sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sir Bobby Robson

A luta foi intensa, disputada até ao fim, sem um momento de tréguas. É sempre assim quando alguma doença maldita se mete no caminho. Não deu mais. Depois de uma batalha heróica para continuar a viver, hoje, faleceu Bobby Robson. Um verdadeiro senhor, ou não fosse um sir britânico, que marcou o futebol mundial. Esteve em Portugal, também: depois de não ter sido aproveitado no Sporting, rumou ao FC Porto e conquistou dois títulos da série do penta dos dragões. A ele José Mourinho deve muito do que é actualmente.

O primeiro grande momento mundial de Bobby Robson aconteceu em 1958 quando esteve presente no Campeonato do Mundo, como jogador, numa selecção que tinha o lugar de estrela reservado para o outro Bobby, Charlton. Porém, enquanto jogador nunca alcançou aquilo que viria a alcançar como treinador. Foi em 1968, com trinta e cinco anos, que Robson deixou as chuteiras de lado e se dedicou às tácticas. Depois de, em 1981, ter vencido a extinta Taça UEFA com o Ipswich Town chegou, no ano seguinte, à selecção inglesa. De novo, desta vez como treinador. Foi aí que ganhou maior prestígio.

Comandou os destinos de Inglaterra durante oito anos, até 1990. Esteve no Mundial do México, em 1986, onde acabou eliminado pela Argentina de Maradona, naquele famoso jogo em que El Pibe marcou um golo com a mão, la mano de Diós. Ainda recentemente, numa entrevista ao Maisfutebol, Bobby Robson mostrou-se resignado: "Foi o lance mais bizarro a que assisti. Acho que toda a gente no estádio percebeu que tinha sido com a mão mas não há nada a fazer." Foi batota, claro que sim, mas nem nestes momentos ele perdia o cavalheirismo. Por isso, é diferente.

Após o Mundial de Itália em 1990, o primeiro em que Inglaterra chegou às meias-finais depois da vitória em 66, Robson abandonou o cargo de seleccionador britânico. Rumou à Holanda, para se sagrar bicampeão no PSV Eindhoven. Depois, seria Portugal a estar no seu caminho. Deixou as tulipas e assinou contrato com o Sporting. Esteve dois anos no cargo até ser despedido, em Dezembro de 1994, por Sousa Cintra após falhar nas competições europeias. Foi um erro tremendo, viu-se depois: sem perder tempo, o treinador inglês rumou ao FC Porto onde se sagraria campeão nacional em duas épocas consecutivas.

Com o dever cumprido em Portugal, aceitou um desafio à sua medida: ser treinador do Barcelona, sucedendo a Johan Cruyff. Fez um forcing para levar Vítor Baía, o guarda-redes que o impressionara nas Antas. E também um tradutor que o acompanhava desde os tempos em que esteve no Sporting: José Mourinho, esse que se viria a tornar especial. No entanto, nem tudo correu bem nessa equipa que tinha em Ronaldo, o verdadeiro fenómeno, a estrela maior e contava com os portugueses Fernando Couto e Figo, para além de Baía. Mesmo vencendo a Taça das Taças, o Barça falhou o título espanhol por um ponto.

Sem mais espaço de manobra, Robson daria lugar a Van Gaal mas manteve-se ligado ao clube espanhol. Em 1998, voltou ao banco do PSV. Depois, o Newcastle na sua última aparição como treinador. Em 2004, bem mais fraco devido à doença, decidiu colocar um ponto final na sua carreira. Contudo, nunca cortou as raízes que o ligavam à bola e aceitou entrar para a estrutura da federação irlandesa. Sexta-feira, 31 de Julho de 2009, foi comunicado o seu falecimento. Setenta e seis anos depois de ter nascido. Um homem simpático, afável, bem-humorado que não será esquecido pelos amantes de futebol. Merece uma vénia.

Sem comentários: