta e ajudar Hulk; Álvaro Pereira foi o autor do primeiro remate de perigo, aos sessenta e dois minutos, mas pouco interveio em questões atacantes. Sem controlo do meio-campo, sem profundidade nas alas, sem um rasgo individual que resultasse, que soluções restariam ao FC Porto para ameaçar a baliza de Quim? Jesualdo percebeu que tinha estado mal, procurou mudar, lançou Varela para o lugar de Guarín. Fê-lo ao intervalo, já o Benfica levava vantagem. Golo de Saviola, nas costas da defesa azul.

Com a entrada do extremo português, que tem demonstrado estar em excelente forma mas acabou por ser preterido na Luz, e a saída de Guarín, o FC Porto melhorou, conseguiu combater a superioridade do Benfica e jogar mais no terreno contrário. Teve duas excelentes ocasiões, por força de remates de Álvaro Pereira e Raul Meireles, para empatar. Jorge Jesus notou que a sua equipa estava em clara quebra, sem a mesma intensidade. Era preciso refrescar: Urreta e Carlos Martins encheram o campo na primeira parte mas mostraram naturais debilidades físicas. O dragão crescera, Jesus foi astuto o suficiente para contrariar. Jesualdo lançou as últimas cartadas, Belluschi e Farías. Foi tarde, não houve tempo para mudar. O Benfica soube sofrer, foi inteligente a gerir e ganhou. Ganhou bem.

Benfica-FC Porto, 1-0 (crónica)

A VITÓRIA DO EFEITO SURPRESA E O SAVIOLA DO COSTUME

Quantos esperariam que Jorge Jesus lançasse, num jogo de tamanha importância, um jogador sem um único minuto jogado nas trezes anteriores jornadas do campeonato português? Só quem, de facto, estivesse bem informado das pretensões do treinador encarnado. Sem Di María e Coentrão, não subiu Peixoto, jogou Urretaviscaya, extremo uruguaio, em estreia nesta época. Sem Aimar, a batuta esteve ao comando de Carlos Martins. O Benfica surpreendeu o FC Porto, a vitória encarnada começou aí. Depois, apareceu um cliente habitual, oportunista e decisivo: Javier Saviola. Por alguma razão lhe chamam El Conejo.

O FC Porto, já se sabia, chegou ao clássico na máxima força. Restava, no entanto, tirar a limpo algumas alterações que poderiam surgir: Jesualdo Ferreira trocou Belluschi por Guarín, preferindo o físico do colombiano à magia do argentino, e lançou Rodríguez para o tridente ofensivo, na vez de Varela, ao lado de Falcao e Hulk. O Benfica, para além dos castigados Di María e Fábio Coentrão, apresentou-se desfalcado de Aimar, médio convocado mas com limitações físicas. Ramires, tal como Jesualdo Ferreira havia garantido, foi titular nos encarnados. A surpresa reservada por Jorge Jesus foi a utilização de Urreta, médio em estreia absoluta nesta temporada, sob o lado esquerdo. E o maestro: Carlos Martins.

A frase que serve como título a esta crónica, pretende demonstrar como o FC Porto se sentiu: surpreendido. A percentagem que aguardaria a titularidade de Urreta seria, decerto, quase nula. Foi muito por culpa do extremo uruguaio e também de Carlos Martins, outro jogador raras vezes chamado à equipa inicial, que o Benfica conseguiu superar um melhor início do FC Porto e, assim, assumir o controlo da bola. Estalaram os vinte minutos e foi aí que veio a primeira ocasião de golo. Para o Benfica. Álvaro Pereira, salvador, cortou o remate de Cardozo em cima da linha. A defesa portista conseguiu aliviar o perigo mas não para muito longe. David Luiz insistiu, Saviola acreditou, encarou com Helton e rematou certeiro.

UM GOLO COMO CEREJA NO TOPO DO BOLO

Se o Benfica já estava por cima até então, em vantagem a equipa de Jorge Jesus chegou à tranquilidade. A superioridade nos duelos nas faixas laterais e a conquista do meio-campo, não só permitia aos encarnados criar mais lances de perigo como dominar e aniquilar as tentativas do FC Porto. Tentativas, sim, nunca passou disso. Os portistas sentiam falta de criatividade, imaginação, um rasgo de génio. Ao preferir Guarín a Belluschi, Jesualdo correra esse risco: com o colombiano e com Raul Meireles bem abaixo das últimas prestações, não havia como construir futebol de ataque. Pouco depois da meia-hora, podem queixar-se de um erro: Hulk foi derrubado por Peixoto, dentro da área, Lucílio Baptista mandou jogar.

Apesar desse lance polémico, um erro, o Benfica chegou ao intervalo na frente com toda a justiça. Senhores da bola, das oportunidades e do jogo, onde o tão desejado Ramires teve um papel determinante, os encarnados estavam perto da perfeição. Era, por isso, no lado oposto que teriam de surgir alterações. Obrigatoriamente. Jesualdo Ferreira percebeu que a estratégia inicial não resultara, deixou Guarín de fora e lançou Varela. Os portistas regressaram com outra atitude, com mais bola, conseguindo jogar no meio-campo adversário. O primeiro remate de real perigo surgiu, contudo, apenas aos sessenta e dois minutos: Álvaro Pereira tentou de longe, Quim atirou as pretensões de empatar para canto. Melhoria?

FC PORTO MELHOR, JESUS GUARDA O OURO

Por essa altura, o FC Porto mostrou-se, apertou o Benfica, rondou com perigo a baliza de Quim e procurou o golo do empate. Jorge Jesus, atento, percebeu que o seu meio-campo quebrara, não tinha o mesmo rendimento, dava espaços. Trocou, por isso, Urreta e Carlos Martins por Weldon e Luís Filipe. O jogo estava intenso, lutado, e os dois primeiros, tão importantes que foram na construção da superioridade encarnada, normalmente acusaram a falta de ritmo. Era tempo, então, de o Benfica reequilibrar a balança. O jogo entrou nos vinte minutos finais, os portistas tinham claramente melhorado mas os encarnados mantinham o controlo. De novo por lesão, Ramires deu o lugar a Felipe Menezes.

Lucílio Baptista errara na primeira parte, voltaria a estar mal à entrada dos quinze minutos finais. Christian Rodríguez impediu com o braço que a bola chegasse à cabeça de David Luiz, o árbitro nada assinalou. Jesualdo Ferreira tinha que lançar os trunfos de que ainda dispunha, era agora ou nunca, o FC Porto ambicionava algo mais na Luz. Entraram Farías e Belluschi, saíram Hulk e Raul Meireles. Imperou, porém, a Lei de Murphy: nada saiu bem ao FC Porto. Com as alterações, a equipa portista ficou partida, procurou futebol directo, não resultou. O Benfica sofreu, soube fazê-lo, e garantiu a vitória. Com mérito, o jogo esteve longe de ser bem jogado mas os encarnados foram melhores. O Natal será, agora, mais descansado.


domingo, 20 de dezembro de 2009

Benfica-FC Porto (antevisão)

De um lado está uma equipa que procura sucesso e glória imediata, do outro um tetracampeão nacional que tem tido um domínio absoluto do futebol português. O Benfica, senhor dos títulos, contra o FC Porto, rei das últimas duas décadas. Uma rivalidade antiga, um confronto sempre vibrante, somente um ponto a separá-los, vantagem para os encarnados. Se o jogo se disputasse há mês e meio atrás, não haveria problemas em reconhecer a superioridade do Benfica: a equipa de Jorge Jesus atravessava um período fulgurante, dominador, sufocante. O FC Porto, ao invés, era uma equipa apática, nada de acordo com a sua condição de campeão, sem ter um futebol definido e organizado. Agora, no entanto, já assim não é.

O que mudou, então, nesse período de tempo? Ambas as equipas estão diferentes: o Benfica sem o mesmo brilhantismo, o FC Porto mais coeso e confiante. Importa, por isso, também olhar às ausências que poderão existir. Nos portistas, Jesualdo Ferreira está descansado, não tem indisponíveis, conta com todos os jogadores. FC Porto na máxima força, portanto. Nos encarnados, a situação é diferente. Ou muito diferente, apenas se saberá muito próximo da hora da partida. Vamos por partes: Fábio Coentrão e Di María, por força das sanções na partida com o Olhanense, estarão de fora - Peixoto deverá jogar no meio-campo. Resta, contudo, avaliar a disponibilidade de Ramires e, sobretudo, Aimar, elemento fulcral desta equipa.

