segunda-feira, 15 de junho de 2009

Aliados preciosos


Deixemos o futebol de lado, por um momento. É certo que é o desporto-rei mas não é o único. Há que realçar também outras modalidades. O ciclismo, neste caso. Assim como no futebol, também no ciclismo são necessárias boas equipas para juntar ao talento de cada um. Para um corredor que pretenda uma vitória numa prova de vários dias, é fundamental que exista ajuda por parte dos seus colegas e uma estratégia melhor do que todas as outras. Hoje em dia, é cada vez mais difícil ver alguém resolver uma corrida sozinho ou imagens espantosas de enormes fugas como Miguel Indurain, Marco Pantani, Lance Armstrong ou até Joaquim Agostinho no mítico Alpe d'Huez eram capazes. Agora joga-se nos bastidores, na expectativa e com demasiada táctica à mistura.

Peguemos no caso do Critérium Dauphiné Liberé, terminado ontem. A vitória final foi, pelo segundo ano consecutivo, de Alejandro Valverde. Fazendo uma retrospectiva, nota-se que o êxito do espanhol foi alcançado quando os ciclistas subiram ao Mont Ventoux, na quinta etapa. Nessa altura, Cadel Evans estava na liderança e Valverde tinha 1.54 minutos de atraso. Sem nada a perder, escapou do grupo do líder. Evans não respondeu. Foi um erro, sem dúvida. No entanto, deve-se dizer que o ciclista australiano da Silence não tinha nenhum colega para o ajudar na subida. Ficou entregue a si próprio, atacado por tudo e todos. Alejandro Valverde subiu de forma impressionante - lá está, o talento do ciclista - e, apesar de ter deixado o seu companheiro de fuga Sylvester Szmyd ganhar a etapa, ficou na frente da classificação geral.

O penúltimo dia da prova foi talvez o mais emocionante. Viu-se algo nunca antes visto em Cadel Evans, um ciclista sempre expectante e defensivo: atacou, atacou, fez de tudo para reduzir os dezasseis segundos que o separavam da camisola amarela. Foi inglório, contudo. Valverde esteve sempre sereno, contou com a enorme ajuda da sua Caisse d'Epargne e de um aliado precioso: Alberto Contador, considerado por muitos como número um do mundo, e ciclista da Astana. Apesar da rivalidade, os dois espanhóis uniram-se. A imagem que antecede o texto é perfeita: Cadel Evans, com um esforço enorme bem visível na face, faz de tudo para ganhar enquanto Contador reboca Valverde como se de um colega se tratasse. O Tour de France do próximo mês pode ser uma oportunidade para a Caisse d'Epargne retribuir a Alberto Contador. É que, além disso, Valverde não estará em prova...

2 comentários:

afectado disse...

Já fui grande fã do ciclismo. Lembro-me de quando era estudante gastar sempre as tardes de Julho que passava em casa a ver o Tour. Com o tempo fui deixando de ter tempo e muito honestamente, o encanto desapareceu. Os escândalos de doping foram demasiados. Até o Pantani foi apanhado nisso! E eu que vibrei com os duelos Armstrong/Pantani nas grandes montanhas. Do melhor!

Ricardo Costa disse...

afectado,

Concordo que os escândalos de doping são imensos e um duro golpe no ciclismo. Porém, acho que o encanto nunca desaparece. São imagens fantásticas que provas como o Tour ou o Giro nos trazem.