sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Porquê sempre o doping?

A notícia, triste, caiu como uma verdadeira bomba: Nuno Ribeiro, ciclista da Liberty Seguros e vencedor da Volta a Portugal deste ano, deu positivo num controlo antidoping. A análise foi feita ainda antes do início da prova maior do ciclismo nacional e, além do vencedor, também os seus colegas Hector Guerra e Isidro Nozal acusaram a presença de EPO/CERA, ou seja, uma substância dopante de última geração. Ok, o doping há muito que deixou de ser novidade no ciclismo mas... sem dúvida que se trata de um abalo brutal no pelotão velocipédico. E, acima de tudo, mais um rombo numa Volta a Portugal cada vez mais frágil.

Se ainda bem recentemente, em 2006, tivemos a desclassificação do vencedor do Tour de France, Floyd Landis, por ter acusado níveis elevados de testosterona, o facto é que tal também não é inédito em Portugal pois Joaquim Agostinho, Fernando Mendes e Marco Chagas foram outrora desclassificados pelo mesmo motivo. Têm sido, infelizmente, incontáveis os casos semelhantes em qualquer das grandes corridas internacionais - muitas vezes sem o próprio conhecimento de quem o ingere, é verdade, e Nuno Ribeiro afirma não o ter feito em consciência. Esta é mais uma machadada na credibilidade e principalmente no esforço dos ciclistas. Afinal, quem não irá agora olhar para os corredores de forma desconfiada? Quem acreditará que conseguirão subir as montanhas mais íngremes somente devido ao seu suor e sem ajudas médicas?

A imagem da consagração de Nuno Ribeiro, em Viseu, a meados de Agosto, ficou marcada na memória de todos. Foi a recompensa pelo esforço, pela garra e pela vontade de triunfar que lhe deu a camisola amarela na Senhora da Graça e uma espectacular vitória na Serra da Estrela. Nesse último dia de prova, no contra-relógio, o ciclista da Liberty, longe de ser um especialista, cerrou os dentes e conseguiu carimbar a sua segunda vitória na Volta. Quebrou, também, o interregno de seis anos sem que nenhum português tenha conseguido triunfar, exactamente após a sua primeira glória. Transformou as forças em fraquezas e ganhou com justiça, no fundo.

Até hoje, poucos seriam os que não pensavam desta forma. Tudo mudou, num ápice. A vitória que Nuno Ribeiro havia alcançado com tanto sacrifício e vontade não passa, porém, de um resultado ilegal. Havia substâncias dopantes no organismo do ciclista, acusadas numa análise realizada antes do início da septuagésima edição da Volta a Portugal. Olhando e conhecendo o percurso de Nuno Ribeiro, sempre disponível e trabalhador em prol da equipa, causa estranheza que também ele tenha sido apanhado na teia do doping. A verdade é pura e dura, contudo: a Liberty Seguros, dirigida por Américo Silva, talvez a formação mais completa do pelotão nacional foi imediatamente extinta, ao passo que Nuno Ribeiro ficará sem a vitória e com um carimbo para sempre. Infelizmente. Tantos casos e nenhum serviu de lição?

1 comentário:

Admin disse...

Pois é o Doping tem assombrado o Ciclismo porque será?
Grande artigo Ricardo venham mais.
Abraço