domingo, 11 de outubro de 2009

Apuramento Mundial: Luz nos horizontes

CRÓNICA

Se a sorte não quis nada com os portugueses em jogos passados, desta vez não temos do que nos queixar. Bem pelo contrário porque tudo correu como era pretendido: a Selecção nacional ganhou e a Suécia, rival na luta pela segunda posição do agrupamento, perdeu frente à Dinamarca que, assim, garantiu a qualificação directa. Na Luz, sabia-se que Portugal era favorito mas nem por isso teria facilidades. Necessária concentração e atitude durante os noventa minutos. Sem jogar bem, o importante foi a vitória e a subida à posição que garante a presença no playoff. Quarta-feira, há que confirmá-la.


Quando era mais do que expectável que fosse Miguel Veloso, até pelas rotinas que já possui, a ocupar o vértice mais recuado do losango, em detrimento do castigado Pepe, Carlos Queiroz inovou: colocou Pedro Mendes como titular e reestruturou a equipa num 4x3x3, deixando para trás o esquema táctico que utilizara nas últimas duas partidas. Chegou, depois, a notícia que qualquer português mais queria ouvir: a Suécia perdera em Copenhaga. O mesmo é dizer que os dinamarqueses asseguraram a qualificação directa e, acima de tudo, que Portugal fica com tudo para conseguir chegar ao playoff de acesso ao Mundial. O tão desejado mote estava dado.

Chegava, agora, a vez de Portugal cumprir a sua parte do trabalho. Perante um público cheio de confiança e com vontade de empurrar a equipa rumo ao golo, nada poderia correr mal aos portugueses. Ninguém pedia um jogo rendilhado e recheado de grandes pormenores técnicos, mas sim uma vitória fosse como fosse. Essa era, aliás, a estratégia que a Selecção nacional havia delineado para esta partida porque, assim como já está mais do que provado, jogar bem nem sempre é sinónimo de sucesso: ser o mais simples possível e chegar cedo ao golo. Foi, no entanto, a Hungria que dispôs, no sétimo minuto, da primeira ocasião para marcar. Eduardo, atento, defendeu bem um remate de Gera.

As equipas estavam expectantes, sem querer correr qualquer risco, como que esperasse para ver quais as intenções do adversário.
Passaram dezoito minutos assim, estudando-se mutuamente. Chegou o minuto dezoito. A primeira arrancada realmente perigosa de Ronaldo, pela esquerda. O primeiro golo: o extremo português do Real Madrid cruzou para a entrada da pequena área, Gabor Babos defendeu para a frente e Simão, carregado de oportunismo, empurrou para dentro da baliza da Hungria. Não havia como desperdiçar tamanha oferta do guarda-redes húngaro. Eficácia a cem por cento dos portugueses. O público pedia outro golo, quantos mais melhor para ultrapassar esta barreira: Simão um minuto após ter marcado, deu a Babos a oportunidade de se redimir.

O ENGORDAR NATURAL DE UM RESULTADO JUSTO

Interessava, nesta fase, que Portugal não caísse na tentação de se retrair e entregar a iniciativa ao adversário. Pelo contrário, deveria procurar o segundo golo e nunca se contentar com a vantagem tangencial. Surgiu, porém, aos vinte e cinco minutos, uma contrariedade, com a saída de Cristiano Ronaldo, que se ressentiu de uma lesão no tornozelo que o apoquentou durante a semana. O capitão, mesmo sem ser brilhante, tem elevada importância no ataque e, após a sua saída, Portugal perdeu alguma intensidade no seu jogo permitindo que a Hungria procurasse alongar-se até junto da baliza de Eduardo. As oportunidades de golo apareceriam, de novo, já dentro dos cinco minutos finais. Dzsudsák, com um remate de longe que passou pertinho do poste, e Juhasz, em cheio na trave, mostraram que não era ainda tempo para festejos. Pelo meio, Ricardo Carvalho perdeu incrivelmente o segundo golo.

Se não o fizera logo após se ter colocado em vantagem, viria a fazê-lo na segunda etapa: Portugal baixou as linhas e entregou a iniciativa de jogo à Hungria. A equipa de Erwin Koeman tornou-se mais atrevida mas mostrou ser bem limitada em termos técnicos - causa até alguma estranheza como conseguiu somar treze pontos e estar ainda na discussão pela presença na África do Sul. Fruto dessa acção dos húngaros, o jogo ganhou maior abertura. Portugal, como equipa mais forte que é, aproveitou para se acercar da baliza de Babos mas, desta feita, o guarda-redes respondeu sempre à altura. Adiou a festa o mais que pôde.

A Selecção nacional justificava já um segundo golo, o que lhe daria a tão desejada tranquilidade e acabasse de vez com a ansiedade. Não pelo jogo apresentado mas sim pelo número de ocasiões que criara. Faltava sensivelmente um quarto de hora para o final quando o alcançou. Foi depois de uma cabeçada certeira de Liedson que os portugueses suspiraram, enfim, de alívio. Já bastava de ter o coração nas mãos e não havia necessidade alguma de manter o suspense. Agora, os húngaros estavam no tapete. O extraordinário golo de Simão Sabrosa, coroando uma exibição de alto nível, foi o culminar de uma noite em que os deuses do futebol estiveram com Portugal. Agora, venha Malta para assegurar o playoff.

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