domingo, 22 de novembro de 2009

A atribuição de culpas no Sporting

Paulo Bento, numa extensa entrevista publicada ontem pelo jornal Record, abriu o jogo sobre a situação que viveu no Sporting. Por entre alguns avisos a José Eduardo Bettencourt, mostrou-se crítico em relação a Rogério Alves, presidente da assembleia-geral da SAD leonina, acusando-o de ter demonstrado pouca ética e ainda de querer um poleiro maior. Além disso, referiu que nunca trabalharia com Sá Pinto, novo director do futebol. A reacção não se deixou esperar, a bola foi imediatamente devolvida para o outro campo por Rogério Alves. Numa declaração forte e desconcertante, o dirigente referiu que a entrevista de Paulo Bento serviu somente para desculpabilizar o mau momento em que o Sporting se encontra.

Numa fase tão delicada quanto esta, deve existir união para que os problemas sejam ultrapassados. Esse é um princípio fundamental, meio caminho andado para uma boa resolução. Caso existam divergências entre os principais responsáveis do clube, como poderão surgir boas soluções que permitam deixar a crise de resultados para trás? Impossível. Por isso mesmo, este ping-pong de críticas e atribuição de culpas só pode ser prejudicial para o Sporting. Paulo Bento poderá ter toda a razão naquilo que diz, mas, a bem do clube leonino, nunca o deveria ter feito nesta altura. O timing escolhido não é, de todo, o melhor e em nada contribuirá para a serenidade do Sporting. Fá-lo num momento em que já abandonou o clube.

Do outro lado, Rogério Alves está ainda em funções. Diz que o maior culpado do estado do clube é Paulo Bento. Será mesmo? Não. O treinador tem a sua quota de culpa, sem dúvida, mas está longe de ser a principal razão para o insucesso leonino. Se o problema fosse somente o treinador, não faria sentido querer mantê-lo no comando. Independentemente disso, para que o Sporting possa dar passos seguros para o futuro, para que Carlos Carvalhal tenha a tranquilidade necessária para mostrar o seu trabalho e para que os jogadores possam jogar descomplexados, o clube precisa de ter uma boa estrutura que seja capaz de funcionar como um verdadeiro suporte. Actualmente, em Alvalade, não existem esses alicerces seguros. Essa, sim, é uma das razões do insucesso.

3 comentários:

Rui Moreira disse...

Com o devido respeito, isso é uma "tanga" monumental. Em primeiro lugar o PB foi responsável do Sporting. Já não é. pelo que os responsáveis do Sporting não andam a empurrar culpas, quem veio sacudir culpas e disparar para todo lado foi m ex-funcionário. Em segundo lugar, o PB não encontraria em nenhum clube português a estabilidade, a confiança e os "alicerces" que teve no sporting. e nisso os dirigentes do sporting foram impecáveis - incluindo RA. Foram-no mesmo quando o futebol era uma desgraça. Dito isto, PB é todo ele um chorão. Por detrás daquela imagem de homem íntegro e frontal está um fraco que se desculpabiliza sempre, mas SEMPRE, com os outros: os árbitros que erram, os dirigentes que falam (99,9% das vezes falavam para defendê-lo quando parecia que tinha pouca defesa), os que não gostam dele e se afastam, os que gostam de ver bom futebol. se perdesse uma pérola da formação por uma pipa de massa chorava porque tinha perdido um elemento fundamental, mas se as conservava chorava porque eram jovens e mais fracos do que os dos rivais. PB não presta. Ponto final.

Jornal Só Desporto disse...

Entrevista essa publicada no Jornal Só Desporto. Para mim as razões para o insucesso são falta de investimento no futebol certo? Depois como dizes e bem todos tem de remar para o mesmo lado e isso não acontece.

Ricardo Costa disse...

Rui Moreira,

Essa é a sua opinião, a minha é diferente. Mantenho a ideia de que o culpado maior não é Paulo Bento. A política implementada pelo Sporting surtirá efeitos mas tem os seus custos em termos desportivos. O treinador é apenas uma parte desse problema. Se assim não fosse, por que razão não foi despedido?

Em relação ao resto, parece-me que todos são culpados mas ninguém o quer assumir. Daí que diga que não existe a estabilidade necessária para recuperar a alegria e a chama do clube.