sábado, 12 de setembro de 2009

Chicotadas com pouco de psicológico

Despedir um treinador nas primeiras jornadas do campeonato é, quanto a mim, um enorme erro. Afinal, foi esse treinador quem programou a época, quem esteve envolvido na contratação dos jogadores e formou a equipa segundo as suas ideias. Há, no entanto, sempre duas perspectivas diferentes: se os resultados forem maus e os jogadores não assimilarem a filosofia de quem os dirige, fará sentido que haja a tal chicotada psicológica no início da temporada pois, assim, resta tempo suficiente para o novo treinador trabalhar. Seja como for, atente-se a referência à psicologia. Quando um treinador abandona o comando técnico de uma equipa, pretende-se que haja uma mudança de mentalidade. Que sentido faria contratar alguém com ideias iguais?

Com tudo isto, pretendo chegar aos despedimentos precoces. Temos a saída de Ulisses Morais da Naval, durante esta semana. Desconheço, por completo, as razões que levaram o presidente Aprígio Santos a prescindir do treinador mas, se ficou a dever-se aos resultados, parece-me um bom exemplo do que foi dito acima - caso houvesse desmotivação ou outro factor psicológico, entenderia-se. Em três partidas, os figueirenses contavam com um ponto e já tinham defrontado o FC Porto, uma equipa claramente superior. Não me parece que seja razão de alarme, leitor. Não se trata, porém, de uma situação inédita no presidente da Naval pois, em 2006-07, despedira Francisco Chaló ao fim de três jogos realizados (um deles com um grande, também, no caso o Benfica).

O FC Porto viveu, em 2004-05, duas situações que não são, de todo, habituais com Pinto da Costa. Chegou, primeiro, Del Neri mas foi despedido ainda antes do início da temporada. O caso mais grave e que, provavelmente, marcou a má campanha dos portistas nessa temporada foi o despedimento de Victor Fernandéz, o sucessor do italiano, após uma derrota caseira frente ao Sp.Braga numa altura... em que era líder do campeonato. Luís Filipe Vieira foi outro presidente que não resistiu em olhar somente para os resultados e dispensar o comandante ao primeiro passo em falso: aconteceu há duas temporadas, na primeira jornada, quando Fernando Santos foi despedido após empatar com o Leixões. É, sem dúvida, exemplificativo de um erro grosseiro. Há, ainda, o despedimento de Bobby Robson do Sporting, também em primeiro no campeonato, que acabou campeão nas Antas. Uma conclusão: o resultado da chicotada é, na maioria das vezes, nulo. Valerá a pena os dirigentes serem impacientes?

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