terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Liga Sagres: Saber sofrer para ser feliz

ANÁLISE

É mais do que provado que para uma equipa ter sucesso precisa de ter qualidade, grande regularidade que não dê espaços a intermitências e uma pontinha de sorte. Tem, também, de passar por algum sofrimento. Nesta jornada, os dois primeiros do campeonato, empatados em pontos, distanciados por uma vitória em Braga, venceram. Com sofrimento: o Sp.Braga acaba o ano em primeiro, o Benfica empolgado por uma vitória sobre o FC Porto, grande rival. Os dragões pararam o ciclo ascendente, ficaram intimidados na Luz, o campeão tem quatro pontos de atraso para o trono. Na Figueira, o Sporting recebeu um pouco de oxigénio.

Quantos esperariam que Jorge Jesus lançasse, num jogo de tamanha importância, um jogador sem um único minuto jogado nas trezes anteriores jornadas do campeonato português? Só quem, de facto, estivesse bem informado das pretensões do treinador encarnado. Sem Di María e Coentrão, não subiu Peixoto, jogou Urretaviscaya, extremo uruguaio, em estreia nesta época. Sem Aimar, a batuta esteve ao comando de Carlos Martins. O Benfica surpreendeu o FC Porto, a vitória encarnada começou aí. Depois, apareceu um cliente habitual, oportunista e decisivo: Javier Saviola. Por alguma razão lhe chamam El Conejo - Clique para aceder à crónica do Benfica-FC Porto


Quatro deslocações à Figueira da Foz, quatro vitórias para o Sporting. O momento actual da equipa não inspira confiança mas a estatística estava, nesta partida com a Naval, do lado dos leões. Carlos Carvalhal, depois dos desaires consecutivos com União de Leiria e Hertha de Berlim, alterou o esquema táctico: deixou o 4x2x3x1 que tem procurado implementar e optou por um 4x1x3x2, colocando Carlos Saleiro ao lado de Liedson no ataque à baliza de Peiser. A sociedade funcionou: trinta e cinco minutos, toque do Levezinho, desvio de Saleiro para o golo. Sobretudo por aquilo que fez na segunda parte, o Sporting justificou a vitória. O leão está a recompor-se.

Sem o mesmo fulgor de há bem pouco tempo, sem o brilhantismo, mas extremamente eficaz. O Sp.Braga vale pelo colectivo, os jogadores demonstram uma entreajuda extraordinária, a equipa torna-se numa verdadeira muralha. Esse é o primeiro passo, a base para o sucesso minhoto. Para coroar surgem lances de puro aproveitamento individual. Em Paços de Ferreira, perante uma equipa destemida e com a vitória no horizonte, foi Meyong quem marcou em cima do intervalo. Momento cirúrgico, perfeito, matreirice de uma equipa que é líder por mérito próprio. Depois, bem, depois houve que suster o adversário. Os bracarenses souberam sofrer, também aí ganham pontos.

Se em jornadas anteriores, os empates e alguns nulos bem enfadonhos ganharam destaque, nesta ronda foi bem diferente: apenas houve uma igualdade, a dois, entre Leixões e Olhanense, duas equipas a lutar para saírem de posições delicadadas, num jogo emotivo que um verdadeiro dilúvio estragou. Vitória de Setúbal, equipa que tantas debilidades tem mostrado e que anseia pela reabertura do mercado, conseguiu um salto importante por força da vitória (3-2) sobre o Marítimo. O último posto, antes dos sadinos, é agora do Belenenses: derrota em Leiria, por 1-0, e saída de João Carlos Pereira. Vitórias do Nacional sobre a Académica (4-3) e do Vitória de Guimarães sobre o Rio Ave (1-0).