Após o jogo europeu com o AEK de Atenas, na passada quinta-feira, Jorge Jesus foi bem claro: Ramires e Aimar não treinaram, estavam fora dos planos para o jogo, tão simples quanto isso. Seria mesmo assim? O treinador abririam mão de dois dos mais importantes jogadores sem levantar preocupações? Jesualdo Ferreira, na conferência de antevisão ao jogo, desconfiou e afirmou que Ramires não só iria ser convocado como jogaria de início. No primeiro ponto, o da convocatória, o treinador portista acertou: o Queniano e El Mago foram mesmo chamados para a partida, resta perceber se serão titulares. Luisão e David Luiz, dupla intocável no centro da defesa, estão também recuperados da gripe que os afectou durante a semana.

Não é, por isso, difícil de concluir que o clássico chega numa melhor altura para o FC Porto, não só por estar em clara subida de rendimento mas, acima de tudo, devido às alterações a que Jorge Jesus será obrigado a efectuar. Do lado dos portistas, existem também dúvidas quanto à equipa lançada, pois é bem conhecida a apetência que Jesualdo Ferreira tem para inovar em jogos grandes. A maior interrogação focaliza-se no meio: a criatividade de Belluschi ou o poder de Guarín? No tridente ofensivo, existem quatro jogadores para três vagas: Falcao, Hulk, Varela e Rodríguez. Um deles será preterido, talvez seja mesmo o extremo uruguaio a ficar de fora. Tudo dependerá das ideias que Jesualdo levar para o clássico. Que terá crónica no FUTEBOLÊS.

EQUIPAS PROVÁVEIS

BENFICA: Quim; Maxi Pereira, Luisão, David Luiz e Shaffer; Javi García, Carlos Martins, César Peixoto e Aimar; Saviola e Cardozo

FC PORTO: Helton; Fucile, Bruno Alves, Rolando e Álvaro Pereira; Fernando, Raul Meireles e Guarín; Hulk, Falcao e Varela

sábado, 19 de dezembro de 2009

Que bicho vos mordeu, bigs?

É caso para perguntar: que se passa com este Manchester, sir Alex? Na ronda anterior, o United teve uma oportunidade de ouro para se colar ao Chelsea, líder do campeonato inglês, depois de um tropeção da equipa de Carlo Ancelotti frente ao Everton. No entanto, por força da derrota caseira ante o sensacional Aston Villa, quarto classificado, viu a distância para o topo alargar-se. Hoje, na deslocação a Craven Cottage, terreno do Fulham, os red devils acabaram derrotados por uma margem pouco normal: três golos contra zero. Amanhã, em caso de vitória sobre o West Ham, o Chelsea volta a ter cinco pontos de vantagem para o tricampeão. Não é normal, de todo, a equipa de Alex Ferguson ceder desta forma. Acresce, ainda, que este Chelsea é o mais forte desde os tempos de Mourinho.

É caso para perguntar: que se passa com este Liverpool, Rafa? A posição do treinador espanhol é, a cada temporada que passa, mais débil. Benítez teve o seu ponto máximo enquanto treinador dos reds em 2005, quando triunfou, ante o Milan de Ancelotti e Rui Costa, numa final da Liga dos Campeões louca, louca, louca. Não conseguiu, contudo, quebrar a superioridade do Chelsea e Manchester United, sobretudo, para dar um título de campeão nacional inglês que escapa desde a longínqua época de 1989-90. Esta temporada parece marcar uma definitiva ruptura, a margem de manobra do treinador espanhol é quase nula. Nesta jornada, o Liverpool perdeu ante o Portsmouth, último classificado, e essa poderá ter sido a gota de água num período negro. Dezoito jogos e apenas vinte e sete pontos?

Mérito, bom futebol, sofrimento: eis o Sp.Braga!

O Sp.Braga é campeão de Inverno. Independentemente daquilo que venha a acontecer no clássico de amanhã, serão os bracarenses a entrar no novo ano de 2010 na frente da classificação. Com sorte ou não, com brilhantismo ou não, a sofrer ou não. O percurso de catorze jogos disputados pelo Sp.Braga até agora, desde a vitória tangencial e conseguida já pertinho do final sobre a Académica até ao triunfo de ontem contra o Paços de Ferreira, foi condimentada com todos esses ingredientes, uns mais do que outros em determinadas partidas: espectacularidade, coesão, capacidade de sofrimento e, tão importante, uma pontinha de felicidade. Assim se constrói a imagem deste Sp.Braga que, acima de tudo, tem grande mérito naquilo que conseguiu. Ser campeão de Inverno é apenas simbólico mas um prémio justo.

A imagem da equipa bracarense foi sendo construída passo a passo, sem pressas. Começou mal a temporada, com a eliminação precoce, demasiadamente precoce para uma equipa que aspirava a feitos na Europa, aos pés dos suecos do Elfsborg. Domingos Paciência ficou em xeque, logo aí, perante os exigentes minhotos, António Salvador soube ser persistente e esperar por resultados. Era, então, absolutamente obrigatório vencer na primeira jornada do campeonato. Frente à Académica, jogando em casa, o Sp.Braga encontrou dificuldades, teve de sofrer até final, mas acabou com os três pontos. Agora, mais treze jornadas disputadas, o saldo dificilmente poderia ser melhor: dez vitórias, três empates, uma derrota. Não é imaculado devido ao derby com o Vitória de Guimarães, onde perdeu frente ao grande rival.

À medida que o campeonato se foi desenrolando, que as jornadas se acumularam, o início intermitente deu lugar a uma equipa sólida, confiante, respirando futebol e, sobretudo, vitórias. A quinta jornada trouxe um teste de fogo, a recepção ao FC Porto, tetracampeão, podia ter sido uma barreira à progressão minhota. Pelo contrário, foi aí que a equipa de Domingos Paciência adquiriu um estatuto superior: já havia vencido em Alvalade, agora o FC Porto, por que não colocá-los na rota do título? Sem querer sequer ouvir falar em ser campeão, o Sp.Braga continuou o seu caminho, jogo a jogo, procurando sempre mais. Quatro rondas depois, o Benfica, companheiro de liderança. Nova mostra de força, vitória categórica. Seria, porém, na jornada seguinte que apareceria a única derrota. Importava, então, ver como reagiria a equipa após o primeiro abanão.

Nada do que de bom havia sido feito até aí poderia ser apagado, claro que não, mas era necessário que os minhotos mantivessem o ritmo elevado. No entanto, excepção feita à vitória mais do que tranquila sobre a União de Leiria, o Sp.Braga entrou numa fase de (natural) quebra: empatou com o Leixões e com a Naval, permitiu que o Benfica voltasse a igualar e que o FC Porto encurtasse a distância para um ponto. Nessas partidas, para além dos empates, faltaram as ideias, faltou o brilhantismo que havia até então, o colectivo não foi tão forte nem apareceram individualidades. Em Paços de Ferreira, ontem, o jogo foi equilibrado, mas Meyong, o mesmo que havia marcado na ronda inicial, decidiu a favor dos bracarenses. Tal como no início, foi sofrida. E não é de sofrimento que se fazem as grandes equipas?

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pontapé de canto - Entrevista ao site Arbifute

Pontapé de canto é uma rubrica do Arbifute, um site exclusivamente dedicado à arbitragem, onde são feitas entrevistas a personalidades conceituadas do planeta futebolístico e, também, a administradores de blogues sobre futebol. Aproveito, por isso, para agradecer o convite enviado pela administração do Arbifute. Fica, então, a entrevista na íntegra:

ARBIFUTE:
Como estás a avaliar a arbitragem esta época na Liga Sagres?
RICARDO COSTA:
Portugal tem um futebol à medida do país e, portanto, uma arbitragem que se equipara à qualidade do nosso futebol. De acordo com o campeonato português, poder-se-ia pedir melhores árbitros? Não me parece. Além disso, não querendo fugir à pergunta, penso que a arbitragem portuguesa tem vindo, de forma progressiva, a aumentar a sua qualidade.

A: O futebol nacional melhoraria com árbitros profissionais? Porquê?
RC: Eu creio que sim. Para sustentar uma equipa, mesmo que existam jogadores de qualidade, é necessário ter uma estrutura forte e que sirva de alicerce. Na arbitragem é exactamente o mesmo e a profissionalização traria melhores condições de trabalho aos árbitros e, sobretudo, criaria essa estrutura. No entanto, bem diferente é pensar que com árbitros profissionais terminarão os erros. Não será assim, evidentemente, mas caso sejam dados melhores meios para os árbitros, será meio caminho andado para que estejam mais bem preparados e se tornem mais competentes naquilo que fazem. Se os jogadores da Liga Sagres e Liga Vitalis são profissionais, por que não os árbitros? No entanto, seria necessário que os próprios dirigentes e observadores, não sendo profissionais, acompanhassem esse desenvolvimento e se preparassem para levar a arbitragem portuguesa a ter uma crítica mais positiva.

A: Muito se fala das novas tecnologias, ou como uns dizem, "meios auxiliares dos árbitros", na tua opinião seria benéfico para o futebol essa medida?
RC:
A introdução da tecnologia no futebol seria sempre benéfica mas tiraria todo o sentido ao jogo: acabariam as discussões em torno da arbitragem, não restariam dúvidas, teríamos um jogo demasiado morto. Alguém quererá um futebol assim? Claro que não, nem a International Board deixará o seu conservadorismo para trás. Passaríamos de um extremo, onde existem erros, para um extremo de perfeição. No entanto, defendo que faria sentido utilizar os tais "meios auxiliares" nos casos de dúvida sobre se a bola terá ou não ultrapassado totalmente a linha de golo. Mas apenas aí.

A: A UEFA adoptou na Liga Europa, os árbitros de baliza. São estes uma boa alternativa aos meios tecnológicos?
RC:
Não acho. A utilização de mais dois elementos nas equipas de arbitragem, para além de não ter uma total percentagem de eficácia, poderá levar a que se gere ainda maior polémica, pois continuam a ser humanos que ali estão e juntam-se mais duas visões de um lance. Além disso, são capazes de garantir se a bola entra realmente? Não! Podem avaliar lances de fora-de-jogo? Também não. Não creio que tragam um contributo realmente importante.

A: Qual, na tua opinião, é o melhor árbitro português?
RC:
Sem colocar qualquer ordem, penso que temos um grupo de árbitros que se destacam dos restantes: Olegário Benquerença, Pedro Proença, Jorge Sousa e, actualmente, Artur Soares Dias. Os dois primeiros estão bem colocados internacionalmente, dirigem vários jogos da Liga dos Campeões e, muito provavelmente, Olegário estará presente no Mundial 2010, aquilo que será o ponto máximo da sua carreira. Independentemente disso, Jorge Sousa é considerado, quase que de forma unânime, como sendo o melhor árbitro português, pela forma sóbria e correcta com que conduz os jogos; Soares Dias tem demonstrado muito valor e enorme margem de progressão, terá tudo para ser um árbitro de topo.

A: Qual seria a "medida radical" a aplicar no futebol português?
RC:
O futebol português precisaria de vários abanões. Naquilo que respeita à arbitragem, longe de ser uma atitude extremista, parece-me que a profissionalização, assim como referi anteriormente, seria um bom caminho para melhorar a qualidade dos nossos árbitros. Penso que é fundamental criar um organismo forte, que sustente as equipas de arbitragem e esteja preparado para os defender e formar para que sejam competentes no que fazem. Em Portugal existe um grupo de bons árbitros, outros ideias para jogos que não ofereçam problemas de maior mas sem condições para partidas de risco e ainda uns que são bem sofríveis. Daí que diga que seria necessária uma maior formação que, quanto a mim, a profissionalização poderá ajudar a trazer.

A: Como nasceu o FUTEBOLÊS?
RC:
São muitos os jovens aspirantes a jornalistas que criam blogues para mostrarem as suas capacidades. Tive, desde sempre, uma enorme paixão por futebol e pela escrita e, portanto, foi precisamente o que fiz. Confesso que o FUTEBOLÊS surgiu um pouco por acaso, quase como sendo uma experiência, nunca com a preocupação de ser um caso raro de visitas, mas ao longo dos meses (fará dois anos de existência em Fevereiro) ganhou forma até se tornar naquilo que é actualmente. O que procuro fazer é mostrar as minhas opiniões sobre determinados assuntos relacionados com futebol de forma imparcial.

Sortes europeias trazem bons reencontros

A Liga dos Campeões, primeiro. O FC Porto defrontará, nos oitavos-de-final, o Arsenal. De entre os possíveis adversários que compunham o lote, não se pode dizer que os portistas tenham tido azar. Neste momento, não há adversários fáceis, claro que não, mas este Arsenal está longe de fazer tremer como aconteceria com Barcelona ou Manchester United. A fase de grupos de 2008-09, uma época atrás, colocou ambas as equipas frente-a-frente: o FC Porto viveu um jogo de pesadelo em Londres - derrota por 4-0 - mas teve capacidade para terminar à frente dos ingleses, derrotados no Dragão por 2-0. Poderão os portistas ambicionar chegar mais além? Sim, sem dúvida, se conseguirem estar ao seu melhor nível. Até para vingar o sorriso de Arsène Wegner na goleada do Emirates Stadium.

Na Liga Europa, coincidência das coincidências, os adversários trocaram-se: o Benfica defrontará o Hertha de Berlim, opositor do Sporting na fase de grupos; os leões terão como opositor o Everton, equipa que se qualificou logo atrás do Benfica. Em teoria, nesta troca de rivais, foram os encarnados quem mais ficaram a ganhar: o Hertha, equipa que derrotou o Sporting na passada quarta-feira, está em último no campeonato alemão e já demonstrou algumas fragilidades que poderão ser bem exploradas pela equipa de Jorge Jesus, favorita nesta eliminatória. Na temporada transacta, o Benfica jogou, então na fase de grupos da Taça UEFA, em Berlim (empatou a um). O estado de ambas as equipas é, contudo, bem diferente e os encarnados têm tudo para seguir em frente.

Por outro lado, em relação ao Sporting, o Everton foi cilindrado na Luz e vencido em Liverpool pelo Benfica, mas tem mais potencial do que os alemães do Hertha de Berlim. As fragilidades que os leões possuem são bem conhecidas e, naturalmente, aumentam as complicações que a equipa portuguesa encontrará. Além do mais, é sempre indesejável defrontar adversários ingleses e este Everton, apesar de estar a fazer uma temporada abaixo do que era expectável (apenas no décimo quinto lugar), conta com jogadores de qualidade como Saha, Fellaini ou Tim Cahill que serão, por certo, perigos constantes para a equipa leonina. Por isso, só um Sporting transfigurado, mudado para muito melhor, procurando na Europa um escape para o fracasso interno, será capaz de derrotar o Everton.


Liga Europa: Terminar com show, em beleza ou mal

Faltavam, na altura, precisamente dezassete minutos para os noventa. Carlos Martins lança Di María nas costas da defesa do AEK, o argentino corre, corre, desconcerta o adversário e encara o guarda-redes Saja. Tudo para um golo fácil. Angelito quis colocar magia, ofuscar o que se passara até então, rematou de letra para o segundo golo do Benfica. E o seu segundo golo no jogo. Pelo meio, entre os remates certeiros, houve ainda uma bola na barra, outro que levantaria o estádio. Aquele Di María, não é o mesmo que tão mal esteve em Olhão: ser regular e mágico em todos é o que falta para o argentino se tornar num jogador de classe mundial. Num jogo em que o Benfica poupou e testou com o pensamento no clássico, onde nada havia a decidir, a genialidade valeu o preço do bilhete.

O resultado nada alterava, mas nem por isso o Sporting deixava de ter responsabilidades. Aliás, uma equipa que vive momentos tão delicados não se pode dar ao luxo de desperdiçar oportunidades para recuperar o ânimo. O ideal de Carlos Carvalhal passava, então, por procurar uma vitória que quebrasse o pessimismo. O opositor não era temível, é certo, mas para uma equipa que tantas dificuldades tem demonstrado, não se pode dizer que a primeira parte do Sporting não tenha tido algo positivo. Falhou a finalização, um problema bem conhecido, talvez agravado pela ausência de Liedson. Na segunda etapa, a exibição piorou, escassearam as ideias, não houve forma de marcar. Veio o golo do Hertha, bem mais letal, uma machadada nas aspirações leoninas.

