terça-feira, 30 de junho de 2009

Adiós, El Comandante!

Ainda na primeira parte do FC Porto-Manchester, dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, Lucho González lesionou-se e teve de ser substituído. Os adeptos levantaram-se das cadeiras e dedicaram-lhe uma ovação estrondosa. Foi um obrigado. E foi a última vez que tal aconteceu, sabe-se agora. Lucho não mais jogou nessa época e hoje o FC Porto confirmou o acordo com o Olympique Marselha para a venda do argentino, a troco de dezoito milhões de euros. Os portistas perdem o comandante, o futebol português um dos jogadores com mais classe que por cá passaram.

Lucho González chegou a Portugal faz agora quatro anos, vindo do River Plate e já depois de ter estado no Huracán. Foi um pedido expresso do treinador Co Adriaanse e chegou acompanhado do compatriota Lisandro López, no período que marcou a investida dos portistas no mercado argentino. Num ápice ganhou um estatuto de relevo no clube: intocável no onze-base, encantou os adeptos, foi espalhando classe nos relvados portugueses e assumiu a braçadeira de capitão em alguns jogos. Há um trocadilho que, apesar de fácil, se adapta na perfeição: Lucho é um luxo.

El Comandante, como ficou conhecido entre os adeptos, foi um verdadeiro cérebro do meio-campo do FC Porto. Por ele passava toda a manobra da equipa. Assim foi durante quatro épocas. Com 28 anos, Lucho sai como tetracampeão, duas Taças de Portugal e uma Supertaça no currículo. Parte com glória. É uma má notícia para o futebol português, obviamente. Gracias!

Estrela da Amadora fora das ligas profissionais

A Liga Portuguesa de Futebol Profissional não aceitou a inscrição do Estrela da Amadora e declarou a impossibilidade de os tricolores actuarem nos campeonatos profissionais. Os estrelistas tinham decidido constituir uma SAD a fim de resolver o caos financeiro. Para preencher a vaga deixada na Liga Sagres, a Liga convidou o Belenenses. Assim, depois do caso Mateus em 2006 é a segunda vez em que o clube do Restelo consegue alcançar a permanência na secretaria. António Oliveira, presidente do Estrela, já garantiu que o clube vai recorrer para o Conselho de Justiça

Em declarações prestadas à Agência Lusa, António Oliveira mostrou-se expectante em relação ao futuro do clube: "Vamos aguardar. A Liga só olhou para o facto de ser o Estrela a inscrever-se porque não há nada a apontar à SAD. Vamos aguardar e acredito que o recurso vai ser deferido." O presidente estrelista apontou ainda o dedo ao Belenenses que, segundo António Oliveira, está na mesma situação: "Deve um milhão de euros em salário e nós 700 mil euros mas apresentou os papéis em como receberam. Eu sempre disse que não ia fazer os meus jogadores assinarem papéis em como receberam valores que não foram pagos". A decisão cabe agora ao CJ da Federação.

Em situação idêntica, embora não tão agravada, estavam Leixões e Estoril. Ambos foram aceites à condição pois não entregaram as certidões do Fisco e da Segurança Social e têm até ao fim da próxima semana para o fazer. O Vizela e o Gondomar viram as suas descidas à II Divisão consumadas após a deliberação do Conselho de Justiça da FPF.

Mercado: Falcão próximo da Luz; Matigol apresentado


O jornal Record avança que o avançado Falcão está perto de assinar pelo Benfica. Segundo o diário, o jogador colombiano de 23 anos espera apenas receber uma antiga dívida do River Plate para depois assinar contrato com os encarnados. No entanto, A BOLA faz manchete com Marcus Berg, avançado sueco dos holandeses do Groningen e melhor marcador do recente Europeu de sub-21, como possível alternativa em caso de Falcão não chegar a acordo com o River. Certa é a renovação de Nuno Gomes por mais dois anos. Jorge Ribeiro, lateral-esquerdo contratado na temporada passada ao Boavista, não entra nas contas de Jorge Jesus.

