quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Aventura em África - Opinião de Bernardino Barros

A fasquia está demasiado elevada para a presença portuguesa no Mundial 2010, não por culpa alheia (imprensa ou público) mas por opção interna. Depois de Carlos Queiroz ter referido que Portugal era favorito à vitória final - "creio que o mais difícil é a qualificação. Conseguido esse objectivo, Portugal será, definitivamente, candidato a ganhar o Mundial, ou pelo menos a estar no pódio" (26 Outubro 2009) -, chegou a vez de Gilberto Madaíl afinar pelo mesmo diapasão. Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, como diz o dito popular, e por isso acho que devemos ter algum cuidado com o grupo onde estamos inseridos, porque não é tão fácil como à primeira vista parece, principalmente se for encarado com a mesma leviandade e facilidade com que a selecção começou a fase de qualificação.

O primeiro jogo é contra uma das mais fortes equipas africanas, a Costa do Marfim, recheada de excelentes individualidades, mas colectivamente muito ingénua e com pouca apetência defensiva, mas quem tem Didier Drogba e Salomon Kalou (Chelsea), Yaya Toure (Barcelona), Zokora (Sevilha), Emmanuel Eboue, Kolo Toure (Manchester City), Arthur Boka (Estugarda) e a mais recente vedeta (dois golos no Domingo frente ao Lyon) Yao Kouassi Gervinho (Lille), é sempre uma equipa temível. Além do mais é o primeiro adversário e neste tipo de competições o primeiro jogo deve ser sempre encarado com muito cuidado, pois pode não haver lugar a rectificar qualquer erro.

O segundo jogo é com um adversário, Coreia do Norte, sempre difícil de contrariar. Equipa fraca, quer a nível individual quer colectivo, mas com jogadores que começam a correr desde o primeiro apito do árbitro e só param no final do jogo. Defrontar uma equipa que corre, corre e não pára de correr, que tem muita garra, muito pulmão, muito coração e pouca técnica é difícil e tarefa que deve ser encarada com muita concentração. Lembremo-nos de 1966. No jogo que encerra a fase de grupos, Portugal enfrenta o Brasil, e esperamos que já com a qualificação garantida, pois jogar com os “manos do lado di lá” não é tarefa fácil, e Carlos Queiroz que o diga, pois foi difícil de digerir o resultado de 6-2.

Resumindo e concluindo, Portugal tem todas as condições de passar a fase de grupos, se encarar os jogos com a concentração e espírito colectivo, aliás o mesmo que lhe fez vencer e jogar bem os jogos finais da fase de qualificação. Esperemos que assim seja.

Opinião de Bernardino Barros, comentador da Rádio Renascença, sobre o Mundial