sábado, 22 de agosto de 2009

Fazer uma reflexão

Apetece perguntar: o que é feito dos goleadores? Que tipo de alergia há para com as balizas que impede os golos? São perguntas retóricas, ambas. O campeonato português, talvez adequado à realidade do país e bem longe de outros, está numa crise profunda de golos. E de vitórias. Até agora, com os jogos da primeira jornada e um da segunda cumpridos, houve oito empates, quatro deles a zero. Nenhuma equipa conseguiu chegar à marca dos dois golos marcados. A isto junta-se um mau espectáculo e, acima de tudo, sem público nas bancadas.

O futebol português precisa de uma reflexão extrema. Ontem, após o Olhanense-União de Leiria (empatado a zero, claro está), Manuel Fernandes, treinador dos leirienses, afirmou que jogará para a liga dos pobres. Assim, sem rodeios, assumiu aquilo que a sua equipa fará: tentar de tudo para segurar cada pontinho que seja, amealhando os possíveis para continuar no principal campeonato nacional. Em suma, na maioria das vezes e sobretudo quando defrontam os grandes, os clubes de menor dimensão procuram não perder. Jogam para o empate. Riscam a vitória do horizonte.

Que sentido faz jogar para o empate? Os dirigentes e adeptos dir-me-ão que procuram a manutenção, o seu objectivo, uma espécie de título para eles. No entanto, não terá maiores vantagens procurar sempre a vitória? A mim, pessoalmente, parece-me que sim porque, não tendo os mesmos argumentos, discutem o jogo e não se fecham exclusivamente nos seus últimos vinte metros do relvado, sujeitando-se a um autêntico massacre. O espectáculo agradece, o público sente entusiamo em ver jogos assim. Mas não é isso que acontece. É sintomático, de facto.

Não quero aqui comparar o campeonato português com o inglês porque, na minha opinião e penso que é generalizado, um está a anos-luz do outro. Porém, em Inglaterra, vemos os clubes mais pequenos discutir o jogo com os big four. Um exemplo: a vitória do recém-promovido Burnley frente ao tricampeão Manchester, ainda na jornada anterior. Em Espanha acontece o mesmo. Em Itália também. Os estádios estão cheios, há vontade de ver um jogo de futebol como se fosse um espectáculo familiar. Em Portugal não. É pena.

Sem comentários: