domingo, 30 de agosto de 2009

A normalidade nacional

Aproveito o intervalo do Académica-Sporting para mais uma constatação. Óbvia, sim, mas cada vez mais actual e importante: o campeonato português tem, a cada ano passado, perdido qualidade e interesse. Nesta primeira fase da nova época, é nítido que as equipas apenas se preocupam pelo pontinho. Podem dar um espectáculo quase deprimente para o público, mostrar um péssimo futebol mas, se conseguirem um empate, todos ficam contentes da vida. É esta a mentalidade que está instalada. Ou melhor: enraízada. Como é possível, depois, pedir que os adeptos encham os estádios?

Não é, leitor. Apenas alguém muito egoísta, que apenas se preocupe consigo e com os seus e não dê importância aos adeptos, o poderá fazer. Hoje em dia, em cada fim-de-semana, temos as grelhas dos canais de desporto com jogos de futebol internacional. De Inglaterra, Espanha e Itália. Dos melhores campeonatos do Mundo, por outros termos. Ainda ontem, em simultâneo, houve o Paços de Ferreira-Vitória de Guimarães e, noutro canal, a estreia de Cristiano Ronaldo em Madrid. Um consumidor de futebol que goste de bons espectáculos e não seja adepto de nenhum desses clubes nacionais, que jogo escolheria à partida? O do campeonato espanhol. Parece-me óbvio.

Evidentemente que nos outros países também há as equipas grandes e aquelas que lutam pela sobrevivência. Claro, mas a maioria desses clubes com menos argumentos discute taco-a-taco com os potenciais favoritos. Em Portugal, sabemos, não é assim. Ok, eu entendo, cada um faz o que acha necessário para garantir os seus objectivos. No entanto, aparecem os tais estádios vazios e um desinteresse cada vez maior pelo futebol, tal como nenhum apreciador de teatro, por mais que goste de uma companhia, assiste a um espectáculo que lhe provoque enormes bocejos.
Seria bem diferente caso seguissem os exemplos estrangeiros. Ah, o jogo de Coimbra: 0-0 ao intervalo, mau futebol. Tudo na normalidade, portanto...

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