Terminar em beleza. Mesmo sabendo que não existia qualquer possibilidade de continuar em prova, o Nacional corria em busca de uma vitória. Apesar de ter demonstrado qualidade, tendo mesmo sido superior em algumas partidas com equipa teoricamente mais fortes, o maior pecado passou pela falta de traquejo neste tipo de jogos. Esta última ronda, frente ao Áustria de Viena, o adversário mais identificado com o Nacional, foi perfeita: excelente exibição e eficácia na hora de rematar à baliza, cinco golos marcados aos austríacos. Sobressaiu, de novo, Ruben Micael, autor de dois golos, o jogador que mais se destacou nesta fase de grupos - melhor marcador da equipa portuguesa com sete golos marcados. Os madeirenses saem, então, com a cabeça bem levantada.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Clássico que já aquece

O jogo é apenas no domingo mas já há muito se tornou tema central. Benfica e FC Porto disputarão, na Luz, o último clássico da primeira volta. O mais esperado. O mais emotivo. Pelo que têm feito até ao momento, será entre benfiquistas e portistas que se discutirá a conquista do título de campeão nacional. Favoritos para o jogo? Há bem pouco tempo atrás, responder-se-ia quase sem hesitar que o Benfica tinha maiores probabilidades de vencer: vivia um excelente momento, de goleadas, enquanto o FC Porto sentia inúmeras dificuldades para estabilizar. A vantagem dos encarnados foi, em certo momento, de cinco pontos. Aí, sem dúvida, os encarnados estavam mais fortes. Agora é diferente. O clássico não terá favoritos.

E diferente porquê? O Benfica, na última ronda, teve a pior prestação da temporada e não poderá contar com Di María, Fábio Coentrão e Ramires, algo que levará Jorge Jesus a ter de proceder a alterações no meio-campo - a presença de Aimar é ainda uma incógnita, mas o argentino deverá recuperar a tempo do clássico, e dar a sua criatividade à equipa. O FC Porto está claramente numa fase ascendente, vem de quatro vitórias consecutivas, tem apresentado futebol bem melhor e mais condizente com a condição que um campeão tem de defender, os jogadores finalmente integraram-se na equipa. Um ponto é aquilo que nesta altura separa os rivais, com vantagem para o Benfica.

Longe de ser decisivo para decidir o que quer que seja, o clássico poderá ser importante para clarificar as contas do campeonato. Em caso de vitória, o Benfica volta a ganhar uma vantagem folgada de quatro pontos. No contrário, o FC Porto poderá coroar a sua recuperação com a ultrapassagem à equipa de Jorge Jesus e acender a luta com o Sp.Braga. A história: desde 2005-06, ano em que Laurent Robert bateu Vítor Baía, Koeman derrotou Adriaanse, que o FC Porto não perde na Luz. Em 2006-07 e 2008-09 houve empate, pelo meio surgiu uma vitória que permitiu aos portistas arrancarem rumo ao tricampeonato, em 2008. Nos bancos, Jesualdo leva sete triunfos contra dois de Jesus. Como será no domingo?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Liga Sagres: Líderes em falso e FC Porto de olhos na Luz

ANÁLISE

Benfica empata. Sp.Braga com oportunidade para voltar a ser líder destacado, dois pontos à maior, necessário que vencesse a Naval. Objectivo falhado, os arsenalistas não saíram do nulo e da teia montada por Augusto Inácio. Oportunidade de ouro, então, para o FC Porto ganhar pontos ao grande rival e, acima de tudo, se aproximar do primeiro lugar. Objectivo cumprido, jogo tranquilo frente ao Vitória de Setúbal selado com dois golos. Portistas e encarnados defrontar-se-ão, na próxima semana, com um ponto a separar. Mal continua o Sporting. Ainda é novidade?

Carlos Carvalhal não prometera espectáculo, não estaria a ser realista. O enorme atraso pontual para o topo levam à emergência de vencer. Jogando bem ou não, é irrelevante neste momento. Em Setúbal, a equipa leonina conseguiu somar três pontos sem ter feito uma boa prestação. Em casa, com a União de Leiria, pedia-se exactamente o mesmo. No entanto, depois de ter dado sinais de melhoria, o Sporting voltou à depressão que o tem assolado. A equipa leiriense venceu com mérito: foi superior na primeira parte, chegou ao golo e depois guardou a sete chaves o triunfo. Este Sporting foi incapaz de anular a derrota, impotente e sem mostrar soluções para a crise.

À primeira vista, observando somente a classificação e os dados estatísticos, o Olhanense não seria um adversário que trouxesse complicações ao Benfica. No entanto, por detrás do facto de os algarvios ocuparem o último lugar e só terem vencido por uma vez, está uma equipa que tem qualidade. O jogo confirmou-o: o Olhanense mostrou-se em bom plano, o Benfica foi uma sombra daquilo que tem feito. Após se terem colocado por duas vezes em vantagem, os bons malandros algarvios ficaram a um palmo do triunfo. O responsável pela desfeita foi Nuno Gomes, pouco utilizado mas decisivo, que conseguiu evitar um mal maior aos bons malandros benfiquistas.

Minuto 25 do FC Porto-Vitória de Setúbal. À entrada da área, Silvestre Varela remata forte, golo, o segundo depois de Farías ter desfeito o nulo. Xeque-mate. Em três minutos, somente. O jogo terminou aí, sem qualquer exagero, a estratégia dos sadinos foi ao tapete e o FC Porto sentenciou a vitória ainda antes da meia-hora. Seguir-se-iam, então, setenta e cinco minutos de gestão, ritmo baixo, desperdício ainda de algumas oportunidades para dilatar a vantagem. O Vitória demonstrou as debilidades que lhe são bem conhecidas, foi incapaz de criar um único lance de perigo para Helton. Antes de jogar na Luz, melhor seria impossível para os dragões.

É incontornável: o Sp.Braga atravessa, actualmente, a sua fase de menor fulgor nesta temporada. Depois do empate ante o Leixões, os minhotos voltaram a ceder pontos: a equipa do Sp.Braga não conseguiu derrubar uma Naval que se preocupou em fechar os caminhos para a sua baliza e tentar alguma sorte no ataque, faltou-lhe um toque de génio que resolvesse. Nas restantes partidas, destaque para a vitória do Rio Ave sobre o Marítimo - 0-1, a primeira vez que a equipa de Van der Gaag foi vencida - e ainda a vitória do Paços de Ferreira sobre o Nacional (2-1). A Académica continua em recuperação e venceu, por 2-0, o Leixões, enquanto no Restelo, o Vitória de Guimarães voltou aos triunfos (0-1).

domingo, 13 de dezembro de 2009

Um ponto ganho para o pior Benfica

Ponto prévio: o Benfica que se apresentou em Olhão foi o pior deste campeonato. À primeira vista, defrontar o último classificado, equipa que conta somente com uma vitória, a partida com o Olhanense não deveria trazer dificuldades de maior ao Benfica. Seria legítimo que assim se pensasse? Sim, pelos argumentos já referidos. Porém, o caso dos algarvios é estranho: os jogadores têm qualidade, a equipa pratica bom futebol e demonstra uma atitude que nada se coaduna com a condição que ocupa. Tem-lhe faltado maior traquejo para ser mais eficaz, mas nunca poderia ser um passeio para o Benfica. Jorge Jesus avisara. Os seus jogadores, porém, não interpretaram a mensagem. O empate acaba, por isso, por ser um mal menor... vindo já depois dos noventa, quando poucos acreditariam que a vitória fugira ao Olhanense.

Jorge Jesus deixou Pablo Aimar de fora. Sem o mago argentino, este Benfica perde a capacidade de construir jogo ofensivo. Um dos principais factores para explicar a exibição dos encarnados pode passar por aí. A equipa não entrou bem. Foi uma partida em falso. E a perder: livre de Rui Duarte, desvio de César Peixoto aproveitado para o golo de Carlos Fernandes. Sofrer cedo é algo a que o Benfica não está habituado. Era necessário reagir, partir o quanto antes para o cerco à baliza de Ventura. Contudo, faltavam as ideias, faltava ligação e ganhava forma o número de passes errados. O Olhanense teve a primeira contrariedade aos vinte e seis minutos, com a expulsão de Djalmir. Dois minutos depois, veio a segunda, mais grave: o empate por Saviola.

Em vantagem numérica e de regresso ao ponto inicial, o Benfica teve uma oportunidade para assumir o jogo e modificar o que havia demonstrado até então. Era o que se esperava, aconteceu o contrário. Cinco minutos após o empate, novo livre de Rui Duarte, falha na defesa encarnada, desvio de Toy para a baliza de Quim. Eficácia quase total nos algarvios. O jogo entrara, entretanto, numa fase quezilenta, com inúmeras paragens e pouco espectáculo. Teve grande intensidade, disputa nos limites, mas pouco valor técnico. Aos encarnados pouca coisa corria bem: Di María foi expulso - ficou tudo igual, de novo - e Ramires lesionou-se. O relógio continuava o seu ritmo, o Olhanense estava sólido e coeso, o Benfica sem soluções para marcar. Nuno Gomes foi a última aposta, precisou de pouco tempo para ser decisivo. Do mal o menos!

sábado, 12 de dezembro de 2009

Este Sporting dará para mais?

Depois do regresso às vitórias, uma reentrada num mundo escuro e decepcionante. Na ronda passada, em Setúbal, o Sporting conseguiu vencer. Não convenceu, é certo, mas garantiu o objectivo de ganhar. Carlos Carvalhal congratulou-se, mostrou-se optimista em relação ao futuro. Os adeptos, desconfiados e sem largarem o pessimismo que tem vindo a ser uma realidade em Alvalade desde o início da temporada, terão pensado que a vitória é importante e a exibição automaticamente secundário: se a equipa ganhar sem se mostrar em bom plano, tudo bem, afinal importa somar os pontos. Contudo, hoje, frente à União de Leiria, voltou o pior Sporting. Ou seja, o que joga mal e, acima de tudo, não vence.

A imagem do final da partida com os leirenses é desoladora mas também bem exemplificativa do espírito leonino: jogadores de cabeça baixa, adeptos irritados lançado assobios, muitos assobios. O Sporting está, parece, a perder a sua condição de equipa grande. Um grande luta para conquistar o título de campeão nacional, esta equipa leonina não. O objectivo do Sporting é revitalizar-se, somar vitórias, pensar num jogo de cada vez. Calmamente, passo-a-passo, é isso que Carlos Carvalhal pretende até final da temporada. Se a exibição com o Benfica e o resultado em Setúbal foram dois motivos para imaginar um futuro melhor, ante a União de Leiria nada funcionou: derrota, jogo demasiado pobre e sem soluções.

Animicamente, após a entrada de Carvalhal, a equipa teve uma melhoria. Não foi significativa, longe disso, mas serviu para atenuar a contestação que se fazia sentir. Carvalhal, não sendo nem pouco mais ou menos consensual entre os adeptos leoninos, representou um sinal de mudança e isso foi suficiente para lhe ser conferido crédito. No entanto, mesmo mudando os processos de jogo, conferindo maior dinamismo ao futebol leonino, conseguindo melhor ligação entre sectores, o Sporting continua na mesma: mal, ao alcance de equipas como Rio Ave ou União de Leiria que partilham de objectivos bem mais comedidos. O Sporting, o grande, tem de estar noutro patamar. Este Sporting, o de 2009-10, desceu e não parece ter como subir...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Passado e futuro do FC Porto na Europa

Quatro vitórias, duas derrotas. Este é o saldo do FC Porto na fase de grupos da Liga dos Campeões. Com adversários - Chelsea, Atlético Madrid e APOEL Nicósia - que, à partida, motivaram alguma contenção e pragmatismo, a prestação dos portistas é francamente positiva. O clube conseguiu voltar a estar nos oitavos-de-final pela quarta vez consecutiva, o objectivo prioritário, e fê-lo com todo o mérito. É certo, no entanto, que o Atlético, em teoria o mais directo rival para o acompanhamento do super-favorito Chelsea no acesso à fase seguinte, nunca demonstrou ser um adversário à altura e, por isso, transitou para a Liga Europa com apenas três pontos conquistados - empates com APOEL, dois, e Chelsea. Seja como for, o FC Porto cumpriu a sua obrigação.

Comparemos, então, a prestação dos portistas com a época anterior. Em termos pontuais, igual. Em termos classificativos, pior. Tal como aconteceu agora, em 2008-09 o FC Porto averbou duas derrotas, com Arsenal (4-0) e com Dínamo de Kiev (0-1), naquela que foi a fase mais problemática na temporada dos dragões. As contas da qualificação complicaram-se mas a equipa soube dar a volta e ainda conseguiu ser primeiro do grupo com doze pontos somados, mais um do que o Arsenal. Esse posto permitiu-lhe, então, evitar equipas com maiores aspirações e que também haviam finalizado no primeiro lugar dos seus grupos. Esta temporada, é diferente: o Chelsea foi implacável e apenas cedeu dois empates quando tinha a qualificação assegurada. Pior, portanto.

Bordéus, Manchester United, Real Madrid, Fiorentina, Barcelona, Sevilha e Arsenal. Este é o grupo de clubes que se afiguram como possíveis adversários do FC Porto nos oitavos-de-final. Aquele que teoricamente será mais favorável? Nesta fase da competição, recorrendo a um chavão, não há adversários fáceis: foram primeiros dos seus grupos, estão na elite do futebol internacional e isso, por si só, é meritório. No entanto, olhando aos percursos de cada um deles, o Sevilha poderá ser um nome recebido com confiança, aquele que será mais do agrado dos portistas. A evitar, claro, os tubarões que ninguém quer ter como adversário: Barcelona, Manchester United e ainda Real Madrid.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Contrariar a teoria e os milhões

Oitavos-de-final, início da prova a eliminar, dezasseis equipas. A Liga dos Campeões entrou na sua fase decisiva, matar ou morrer, já não há como emendar um possível erro e poder olhar aos pontos conquistados. A Champions é assim: uma competição de elite, só os mais fortes resistem e o espaço para que existam grandes surpresas é reduzido. No entanto, continuam a acontecer e a Fiorentina representa-o bem. Depois de ter encontrado dificuldades para bater o Sporting e entrar na prova dos milhões, quem pensaria que os viola iriam terminar o grupo no primeiro lugar? Poucos, muito poucos. Por lá estava, também, o Liverpool, que perdeu a segunda posição para o Lyon. Uma equipa-surpresa está nos oitavos, um gigante europeu caiu para a Liga Europa. Repete-se a pergunta: quem esperaria?

Não foi, contudo, apenas o Liverpool, equipa com cinco títulos europeus, quem viu a sua continuidade barrada. De forma precoce, ficando com a Liga Europa como bóia de salvação embora esteja longe de ser a mesma coisa, também a Juventus perdeu, na última jornada, a oportunidade de garantir a presença na próxima fase da competição milionária. Depois de uma vitória sobre o Inter, que permitiu encurtar distâncias para o topo do campeonato italiano, a Juve recebeu o Bayern de Munique, jogo decisivo. Em Turim, o desfecho foi improvável - vitória dos alemães por quatro-um -, troca das posições do grupo, Bayern apurado na última e atrás de Bordéus, campeão francês. Van Gaal, tão criticado pela prestação no campeonato, sorriu... no fim.

Ditou o sorteio que Barcelona e Inter, duas das melhores equipas europeias, dominadoras dos seus campeonatos da época anterior, ficariam juntos. Em teoria, seria apenas definir a ordenação, até porque Rubin Kazan e Dínamo Kiev não são adversários temíveis. A fase de grupos demonstrou, porém, dificuldades que nenhum dos favoritos esperaria. O Rubin Kazan, principalmentex, mostrou-se capaz de ombrear com os melhores e prova disso é a vitória em Camp Nou e o empate caseiro com o super-Barça. Não merecia, por isso, sair pela porta pequena: está na Liga Europa, onde poderá mostrar o seu valor. Contas feitas, os dois colossos do grupo tiveram ainda capacidade para se imporem . A elite dos dezasseis: Arsenal, AC Milan, Barcelona, Bayern Munique, Bordéus, Chelsea, CSKA Moscovo, Estugarda, Fiorentina, Inter, Lyon, Manchester United, Olympiacos, Real Madrid, Sevilha e, claro, o português FC Porto.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Aventura em África - Opinião de Bernardino Barros

A fasquia está demasiado elevada para a presença portuguesa no Mundial 2010, não por culpa alheia (imprensa ou público) mas por opção interna. Depois de Carlos Queiroz ter referido que Portugal era favorito à vitória final - "creio que o mais difícil é a qualificação. Conseguido esse objectivo, Portugal será, definitivamente, candidato a ganhar o Mundial, ou pelo menos a estar no pódio" (26 Outubro 2009) -, chegou a vez de Gilberto Madaíl afinar pelo mesmo diapasão. Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, como diz o dito popular, e por isso acho que devemos ter algum cuidado com o grupo onde estamos inseridos, porque não é tão fácil como à primeira vista parece, principalmente se for encarado com a mesma leviandade e facilidade com que a selecção começou a fase de qualificação.

