sábado, 31 de outubro de 2009

Liderança em jogo

Hoje, todas as atenções do planeta futebolístico estarão concentradas em Braga. Líderes, invictos, empatados: Sp.Braga e Benfica discutem o jogo que poderá isolar qualquer um deles no primeiro lugar da classificação do campeonato português. Será, por isso, uma partida de fortes emoções. A ambição é igual, também: ganhar. O Benfica, após o empate da primeira ronda, leva sete vitórias consecutivas. Vence, convence e massacra. Do outro lado, os bracarenses tiveram o percurso inverso: apenas cederam pontos na passada semana, em Vila do Conde, depois de uma série extraordinária de sete vitórias noutros jogos. Pelo meio, triunfaram em Alvalade e venceram o FC Porto. Haverá melhor teste à resistência de qualquer um deles?

Para condimentar ainda mais a rivalidade há a particularidade do regresso de Jorge Jesus à capital do Minho. O treinador do Benfica está, por estes dias, em estado de graça e é considerado como um dos melhores reforços contratados pelos encarnados. É justo que assim seja. No entanto, na memória de todos os bracarenses, estará ainda o processo litigioso que fez com que Jesus rumasse à Luz. Não foi uma saída a bem, apesar do excelente percurso europeu alcançado pelo Sp.Braga. Domingos Paciência chegou para o substituir. Foi visto com alguma desconfiança e expectativa mas, aos poucos, conquistou a confiança dos adeptos. Também ele não morre de amores por Jorge Jesus. É, aliás, algo recíproco que já motivou algumas guerrilhas.

À partida, o que se espera quando temos o melhor ataque em confronto com a melhor defesa? Numa resposta quase instantânea, dir-se-á que as equipas se equivalem: o ponto mais forte de uma, anula o ponto forte da outra. Além disso, o empate consentido pelo FC Porto, ontem, pode também funcionar como um suplemento extra de confiança. Caso haja um vencedor nesta partida, o líder terá cinco pontos de avanço para os portistas. À nona jornada, é já uma vantagem algo confortável.
Voltando ao duelo de treinadores, aproveitando para fazer uma comparação entre ambos: Jorge Jesus, nas vezes que defrontou Domingos Paciência, nunca venceu. O saldo do actual técnico do Sp.Braga conta com quatro vitórias e um empate. Como será agora?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Que tens tu, dragão?

Tinha sido assim frente à Académica, voltou a sê-lo com o Belenenses: o FC Porto deu quarenta e cinco minutos ao adversário. Não é habitual que os portistas o façam, convenhamos. Jogando em casa, como aconteceu nestas duas situações, torna-se ainda mais estranho. Perguntemos, então: o que é feito da equipa forte, pressionante, que empurrava o adversário para a sua área? No lugar da resposta está um gigantesco ponto de interrogação. Uma certeza, porém, é que não foi essa equipa que se apresentou no relvado. Bem pelo contrário: sem ideias, sem profundidade, sem perigo para as balizas contrárias, futebol desgarrado. No primeiro jogo, a exibição foi apagada pela vitória. Agora, à segunda, culminou num empate. Era por demais evidente.

Esta poderia ser uma boa jornada para o FC Porto se aproximar da liderança. Em caso de vitória, colocar-se-ia em igualdade pontual com Benfica e Sp.Braga que, amanhã, se defrontarão. Uma dupla jornada em casa, à partida, seria uma vantagem para os portistas. Académica e Belenenses, duas equipas que não atravessam propriamente os seus melhores momentos, foram os adversários. Sem contar com os mesmos recursos, optariam pela clássica estratégia de jogar fechados, procurando aguentar o nulo até ao limite para, depois, se aventurarem no ataque. Ao FC Porto caberia, como sempre nestas situações, resolver o problema. Com uma boa exibição, insistente e dominadora. Não é sempre assim?

Relaxar na primeira parte, entregá-la ao adversário, e apenas acordar após o intervalo é um enorme risco. Por vezes, chega cumprir metade do serviço, tal como se viu ante a Académica, mas, na maior parte dos casos, não é suficiente para alcançar a vitória. Fazê-lo uma vez pode ser visto como um descuido, capaz de acontecer a qualquer um, embora traga preocupação. Aliás, Jesualdo Ferreira reconheceu que o jogo da anterior jornada deveria servir como uma lição futura. No entanto, voltou a repetir-se. A equipa não esteve tão adormecida como frente aos estudantes, é verdade, mas voltou a acordar demasiadamente tarde. Desta feita, fê-lo de forma abrupta, devido ao golo do Belenenses no início da segunda parte.

Correr atrás do prejuízo. Haveria necessidade? Não, obviamente. Contudo, foi um castigo para a postura sobranceira da primeira metade. O Belenenses pouco ou nada fez que justificasse a vantagem, sim, mas foi eficaz.
O FC Porto estava obrigado a fazer um jogo de trás para a frente em busca, primeiro, do empate e, depois, ainda dar tudo para a vitória. Pode-se mesmo dizer que foi apenas aí que os portistas despertaram para a realidade. Ernesto Farías, fulcral frente à Académica, conseguiu marcar. Foi, na visão dos portistas, um mal menor. Até final, o FC Porto criou outras oportunidades, ocupou a área de Nélson, desperdiçou ocasiões de golo feito e ainda acertou na trave. Poderia ter marcado? Sim, sem dúvida. Mas é o resultado de ter apenas jogado na segunda parte...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Dilema sportinguista

O Sporting encontra-se actualmente naquilo que se pode comparar a uma profunda depressão. Por paradoxal que possa parecer, leitor, a melhor prestação dos sportinguistas nesta época foi no encontro com a Fiorentina, em casa, para o playoff de acesso à Liga dos Campeões que acabou injustamente com um empate a dois golos. Aí, os leões mostraram atitude, garra, entrega e conseguiram ser melhores do que os frios italianos. Pensou-se que poderia ser uma mudança após um início de temporada sem vitórias. Não foi, é o facto. O Sporting não mais demonstrou as boas indicações deixadas nesse jogo. É uma equipa triste, apática e quase sem vontade de se mostrar. Mesmo tido uma boa prestação na Europa, a conquista do título nacional, embora ainda estejamos no início, é quase um sonho inconcretizável.

O empate em Guimarães foi apenas o último motivo para a contestação dos adeptos. José Eduardo Bettencourt, fiel aos seus ideais, não deixa que Paulo Bento caia. Faz bem, seria injusto para com o treinador e não será, do meu ponto de vista, a melhor opção. Claro que um treinador não poderá ter o seu lugar garantido eternamente e, por isso, percebo que haja quem defenda que a equipa necessita de um abanão que lhe possa devolver a alegria de jogar à bola. Mas será que é ao treinador que cabe a culpa de todas as más exibições? Também, mas não só. Outra questão: Paulo Bento é, enquanto técnico, teimoso e não abdica da sua filosofia mas haveria quem, no lugar dele, fizesse melhor? Não creio. Este plantel é o reflexo da política do clube, com inúmeras cautelas financeiras, recheado de jovens da formação. Ora, isso tem os seus custos e Paulo Bento não é certamente culpado disso.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Liga Sagres: Águia no topo, leão em xeque

ANÁLISE

Duzentos e noventa e oito dias depois, o Benfica voltou a colocar-se no topo. Está fácil de ver, então, que a série vitoriosa do Sp.Braga foi quebrada. Em Vila do Conde, frente ao Rio Ave, embora continue invencível, a equipa arsenalista deixou fugir os primeiros pontos. O jogo entre líderes, empatados em pontos mas com uma vantagem clara para o Benfica na diferença de golos, na próxima jornada, terá todos os condimentos para um cardápio de primeiro nível. No plano oposto, o Sporting empatou e está já a dez pontos do primeiro lugar a sete do FC Porto, que derrotou a Académica. Demasiados pontos perdidos pelos leões. Impossível de recuperar? Não. Mas... o leão está em xeque!


À partida, a visita do Nacional seria um sério teste às capacidades do Benfica. Houve ainda o tónico que qualquer benfiquista ambicionava: empate do Sp.Braga que deixava, assim, a liderança apenas separada por uma vitória. No final, olhando para o que se passou durante os noventa minutos, vê-se que foi mais do mesmo: excelente exibição do Benfica, sempre vocacionada para o ataque, inúmeras ocasiões para marcar e muitos golos. Seis. Os primeiros quarenta e cinco minutos terão sido, muito provavelmente, do que melhor houve neste campeonato e há que dar, claro, também mérito para os madeirenses que procuraram sempre a vitória. O regresso dos balneários trouxe um Benfica sedento por golos e por glória. O Nacional foi verdadeiramente atropelado. Novo recital, nova goleada. Onde parará este Benfica?

Um professor e um aluno. Jesualdo Ferreira, símbolo da experiência, tinha a sua centésima quinquaségima lição à frente dos destinos da turma portista. Para André Villas Boas, o contrário: o treinador mais jovem do campeonato português, apenas fazia ali a sua estreia. Seja como for, criou dificuldades que, por certo, os adeptos azuis-e-brancos não esperariam. A Académica optou por uma estratégia ultra-defensiva, colocando toda a equipa atrás da linha da bola, e teve sucesso. Na primeira parte, pelo menos. O golo de Mariano González, o patinho feio, abriu caminho para uma vitória, intermitente e sofrida, que Ernesto Farías assegurou. Outra curiosidade: os estudantes, após o Leixões na temporada passada, conseguiram marcar dois golos no Dragão. Não chegou para ganhar, é certo, mas deu boas indicações futuras.

Não foi o xeque-mate, ainda é cedo para falarmos nisso. É somente um xeque. Assim está, precisamente, o Sporting: a cada dia que passa, os leões estão cada vez mais encurralados e com menores probabilidades de sucesso. O empate em Guimarães é o último motivo, embora não o único, que retira o crédito à candidadatura leonina. Um resultado que, verdade seja dita, acaba por ser um mal menor, porque o Vitória foi sempre mais forte e desperdiçou boas ocasiões de golo. No entanto, quase sem saber ler nem escrever - mesmo tendo melhorado na segunda etapa -, o Sporting chegou à vantagem. Foi injusto, sim, mas que interessa? A oito minutos do final, a vitória tinha tudo para estar garantida. Não! Apareceria, ainda, o golo de Rui Miguel, três minutos depois dos noventa. Tanto procurou o Vitória que ele, mesmo tarde, veio...

Sete vitórias depois, o Sp.Braga viu, pela primeira vez neste campeonato, o sinal de STOP. Mostrado pelo Rio Ave, uma das surpresas positivas deste início de campeonato. Terá ficado, nos adeptos bracarenses, um sentimento de alguma frustração: sim, alguma vez a equipa haveria de perder pontos mas todos eles ambicionavam receber o Benfica na condição de líder isolado. O empate alcançado em Vila do Conde é, porém, justificado por aquilo que ambas as equipas produziram. Destaque, ainda, para as estreias com o pé direito de Manuel Fernandes (o Vitória de Setúbal venceu o Leixões, 1-0) e ainda de Lito Vidigal (em Leiria, vitória sobre a Naval por 2-0). Pelo contrário, Ulisses Morais, no primeiro jogo à frente do Paços de Ferreira, perdeu frente ao Marítimo (3-1).

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Candidatos ao Mundial? Não...

Se nos apurarmos, somos candidatos a ganhar o Mundial. A própria frase poderá parecer algo paradoxal, porque coloca duas extremidades quase que lado a lado. Será, à partida, atribuída a um adepto crente e pleno de ambição. Os responsáveis máximos, pelo contrário, costumam preferir um discurso bem mais cauteloso. Porém, a frase que abre este texto foi proferida por Carlos Queiroz. Pessoalmente, parece-me uma afirmação desajustada. Ou melhor: precipitada. O melhor argumento que sustenta essa opinião passa pelo facto de a nossa Selecção não ter ainda o apuramento garantido para a África do Sul. Sim, Queiroz colocou um condicionalismo - se nos apurarmos - mas, antes disso, há que dobrar a complicada eliminatória com a Bósnia.

Evidentemente que qualquer português tem confiança em como Portugal, que é favorito sem que se levante qualquer contestação, se apurará mas os bósnios não serão fáceis de ultrapassar. Bem pelo contrário. Carlos Queiroz não o fez, claro, até porque sabe que subjugar o adversário seria um verdadeiro hara-kiri. No entanto, leitor, causa-me uma enorme estranheza como poderá uma equipa, que ainda nem tem certeza que esteja no Mundial, poderá ser candidata a vencer a prova. Acontecerá o mesmo com a Bósnia? Não, absolutamente. Assim, Portugal, embora tenha sido vice-campeão da Europa e alcançado um quarto lugar em 2006, com as dificuldades que sentiu nesta primeira fase, não pode ser colocado no lote dos favoritos.


Haverá antídoto para este Benfica?

O Benfica-Nacional, na Luz, foi, até este momento, o melhor jogo do campeonato. Teve grande intensidade e interesse que apenas duas equipas dinâmicas e apostadas em jogar bom futebol poderiam oferecer. Os primeiros quarenta e cinco minutos foram absolutamente eléctricos. Depois, bem, sobressaiu a verdadeira força da natureza que é este Benfica. O Nacional tentou, Manuel Machado não baixou os braços, mas a partir do terceiro golo perdeu as forças. Mas que haveria a fazer perante tamanha avalancha? Fica a questão. Impressiona a forma como os encarnados conseguem criar lances de futebol ofensivo, rasgar as defesas contrárias e transformar as ocasiões em golos. Tantos, agora num seis-a-um. O perfume de Aimar, a explosividade de Coentrão, os golos de Saviola e Cardozo elevam os adeptos ao céu.

Falemos, então, de outros números. Duzentos e noventa e oito: são estes os dias estes que compuseram o interregno do Benfica na liderança do campeonato português. Agora, é verdade que em igualdade pontual com o Sp.Braga, os encarnados voltam a estar no lugar mais desejado por qualquer equipa. A cada dia, a esperança dos benfiquistas aumenta. E, com ela, a euforia. E a ambição de querer sempre mais. Trinta: o número de golos marcados no campeonato português, sendo que Saviola e Cardozo - nesta partida: dois e três golos, respectivamente - são os principais obreiros dessa marca extraordinária. Haverá maneira de parar esta veia goleadora? Sim, à partida... mas, até agora, nenhuma equipa foi capaz de aguentar noventa minutos sem que o Benfica lhe tenha marcado, pelo menos, um golo.

O pior de tudo, para finalizar. Num jogo de grande risco, entre duas equipas que estão no top five nacional, a nomeação de Vasco Santos foi uma imprudência. Começou a ser discutida nas vésperas da partida, ganhou relevo durante e confirmou-se no final. Duas boas equipas que quiserem jogar futebol, não mereciam uma arbitragem de tão fraco nível. Queixas em ambos os lados: o golo do Nacional, marcado por Edgar Silva, surge de uma posição irregular e Saviola tem um mal anulado; Aimar simulou uma falta que se tornou numa grande penalidade que permitiu o terceiro golo do Benfica. Pelo meio, houve ainda alguma falta de critério. Simplesmente horrível.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Os ases azuis e os monólogos da bola

Sou um daqueles que acha que Ernesto Farías é um jogador perfeito para ser lançado no decorrer dos jogos. Sempre que o FC Porto tem uma situação complicada para resolver e precisa de mais argumentos ofensivos, o argentino é invariavelmente a primeira opção de Jesualdo Ferreira. Costuma dar bons efeitos, o treinador não se arrepende de ter agido assim. Pode aparecer poucas vezes em jogo, pode tocar poucas na bola mas tem o instinto que lhe permite marcar golos importantes. A um avançado não se pede jogadas de encantar, apenas golos. Farías cumpre na perfeição. Alguém estranha o porquê de ainda continuar no plantel, mesmo tendo propostas? Eu não, é de uma utilidade extrema.

Sou um daqueles que acha que é precisa muita paciência no futebol. Ou outro tipo de justiça na avaliação das prestações de determinados jogadores. Há aqueles a quem tudo se perdoa, outros a quem um erro desencadeia um extenso rol de críticas. Depois há Mariano González. O argentino do FC Porto é um jogador, acima de tudo, irregular. Mal-amado pelos adeptos, continua a ser quase indispensável para Jesualdo Ferreira. A razão é simples: cumpre aquilo que o treinador lhe exige. Tem um estilo trapalhão, enrola-se com a bola, tropeça. Ok, mas dá tudo o que tem. Não é jogador para criar, não lhe peçam isso. Contudo, mesmo passando ao lado de quase todo o jogo, consegue ser importante. Frente à Académica, um golo e uma assistência. Valeu ou não a insistência?

Sou um daqueles que acha que os treinadores são apenas a parte menor dos problemas que afectam as equipas. Se não há qualidade nos jogadores ou se nada lhes sai bem, o que poderá fazer o homem que está ali no banco impotente para mudar as coisas? Sem ovos não há omoletas e o treinador, quanto muito, será culpado da escolha do plantel. No entanto, fico impressionado como uma equipa pode mudar a sua forma de jogar só por ter trocado de líder. Era amorfa, passa a jogar com alegria e ganha outra vida. É preciso que haja paixão no jogo. Veja-se o caso do Vitória de Setúbal; estava destinado a ser o bobo da corte, ressurgiu com um homem da casa e, agora, faz Manuel Fernandes puxar os cabelos após ter desperdiçado uma goleada.

Sou um daqueles que não aprecia o futebol extra-defensivo. Aliás, poucos serão os adeptos que gostarão de ver um jogo de futebol transformado num autêntico monólogo, em que apenas parte dos intervenientes se interessa em jogar futebol. Colocar onze jogadores atrás da linha da bola, desperdiçar todos os segundinhos, manter o perigo a mais de trinta metros da área e procurar enervar o adversário são os ideiais de algumas formações. Sobretudo quando são defrontam as equipas grandes, ou seja, as que possuem outros tipos de recursos. Resulta nalguns casos, é verdade que sim, mas na maioria das vezes apenas adia o inevitável. São tácticas. Continuará a valer a pena usá-las?

domingo, 25 de outubro de 2009

No empate, sobressaiu a qualidade dos guerreiros

É notícia: sete jogos depois, a senda vitoriosa do Sp.Braga foi parada. O Rio Ave, equipa que tem surpreendido pela positiva nesta primeira fase do campeonato português, foi o autor da proeza que impede os bracarenses de alcançarem um feito ainda maior. Alguma vez teria de ser, claro, ninguém poderá sair vencedor de todos os jogos. No entanto, entre a euforia dos adeptos minhotos, poucos esperariam que acontecesse já nesta jornada. Aliás, o panorama mais provável era mesmo que o Sp.Braga conseguisse completar vinte e quatro pontos, para que a recepção ao Benfica ganhasse uma importância extrema. Assim, na próxima semana, poderá existir um tira-teimas na liderança entre equipas empatadas. As vitórias não continuaram mas ficou a prova de que nada nos guerreiros é obra do acaso.

Dois pontos ficaram pelo caminho mas, convenhamos, será que se poderá apontar algum demérito ao Sp.Braga? Não me parece. A equipa sofreu um golo a frio, quando ainda apenas dez minutos estavam jogados. Um golo ilegal, há que dizê-lo pois foi precedido por uma falta de João Tomás sobre Moisés que Lucílio Baptista não considerou. Pensou-se que poderia haver alguma quebra nos bracarenses. Porém, foi precisamente o contrário: a atitude demonstrada na reacção à desvantagem serviu para comprovar que este Sp.Braga terá mesmo de ser levado em conta e não é apenas levado pela sorte. Nunca baixou os braços, chegou ao empate e procurou sempre mais. Aqui há também um enorme mérito para o Rio Ave que, na ponta final, se superiorizou e justificou o empate.

sábado, 24 de outubro de 2009

Ronaldo e as coincidências

Terceiro teste, terceiro desaire. Está confirmado que, sem Cristiano Ronaldo, o Real Madrid não consegue vencer. Frente a Sevilha, Milan e Sp.Gijón foi assim: duas derrotas e um empate. Poderá ser apenas uma simples coincidência? Ou, pelo contrário, um sinal bem evidente da importância do jogador português nesta equipa recheada de estrelas? Haverá quem argumente que Ronaldo não é a única estrela de proa que está no plantel do Real, por isso, não deverá ser assim uma ausência tão importante que traga inevitavelmente um mau resultado. No entanto, mesmo continuando a haver grandíssimos jogadores como Kaká, Benzema ou o super-goleador Raúl, os merengues ressentem-se da falta do português. Não é a única estrela, certo, mas é a mais influente. Por isso, a segunda hipótese faz mais sentido.

Num clube que investiu tantos milhões, que transformou o mercado numa verdadeira roda-viva e onde os adeptos anseiam por vitórias e espectáculos de primeira categoria, a cobrança é elevadíssima. Um passo em falso que seja é quase um pecado. Quem tem tanto talento junto não pode, na visão dos adeptos, errar. O Real Madrid, já foi dito, tropeçou pela terceira vez consecutiva. Num clube de topo, é anormal. As primeiras críticas recaem, obviamente, sobre o treinador, Manuel Pellegrini, que é, por esta altura, olhado com cada vez mais desconfiança e, em cada desaire, encolheu o espaço de manobra no Santiago Bernabéu. Aliás, no início da época uma das maiores incógnitas colocadas era sobre como se sairia Pellegrini. Está, cada vez mais, debaixo de fogo. O quão deve o chileno desejar que Ronaldo regresse depressa...

A confusão lançada pelos treinadores

Despedimentos de treinadores, à sétima jornada, já tinham havido cinco: Carlos Azenha, Ulisses Morais, Carlos Carvalhal, Rogério Gonçalves e Nelo Vingada. Um número elevado que mostra bem a impaciência que domina os dirigentes portugueses e a pressão a que os técnicos estão sujeitos, sempre que os resultados não são os desejados. No entanto, para aumentar ainda mais a indefinição em torno dos treinadores, na última semana houve uma espécie de exôdo, isto é, técnicos que estavam no activo decidiram trocar de patrão. A vida de um treinador é precisamente assim: hoje defende uma equipa, amanhã defende a outra. Seja como for, causa, aos adeptos, alguma estranheza por o treinador da sua equipa ainda há algumas semanas estar num rival.

Paulo Sérgio, aliciado pela vontade de subir um degrau na sua carreira, deixou o Paços de Ferreira e aceitou o convite para comandar o Vitória de Guimarães, de onde Nelo Vingada saíra ao fim de sete jogos. Abriu, assim, uma vaga: Ulisses Morais, no desemprego após ter sido dispensado pela Naval, sorriu por voltar a treinar alguém. Seguiu-se, depois, Manuel Fernandes. O treinador da União de Leiria, responsável pela extraordinária recuperação que culminou na subida dos leirienses ao principal campeonato português, não resistiu ao apelo do Vitória de Setúbal, segundo clube do seu coração. Outra vaga se abriu. O escolhido, Lito Vidigal, a treinar o Portimonense, abdicou da liderança da Liga Vitalis para regressar aos palcos maiores.

