quarta-feira, 22 de julho de 2009

O futebolês que dispensa as cargas literárias

O futebolês é um jogo de palavras, de imaginação e criatividade. Os relatos de futebol, sobretudo, pela rádio estão recheados de metáforas e dessas expressões da gíria. Para um adepto fanático, não há dificuldade nenhuma em saber que a zona do agrião é aquela parte da área junto à marca do penalty e que um buldozer é um jogador que joga com tudo, com toda a garra. Mas para quem anda um pouco desligado destas coisas, percebe-se o porquê de, por vezes, não conseguirem perceber o que o relator ou narrador quis dizer quando afirmou que a equipa estava a usar o chuveirinho para a área ou que foi um golo de antologia.

Mas não são só os jornalistas e comentadores que cultivam o futebolês. José Maria Pedroto falou, enquanto treinador do FC Porto, num roubo de igreja. Mourinho no autocarro em frente à baliza.
Ouvir dizer que um jogador é um autêntico passador e tem uns pézinhos que parecem dois ferrinhos de engomar é algo comum e que faz parte dessa tal gíria futebolística. Vamos a um exercício de descodificação: uma equipa está a dar um bigode a outra que não consegue sair do ferrolho e pode levar uma cabazada. Resultado: um determinada clube está a dominar o jogo e o adversário não consegue sair da zona defensiva e arrisca uma goleada. Simples.

Afinal, o que significa dizer que um jogador sujou os calções? Fácil: esforçou-se, correu, fez de tudo para ser bem sucedido. Pelo contrário, há o que vai chegar ao final sem precisar de lavar o equipamento, sinal de pouco trabalho. Também há aquelas situações em que um jogador estava acampado, tal era a sua posição de fora-de-jogo. Ou que levou uma traulitada. São incontáveis as expressões que fazem parte do jogo, do vocabulário dos adeptos, sabido de cor e salteado. Quando é para falar de uma boa jogatana não há ninguém que não use o futebolês. Mesmo sem querer.

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