sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pontapé de canto - Entrevista ao site Arbifute

Pontapé de canto é uma rubrica do Arbifute, um site exclusivamente dedicado à arbitragem, onde são feitas entrevistas a personalidades conceituadas do planeta futebolístico e, também, a administradores de blogues sobre futebol. Aproveito, por isso, para agradecer o convite enviado pela administração do Arbifute. Fica, então, a entrevista na íntegra:

ARBIFUTE:
Como estás a avaliar a arbitragem esta época na Liga Sagres?
RICARDO COSTA:
Portugal tem um futebol à medida do país e, portanto, uma arbitragem que se equipara à qualidade do nosso futebol. De acordo com o campeonato português, poder-se-ia pedir melhores árbitros? Não me parece. Além disso, não querendo fugir à pergunta, penso que a arbitragem portuguesa tem vindo, de forma progressiva, a aumentar a sua qualidade.

A: O futebol nacional melhoraria com árbitros profissionais? Porquê?
RC: Eu creio que sim. Para sustentar uma equipa, mesmo que existam jogadores de qualidade, é necessário ter uma estrutura forte e que sirva de alicerce. Na arbitragem é exactamente o mesmo e a profissionalização traria melhores condições de trabalho aos árbitros e, sobretudo, criaria essa estrutura. No entanto, bem diferente é pensar que com árbitros profissionais terminarão os erros. Não será assim, evidentemente, mas caso sejam dados melhores meios para os árbitros, será meio caminho andado para que estejam mais bem preparados e se tornem mais competentes naquilo que fazem. Se os jogadores da Liga Sagres e Liga Vitalis são profissionais, por que não os árbitros? No entanto, seria necessário que os próprios dirigentes e observadores, não sendo profissionais, acompanhassem esse desenvolvimento e se preparassem para levar a arbitragem portuguesa a ter uma crítica mais positiva.

A: Muito se fala das novas tecnologias, ou como uns dizem, "meios auxiliares dos árbitros", na tua opinião seria benéfico para o futebol essa medida?
RC:
A introdução da tecnologia no futebol seria sempre benéfica mas tiraria todo o sentido ao jogo: acabariam as discussões em torno da arbitragem, não restariam dúvidas, teríamos um jogo demasiado morto. Alguém quererá um futebol assim? Claro que não, nem a International Board deixará o seu conservadorismo para trás. Passaríamos de um extremo, onde existem erros, para um extremo de perfeição. No entanto, defendo que faria sentido utilizar os tais "meios auxiliares" nos casos de dúvida sobre se a bola terá ou não ultrapassado totalmente a linha de golo. Mas apenas aí.

A: A UEFA adoptou na Liga Europa, os árbitros de baliza. São estes uma boa alternativa aos meios tecnológicos?
RC:
Não acho. A utilização de mais dois elementos nas equipas de arbitragem, para além de não ter uma total percentagem de eficácia, poderá levar a que se gere ainda maior polémica, pois continuam a ser humanos que ali estão e juntam-se mais duas visões de um lance. Além disso, são capazes de garantir se a bola entra realmente? Não! Podem avaliar lances de fora-de-jogo? Também não. Não creio que tragam um contributo realmente importante.

A: Qual, na tua opinião, é o melhor árbitro português?
RC:
Sem colocar qualquer ordem, penso que temos um grupo de árbitros que se destacam dos restantes: Olegário Benquerença, Pedro Proença, Jorge Sousa e, actualmente, Artur Soares Dias. Os dois primeiros estão bem colocados internacionalmente, dirigem vários jogos da Liga dos Campeões e, muito provavelmente, Olegário estará presente no Mundial 2010, aquilo que será o ponto máximo da sua carreira. Independentemente disso, Jorge Sousa é considerado, quase que de forma unânime, como sendo o melhor árbitro português, pela forma sóbria e correcta com que conduz os jogos; Soares Dias tem demonstrado muito valor e enorme margem de progressão, terá tudo para ser um árbitro de topo.

A: Qual seria a "medida radical" a aplicar no futebol português?
RC:
O futebol português precisaria de vários abanões. Naquilo que respeita à arbitragem, longe de ser uma atitude extremista, parece-me que a profissionalização, assim como referi anteriormente, seria um bom caminho para melhorar a qualidade dos nossos árbitros. Penso que é fundamental criar um organismo forte, que sustente as equipas de arbitragem e esteja preparado para os defender e formar para que sejam competentes no que fazem. Em Portugal existe um grupo de bons árbitros, outros ideias para jogos que não ofereçam problemas de maior mas sem condições para partidas de risco e ainda uns que são bem sofríveis. Daí que diga que seria necessária uma maior formação que, quanto a mim, a profissionalização poderá ajudar a trazer.

A: Como nasceu o FUTEBOLÊS?
RC:
São muitos os jovens aspirantes a jornalistas que criam blogues para mostrarem as suas capacidades. Tive, desde sempre, uma enorme paixão por futebol e pela escrita e, portanto, foi precisamente o que fiz. Confesso que o FUTEBOLÊS surgiu um pouco por acaso, quase como sendo uma experiência, nunca com a preocupação de ser um caso raro de visitas, mas ao longo dos meses (fará dois anos de existência em Fevereiro) ganhou forma até se tornar naquilo que é actualmente. O que procuro fazer é mostrar as minhas opiniões sobre determinados assuntos relacionados com futebol de forma imparcial.

1 comentário:

Jornal Só Desporto disse...

Boa Entrevista Caríssimo Ricardo.