Evidentemente que um treinador ambiciona sempre chegar mais além e recusar um convite de um clube da Liga Sagres poderia ser o desperdiçar de uma oportunidade única. Há, contudo, algo que todos esquecem: os contratos. Pergunto, leitor, se não haverá aqui alguma espécie de egoísmo. Os clubes em que estão, que lhes proporcionaram boas condições, passam a ser secundários perante uma proposta de alguém que lute por objectivos mais aliciantes. Vejam-se as consequências das mudanças de Paulo Sérgio e Manuel Fernandes. Treinadores que alcançam algo importante no clube onde estavam - são os casos: o primeiro chegou à final da Taça, o segundo foi o obreiro da subida - ficam como símbolos das equipas. Não se estranhe, pois, que estas trocas ainda confudam os adeptos.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O renovado Benfica que joga mais do que o dobro

Vamos jogar o dobro da época passada e, se calhar, ainda é pouco. A frase é de Jorge Jesus, no seu primeiro dia no Benfica. Para um treinador que apenas ali se apresentava, poderá parecer demasiado descomplexada e até a puxar para o narcisismo. Não se pense, no entanto, que é alguma espécie de tique por estar num clube de topo nacional. A personalidade do técnico encarnado é assim mesmo. Jesus não tem qualquer problema em exaltar os seus feitos e fala sempre na primeira pessoa. Também no discurso dirigido aos benfiquistas foi diferente: a maioria dos treinadores prometeria trabalho e máximo empenho, ele prometeu títulos e espectáculo.

Na altura, as reacções dividiram-se. Como seria de esperar, a maioria dos adeptos do Benfica gostou da mostra de confiança. Contudo, os receios mantiveram-se em muitos: promessas de sucesso eram repetidas a cada ano sem que houvesse resultados práticos. A pré-época afigurou-se, então, como um primeiro teste às ideias do novo treinador e à reacção dos jogadores. Os resultados agradaram, as exibições ainda mais, o estágio culminou num Benfica cheio de confiança e com um nível de jogo acima daquilo que seria de esperar. O feedback existente entre massa associativa, equipa e técnico criou-se desde as primeiras sessões. Seria este o ano perfeito para quebrar o jejum do título nacional, pensaram os adeptos.

Cumpridas sete jornadas do campeonato português, três da Liga Europa e uma eliminatória da Taça de Portugal, o Benfica confirma os atributos que lhe eram apontados inicialmente. Aquilo que eram apenas bons sinais, passaram já a certezas. Evidentemente que ainda nada está ganho, nem é isso que se pretende dizer, pois haverá muito que jogar. Se será ou não o ano dourado para o Benfica, apenas no final se poderá ver. Seja como for, as palavras de Jorge Jesus - que a princípio pareceram exageradas - fazem, agora, todo o sentido: o Benfica está, de facto, a jogar muito futebol. É espectacular, é ofensivo, é super-finalizador. Vence e convence. Aimar, Di María, Saviola e Cardozo estão em maior destaque e são jogadores renovados. O Benfica está, também, renovado.

Liga Europa: Da perfeição a morrer na praia

Nada poderia ter corrido melhor. O Benfica conseguiu, frente ao Everton, a melhor exibição da época. Roçou mesmo a perfeição. Novo recital de futebol ofensivo: cinco golos marcados aos ingleses que - embora o Everton seja uma equipa que se coloca logo após os big four em Inglaterra tinham várias ausências importantes - se mostraram impotentes para contrariar a verdadeira corrente futebolística lançada pelos encarnados. É uma verdade de La Palice mas que importa, cada vez mais, ser frisada: o ataque do Benfica é, de facto, terrível para as defesas contrárias e, ontem, Di María, Cardozo e Saviola foram os expoentes máximos. Juntou-se a derrota do AEK, frente ao BATE Borisov, para dar a liderança do grupo à equipa portuguesa e concluir uma noite de gala.

O resultado foi bom, a exibição poderia ter sido bem melhor. Distingamos, então, o importante do acessório. Importante: O Sporting alcançou o pleno de vitórias na Liga Europa e tem o apuramento para a fase seguinte praticamente assegurado. Acessório: tal como já havia sido apanágio em encontros anteriores, a prestação da equipa sportinguista voltou a deixar muito a desejar. Os leões entraram com o pé direito, graças a um golo de Miguel Veloso, criaram mais ocasiões para marcar mas... acabaram por ficar à mercê de algum sofrimento, agudizado pelo golo do empate dos letões do Ventspils - uma equipa bem abaixo da portuguesa. O tento da vitória, absolutamente merecido, surgiu de um remate extraordinário de João Moutinho, a cinco minutos do final. Assim sendo, objectivo cumprido.

Poderia ter havido outra sorte. O Nacional da Madeira foi derrotado, em San Mamés, pelo Athletic Bilbao. Não é, à primeira vista, um resultado surpreendente porque os espanhóis possuem argumentos superiores aos da equipa insular que se tem batido bem nas provas europeias. Porém, acabou por ser uma morte na praia. Rúben Micael, jogador do momento, à semelhança do que já havia feito ante o Áustria de Viena, deu aos portugueses a possibilidade de sonharem em como era possível vencer os bascos. A primeira parte foi, a todos os níveis, excepcional. Contudo, na segunda etapa, a equipa portuguesa ficou demasiadamente retraída e não resistiu à pressão do Athletic que conseguiu vencer a partida. Que pena foi não ter havido seguimento.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Comentário: Com um pé nos oitavos!

Um grande passo rumo aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões foi dado pelo FC Porto, após a vitória frente ao APOEL Nicósia. Bem esforçada. Sem brilhantismo. Sabia-se, à partida, que de fácil nada teria. Os avisos lançados por Jesualdo Ferreira, alertando o plantel para os perigos que a equipa cipriota poderia lançar, comprovam na perfeição aos cautelas necessárias. No entanto, existe uma enorme distância entre ambas: o FC Porto, perante este APOEL, está num patamar bem mais elevado. E conta com maior experiência e talento individual. Mesmo assim, não se livrou de alguns sustos. Que, verdade seja dita, foram auto-infligidos. Poucos esperariam que o dragão passasse por tantas dificuldades para sorrir.

Ainda não foi desta, à terceira tentativa, que Jesualdo Ferreira colocou em prática o seu meio-campo preferido. Ou aquele que mais vezes joga no campeonato português: Fernando, Raul Meireles e Belluschi. Uma delas, em Londres, deveu-se a opção técnica: Guarín substituiu o argentino, isto é, uma troca da criatividade pela robustez. As outras foram ambas forçadas pois Fernando cumprira castigo frente ao Atlético de Madrid e, agora, ante o APOEL, uma lesão impediu Belluschi de ser titular. Foi por isso que Mariano González, um polivalente que Jesualdo bem aprecia, entrou para a vaga. Na frente, um regresso desejado e anunciado: Cristian Rodríguez, ao lado de Hulk e Falcao.

Posto isto, era necessário olhar para o adversário. O que valeria, então, este APOEL? Os cipriotas mostraram uma enorme alma, foram verdadeiramente empurrados por um milhar de adeptos entusiásticos, mas denotaram fragilidades. Muitas fragilidades, sobretudo na zona defensiva onde acumularam erros - alguns deles por pura displicência. Do meio-campo para a frente, contudo, o APOEL, principalmente assentado nas investidas de Mirosavljevic
, conseguiu alguns cruzamentos perigosos para a baliza portista. Foi através de um lance assim que chegou ao golo, aos vinte e dois minutos, beneficiando de um desvio errático de Álvaro Pereira que apanhou Helton em contra-pé.

Uma plena surpresa que, no entanto, viria a durar apenas onze minutos. A defesa cipriota cometeu um erro grave, Falcao recuperou a posse da bola e deu a Hulk a oportunidade de, no seu décimo terceiro jogo, finalmente marcar na Liga dos Campeões. Remate cruzado, golo. A igualdade estava reposta, era necessário agora que os portistas colocassem a lógica (parecendo que não, ela existe no futebol...) no resultado. Se o score não demonstrava as diferenças entre equipas, a estatística ao intervalo não deixava dúvidas: dezanove remates do FC Porto com zero do APOEL. Sintomático.

Uma entrada forte na segunda parte, encostando os cipriotas ao seu último reduto, era o objectivo proposto. Rapidamente alcançado. Três minutos da segunda parte: penalty para os portistas, bis de Hulk, cambalhota no marcador. Agora, sim, tudo fazia mais sentido. O FC Porto não fez, nem por sombras, uma exibição capaz de intimidar o adversário e conseguir uma vitória simplificada mas foi sempre mais dominador e não há como questionar a justiça do resultado. Que, aliás, poderia ter ficado mais alargado se Falcao não tivesse desperdiçado uma oportunidade de ouro. No último quarto de hora, quando os portugueses tentariam o tal golo do descanso, foram obrigados a um esforço suplementar devido à expulsão de Mariano González. Houve que aguentar os nervos até final para ficar com um pé nos oitavos.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Para consolidar a posição (antevisão)

Não pensem os portistas que terão, frente ao APOEL Nicósia, um jogo fácil. Ou que a vitória é um dado adquirido, desde logo. Será um enorme erro achar que assim seja. O adversário não faz tremer pelo seu poderio, ninguém discorda, mas inspira cuidados: o empate alcançado em Madrid, na primeira jornada do grupo, é o melhor cartão de visita que os cipriotas poderão apresentar. Juntam-se, ainda - embora, para o APOEL, o resultado tenha sido uma derrota - as dificuldades sentidas pelo Chelsea. Subestimar um adversário é, na maioria das vezes, o primeiro factor que leva ao fracasso. Jesualdo Ferreira, sabedor dos perigos que poderá correr, fez questão de colocar todos em alerta máximo. Favoritos? Sim, assumidamente. Facilitismos? Nenhuns.

O futebol do Chipre tem estado em constante evolução e vive, sobretudo, das importações que faz de outros campeonatos internacionais. De Portugal, também: Hugo Morais, Hélio Pinto e Paulo Jorge são os nossos representantes nesta equipa do APOEL que fará de tudo para conseguir um bom resultado no Dragão. Não se pretende com isto dizer, claro, que o nível das equipas é próximo. Pelo contrário: o APOEL terá de ser levado em conta e atacado com toda a seriedade e humildade do planeta, mas o FC Porto é, de longe, mais poderoso do que os cipriotas e, por isso, conta com maiores probabilidades de sucesso na partida de hoje. Para os portistas, em caso de vitória, este poderá ser um passo importante rumo à passagem aos oitavos-de-final da competição, mesmo que fique ainda a faltar realizar metade dos encontros da fase de grupos.

Jesualdo Ferreira tem uma boa notícia: o regresso de Fernando à posição mais recuada do tridente do meio-campo, após um jogo de interregno por castigo. Há, no entanto, para contrastar, a lesão de Belluschi que o impedirá de estar presente na equipa titular. Para preencher a vaga, Guarín ou Mariano González serão os principais candidatos. Porém, face ao facto de Varela estar também lesionado levanta-se um novo problema: terá Cristian Rodríguez todas as condições para jogar os noventa minutos? No lugar da resposta figura, ainda, uma grande incógnita mas a decisão de Jesualdo Ferreira deverá passar mesmo pela inclusão do extremo uruguaio. Seja como for, também a polivalência de Mariano poderá ser aproveitada e assim dar a Guarín a vaga de Belluschi - embora este não seja, à partida, um jogo propício para o internacional colombiano. Certo é que um deles, pelo menos, entará directamente na equipa inicial.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Improbabilidades

Apetece perguntar: se o futebol entrasse sempre na mesma rotina e nunca trouxesse nada de novo, teria o mesmo número de adeptos? Não, obviamente. É precisamente por ser imprevisível, uma verdadeira caixa de Pandora, que tem tanto encanto. Quem se lembraria que, à terceira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, o Inter de Milão, uma das maiores potências a nível mundial, fosse último do seu agrupamento, com três pontos, sem que tenha ainda qualquer vitória? Ou, então, que o Barcelona, campeão europeu, fosse derrotado, em casa, pelo modesto Rubin Kazan? A percentagem de adeptos que o esperariam será, decerto, quase nula. Mas também ninguém apostaria em Jenson Button para vencer o campeonato de Fórmula Um!...

Sete jogos que parecem setenta. A frase é de José Mourinho, foi proferida após o empate inaugural com o Barcelona, e mostra na perfeição como, num clube de topo, a cobrança é brutal. Para o Inter, estar sete jogos europeus sem vencer é, de facto, demasiado tempo. Quando se esperaria que a série fosse quebrada, veio um novo desaire: na Rússia, frente ao Rubin Kazan, num empate bem suado para os nerazzurri. Seguiu-se, nesta terceira ronda, o Dínamo de Kiev. Em Milão, após uma estrondosa goleada em Génova que poderia ter galvanizado os jogadores, um novo empate - depois de estar em desvantagem, importa referir. Não há duas sem três, diz a máxima. É incontornável que algo não está bem.

O Rubin Kazan, modesta equipa russa, é, até ao momento, a grande sensação da fase de grupos porque já havia travado o Inter e, agora, derrotou o Barcelona. O feito, por si só é extraordinário mas ganha maior relevância por a ter acontecido em Camp Nou, casa do campeão da Europa, e ainda por os russos terem sofrido o empate e, mesmo assim, conseguirem chegar ao golo da vitória. A Liga dos Campeões, está visto e não restam dúvidas, é um mundo à parte dentro de outro mundo chamado futebol. Como são as coisas... as surpresas surgiram exactamente num grupo onde, à partida, os dois primeiros lugares estariam reservados. Kiev e Kazan, sobretudo estes últimos, têm feito questão de demonstrar que a teoria de nada serve. Independetemente do que venham a alcançar no final, já valeu a pena terem participado.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Missão Bósnia

Chegar à África do Sul, fazendo um desvio pela Bósnia-Herzegovina. É este o trajecto que Portugal terá de fazer para marcar presença no Mundial 2010. Como não conseguiu ser a primeira do seu grupo e, assim, confirmar o apuramento directo, a equipa nacional portuguesa terá de disputar com os bósnios um lugar na fase final da maior competição de selecções. Esperemos, então, que seja apenas um pequeno desvio numa rota certeira até África. A Bósnia está no meio-termo: nem era a equipa mais temível, já que por lá andava uma Ucrânia bem indesejada, mas terá, à partida, algumas qualidades a mais do que a Eslovénia. A República da Irlanda ficaria, também, entre os dois extremos.

A teoria, está mais do que provado, vale o que vale mas... sejamos claros: Portugal é superior à Bósnia e tem todas as condições para garantir o apuramento. Não se quer com isto dizer que seja uma eliminatória fácil, claro que não. Até porque os bósnios foram uma das supresas positivas da fase de apuramento pois conseguiram o segundo lugar do grupo - atrás de Espanha- à frente de Bélgica e Turquia. O ataque é poderoso e torna-se, por isso, no sector mais temível desta Selecção - assim como já reconheceu Carlos Queiroz, seleccionador nacional - que sustenta em Dzeko, avançado do Wolfsburgo, as maiores esperanças de conseguir uma grande proeza.

Até na própria Selecção nacional portuguesa, os estados de espírito em relação ao sorteio são diferentes. Enquanto Queiroz se mostra confiante em como Portugal irá superar a Bósnia, Simão Sabrosa, extremo do Atlético de Madrid e uma das maiores figuras da dupla-jornada com Hungria e Malta, torceu o nariz quando conheceu o nome do opositor. Os restantes milhões de adeptos portugueses estão, da mesma forma, divididos. Há quem ache que foi bom, outros nem tanto. Seja como for, não há volta a dar. A mim, leitor, parece-me, daqueles que estavam no lote, a Bósnia é um bom adversário. É com ele que Portugal tem de jogar. E, acima de tudo, ganhar. Depois, sim, festejará o apuramento.

domingo, 18 de outubro de 2009

Taça de Portugal: Poucas surpresas!

TERCEIRA ELIMINATÓRIA

Seis golos marcados pelo Benfica ao Monsanto, quatro pelo FC Porto ao Sertanense, três pelo Sporting ao Penafiel. Todos eles sem resposta.
São resultados exagerados, sem dúvida. Mas, sejamos realistas: não se poderia pedir mais a nenhum deles, até porque têm recursos e orçamentos incomparáveis. Somente uma pequeníssima percentagem acreditaria que os clubes do seu coração fossem autores de surpresas na Taça de Portugal. Poucos, muito poucos mesmo. A outros, bem mais realistas, bastava uma exibição com brio e dignidade, fazendo de tudo para procurar adiar uma derrota inevitável. Os primeiros, claro, não tiveram a alegria que só a muito custo poderiam ter. Os que nunca ousaram contrariar a lógica, deverão ter ficado orgulhosos.

Monsanto, Sertanense e Penafiel, lutaram de princípio a fim nem que fosse por um golinho que ficasse na História. Ok, os números das derrotas, sobretudo dos dois primeiros, podem aparentar outra coisa mas são, acima de tudo, um espelho da diferença colossal entre equipas. No regresso de Torres Novas à festa do futebol que é a Taça de Portugal, os adeptos do Monsanto, pelo simples facto de defrontar uma das melhores equipas nacionais, desfrutaram da oportunidade única de estarem junto aos seus ídolos. No relvado, os jogadores aguentaram o nulo até aos limites: a meia-hora de jogo, quando Filipe Menezes desbloqueou o resultado. Sucederam-se, depois disso, os golos. Pouco mais haveria a fazer.

Um clássico da Taça. Assim foi apelidado, por dirigentes de um e de outro clubes, quando foi conhecido que FC Porto e Sertanense, militante do quarto escalão do futebol nacional, se reencontrariam. Já assim havia sido nas duas últimas temporadas. Com uma diferença, contudo: o jogo, desta feita, teria lugar no Dragão, ou seja, uma ocasião de ouro para os jogadores do Sertanense experimentarem um grande palco. No entanto, terminada a partida, nada foi diferente: o FC Porto voltou a vencer por quatro golos, com um bis de Ernesto Farías, aquele que é o goleador dos portistas talhado para a Taça de Portugal. Bem se aguentou uma equipa secundária que ficou reduzida a dez elementos quando estavam jogados somente nove minutos e terminou a partida com dois a menos. Atitude não lhes faltou.

O Penafiel, colocado pelo sorteio a jogar em Alvalade, é um caso diferente dos adversários de FC Porto e Benfica, porque disputa já uma prova profissional - a Liga de Honra que tem um grau de competividade bem elevado. Não que tivesse, por isso, alguma pressão para ganhar, nem pouco mais ou menos, mas poderia causar algum frisson a um Sporting que não atravessa um bom momento. O jogo foi cinzento, os pedidos de melhorias lançados pelos adeptos para aprimorar o futebol jogado não resultaram... mas apareceu Liedson. O Levezinho foi fundamental para a conquista dos três pontos: marcou o primeiro e esteve na origem da grande penalidade que viria a tranformar-se no segundo golo da equipa leonina. O Penafiel tentou, há que dizê-lo, mas saiu prejudicado por erros individuais.

Não houve quem conseguisse cometer a gracinha de eliminar um grande mas nem por isso deixou de haver surpresas. O papel de tomba-gigantes - os gigantes aqui são todos os clubes primodivisionários, entenda-se - ficou entregue ao Valenciano e ao Santa Clara: os primeiros, da III Divisão, venceram o Olhanense, após grandes penalidades; ao passo que os açorianos, do segundo escalão do futebol profissional, bateram o Marítimo numa partida que colocou os dois arquipélagos em confronto. Posto isto, falemos das estreias de novos treinadores à frente das suas equipa: André Villas Boas, na Académica, e Paulo Sérgio, no Vitória de Guimarães, tiveram ambos sucesso - vitórias sobre Portimonense e Feirense, respectivamente. Até ao Jamor, o sonho vai-se alimentando.

Palermo e Stankovic, atiradores à distância

Há aqueles golos bonitos que acontecem uma vez em meia dúzia de anos, apenas ao alcance de um verdadeiro génio futebolístico. Há outros que são marcados única e exclusivamente devido à sorte, em que o jogador funciona até como um ponto de impacto da bola que fortuitamente deslizou para dentro da baliza. Depois, há ainda os que estão no meio de ambos: são espectaculares, invulgares e carregadinhos de sorte. Servem, inclusive, para arrancar alguns sorrisos quer de quem o marca quer dos adeptos que observam o momento. Golos marcados por guarda-redes, de baliza a baliza, encaixam na perfeição neste último caso. Causa estranheza como é possível que tal aconteça.

Ontem, em Itália, poucos minutos estavam decorridos na segunda parte do Génova-Inter de Milão, quando Dejan Stankovic, médio sérvio, fez um golo de compêndio. Louco, foi o objectivo usado pelo próprio criador. Expliquemos: Marco Amelia, guarda-redes dos genoveses, já fora da área, levantou a bola que saiu direitinha para o pé direito de Stankovic. Um golpe de karateca, bola impelida, aos trambolhões, para dentro da baliza. Foi sorte, claro. Mas também muito mérito do internacional sérvio porque, mesmo de baliza escancarada, estava quase em cima da linha divisória. Para ver, rever e guardar na memória.

Se já não é todos os dias que vemos alguém marcar assim de longa distância, fazê-lo de cabeça é ainda mais improvável. Martin Palermo, avançado do Boca Juniors bem conhecido de todos os adeptos de futebol, foi o autor desta proeza. Na jornada sete do Torneio Apertura, na Argentina, o lance tem contornos que se assemelham ao de Stankovic, marcado ontem: ambos surgem na sequência de pontapés defeitosos dos guarda-redes contrários. Aqui, foi o guarda-redes do Vélez Sarsfield, Marcelo Montoya, que proporcionou uma cabeça fortíssima de Palermo. Que estava um tudo-nada adiantado em relação ao círculo central. Casos extraordinários, então.

sábado, 17 de outubro de 2009

A festa da Taça de Portugal

A Taça de Portugal é uma competição de que a maioria dos portugueses deverá gostar. Não que seja exclusiva do nosso país mas tem um toque festivo e de grande união em torno do futebol. Acima de tudo, é também uma boa montra para jogadores de clubes inferiores aparecerem e se tornarem nomes conhecidos dos adeptos de futebol, sobretudo dos que têm como hábito apenas acompanhar os principais campeonatos e não relevar divisões amadoras. As pequenas populações que recebem FC Porto, Benfica ou Sporting têm ali uma oportunidade única de verem, perante si, equipas de topo nacional. Para os clubes, além de rechearem os seus cofres, sonham ser primeira notícia por um dia.

Até por serem eliminatórias de apenas um jogo - até às meias-finais, que serão já a duas mãos -, as probabilidades de sucesso são maiores. São noventa minutos, ou, se houver necessidade, cento e vinte e até grandes penalidades, onde tudo é possível. Claro que as equipas de maior escala terão junto a si o favoritismo mas nem por isso a vitória garantida. Eliminar um grande é um verdadeiro sonho que só a Taça de Portugal pode oferecer. Não há, assim, como não recordar as vitórias de Gondomar, em 2002, e de Atlético, em 2007, na casa de Benfica e FC Porto, respectivamente. Ninguém, por certo, esperaria que Cílio Sousa faria um golo monumental na velha Luz, nem que David, num golo meio aos tropeções, vencesse Golias, em pleno Dragão. É aquilo a que se convencionou chamar de tomba-gigantes.

