terça-feira, 23 de junho de 2009

A propósito das injustiças e de Cajuda

O futebol é injusto. Não apenas no terreno de jogo mas também na capacidade que tem de criar ou destruir heróis. Há uma frase feita que diz que qualquer jogador ou treinador passa de bestial a besta num simples instante. Não podia estar mais acertada. Aqueles que hoje são venerados e adorados, amanhã não servem e têm de ser despedidos. Quando as equipas ganham, tudo corre bem; quando perdem, tem que haver mudanças. É a lei do futebol. E dos resultados. Afinal, eles funcionam como verdadeiros testes a um aluno que pretenda seguir o seu caminho.

Usando esta metáfora: um aluno, por muito regular que seja ao longo do ano, pode hipotecar as suas aspirações num simples teste. O caso de um treinador é igual. Um mau resultado, uma palavra a mais, uma crítica interna pode deitar tudo a perder. Há o caso de Manuel Cajuda. É uma figura com alguma piada, simpático e afável. Ninguém duvida que tem competência. Porém, por vezes, nas suas entrevistas entra por caminhos algo perigosos. Não gosta de ser politicamente correcto nem de cumprir o protocolo. Gosta de ser ele mesmo, sem imitações. E isso causa-lhe dissabores.

Foi herói em Guimarães: entrou no decorrer da temporada 2006/07, a equipa estava na Liga de Honra e já via o caminho da subida fugir. Manuel Cajuda acreditou sempre e foi feliz. O Vitória voltou ao seu sítio de sempre. Na temporada seguinte, chegou à pré-eliminatória da Liga dos Campeões, fruto do terceiro lugar no campeonato. É certo que beneficiou dos tropeções de Benfica e Sporting mas não se pode desvalorizar o feito. Tudo corria bem por essa altura. No entanto, foi precisamente na liga dos milhões que começou o desgaste de Cajuda em Guimarães. Começaram os problemas com o presidente Emílio Macedo. A época foi decepcionante mas teve um voto de confiança por parte de quem manda.

Assim, os vitorianos começaram a preparação desta época com Manuel Cajuda bem firme no comando. Ou pelo menos parecia. Numa entrevista recente, o treinador algarvio deixou críticas a Emílio Macedo e à forma como a temporada anterior havia sido preparada. O presidente não gostou. Respondeu. Corrosivo, desconcertante: "Manuel Cajuda é um funcionário do Vitória e não mais do que isso. Não fui eleito para ser comandado por um treinador". Foi a gota de água. Hoje, terça-feira, o clube comunicado o despedimento do técnico. Tal como numa batalha, o castelo não aguenta sempre. Depois de ter vencido inúmeras batalhas, Cajuda sai sem glória. Não merecia tamanha injustiça.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ja era de esperar.

A ultima epoca foi o que foi, e este ultimo episodio, foi a gota de agua que faltava, para a sua saida.

Andre