terça-feira, 6 de outubro de 2009

Liga Sagres: A melhor ronda

ANÁLISE

A jornada que mais golos teve, vinte e sete ao todo, serviu para confirmar que o Sp.Braga está mesmo empenhado em não largar o topo. Foram sete jogos ultrapassados com distinção pelos minhotos que, desta forma, se mantêm intocáveis e confortáveis no trono de líder. Vencer os primeiros jogos do campeonato, em setenta e seis edições, apenas tinha sido conseguido por nove vezes e sempre através de um dos grandes. O Sp.Braga resolveu, agora, entrar para a História. Uma equipa que respira confiança, que em cada jogo alimenta a esperança de conseguir um brilharete, e que apenas é surpresa para quem anda muito distraído destas coisas. Em relação aos grandes, apenas o Sporting perdeu terreno.

Pode-se mesmo dizer que o leão está abatido, parece impotente para chegar mais além. Em Alvalade, o jogo com o Belenenses serviu para aumentar a revolta dos adeptos sportinguistas. Mesmo vindo de uma vitória, era urgente que a equipa passasse por cima da terrível exibição frente ao Hertha, embora não tivesse Paulo Bento, o comandante, no banco. Certo, a qualidade de jogo melhorou um pouquinho, o Sporting criou oportunidades para marcar, mas não teve a arte necessária para desatar um nó que o Belenenses atou, a fim de sair, vinte e um anos depois, com pelo menos um ponto de Alvalade. Aquilo que poderia ser um jogo de reconciliação entre adeptos e jogadores sportinguistas, transformou-se em mais um motivo de contestação.

O dragão está a crescer. Não tem ainda o nível de épocas anteriores nem é tão forte colectivamente mas tem génios que encontram boas alternativas. Está uma equipa mais matreira, também: cria, marca, assegura a vantagem e faz a gestão do tempo. Não apresenta um futebol espectacular que encante os adeptos e chega até a expor-se em demasia perante o adversário, mas consegue ser letal e resolver as partidas nos momentos decisivos. No Algarve, Belluschi deu talento, Hulk explosão e Falcao mostrou todo o seu instinto goleador. O FC Porto marcou três golos e até poderiam ter sido mais, mas, verdade seja dita, também o Olhanense, em muito impulsionado pelo talento de Ukra e Castro, justificou um golo de honra.

A águia está nas suas sete quintas. Domina, vence e convence. Pressiona alto, encosta o adversário à sua baliza e tem uma atitude vencedora que procura sempre mais e melhor. Pode estar a golear mas Jorge Jesus não se contenta: procura a perfeição em cada lance. Marcar o mais cedo possível é a estratégia e, em Paços de Ferreira, foi David Luiz quem melhor a cumpriu. Depois, continuar como se o resultado fosse desfavorável até chegar à tranquilidade. Frente ao Paços, veio dos pés de Cardozo, num livre soberbo, ainda antes do intervalo que ditou uma vantagem de três golos. Claro, era tempo de gerir e entregar a iniciativa a uma equipa pacence que, embora tentasse, pouco ou nada poderia fazer mais. Aimar, Maxi e Di María não jogaram...

Colectivo quase perfeito, seguidor da máxima que defende um por todos e todos por um, grande coesão e um pitada de magia e talento individual: assim se apresenta o Sp.Braga, líder isolado do campeonato português, após a sua sétima vitória consecutiva, desta vez ante um Vitória de Setúbal que, apesar de brioso e digno, não teve capacidade para contrariar a lógica natural de um acontecimento anunciado. Não seguindo os bracarenses, o Rio Ave, seis jogos depois, sofreu a primeira derrota que coincidiu precisamente com a segunda vitória consecutiva da Naval de Augusto Inácio.

No Estádio do Mar, num jogo de altíssima qualidade e que teve emoção até final, o Leixões venceu a União de Leiria - tal como em Vila do Conde, cinco golos num três-dois final. Em Coimbra, o Académica-Marítimo marcou a estreia e a despedida dos treinadores: Van der Gaag orientou, embora se trate de uma situação a título provisório, os insulares, e Rogério Gonçalves despediu-se do comando técnico dos estudantes após a derrota por 4-2. Em Guimarães, Nelo Vingada está cada vez mais em apuros, após a derrota do Vitória frente ao Nacional - apenas uma vitória em sete tentativas é francamente pouco para os vimaranenses.

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