Actualmente, mesmo continuando a ser a Taça de Portugal uma caixinha de surpresas, é mais difícil que aconteçam estas tais novidades. Os clubes maiores fazem um estudo cada vez mais exaustivo do adversário e entram com a mesma seriedade, sem abusar da altivez de quem é realmente mais forte. Enfim, preparam-se como se fosse um jogo com alguém do seu nível, para que nada corra mal e venha a dar razões para corar de vergonha. Uma entrada em falso, como que relaxada, é meio caminho andado para que o resultado seja bem desagradável. Se já é embaraçoso para uma equipa mediana da Liga Sagres, que explicações poderia ter um treinador de um grande perante uma derrota frente a uma equipa que tem um orçamento cem mil vezes inferior? Nenhuma. Os adeptos, pelo menos, nada aceitariam como desculpa.

É precisamente devido a essa imprevisibilidade que a Taça de Portugal tem o seu encanto. Contudo, nos dias que correm, devido aos factores que acima já foram referidos, cada vez menos sobressaem os tomba-gigantes frente aos três crónicos candidatos ao título nacional - embora desportivamente poucas chances tenham, é óbvio que pretendem receber quem lhes dê visibilidade e... lucro. Mas, para uma equipa de uma segunda ou terceira divisiões, eliminar um Olhanense ou um Rio Ave, com todo o respeito por ambos, é já uma proeza que faz chamar a atenção dos adeptos. Chegar ao Jamor, estádio mítico onde sempre se realiza a final da Taça, é o ponto máximo que um clube de menor nomeada pode ambicionar. Há esse tal clima de festa e de confraternização. É diferente de tudo. É, acima de tudo, bonito de ver.

O nosso Wottle e... venha a Bósnia!

1. QUEIROZ É O NOSSO WOTTLE

Carlos Queiroz faz-me lembrar Dave Wottle. Sim, sei bem que apenas 0,0000001 da população portuguesa saberá quem é Dave Wottle. Por isso, aqui fica uma dica: vão ao youtube e coloquem "1972 Olympic 800m Final". Façam clique e observem. Aos 14 segundos do filme vão ver um rapazola magríssimo, branquíssimo, com uns calções a baloiçarem-lhe na cintura e um chapéu ridículo por cima dos cabelos louros. Agora, vejam o vídeo até ao fim: é (como já perceberam) a final dos 800 metros dos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972. Vejam lá se o bom do Wottle não parece Carlos Queiroz. Sempre sem esperança, sempre a correr atrás de todos e, de repente, pertinho do fim da prova, talvez pelos 550 metros, começa a passar adversários e, pimba, em cima da linha de meta, sagra-se campeão olímpico.

É assim que vejo a qualificação portuguesa para o play-off, aqui personificada em Carlos Queiroz: partir muito bem (4-0 a Malta, em La Valetta), perder metros atrás de metros de seguida (derrota em casa com a Dinamarca, empates de rajada com Suécia, Albânia e Dinamarca e, pelo meio, aquela clamorosa goleada 2-6 com o Brasil), mas recuperar muito bem no final (dupla vitória sobre a Hungria e triunfo sobre Malta). Agora, Queiroz está como Wottle estava no minuto 2.15 do vídeo do youtube: pertinho de ganhar a qualificação para a África do Sul, mas sem a ter ganho ainda. Falta o play-off.

2. SCOLARI FOI O NOSSO PSICÓLOGO

A herança de Carlos Queiroz foi complicada. Luiz Felipe Scolari teve quase ano e meio para preparar o Euro-2004. Entre Fevereiro de 2003 (derrota com a Itália, 0-1) e Junho de 2003 (goleada à Bolívia, 4-0) fez múltiplas experiências (mais de 50 utilizados até à final com a Grécia), apostou em alvos errados (Ricardo Rocha, Jorge Ribeiro, Luís Loureiro, Silas ou Rogério Matias), afastou algumas vacas sagradas das anteriores gestões (Vítor Baía e João Vieira Pinto e, mais tarde, Sérgio Conceição acima de todos) e, numa primeira fase, colocou todas as fichas em meia dúzia de outros, começando a construir a chamada família-Scolari: Fernando Couto, Luís Figo, Rui Costa, Pauleta, Jorge Andrade, Nuno Gomes, Simão e, sobretudo, Ricardo. Só na época seguinte, 2003/04, tudo se começou a definir. O núcleo-duro era o mesmo e só mais tarde, a conta-gotas, apostou na titularidade de homens que, em breve, seriam decisivos: Deco, Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Nuno Valente, Costinha, Maniche e Cristiano Ronaldo, por exemplo.

Há quem fale de Luiz Felipe Scolari como um grande psicólogo misturado com um mediano treinador de campo. Partilho dessa opinião. O brasileiro tem mérito nos bons resultados de Portugal (segundo no Euro-2004 e quarto no Mundial-2006) neste início de Século, mas esse mérito assenta, sobretudo, na sua capacidade aglutinadora. Quem colocou as bandeirinhas nas janelas? Ele. Quem ajudou a lotar os estádios? Ele. Quem aumentou a auto-estima dos portugueses? Ele. Quem colocou os jogadores em forma? José Mourinho. Sim, se recuarmos cinco anos, vemos que só a custo, depois de muita casmurrice, Scolari aceitou a titularidade de Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha ou Deco. E quando aceitou, tudo mudou. Scolari é bom treinador? Sim, é. E é bom psicólogo? Não. É óptimo.

3. QUEM VIER ATRÁS, FECHE A PORTA

Se houve algo com o qual Luiz Felipe Scolari nunca se preocupou foi descobrir ouro onde ouro não havia. Por isso, quando Queiroz recebeu o testemunho de Scolari, a selecção não era uma selecção, era um conjunto de jogadores: não havia Fernando Couto, Rui Costa, Figo, Pauleta, Costinha ou Nuno Valente. Que recebeu Queiroz de Scolari? Ronaldo, Deco e Simão muito mais consistentes, mas sem um guarda-redes de nível médio, sem lateral-esquerdo razoável e com muitas dificuldades para encontrar um homem-golo.

Sem a almofada de não ter de se qualificar que teve Scolari (apuramento directo para o Euro-2004), Carlos Queiroz entrou em campo como antes tinham entrado António Oliveira ou Humberto Coelho: ter de ganhar jogos para chegar à África do Sul. Por isso, quase não houve tempo para experiências. As que fez (Antunes, Carlos Martins, Manuel Fernandes ou Daniel Fernandes) não resultaram e Queiroz teve de reformular muita coisa: Eduardo e Duda a titulares, Pepe à frente da defesa e, mais recentemente, a absorção do luso-brasileiro Liedson. "Quem vier atrás que feche a porta", terá pensado Luiz Felipe Scolari quando abandonou a selecção e abalou para o Chelsea. Queiroz fechou a porta, sofreu em silêncio por força da sua escassa capacidade de galvanizar o povo português, passou por momentos inacreditáveis (a derrota com a Dinamarca em Alvalade, o empate com a Albânia em Braga...) e só há meia dúzia de dias, já com 3-0 no marcador frente à Hungria, se viu um sorriso rasgado na cara do homem nascido em 1953 em Nampula (Moçambique): a selecção portuguesa estava, finalmente, no 2.º lugar do Grupo 1 e a depender apenas de si próprio para chegar à fase final do Mundial. Depois, com o 4-0 a Malta, resta esperar pelo play-off.

4. VENHA A BÓSNIA!

Carlos Queiroz parece ter encontrado, enfim, o seu núcleo-duro, a sua família: Eduardo, Bosingwa, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Duda, Pepe, Tiago, João Moutinho, Rolando, Raul Meireles, Deco, Simão, Nani, Cristiano Ronaldo e Liedson, por exemplo. Daqui a menos de um mês há duplo jogo de apuramento para a fase final do Mundial e é neste grupo que o seleccionador vai apostar. E ganhou ainda mais duas boas soluções: Pedro Mendes a meio-campo, Miguel Veloso a médio ou defesa-esquerdo.

Com quem preferirá Queiroz jogar? Ucrânia, Bósnia, República da Irlanda ou Eslovénia? Ninguém sabe. Queiroz deve ter preferência, mas nunca as dirá. Aposto o meu ordenado que ele não quer jogar com a Ucrânia (viagem muito desgastante, eventualmente frio e neve e... Shevchenko) ou com a República da Irlanda (ser eliminado por Trapattoni, de 70 anos, não seria agradável). Ficam Bósnia e Eslovénia. Eu, se fosse seleccionador, queria a Bósnia. Se vamos para uma guerra, há que entrar num ambiente de guerra. Venha, então, a Bósnia. E depois a África do Sul.

Crónica de Rogério Azevedo, jornalista do jornal A BOLA, para o FUTEBOLÊS

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Loco, Gringo, Pibe

Jogo da Argentina com o Peru. Fundamental para alimentar as esperanças dos argentinos em estarem no Mundial 2010 porque se encontravam, antes do apito inicial, fora dos quatro lugares que garantem o apuramento. Estiveram em vantagem, deixaram-se empatar e assim chegaram ao minuto noventa. Muitos seriam os que haviam já enrolado a bandeira. Dois minutos após, Martin Palermo, um goleador de proa mas sem grande sorte nos jogos pela sua Selecção, fez um golo precioso. Vital. Maradona, o agora treinador, explodiu de felicidade: mergulhou, como se estivesse ainda no auge da sua carreira de génio, para um relvado completamente encharcado. Símbolo da importância daquele momento. Para a sua Argentina, em primeiro lugar, e também para si próprio.

Jogo da Argentina com o Uruguai. Em caso de vitória, a equipa albiceleste confirmaria a qualificação para a fase final do próximo Campeonato do Mundo. Conseguiu-o. Num caminho nem sempre rectilíneo, com alguns percalços pouco compreensíveis, o objectivo foi assegurado. Os argentinos estiveram a um pequeno passo da eliminação mas, assim como afirmara Maradona, lutaram até à última gota de sangue, com a determinação de estarem na África do Sul. Uma Selecção com tanta qualidade, a bem do futebol, não poderia ficar de fora. Foi, por isso, um momento de euforia. Para Maradona, a libertação de uma enorme raiva que lhe ia na alma devido à descrença que se fizera sentir por parte do seu povo. Com alguns impropérios, disparando em tudo o que lhe aparecia pela frente, El Pibe excedeu os seus festejos.

Foi nesse mesmo jogo, frente aos uruguaios, que surgiu um herói improvável. De nome bem conhecido dos portugueses, no entanto: foi de Mario Bolatti, jogador cedido pelo FC Porto ao Huracán, o golo solitário que qualificou a Argentina. O médio que não teve nunca espaço de manobra nos portistas, chegou à Selecção por via das boas exibições no último Torneio Clausura - sendo mesmo considerado uma revelação. Ninguém esperaria, por certo, que teria tamanha importância.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Suficiente para os requisitos mínimos

Comecemos com uma questão que, neste momento, importa colocar: teria Portugal obrigação de se apurar directamente para o Mundial 2010? Sim, claro. A maior parte dos jogadores que fazem parte da Selecção nacional, para além de jogarem em clubes de topo mundial, possuem qualidade que ninguém questiona. Para perceber melhor essa argumentação, importa olhar aos adversários. Entre Dinamarca, Suécia, Hungria, Albânia e Malta, nenhum deles se apresenta como uma equipa que faça temer os portugueses, pelo seu poderio. Aliás, apenas dinamarqueses e suecos se destacaram e, sabia-se desde logo, que não seriam fáceis de levar de vencida. O sorteio foi, decerto, recebido com um sorriso de confiança.

Agora, depois de estarem cumpridas todas as jornadas da fase de qualificação, chega-se à conclusão de que Portugal apenas cumpriu os requisitos mínimos porque deixou escapar, para a Dinamarca, a liderança do grupo. Ou seja, não conseguindo alcançar a única posição que certificava a presença na África do Sul, o playoff passou a ser uma boa via alternativa. Mas, ressalve-se, ainda não garante a entrada no Mundial. No entanto, após ter estado tão próximo do abismo, este segundo lugar é uma espécie de pequena vitória e recompensa por todo o esforço despendido nesta parte final da fase de qualificação. Sobretudo por culpa própria, verdade seja dita, fruto de alguns tropeções sem explicação plausível.