O primeiro jogo é contra uma das mais fortes equipas africanas, a Costa do Marfim, recheada de excelentes individualidades, mas colectivamente muito ingénua e com pouca apetência defensiva, mas quem tem Didier Drogba e Salomon Kalou (Chelsea), Yaya Toure (Barcelona), Zokora (Sevilha), Emmanuel Eboue, Kolo Toure (Manchester City), Arthur Boka (Estugarda) e a mais recente vedeta (dois golos no Domingo frente ao Lyon) Yao Kouassi Gervinho (Lille), é sempre uma equipa temível. Além do mais é o primeiro adversário e neste tipo de competições o primeiro jogo deve ser sempre encarado com muito cuidado, pois pode não haver lugar a rectificar qualquer erro.

O segundo jogo é com um adversário, Coreia do Norte, sempre difícil de contrariar. Equipa fraca, quer a nível individual quer colectivo, mas com jogadores que começam a correr desde o primeiro apito do árbitro e só param no final do jogo. Defrontar uma equipa que corre, corre e não pára de correr, que tem muita garra, muito pulmão, muito coração e pouca técnica é difícil e tarefa que deve ser encarada com muita concentração. Lembremo-nos de 1966. No jogo que encerra a fase de grupos, Portugal enfrenta o Brasil, e esperamos que já com a qualificação garantida, pois jogar com os “manos do lado di lá” não é tarefa fácil, e Carlos Queiroz que o diga, pois foi difícil de digerir o resultado de 6-2.

Resumindo e concluindo, Portugal tem todas as condições de passar a fase de grupos, se encarar os jogos com a concentração e espírito colectivo, aliás o mesmo que lhe fez vencer e jogar bem os jogos finais da fase de qualificação. Esperemos que assim seja.

Opinião de Bernardino Barros, comentador da Rádio Renascença, sobre o Mundial

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Comentário: Tanto FC Porto para tão pouco Atlético

Sem nada a perder, sem pressão. Para o FC Porto, este cenário só poderia ser benéfico. Pretendia-se, então, que a equipa mantivesse os níveis recentes. A entrada foi verdadeiramente demolidora, com golos. O primeiro quarto de hora em Madrid deve ser guardado e legendado como o que de melhor os portistas fizeram nesta temporada. A sociedade entre Raul Meireles e Bruno Alves, que tão bom resultado deu em Guimarães, voltou a funcionar na perfeição. Foi o golo do FC Porto, segundo minuto de jogo, uma cabeçada do capitão fulminante para os colchoneros. Doze minutos passaram até os portistas voltarem a ser letais: Fucile rematou de longe, Asenjo defendeu para a frente, Falcao encostou para o fundo da baliza. Fácil, fácil de mais. Dois golos de vantagem, tudo no trilho da vitória.

Os males deste Atlético são bem conhecidos: a equipa espanhola tem um ataque recheado de estrelas mas a defesa não consegue alcançar a mesma qualidade. É frágil. Se os espanhóis conseguissem ter uma estrutura forte e coesa que suportasse as aventuras ofensivas de Agüero, Forlán, Maxi Rodríguez e Simão, o Atlético de Madrid estaria, por certo, numa situação bem diferente daquela que se encontra actualmente. A perder por dois golos e com más notícias vindas de Londres, onde o APOEL marcara, era urgente mudar. Reagir. O Atleti não reduziu, mas assutou Helton, criou boas oportunidades para marcar - os colchoneros têm também razões de queixa num lance em que Maicon derruba Agüero, dentro da área. Nesta fase, diga-se, o FC Porto passou por alguns calafrios. Faltou eficácia à equipa de Quique Flores.

No oposto, a
equipa portista está melhor a cada jogo que passa. Na fase de maior aperto do Atlético, afinal eram os colchoneros que ainda tinham alguma coisa para decidir nesta partida, os dragões souberam ocupar os espaços e nunca perder a união. A fase de intranquilidade, de oscilações, parece estar definitivamente para trás. A vantagem de dois golos aos quinze minutos deu um contributo fundamental para que o FC Porto partisse para uma exibição personalizada, assim como Jesualdo Ferreira pedira. A inciativa ficou do lado do Atlético de Madrid, mas nunca os portistas se fecharam e desistiram de atacar. Esse seria o maior erro, até porque havia inúmeras fragilidades para explorar. Para o Atlético, só a transição para a Liga Europa pode ser vista como algo positivo - apesar do empate do APOEL frente ao Chelsea.

A melhor defesa é o ataque, diz o ditado. Por vezes é assim, no caso dos colchoneros não: o ataque tem qualidade, a defesa conta com demasiadas intermitências para uma equipa que pretende sucesso. O minuto dois terá ficado marcado nos espanhóis: na primeira parte, Bruno Alves fez o golo; na segunda, Agüero saiu por lesão.
A substituição do argentino foi, sem dúvida, um rombo nas aspirações que o Atlético ainda tinha em conseguir um resultado positivo. O FC Porto controlou, geriu a partida de acordo com as suas pretensões. Marcaria, ainda, mais um golo. O melhor, um pontapé imparável de Hulk. Fez três, ganhou com justiça, a vitória poderia ainda ter sido mais robusta. Não modificou nada no grupo mas trouxe oitocentos mil euros e uma injecção de ânimo numa equipa em crescimento.

Sem pressão mas com orgulho (antevisão)

Sem a pressão de ter de ganhar? Sim. Sem responsabilidades? Não, bem longe disso. O FC Porto joga, logo mais, a última jornada da fase de grupos e já tem tudo decidido: estará presente, a par do Chelsea, nos oitavos-de-final mas sabe que o segundo lugar lhe poderá trazer um adversário bem indesejável. Contudo, há sempre um prestígio e uma camisola para defender. Mesmo não mudando absolutamente nada no que respeita à sua posição, os portistas quererão voltar a ser felizes num estádio que lhes traz boas recordações: na época passada, nos oitavos, o FC Porto conseguiu uma exibição de gala no Vicente Calderón. É que, além do mais, há alguns euros que os cofres azuis-e-brancos querem garantir.

Se do lado portista a passagem está garantida, no segundo lugar do grupo, a condição do Atlético de Madrid não é definitiva. Os colchoneros sabem que esta partida representa o fim da linha na Liga dos Campeões mas, em termos matemáticos, não possuem ainda a garantia de continuarem nas competições europeias, pois o APOEL Nicósia ainda lhes poderá roubar o terceiro lugar que faz a ponte para os dezasseis-avos da Liga Europa. No entanto, os cipriotas deslocam-se a Stamford Bridge, fortaleza do Chelsea, e uma vitória será um cenário quase utópico - os espanhóis têm, também, melhor diferença de golos. É certo, então, que o jogo importa bem mais ao Atlético.

O Atlético que defrontou o FC Porto no Dragão, em Setembro passado, já tinha os nossos bem conhecidos Simão Sabrosa, Jose Antonio Reyes e Paulo Assunção. Junta-se, agora, Quique Flores, ex-treinador do Benfica. Quique continua com o seu estilo simpático, elogioso, agradável. Jesualdo agradece, mas para ele este é um bom jogo para os portistas darem sequência ao que de bom foi feito em Guimarães. Num estilo também descomplexado, o treinador do FC Porto anunciou seis nomes que entrarão no Calderón: Helton, Fucile, Maicon, Fernando, Hulk e Varela. Esta poderá ser, aliás, uma boa oportunidade para Jesualdo Ferreira fazer alguma gestão do plantel e lançar jogadores, tal como Maicon, com pouca rodagem.

Liga Sagres: Em companhia

ANÁLISE

Jornada sim, jornada não. Ora íder isolado, ora liderança com igualdade pontual. Na ronda passada, fruto do empate do Benfica no derby, o Sp.Braga conseguiu voltar a ganhar alguma margem de manobra no topo da classificação. Perdeu-a, agora, frente ao Leixões, onde um golo incrível dificultou a tarefa. Do mal o menos, ficou o empate que garante o estatuto de líder. Esta foi, aliás, a jornada dos golos caricatos. E do regresso do Sporting, sete jornadas depois (!), às vitórias. Desde a partida com o Olhanense, em Setembro, que os leões não ganhavam em jogos do campeonato...

O Benfica voltou às goleadas. Depois dos verdadeiros amassos de início de temporada, o jogo com o Nacional marcou uma viragem. Após os seis golos marcados aos insulares, seguiu-se uma derrota em Braga, uma vitória suada sobre a Naval e um empate no derby ante o Sporting. Três jogos, um golo marcado. Teria desaparecido o Benfica demolidor? Não, mas seria impossível que se mantivessem graus de eficácia tão elevados. Com a Académica, voltaram as goleadas à Luz, quatro golos marcados aos estudantes. Exibição sólida e confiante em termos colectivos, pincelada com toques de génio de Cardozo e Saviola, a dupla dos terrores dos adversários: Tacuara marcou três, El Conejo esteve em grande destaque e culminou com um golo magistral.

O FC Porto voltou à boa forma. Construiu, em Guimarães, a melhor exibição da época. Agora, sim, fez jus às insígnias que ostenta. Os portistas entraram bem, confiantes, dispostos a marcar o mais rapidamente possível para afastarem os fantasmas que têm pairado sobre a equipa. Pelo contrário, o Vitória concedeu demasiado espaço, não teve forma de travar o desenrolar natural da partida. E dos golos portistas, dois, ameaçados em cima do intervalo por Andrezinho. Com isso, os vimaranenses transfiguaram-se, ganharam ânimo e criaram diversas ocasiões para o empate. Estava tudo mudado, os dragões tremeram. No melhor período do adversário, chegou ao terceiro golo e encerrou o tema. O FC Porto eficaz e frio está a regressar.

O Sporting voltou às vitórias. Desde 21 de Setembro que não acontecia. Sabe-se que marcar cedo é meio caminho andando para deixar uma vitória bem encaminhada e ainda melhor é para quem precisa de pontos com urgência. Foi o caso do Sporting no Bonfim: Izmailov, tão desejado, fez o passe que permitiu a Liedson reencontrar-se com os golos. Quarto minuto de jogo, perfeito. Os leões conseguiram criar mais lances de futebol ofensivo, passaram ao lado de mais golos. No entanto, depois dos vinte minutos, a equipa abrandou e permitiu que o Vitória - equipa com gigantescas falhas - equilibrasse. Passou, inclusive, por alguns sustos mas sobressaiu Rui Patrício. Já no final, Liedson bisou e garantiu a vitória. O bom futebol pode esperar, ficam os pontos.

Insólito. Assim foi o segundo golo do Sporting em Setúbal: o assistente de Elmano Santos deu indicação de fora-de-jogo, o árbitro madeirense deixou jogar porque a bola ficou na posse dos sadinos, o guarda-redes Nuno Santos recolheu-a, passou a Liedson e... golo. Para tornar o lance ainda mais caricato, junte-se o facto de que a bola já havia saído e, por isso, seria pontapé de baliza. Os mesmos adjectivos para o golo que travou o Sp.Braga: Moisés atrasou a bola bem longe da área, o relvado complicou, Eduardo mediu mal a trajectória e sofreu um golo verdadeiramente anedótico. Em Matosinhos, o líder viu-se obrigado a correr atrás do prejuízo. Chegou, ainda, a um empate precioso num golo de Alan.


À terceira tentativa, o Nacional conseguiu vencer e dedicar a vitória a Manuel Machado, o comandante da equipa que continua a atravessar momentos complicados em termos de saúde. Aconteceu em Leiria, onde os insulares tiveram de lutar muito para chegar aos três pontos. O Marítimo, rival madeirense, continua o seu percurso imaculado com Van der Gaag: desde que substituiu Carlos Carvalhal, o holandês ainda não perdeu e somou mais uma vitória - frente ao Olhanense, agudizando o mau período dos algarvios, por 5-2. Ulisses Morais, agora no Paços de Ferreira, regressou à Figueira com uma derrota (1-0). No Rio Ave-Belenenses, jogo de duas equipas recheadas de empates, deu... nulo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A dupla terrível: Cardozo e Saviola

A veia goleadora do Benfica regressou. E regressaram os golos de Cardozo. O paraguaio foi expulso no intervalo do jogo que terminou com a derrota dos encarnados frente ao Sp.Braga. Seguiu-se a partida com a Naval, para o campeonato português, e com o Vitória de Guimarães, para a Taça. O Benfica marcou somente um golo nesses três jogos: frente aos figueirenses, golpe decisivo em cima do tempo limite, vitória bem complicada. Óscar Cardozo, Tacuara, falhou ambos. Coincidência? Não. Sem ele, o ataque do Benfica muda completamente, perde força e perde, sobretudo, eficácia na hora de finalizar. Saviola também muda, fica algo desamparado, não tem um parceiro com a qualidade do paraguaio. O rendimento, claro, é bem diferente.

Cardozo regressou no derby mas pouco se mostrou. O jogo terminou com um nulo, as equipas anularam-se. Frente à Académica, regressou o melhor Tacuara. Sirvam-no e ele faz o resto: três golos marcados, quinze são dele nos trinta e cinco que o Benfica tem no campeonato português. Ora isolando-se, ora aproveitando uma defesa incompleta, ora com uma cabeçada fulminante. Um jogador verdadeiramente letal quando o assunto é fazer golos. A Cardozo não se pedem jogadas de encantar, pede-se que remate certeiro e aí ele cumpre na perfeição. Apareceu ainda Saviola, o parceiro: uma obra-prima transformada em golo, o ponto máximo de uma exibição de gala.

A Académica, em recuperação com André Villas Boas, foi o adversário. Depois de ter saído da última posição, importava perceber como reagiriam os estudantes jogando na Luz. Perderam, sofreram quatro golos e saem vergados a uma goleada. No entanto, procuraram discutir o jogo, defendendo longe da área de Rui Nereu. Tem os seus custos, para a Académica foi a derrota. Contudo, para o futebol, é bem melhor que assim seja. Não houve muralhas, apenas duas equipas apostadas em ganhar. Valeu a ideia, pelo menos.
Cardozo, no sexto minuto, limitou-lhes a acção. Para o Benfica foi o mote para regressar às vitórias expressivas e, acima de tudo, ao topo da classificação.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Portugal no Mundial - Opinião de Jorge Baptista

Para quem, como Carlos Queiroz, avançou antecipadamente com a candidatura ao título mundial, o resultado do sorteio não pode deixar margem a inusitadas surpresas. A não ser que a ambiciosa intenção tivesse apenas como objectivo a motivação interna. Desde sempre que, nestas circunstâncias, baseio a minha opinião naquilo que Portugal pode e deve fazer e não tanto no maior ou menor valor dos adversários. Porque também desde sempre considero que o principal obstáculo da selecção nacional é a sua própria mentalidade e, hoje mais que nunca, a forma como ela é gerida. Daí poderem ser mais perigosos os dois primeiros encontros que propriamente o derradeiro da fase de grupos com o todo-poderoso Brasil.

Seja como for, Portugal tem nas suas mãos o destino das dificuldades ou facilidades que este grupo apresenta. Só Portugal poderá confirmar ou não a força potencial da Costa do Marfim. Por ser o primeiro adversário, seria de todo conveniente explorar alguma da ingenuidade patente nesta equipa africana, se bem que sustentada em individualidades experientes e de enorme qualidade como Drogba e Salomon Kalou (Chelsea), Yaya Toure (Barcelona), Zokora (Sevilha), Emmanuel Eboue, Kolo Toure (Manchester City) e ainda Arthur Boka (Estugarda). Uma parada de estrelas, muitas vezes demasiadamente excitada num grande evento como um Mundial, mas que nunca deixará de espalhar o perfume do futebol africano para o melhor ou para o pior.

A importância da desconhecida Coreia do Norte também fica, assim, directamente dependente do resultado da nossa selecçãoo no primeiro jogo. Os coreanos continuam a correr como há quarenta anos atrás, mas pouco mais mostram. Portugal ja não tem Eusébio mas a surpresa já não será tão significativa. O Brasil é... o Brasil. O que nos falta saber é se Portugal será aquele do 2-0 em Londres ou o 2-6 em Brasília. Esperemos que a resposta esteja mais nos dois jogos anteriores que... em Carlos Queiroz.

Opinião de Jorge Baptista, jornalista e assessor da FIFA, sobre o Mundial 2010

sábado, 5 de dezembro de 2009

O erro que foi Angulo

Angulo chegou em Agosto, último reforço do Sporting para esta temporada. Uma contratação, acima de tudo, surpreendente. O espanhol fora um jogador de qualidade e com importância no Valencia, mas os seus trinta e dois anos levaram-no a perder importância e serviram para criar alguma desconfiança sobre a sua utilidade para o clube leonino. A ideia, em princípio, passaria por juntar experiência e traquejo internacional a um plantel jovem e, na sua maioria, composto por jogadores da formação. Cerca de três meses depois de ter entrado no plantel, Angulo rescindiu com o Sporting. Pelo meio quase não teve oportunidades para se mostrar. Apenas no jogo com o Olhanense, da quinta jornada, foi opção incial. Aposta que se revelaria desastrada, rapidamente corrigida por Paulo Bento.

Além dessa partida com os algarvios, Angulo havia sido utilizado nos dois embates que a antecederam: em Paços de Ferreira e ante o Heerenveen, na estreia dos leões na Liga Europa. Pouquíssimos minutos em que participou activamente. Conclusão óbvia: Angulo não teve oportunidades para mostrar se ainda possuia recursos para acrescentar algo ao Sporting. No entanto, das escassas vezes em que esteve em campo nada fez que justificasse a sua contratação. A experiência não correu da melhor forma e, por isso, a rescisão foi o caminho encontrado. O clube nada perde, tal como nada pagara. Fica, porém, bem patente que os dirigentes sportinguistas erraram na contratação. Se é verdade que o Sporting gastou pouco a reforçar o plantel, também é certo que não escolheu os melhores alvos.

Três papões para Portugal - Opinião de Rogério Azevedo

1. BRASIL, O PAPÃO

Quando somos pequeninos, de fralda e chupeta, o que nos mete medo são papões. O papão do escuro, do lobo mau, etc. Quando crescemos e passamos a gostar de futebol, o papão é o Brasil: uiiii, vem aí o Brasil. É verdade: vem aí o Brasil. Mas calma é o Brasil de Dunga, não é o Brasil do Mundial de 70 ou do Mundial de 82. Sim, há Kaká e muitos mais. É o papão cinco vezes campeão do Mundo, mas é um papão que podemos olhar nos olhos e dizer 'olá, como vai, sr. papão?'. Sem medo. Favorito? Sim, o Brasil. E?

2. COSTA DO MARFIM, O PAPÃO GIGANTE

Uma vez, em Janeiro de 2005, estive ao lado de Drogba em Londres. E mete medo: alto, grande, forte, verdadeiro armário com génio. E depois há os Tourés, os Kalous, etc. Este, sim, é um papão que precisamos de respeitar muito bem. Convém que alguém ensine Eduardo a ganhar calo nas mãos e nos braços, pois vai ser preciso muito calo para defender as bombas destes africanos.

3. COREIA DO NORTE, PAPÃOZINHO

Imaginem onze jogadores-atletas. Deve ser assim a Coreia do Norte. Muita corrida, técnica escassa, mas muito coração, muito pulmão, meia dúzia de pernas em cada corpo coreano. Solução? Dar-lhes a bola no primeiro tempo para eles se cansarem. Depois, é esperar que percam o raciocínio. Mas, pelo sim pelo não, lembremo-nos de 1966.

Opinião de Rogério Azevedo, jornalista de A BOLA, sobre o sorteio do Mundial 2010

Três actos de uma conquista

O jogo entre Vitória de Guimarães e FC Porto não pode ser analisado sem que antes façamos uma divisão. Como num teatro, onde um momento importante dita um novo acto. O primeiro capítulo foi da exclusiva responsabilidade dos portistas, o Vitória fez apenas de figurante. A equipa de Paulo Sérgio entrou mal, em falso, não conseguiu ligar o seu futebol e não demonstrou capacidade para anular o ataque do FC Porto, pronto para se tranquilizar o quanto antes. Os primeiros quarenta e cinco minutos trouxeram o melhor FC Porto da temporada. Com naturalidade, graças a Varela e ao regresso de Falcao, os dragões ganharam uma vantagem confortável de dois golos. E, acrescente-se, poderiam ter surgido mais. Porém, mesmo em cima do intervalo, Andrezinho, num grande remate, relançou a partida. Momento importante, passagem ao segundo acto.

O golo marcado teve um extraordinário efeito moralizador para o Vitória. Após o descanso, muito por culpa da acção de Nuno Assis, bem tapado até então, os vimaranenses transfiguraram-se, mostraram outro futebol e tomaram a baliza de Helton. O jogo virou do avesso, literalmente. A equipa de Paulo Sérgio criou oportunidades de golo cantado, o empate seria uma recompensa mais do que justa para os vinte minutos sufocantes. No oposto, o FC Porto nem parecia o mesmo que havia jogado a primeira parte: errático, concedendo demasiado espaço e, acima de tudo, sem conseguir parar a ofensividade do Vitória de Guimarães. Jesualdo viu-se obrigado a mudar, lançou Guarín e Hulk. Foi precisamente nessa fase de maior domínio dos vimaranenses que o FC Porto marcou o terceiro golo. Livre de Raul Meireles, desvio de Bruno Alves, aspirações do Vitória caindo como um baralho de cartas.

Não poderia haver, decerto, melhor forma para os portistas responderem às dificuldades que a segunda parte lhes trouxera. Se o Vitória chegara ao golo sem que tenha feito muito para o justificar, a tranquilidade do FC Porto veio no período dourado do adversário. Esse momento capital, aos sessenta e sete minutos, fez regressar tudo ao início: maior controlo dos portistas, dois golos de vantagem, gestão do tempo. O jogo acabou aí, pode-se dizer. Paulo Sérgio, contudo, apostou sempre em tentar algo mais, arriscou, descompensou a defesa e jogou os trunfos que tinha disponíveis. Nuno Assis teve, a seis minutos do final, oportunidade para voltar a reduzir e lançar um final electrizante. Não conseguiu, três minutos depois o FC Porto fez o quarto golo. A diferença esteve, pois, na eficácia. Os portistas ganharam bem, sem discussão, mas o resultado é exagerado.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mundial 2010: Sem sorte nos reencontros

Um colosso, outro adversário complicado e ainda uma incógnita. O mesmo é dizer que o sorteio do Mundial 2010 não foi, nem pouco mais ou menos, bom para Portugal: Brasil, Costa do Marfim e Coreia do Norte serão os nossos adversários na fase de grupos. O suspense até ser conhecida a constituição do grupo da selecção portuguesa durou mesmo até final. Abriram-se duas perspectivas: um duelo ibérico, com a Espanha, e ainda jogando com as Honduras e com o Chile, ou um reencontro com o Brasil, país irmão sempre indesejado como opositor. O que poderá, então, esperar Portugal desta fase de grupos? Muitas dificuldades, sobretudo causadas por costa-marfinenses e brasileiros, para ultrapassar com audácia e determinação.

O grupo é forte, já se disse, mas isso não deverá ser intimidatório para a selecção nacional. Portugal tem legítimas ambições de ultrapassar a fase de grupos, os seus jogadores possuem qualidade para isso. O pontapé de saída deste grupo, para Portugal, será dado frente à Costa do Marfim. É somente a segunda vez que os costa-marfinenses estão presentes num Mundial - a outra havia sido em 2006, na Alemanha, onde não passaram da fase de grupos - mas têm assumido cada vez mais um papel de destaque no futebol africano. Didier Drogba e Salomon Kalou, dupla do Chelsea, são os principais símbolos da Costa do Marfim. Sinónimos de golos, alerta máximo para Portugal. Um passo em falso, no primeiro jogo, poderá ser fatal.

Depois de se estrear em Port Elizabeth, a selecção nacional portuguesa defronta, na Cidade do Cabo, a Coreia do Norte. Se os sul-coreanos trazem más recordações a Portugal, por força do Mundial 2002, esta selecção que agora se apresenta na África do Sul leva-nos a recuar até 1966, Mundial histórico para Portugal, terceiro lugar final para os Magriços. Para lá chegar, nos quartos-de-final, os portugueses venceram a Coreia do Norte por 5-3, quatro golos de Eusébio numa partida épica, recuperação de três golos de desvantagem. Desde aí, já lá vão quarenta e três anos, nunca mais os norte-coreanos haviam estado num Mundial. Bem diferentes de então, foram segundos no apuramento, chegam como incógnita mas, em teoria, totalmente ao alcance.

Viagem até Durban para o último jogo da fase de grupos. Com o Brasil, equipa mais forte do grupo, um colosso mundial, declaradamente candidato a vencer a competição. Sabia-se, devido à colocação de Portugal no último pote, que não havia como evitar uma das melhores selecções do planeta. Contudo, embora se tenha tratado de um jogo particular, na memória de todos os portugueses estão ainda bem presentes os 6-2 com que o Brasil nos derrotou. Em busca do seu sexto título de campeão mundial, tentando limpar a má imagem deixada na Alemanha, o escrete de Dunga chega com toda a força à África do Sul - onde, ainda há bem pouco tempo, venceu a Taça das Confederações - após ter dominado a fase de apuramento. Em 1966, também adversário, também derrotado. A repetir.