quarta-feira, 8 de julho de 2009

Resolver na Playstation e o cafezinho na Atalaia



Como é que eu resolvo isto? Só se for na Playstation!
. Ora cá está uma das frases mais marcantes de 2009. O autor foi Jorge Jesus, enquanto treinador do Sp.Braga, após um jogo na Luz. Com o seu estilo à Rod Stewart, de cabelo esguedelhado e voz rouca, falou sem complexos. Todos os treinadores portugueses têm algumas particularidades engraçadas. Quase como se fosse um íman, Manuel Machado é o perfeito contrário de Jorge Jesus. Tem um registo sóbrio, discurso elaborado e até académico, utiliza palavras que deixam alguns de nós a pensar: Que raio é que o homem quis dizer?!.

Este caso de Jorge Jesus/Manuel Machado é, talvez, o mais flagrante de como existem pessoas com personalidades completamente opostas. Depois há o inevitável risco ao meio de Paulo Bento, característica que o identifica a milhas, aquela sua irreverência e teimosia. Após tanto se ter falado do seu penteado, o treinador do Sporting continuou firme e em nada se alterou. Tal como nas suas opções, tantas vezes acusado de ser teimoso. Há uns tempos a sua tranquilidade também deu motivo para colocar um sorriso nos adeptos. Assim como quando disse que não era espião, a propósito de uma questão sobre Vukcevic. Sem esquecer o cafézinho da Atalaia ou a folha A4 que pediu para escrever os erros de arbitragem que prejudicaram o Sporting.

Depois desses há Manuel Cajuda que, mesmo estando agora sem clube, não pode ser esquecido. Ele próprio se assume como um desalinhado, como alguém que não gosta de ser politicamente correcto. As suas análises aos jogos são diferentes de todos os outros: não entra em tácticas, enaltece o espectáculo e a forma como a sua equipa mostrou bom futebol. É um lírico por natureza. A carta que endereçou aos jornalistas, no final da temporada anterior, como forma de se redimir por algumas declarações menos felizes é um bom exemplo. E quem mais se assumiria como adepto do Benfica na véspera de o defrontar?

Porém, nenhum deles chega ao patamar de José Mourinho quando foi apresentado no Estádio das Antas. Já lá vão sete anos: para o ano tenho a certeza de que vamos ser campeões. As vozes críticas levantaram-se, perguntaram-se como era possível prometer algo assim. Foi dito e feito. Nesses anos, os portistas viveram os melhores momentos do seu historial. Mourinho saiu, depois, para o Chelsea com o seu enorme ego nos píncaros. Acabou com o cavalheirismo que reinava em Inglaterra e tratou de encontrar inimigos de estimação. Até a Ricardo Carvalho, seu jogador, recomendou fazer um teste de QI. Jaime Pacheco só tem um neurónio e está avariado, disse ele.

Já que se fala de José Mourinho, não há como não falar da polémica que criou em Itália apenas esta época. A prostituição intelectual da opinião pública foi o ponto alto. Mas também os zero titoli do Milan. E as críticas a Claudio Ranieri, treinador da Juventus, claro: tem quase setenta anos [na realidade, são cinquenta e seis] e está demasiado velho para mudar as suas ideias. Mourinho é um verdadeiro furacão por onde quer que passe. Pois bem, leitor, agora que a crónica está terminada deve ter percebido que foi diferente das anteriores. Não teve um tema concreto, um lance ou um gesto. Foram várias figuras, vários feitios. Começou com Jorge Jesus. Depois foi só desenrolar a imaginação. Uma crónica é assim mesmo.

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