Foram, ao todo, onze os pontos desperdiçados. A primeira metade do apuramento revelou-se absolutamente desastrosa para Portugal. A ansiedade, claro, após jogos bem pouco conseguidos e até opções incertas de Queiroz, tomou conta de todo o povo português. Não houve, porém, partida alguma em que a Selecção nacional fosse inferior ao adversário. Mesmo na derrota com a Dinamarca, sofrida nos minutos finais após um volte-face incrível, foram os erros defensivos que apagaram aquilo que de bom havia sido produzido. Contudo, há resultados que são inaceitáveis para uma equipa que pretende chegar longe: empatar, em casa, frente a uma Albânia reduzida a dez jogadores... é uma coisa do Diabo.

Além disso, acentuou-se, até ao primeiro jogo frente à Hungria, em Budapeste, uma tendência que remonta já aos tempos de Scolari: não vencer os adversários directos na luta pelo apuramento. Frente à Dinamarca voaram cinco pontos, os suecos ficaram com quatro. Dois adversários directos, oito pontos perdidos. Juntam-se mais dois, verdadeiramente desperdiçados nesse encontro com a Albânia, para chegar aos onze. Foi após o jogo de Copenhaga, com os dinamarqueses, que o Mundial ficou quase como uma miragem para os portugueses. Poucos seriam, aliás, aqueles que realmente ainda mantinham a esperança porque, para além de vencer as duas partidas com a Hungria e ainda Malta, na última jornada, era necessário que a Suécia não vencesse os três jogos.

Com determinação, enorme espírito de sacrifício e entrega total, foi alcançado o objectivo que, em dado momento, passou a ser prioritário. As partidas, independetemente da beleza ou não do futebol apresentado, culminaram todas em vitórias. Numa fase tão delicada quanto esta, ninguém se atreveria a pedir jogos de maravilhar. Importava ganhar, nada mais. Agora, com todas as contas feitas, causa uma enorme estranheza como Portugal não conseguiu resolver, desde logo, as contas do apuramento. Esteve demasiado tempo adormecido, talvez à procura de um fio condutor. Chegou a tempo, felizmente, e está agora uma equipa bem mais forte. Esteve em baixo mas teve a capacidade de se erguer. Renasceu das cinzas. Esperemos, então, que o playoff seja apenas uma ponte para o destino final: África do Sul.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Apuramento Mundial: A via secundária

CRÓNICA

O mais importante em primeiro lugar: Portugal está apurado para o
playoff de acesso ao Mundial 2010 e tem, por isso, legítimas ambições de marcar presença na África do Sul. O jogo com Malta, sabia-se, seria perfeito para que a Selecção portuguesa pudesse seguir em frente mas nem por isso poderia haver descontracção dos jogadores. A partida foi encarada com toda a seriedade, como teria obrigatoriamente de acontecer, e o resultado foi uma vitória clara. Os malteses não conseguiram nunca ser um adversário na verdadeira acepção da palavra, é certo, mas Portugal tem mérito naquilo que produziu.

Sem poupanças mas com novidades. Assim se apresentou Portugal, em Guimarães, frente à Selecção maltesa. Carlos Queiroz manteve o esquema táctico que apresentara contra a Hungria, lançando Pepe e Miguel Veloso como corpos novos na equipa titular: o central, após ter sido utilizado como vértice mais recuado do losango, voltou à sua posição de origem substituindo Bruno Alves, enquanto Veloso jogou no lado esquerdo da defesa nacional. De resto, tal com era esperado, Pedro Mendes manteve a titularidade e Nani ocupou a vaga deixada em aberto por Cristiano Ronaldo. Malta, claro, como equipa frágil que é trouxe uma estratégia ultra-defensiva que visava aguentar o nulo até aos limites.

Quanto mais depressa surgisse o golo, mais simplificada ficaria a tarefa. Interessava, por isso, ser eficaz o quanto antes.
Foram treze minutos de puro ataque de Portugal. Parecia, passe a expressão, uma prova de tiro ao boneco. O golo era mais do anunciado, mesmo uma questão de tempo até os portugueses fazerem a bola entrar na baliza maltesa. Foi Nani, após duas tentativas falhadas, quem encontrou espaço e rematou certeiro para o primeiro golo de Portugal. O que poderia, a partir daí, mudar? Nada. O jogo continuaria, independentemente do resultado, a ter a baliza de Andrew Hogg como sentido único. A Selecção de Malta lá estava no seu cantinho, sem sequer tentar criar perigo para Eduardo. Assim foi até final.

SEMPRE A AUMENTAR, CLARO!

Portugal chegava à área contrária com extrema facilidade, fruto de uma boa circulação de bola e de jogadas com toque curto. Sem que lhe fosse imposto qualquer obstáculo, certo, mas também por uma exibição muito concentrada e sempre séria dos jogadores portugueses. Nani afigurou-se como o principal perigo para os malteses e o jogador que mais perto esteve de aumentar a vantagem. As oportunidades sucederam-se, porém a pontaria não correspondeu ao caudal ofensivo criado. Viria, já em cima do intervalo, o segundo golo. Depois de ter sido fundamental frente aos húngaros, Simão Sabrosa voltou a deixar a sua marca. Um golo bem parecido com o primeiro. Carregando toda a justiça do planeta.

Chegada a segunda parte, tudo continuaria igual. Aliás, ficou bem patente que nunca os malteses deixariam de jogar no seu meio-campo. A vitória de Portugal deixou de ter de se questionar. Já nada tiraria o playoff. Seguindo a ordem natural dos acontecimentos, sete minutos após o regresso, após a enésima jogada pela direita do ataque português, Miguel Veloso contribuiu para o engordar do resultado. Agora, sim, eram números mais fiéis daquilo que se passava no relvado. Foi precisamente após o terceiro golo que a equipa portuguesa retirou um pouco o pé do acelerador. Nem era necessário mais. A missão estava cumprida. Em cima dos noventa, Edinho, entrado para o lugar de Liedson, concluiu uma excelente triangulação e fixou o resultado final. Venha o playoff, malta!

Malta, cumpram o vosso dever (antevisão)

Agora, malta lusitana, para que estejamos no playoff que ainda permita ambicionar um lugar no Mundial 2010, é só cumprir a obrigação e, assim, vencer a Selecção de Malta. Neste momento, depois de ultrapassadas as dificuldades que o destino e os maus resultados colocaram no caminho, a Selecção nacional apenas depende de si própria para assegurar o segundo lugar do seu agrupamento, pois a Dinamarca já carimbou o passaporte para África do Sul. Seria bizarro que, depois de ter conseguido escapar de uma queda que parecia mesmo inevitável, Portugal não conseguisse um resultado que lhe permita chegar ao playoff frente a uma equipa tão frágil quanto a maltesa que não tem qualquer golo marcado e apenas conquistou um ponto... num nulo frente à Albânia.

Mesmo assumindo todo o favoritismo, os jogadores portugueses deverão, obrigatoriamente, encarar esta partida com total respeito e nunca como um dado adquirido, excedendo a confiança. O opositor é muitíssimo mais fraco, sem dúvida, mas a postura terá de ser a mesma. Quanto mais não seja pelo passado bem recente que os portugueses têm com equipas assim, depois do jogo com a Albânia, empatado em Braga, que exemplifica na perfeição como, em futebol, acontecem resultados que não lembram a ninguém e colocam dois extremos em pé de igualdade. Carlos Queiroz sabe melhor do que ninguém, e tem feito questão de o demonstrar, que Portugal ainda nada tem garantido. Independentemente do adversário, esta é uma verdadeira final.

Em Guimarães, excepção feita para a saída de Cristiano Ronaldo, lesionado, Queiroz deverá apostar na mesma equipa que venceu a Hungria, no sábado. Ou seja, mantendo o 4x3x3 que, de forma surpreendentemente, colocou em prática e, verdade seja dita, deu bons resultados - apesar de Pepe, utilizado como número seis no losango, estar de volta. Frente aos húngaros, foi Nani o escolhido para substituir Ronaldo, após a lesão, e desta feita também é crível que o extremo do Manchester United seja o escolhido para formar o tridente ofensivo com Simão e Liedson. O vimaranense Pedro Mendes, convocado à última hora e com entrada directa para o onze que iniciou a partida na Luz, deverá manter, como consequência da excelente exibição conseguida, o seu lugar na equipa titular.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

E se um dirigente fosse impedido de trabalhar?

Liberdade de expressão é um direito há muito consagrado para uma boa vivência em sociedade. Cada um, à sua maneira, pode ter a sua opinião sobre um determinado assunto. Em Portugal, é assim desde a queda da ditadura e o desaparecimento do célebre lápis azul. A comunicação social, seja televisões, rádios ou jornais, tem total direito de escrever sem receios. Seguindo um código próprio, cumprindo certas normas, mas fazendo-o de forma livre. No entanto, nem sempre é assim. Infelizmente.

O impedimento que uma equipa de reportagem da TVI foi alvo, hoje, no Estádio da Luz é simplesmente ridículo e um exemplo bem vivo de como a censura ainda exite. Não que seja algo sem precedentes, bem longe disso, até porque o Record, o Correio da Manhã, o 24 Horas e o Maisfutebol também foram barrados. Ou convidados a sair, como é normal dizer-se. Um jornalista faz o seu trabalho, gostem os dirigentes ou não. Não se trata de um fait-diver ou um simples passatempo. Mas, atenção, acontece noutros clubes. Não é exclusivo do Benfica, evidentemente, nem é essa a ideia que se pretende transmitir.

Uma manchete que critique o treinador, uma análise séria que mostre um fracasso de um jogador que foi anunciado como craque ou uma notícia que o presidente não goste de ler são bons motivos para que se vejam esse tipo de situações. Apenas aqueles que não fazem uma única crítica são bem vistos e têm total acesso. Os adeptos aplaudem: afinal, os abutres, palavra que tão utilizada é, têm de ser eliminados. O profissionalismo do jornalista de nada conta porque ele é adepto do clube rival. É este o pensamento da maioria dos portugueses, de facto. Feitas as contas, os clubes é que ficam minimizados.

Longe, bem longe, vai o tempo em que qualquer jogador falava com um jornalista ou estava próximo de qualquer câmara. Até no intervalo dos jogos isso acontecia. Agora não: a maioria dos jogadores não quer nada com jornalistas e aqueles que querem são impedidos pelos clubes com um blackout que os guia. Acontece mesmo nos clubes de menor dimensão, algo que pode parecer um paradoxo pois existem inúmeras queixas de falta de atenção. Não se percebe, por isso, o porquê de contar com directores de comunicação. Alguns deles ex-jornalistas que deviam ser os primeiros a saber comunicar com o exterior, servindo como uma ponte entre o clube e os adeptos.

PS: O texto que pode ler acima, leitor, data já do dia vinte de Julho. Apenas agora, decorrido todo este tempo, a Entidade Reguladora da Comunicação emitiu um parecer onde condena a atitude tomada pelo Benfica que diz ser uma violação grave do Estatuto do Jornalista. Era o mínimo que poderia ter sido feito, para que o direito à informação não seja vetado e que os responsáveis por essa obstrução sejam chamados à razão. A bem de todos e para combater um autoritarismo desnecessário e sem qualquer sentido que os clubes, principalmente de maior dimensão, por vezes, tomam.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O milagre de Palermo que salvou Maradona

Martin Palermo é, por estes dias, o herói nacional da Argentina. Deve-se a ele um golo marcado já sob o último suspiro que mantém a esperança da Selecção das pampas em ainda poderem marcar presença no Mundial da África do Sul. O avançado que entrou para a História do Boca Juniors por ter marcado mais golos do que todos os outros, ficará, porém, imortalizado por deter o recorde de grandes penalidades falhadas: na Copa América de 1999, frente à Colômbia, desperdiçou três. Agora, já com a veterania de trinta e cinco anos, El Loco teve finalmente a sorte que tanto lhe fugia ao serviço do seu país. Maradona bem tem que lhe agradecer pelo feito: Ele faz milagres, eu não fazia.

A Argentina está, actualmente, fora dos quatro lugares que dão o acesso directo ao Mundial 2010. Ou seja, tal como Portugal, na posição que lhes permite disputar o playoff. É uma situação delicada que poderia ter ficado irremediavelmente perdida, neste sábado, na partida frente aos peruanos. Chamado para substituir Alfio Basile, a experiência de Diego Armando Maradona como seleccionador não tem sido propriamente positiva. Aquele mergulho que se seguiu ao golo vitorioso, é bem exemplificativo do alívio que os argentinos sentiram e da importância do jogo. Ficou, também, provado que Maradona ainda sente o jogo como se estivesse dentro do relvado. Não sei se concorda, leitor, mas não me habituo a vê-lo no banco...

domingo, 11 de outubro de 2009

Coisas de futebol

Como é o futebol. A presença no Mundial 2010 foi, para os portugueses, uma miragem. Tornou-se tarefa heróica assegurar a qualificação directa e até o segundo lugar, o tal que dá acesso a um playoff, esteve bem complicado. Eram mesmo necessárias ajudas externas para que a Selecção nacional conseguisse entrar nesse grupo de oito equipas que procurarão chegar à África do Sul por uma via secundária. O dia de ontem tornou-se verdadeiramente decisivo: Portugal precisava de vencer a Hungria, em casa, e esperar que a Dinamarca fizesse o favorzinho de derrotar a Suécia. Sucesso em ambos. Agora, resta ganhar a Malta para disputar o playoff. Que, mesmo assim, não é sinónimo de presença no Mundial. Sublinhe-se essa parte.

Como é o futebol. Caso Tiago não se tivesse lesionado, Pedro Mendes não seria convocado. Nem, muito menos, seria titular se Pepe estivesse disponível. O azar de uns é a sorte de outros, diz-se por aí. O médio do Glasgow Rangers, vimaranense de gema, foi o segredo que Carlos Queiroz tão bem guardou até algumas horas antes da partida e ninguém foi capaz de desvendar. Frente à Hungria foi, porém, um dos jogadores que esteve em melhor nível: depois de ter uma gaffe nos primeiros minutos, conseguiu uma prestação serena que deu consistência ao tridente do meio-campo. Poucas vezes chamado para jogos da Selecção, Pedro Mendes mostrou que é uma solução que deverá ser levada em conta.

Como é o futebol. A França irá disputar o playoff, Portugal, esperemos, para lá caminha. Nos seus grupos, a Sérvia e a Dinamarca apuraram-se directamente. Terão os sérvios melhores recursos do que os franceses? Não, de todo. E os dinamarqueses, serão superiores a Portugal? Não, outra vez. Servem estes dois casos para exemplificar que nem sempre chega ter os melhores intérpretes se o resto da banda não funcionar. A verdade é que ambas as equipas, de forma mais justa e espectacular ou não, conseguiram somar os pontos que lhes permitem marcar presença no Mundial. Ibrahimovic, pela sua Suécia, também deverá ficar a ver pela televisão. Na Argentina, Maradona deve estar a fazer contas à vida. Diz Blatter que se não estiverem lá Ronaldo, Ribéry, Messi ou Ibrahimovic, aparecerão outros. Certo... mas não é a mesma coisa.

Apuramento Mundial: Luz nos horizontes

CRÓNICA

Se a sorte não quis nada com os portugueses em jogos passados, desta vez não temos do que nos queixar. Bem pelo contrário porque tudo correu como era pretendido: a Selecção nacional ganhou e a Suécia, rival na luta pela segunda posição do agrupamento, perdeu frente à Dinamarca que, assim, garantiu a qualificação directa. Na Luz, sabia-se que Portugal era favorito mas nem por isso teria facilidades. Necessária concentração e atitude durante os noventa minutos. Sem jogar bem, o importante foi a vitória e a subida à posição que garante a presença no playoff. Quarta-feira, há que confirmá-la.


Quando era mais do que expectável que fosse Miguel Veloso, até pelas rotinas que já possui, a ocupar o vértice mais recuado do losango, em detrimento do castigado Pepe, Carlos Queiroz inovou: colocou Pedro Mendes como titular e reestruturou a equipa num 4x3x3, deixando para trás o esquema táctico que utilizara nas últimas duas partidas. Chegou, depois, a notícia que qualquer português mais queria ouvir: a Suécia perdera em Copenhaga. O mesmo é dizer que os dinamarqueses asseguraram a qualificação directa e, acima de tudo, que Portugal fica com tudo para conseguir chegar ao playoff de acesso ao Mundial. O tão desejado mote estava dado.

Chegava, agora, a vez de Portugal cumprir a sua parte do trabalho. Perante um público cheio de confiança e com vontade de empurrar a equipa rumo ao golo, nada poderia correr mal aos portugueses. Ninguém pedia um jogo rendilhado e recheado de grandes pormenores técnicos, mas sim uma vitória fosse como fosse. Essa era, aliás, a estratégia que a Selecção nacional havia delineado para esta partida porque, assim como já está mais do que provado, jogar bem nem sempre é sinónimo de sucesso: ser o mais simples possível e chegar cedo ao golo. Foi, no entanto, a Hungria que dispôs, no sétimo minuto, da primeira ocasião para marcar. Eduardo, atento, defendeu bem um remate de Gera.

As equipas estavam expectantes, sem querer correr qualquer risco, como que esperasse para ver quais as intenções do adversário.
Passaram dezoito minutos assim, estudando-se mutuamente. Chegou o minuto dezoito. A primeira arrancada realmente perigosa de Ronaldo, pela esquerda. O primeiro golo: o extremo português do Real Madrid cruzou para a entrada da pequena área, Gabor Babos defendeu para a frente e Simão, carregado de oportunismo, empurrou para dentro da baliza da Hungria. Não havia como desperdiçar tamanha oferta do guarda-redes húngaro. Eficácia a cem por cento dos portugueses. O público pedia outro golo, quantos mais melhor para ultrapassar esta barreira: Simão um minuto após ter marcado, deu a Babos a oportunidade de se redimir.

O ENGORDAR NATURAL DE UM RESULTADO JUSTO

Interessava, nesta fase, que Portugal não caísse na tentação de se retrair e entregar a iniciativa ao adversário. Pelo contrário, deveria procurar o segundo golo e nunca se contentar com a vantagem tangencial. Surgiu, porém, aos vinte e cinco minutos, uma contrariedade, com a saída de Cristiano Ronaldo, que se ressentiu de uma lesão no tornozelo que o apoquentou durante a semana. O capitão, mesmo sem ser brilhante, tem elevada importância no ataque e, após a sua saída, Portugal perdeu alguma intensidade no seu jogo permitindo que a Hungria procurasse alongar-se até junto da baliza de Eduardo. As oportunidades de golo apareceriam, de novo, já dentro dos cinco minutos finais. Dzsudsák, com um remate de longe que passou pertinho do poste, e Juhasz, em cheio na trave, mostraram que não era ainda tempo para festejos. Pelo meio, Ricardo Carvalho perdeu incrivelmente o segundo golo.

Se não o fizera logo após se ter colocado em vantagem, viria a fazê-lo na segunda etapa: Portugal baixou as linhas e entregou a iniciativa de jogo à Hungria. A equipa de Erwin Koeman tornou-se mais atrevida mas mostrou ser bem limitada em termos técnicos - causa até alguma estranheza como conseguiu somar treze pontos e estar ainda na discussão pela presença na África do Sul. Fruto dessa acção dos húngaros, o jogo ganhou maior abertura. Portugal, como equipa mais forte que é, aproveitou para se acercar da baliza de Babos mas, desta feita, o guarda-redes respondeu sempre à altura. Adiou a festa o mais que pôde.

A Selecção nacional justificava já um segundo golo, o que lhe daria a tão desejada tranquilidade e acabasse de vez com a ansiedade. Não pelo jogo apresentado mas sim pelo número de ocasiões que criara. Faltava sensivelmente um quarto de hora para o final quando o alcançou. Foi depois de uma cabeçada certeira de Liedson que os portugueses suspiraram, enfim, de alívio. Já bastava de ter o coração nas mãos e não havia necessidade alguma de manter o suspense. Agora, os húngaros estavam no tapete. O extraordinário golo de Simão Sabrosa, coroando uma exibição de alto nível, foi o culminar de uma noite em que os deuses do futebol estiveram com Portugal. Agora, venha Malta para assegurar o playoff.

sábado, 10 de outubro de 2009

O tudo ou nada em noventa minutos (antevisão)

A qualificação para o Mundial 2010, na perspectiva portuguesa, pode ser comparada a um caminho estreito e de difícil passagem. Uma espécie de parque radical, onde o risco é máximo e não há como remendar um passo em falso que seja. Por terem já desperdiçado várias tentativas de chegar ao final com todo o sucesso, os jogadores portugueses foram obrigados a uma prova de salto de barreiras. Só as ultrapassando, e contar também com um bónus pelo esforço, será possível chegar à última jornada com a esperança de conseguir, apesar de todos os percalços, chegar ao final da corrida na frente. Com o equipamento bem sujo das quedas. Esta é, recorrendo a um chavão, a fase do tudo ou nada.

Sem meios termos, sem desculpas: só ganhar os dois jogos e esperar por um tropeção da Suécia, permite que a equipa nacional continue a acreditar que poderá marcar presença na África do Sul. Na Luz, há que ultrapassar uma Selecção da Hungria que, tal como ficou provado no jogo de Budapeste, não é um adversário que faça tremer os portugueses. Nem pouco mais ou menos, porque a nossa Selecçao é inquestionavelmente superior. Horas antes de Portugal entrar em campo, os suecos jogam na Dinamarca e é aí que residem as esperanças de todos nós em ver a formação de Ibrahimovic perder pontos. Uma vitória dinamarquesa será um bom tónico para Portugal. Contudo, poderá trazer ainda mais ansiedade mas Carlos Queiroz já garantiu que é sob pressão que a equipa se sente melhor.

O seleccionador nacional não poderá contar com o homem que marcou o golo da vitória na capital húngara: Pepe. O central do Real Madrid, adaptado a trinco por Queiroz, irá cumprir um jogo de castigo e será Pedro Mendes, convocado após a lesão de Tiago, a assumir a vaga - é oficial. Causa surpresa que assim seja porque Miguel Veloso está mais do que habituado a jogar ali no losango Sporting. Independentemente disso, interessa também marcar o maior número possível de golos para que, em caso de igualdade pontual, Portugal leve vantagem sobre a Suécia no lugar que garante o acesso ao playoff. É preciso atacar do princípio ao fim, sempre com a baliza nos horizontes. Jogo com crónica no FUTEBOLÊS.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Opinião: Descobrindo os prazeres do futebol



A fintas hipnotizantes de Ronaldo, os dribles com a bola tal como um íman no pé esquerdo de Messi, o perfume espalhado por Kaká, a classe infinita de Xavi, as defesas miraculosas de Casillas, os pormaiores de Ibrahimovic. Um cardápio perfeito, com todos os condimentos necessários para o lucro, tudo junto para nuestros hermanos espanhóis se maravilharem. A nós, portugueses, basta ligar a televisão e ficar agarradinho noventa minutos a esse ópio. Como se fosse um desfile de estrelas, onde pode surgir qualquer coisa de excepcional e único em todo o momento. O jogo acaba, então, ficamos apenas com a satisfação entranhada. Tão perto e tão longe que estão os futebóis.

