terça-feira, 13 de outubro de 2009

E se um dirigente fosse impedido de trabalhar?

Liberdade de expressão é um direito há muito consagrado para uma boa vivência em sociedade. Cada um, à sua maneira, pode ter a sua opinião sobre um determinado assunto. Em Portugal, é assim desde a queda da ditadura e o desaparecimento do célebre lápis azul. A comunicação social, seja televisões, rádios ou jornais, tem total direito de escrever sem receios. Seguindo um código próprio, cumprindo certas normas, mas fazendo-o de forma livre. No entanto, nem sempre é assim. Infelizmente.

O impedimento que uma equipa de reportagem da TVI foi alvo, hoje, no Estádio da Luz é simplesmente ridículo e um exemplo bem vivo de como a censura ainda exite. Não que seja algo sem precedentes, bem longe disso, até porque o Record, o Correio da Manhã, o 24 Horas e o Maisfutebol também foram barrados. Ou convidados a sair, como é normal dizer-se. Um jornalista faz o seu trabalho, gostem os dirigentes ou não. Não se trata de um fait-diver ou um simples passatempo. Mas, atenção, acontece noutros clubes. Não é exclusivo do Benfica, evidentemente, nem é essa a ideia que se pretende transmitir.

Uma manchete que critique o treinador, uma análise séria que mostre um fracasso de um jogador que foi anunciado como craque ou uma notícia que o presidente não goste de ler são bons motivos para que se vejam esse tipo de situações. Apenas aqueles que não fazem uma única crítica são bem vistos e têm total acesso. Os adeptos aplaudem: afinal, os abutres, palavra que tão utilizada é, têm de ser eliminados. O profissionalismo do jornalista de nada conta porque ele é adepto do clube rival. É este o pensamento da maioria dos portugueses, de facto. Feitas as contas, os clubes é que ficam minimizados.

Longe, bem longe, vai o tempo em que qualquer jogador falava com um jornalista ou estava próximo de qualquer câmara. Até no intervalo dos jogos isso acontecia. Agora não: a maioria dos jogadores não quer nada com jornalistas e aqueles que querem são impedidos pelos clubes com um blackout que os guia. Acontece mesmo nos clubes de menor dimensão, algo que pode parecer um paradoxo pois existem inúmeras queixas de falta de atenção. Não se percebe, por isso, o porquê de contar com directores de comunicação. Alguns deles ex-jornalistas que deviam ser os primeiros a saber comunicar com o exterior, servindo como uma ponte entre o clube e os adeptos.

PS: O texto que pode ler acima, leitor, data já do dia vinte de Julho. Apenas agora, decorrido todo este tempo, a Entidade Reguladora da Comunicação emitiu um parecer onde condena a atitude tomada pelo Benfica que diz ser uma violação grave do Estatuto do Jornalista. Era o mínimo que poderia ter sido feito, para que o direito à informação não seja vetado e que os responsáveis por essa obstrução sejam chamados à razão. A bem de todos e para combater um autoritarismo desnecessário e sem qualquer sentido que os clubes, principalmente de maior dimensão, por vezes, tomam.

2 comentários:

Anónimo disse...

Se soubesses ler a reacção,os argumentos do Benfica e o critério utilizado pela ERC, relativamente a um jornalista do Expresso, possivelmente não dirias asneiras por encomenda.Se calhar te julgas jornalista ou com aspiração a tal.
Já existem muitos avençados mas um a mais também não será de grande monta.

Ricardo Costa disse...

Bimbolagartada,

Se reparar bem, no texto criticam-se as 'placagens' a que o jornalistas são sujeitos. O parecer da ERC é apenas uma referência que importa fazer mas nunca o assunto principal do texto. É um caso que aconteceu com o Benfica, poderia ter acontecido com outro qualquer clube.

Gostei dessa das encomendas.