O tempo passou num ápice, nem se deu por ele. Um outro jogo há-de vir, não há problema. Sem que nada façamos para isso, somos levados para outra galáxia. Há mesmo quem a considere a maior de todas: Inglaterra. O Cristiano Ronaldo já lá não está. Ok, e depois? Não se perdeu o cerrar de dentes de Rooney ou a excelência de Giggs. O instinto de Drogba, Torres ou Anelka. O toque de Gerrard ou Lampard. Nada disto saiu, tudo continua exactamente como antes. E estes são apenas os atractivos maiores para uma tarde bem passada. Recheada da magia que a televisão atira para junto de nós, aquela que só os ingleses conseguem pôr nos seus estádios. Não se explica, entra-se na onda.

Começamos nas raízes de Iglesias, chegamos aos Beatles, falta Ramazzotti para completar o trio de ouro. Do futebol que muitas vezes se torna música. José Mourinho, claro. É o primeiro a vir à memória. De quem mais nos poderíamos lembrar quando falamos do Calcio? Não pensou logo no Speciale, leitor? Muitos são os que se tornaram fãs de Itália devido ao setubalense. É um futebol chato. Mas Mourinho, por si só, é um bom motivo para continuarmos da mesma forma, sem pensar sequer em mudar de canal, porque há espectáculo garantido. Ibra foi embora, veio Eto'o. Não é bem a mesma coisa em termos de jogo mas para o adepto a diferença é quase nenhuma. Pato e Diego, pés mágicos nos rivais, garantias de qualidade em casa. Que pena é que Ronaldinho não esteja para aí virado. Que pena!...

Percorremos as três fortalezas, falta ainda chegar à França e à Alemanha. Estão mais abaixo, ninguém duvida, mas sempre matamos saudades de uma dupla que tanto talento por cá deixou: Lucho e Lisandro. Bendita a televisão que o permite! Repitam-se as graças porque, além disso, também nos encanta com Ribéry ou faz-nos descobrir a arte de um Grafite brasileiro com pés mágicos. Tanta coisa boa que podemos ver num dia só, com um pequeno toque no botão do comando da televisão. Depois disso, desligamos a corrente. Continuamos comodamente instalados no sofá. Nunca dali saímos. O corpo, pelo menos, não se mexeu. Mas ficou a satisfação.

VISTO DA BANCADA regressa hoje e será agora um espaço de opinião mensal

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Quando a Matemática ajuda a explicar o futebol

A Selecção nacional portuguesa tem, por esta altura, um problema bicudo pela frente. A presença no Mundial 2010, na África do Sul, está em sério risco. Falhar uma competição de de Selecções representa algo a que nós, portugueses, não estávamos já habituados pois desde o falhanço para o França'98 que não acontecia algo do género. No entanto, a exclusão do Mundial do próximo ano terá de ser encarada como um cenário bem provável de acontecer. Há, contudo, ainda esperança em como Portugal, beneficiando de uma ajuda de terceiros, consiga chegar ao playoff. Será uma espécie de estrada secundária para a África do Sul.

Surge, neste período delicado, uma questão importante: seria este um grupo assim tão forte para que Portugal não alcançasse a primeira posição, ou seja, a única que garante o acesso directo ao Mundial? Não, na minha opinião e independentemente dos resultados que foram surgindo, a Selecção portuguesa é a mais forte do seu agrupamento. À partida, Dinamarca - primeira classificada e, em princípio, a que conseguirá carimbar o bilhete para África do Sul - e Suécia tratam-se dos adversários mais fortes mas não são, de forma alguma, equipas de topo mundial. A Hungria poderá ser colocada imediatamente atrás (embora mais frágil do que as escandinavas, tal como ficou provado no último jogo frente a Portugal) mas com bem mais qualidade do que Malta e Albânia, as formações mais débeis do grupo.

Não foi, nem de perto nem de longe, devido às últimas prestações que Portugal fracassou. Aliás, a primeira parte alcançada em Copenhaga foi, muito provavelmente, o que de melhor se viu desta Selecção - embora não tenha acertado com a pontaria. Antes, apenas ganhara em Malta e na Albânia. Em casa, o saldo não é agradável: derrota (dramática) com a Dinamarca e nulos com a Albânia - este sim, um resultado verdadeiramente inaceitável - e com a Suécia, score que se repetiu em terras suecas. São, ao todo, onze pontos desperdiçados.

Quase tantos como os somados que são treze, isto é, menos cinco do que os dinamarqueses e menos dois do que os suecos. Com duas partidas pela frente, resta aos portugueses acreditar no segundo lugar, aquele que dará a participação num playoff de acesso ao Mundial. Para que tal aconteça, será necessário vencer, em casa, a Hungria e Malta e esperar ainda que a Suécia perca pontos. Na próxima jornada deste grupo, sábado, os dois primeiros classificados defrontar-se-ão e poderá ser aqui que Portugal tenha mais benefícios. Há que chutar para canto o pessimismo e acreditar nas possibilidades.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Necessidade ou a saída mais fácil?

Começou com Carlos Azenha, continuou com Ulisses Morais e Carlos Carvalhal, e chegou agora a Rogério Gonçalves e Nelo Vingada. São cinco treinadores que foram despedidos, ou seja, sofreram aquilo a que se chama de chicotada psicológica. Em apenas sete jornadas que estão jogadas no campeonato português, ainda nem um terço foi disputado, é um número bem elevado e que representa uma marca recorde na Europa. Trata-se, à partida, de um sinal claro de que os resultados não agradaram aos responsáveis de um determinado clube e, por isso, julgaram ser necessário um abanão para colocar a equipa na rota certa. Por outro lado, mostra também que é o treinador que mais exposto está a este tipo de situações.

Faz parte da própria natureza do jogo: quando as coisas não correm como era desejado, o treinador é o primeiro a arcar com as consequências porque, afinal, é ele quem comanda a equipa. Há, contudo, inúmeras situações em que o técnico é apenas uma parte de um problema que vai bem para além das suas competências - também é culpado, obviamente, mas longe de ser o único. Pergunto-lhe, leitor, quantas vezes saíram jogadores ou dirigentes devido a um período negativo da sua equipa? Seria, talvez, mais sensato que assim fosse mas é aos treinadores que os bons resultados são exigidos. Independentemente da qualidade dos jogadores que tem e daquilo que pode fazer, o mais fácil é mesmo usar o tal chicote. Claro que há os casos em que há mesmo essa necessidade mas, convenhamos, na maioria deles há uma evidente precipitação. Efeitos até da pressão dos adeptos.

Carlos Carvalhal, despedido pelo Marítimo ao fim de seis jogos, referiu, há poucos dias, que, em Portugal, não são dadas as condições necessárias para os treinadores mostrarem o seu trabalho, isto é, não há tempo para que os projectos assumidos sejam levados até ao final. Poderá ser uma visão parcial, tudo bem, mas, na minha opinião, faz todo o sentido. Não pretendo com isto dizer que os treinadores deverão ter lugar garantido para sempre, mas há que lhes dar alguma margem de erro para que mostrem o seu trabalho. Sete jornadas é pouco. Numa fase tão precoce, nenhuma equipa está condenada ao que quer que seja e sem hipóteses de recuperar. para um bom campeonato. Concorde ou não, leitor, parece-me que é mesmo a saída mais fácil...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Liga Sagres: A melhor ronda

ANÁLISE

A jornada que mais golos teve, vinte e sete ao todo, serviu para confirmar que o Sp.Braga está mesmo empenhado em não largar o topo. Foram sete jogos ultrapassados com distinção pelos minhotos que, desta forma, se mantêm intocáveis e confortáveis no trono de líder. Vencer os primeiros jogos do campeonato, em setenta e seis edições, apenas tinha sido conseguido por nove vezes e sempre através de um dos grandes. O Sp.Braga resolveu, agora, entrar para a História. Uma equipa que respira confiança, que em cada jogo alimenta a esperança de conseguir um brilharete, e que apenas é surpresa para quem anda muito distraído destas coisas. Em relação aos grandes, apenas o Sporting perdeu terreno.

Pode-se mesmo dizer que o leão está abatido, parece impotente para chegar mais além. Em Alvalade, o jogo com o Belenenses serviu para aumentar a revolta dos adeptos sportinguistas. Mesmo vindo de uma vitória, era urgente que a equipa passasse por cima da terrível exibição frente ao Hertha, embora não tivesse Paulo Bento, o comandante, no banco. Certo, a qualidade de jogo melhorou um pouquinho, o Sporting criou oportunidades para marcar, mas não teve a arte necessária para desatar um nó que o Belenenses atou, a fim de sair, vinte e um anos depois, com pelo menos um ponto de Alvalade. Aquilo que poderia ser um jogo de reconciliação entre adeptos e jogadores sportinguistas, transformou-se em mais um motivo de contestação.

O dragão está a crescer. Não tem ainda o nível de épocas anteriores nem é tão forte colectivamente mas tem génios que encontram boas alternativas. Está uma equipa mais matreira, também: cria, marca, assegura a vantagem e faz a gestão do tempo. Não apresenta um futebol espectacular que encante os adeptos e chega até a expor-se em demasia perante o adversário, mas consegue ser letal e resolver as partidas nos momentos decisivos. No Algarve, Belluschi deu talento, Hulk explosão e Falcao mostrou todo o seu instinto goleador. O FC Porto marcou três golos e até poderiam ter sido mais, mas, verdade seja dita, também o Olhanense, em muito impulsionado pelo talento de Ukra e Castro, justificou um golo de honra.

A águia está nas suas sete quintas. Domina, vence e convence. Pressiona alto, encosta o adversário à sua baliza e tem uma atitude vencedora que procura sempre mais e melhor. Pode estar a golear mas Jorge Jesus não se contenta: procura a perfeição em cada lance. Marcar o mais cedo possível é a estratégia e, em Paços de Ferreira, foi David Luiz quem melhor a cumpriu. Depois, continuar como se o resultado fosse desfavorável até chegar à tranquilidade. Frente ao Paços, veio dos pés de Cardozo, num livre soberbo, ainda antes do intervalo que ditou uma vantagem de três golos. Claro, era tempo de gerir e entregar a iniciativa a uma equipa pacence que, embora tentasse, pouco ou nada poderia fazer mais. Aimar, Maxi e Di María não jogaram...

Colectivo quase perfeito, seguidor da máxima que defende um por todos e todos por um, grande coesão e um pitada de magia e talento individual: assim se apresenta o Sp.Braga, líder isolado do campeonato português, após a sua sétima vitória consecutiva, desta vez ante um Vitória de Setúbal que, apesar de brioso e digno, não teve capacidade para contrariar a lógica natural de um acontecimento anunciado. Não seguindo os bracarenses, o Rio Ave, seis jogos depois, sofreu a primeira derrota que coincidiu precisamente com a segunda vitória consecutiva da Naval de Augusto Inácio.

No Estádio do Mar, num jogo de altíssima qualidade e que teve emoção até final, o Leixões venceu a União de Leiria - tal como em Vila do Conde, cinco golos num três-dois final. Em Coimbra, o Académica-Marítimo marcou a estreia e a despedida dos treinadores: Van der Gaag orientou, embora se trate de uma situação a título provisório, os insulares, e Rogério Gonçalves despediu-se do comando técnico dos estudantes após a derrota por 4-2. Em Guimarães, Nelo Vingada está cada vez mais em apuros, após a derrota do Vitória frente ao Nacional - apenas uma vitória em sete tentativas é francamente pouco para os vimaranenses.