Depois do Barcelona também o AC Milan mostrou interesse em Bruno Alves. De acordo com O JOGO, os milaneses fizeram uma proposta de 20 milhões pelo central português mas imediatamente recusada por Pinto da Costa. O jornal A BOLA avança que o empresário de Bergessio, avançado do San Lorenzo, e Culio, médio ofensivo do Cluj, está no Porto tentando um possível negócio com os portistas e também levar alguns jogadores dispensados por Jesualdo Ferreira para a Roménia. Javier Pastore, 20 anos, uma das maiores promessas do Huracán da Argentina é, de acordo com o que escreve o Record, o substituto ideal para Lucho González e terá o aval do próprio comandante. O diário francês L'Equipe adianta que Cissokho está nos planos de José Mourinho para o Inter 2009-10.

Matías Fernandéz chegou esta manhã a Portugal para cumprir os exames médicos no Sporting e depois assinar um contrato válido por quatro temporadas que terá uma cláusula de rescisão de 25 milhões de euros. Na primeira declaração em solo português, Matigol mostrou-se confiante: "Venho com muita vontade de mostrar o meu futebol e fazer um grande campeonato. Sei que o Sporting é um grande clube e estou contente por estar aqui". Questionado como se definia enquanto jogador, o ex-médio do Villareal disse que gosta de ter a bola no pé. O treinador Paulo Bento, numa entrevista ao jornal Sporting, afirmou que Matías Fernandéz vem trazer muito potencial à equipa.

Eleições do Benfica em stand-by (Actualizado)

As eleições do Benfica marcadas para a próxima sexta-feira estão em risco de serem suspensas. O Tribunal Cível de Lisboa deu seguimento à providência cautelar apresentada por Carlos Quaresma, sócio que viu a sua candidatura à presidência chumbada por não preencher todos os requisitos. Após isso, o empresário decidiu entrar na via judicial a fim de suspender o acto eleitoral. Segundo Carlos Quaresma nenhuma das candidaturas aprovadas têm validade: Luís Filipe Vieira terá violado os estatutos e Bruno Carvalho não possui cinco anos de sócio efectivo.

A decisão de suspender ou não as eleições do dia 3 de Julho passa agora para o Tribunal da Relação. Porém, uma fonte do Tribunal garantiu à Agência Lusa que ainda não deu entrada qualquer recurso do indeferimento da providência cautelar apresentada por Carlos Quaresma. Dessa forma, esta será uma notícia para desenvolver nas próximas horas.

Actualização: Pragal Colaço, advogado do Benfica, em declarações à Rádio Renascença mostrou-se tranquilo e diz não haver razão para suspender o acto eleitoral: "O Benfica não foi notificado de nada e, por isso, as eleições vão realizar-se na sexta-feira. Por outro lado, a ser verdade que o Tribunal da Relação deu procedência a um recurso interposto pelo indeferimento da providência cautelar em primeira instância essa situação apenas iria obrigar o juíz da primeira instância a conhecer de fundo do objecto da providência cautelar porque foi indeferida por questões formais". O que pode vir a sofrer uma suspensão é a primeira decisão do juiz e não o objecto da acção. Assim sendo, as eleições do Benfica não correm qualquer risco.

Greve de fome de Mano Silva continua suspensa

António Mano Silva não retomará a greve de fome. O presidente do Ericeirense, clube da Associação de Futebol de Lisboa, esteve durante nove dias em greve de fome mas devido ao seu estado de saúde foi aconselhado a desistir. Decidiu suspender o protesto até hoje, 30 de Julho. Num comunicado que chegou ao FUTEBOLÊS esta manhã, o presidente garante que não retomará a greve de fome e alarga a suspensão até ao final de Agosto. Além disso, o clube agradece os apoios que tem sentido e que levaram a que houvesse progressos por parte das entidades competentes.

No mesmo comunicado pode ler-se que a Junta de Freguesia da Ericeira disponibilizou um terreno urbanizável para o clube. No entanto, esta oferta representa apenas 10% do problema financeiro que o Ericeirense atravessa - a dívida total é de dois milhões de euros, devido às alterações que o Complexo Desportivo foi sujeito entre 2001 e 2005. Os terrenos propriedade do clube estão a ser negociados. Em relação ao Município de Mafra e ao Governo, a Direcção do União Ericeirense afirma que ainda espera apoios financeiros "objectivos e concretos".

Relembre-se que há alguns que Grupo Desportivo União Ericeirense atravessa períodos complicados em termos económicos e a greve de fome foi a solução encontrada pelo presidente Mano Silva para resolver a situação. Com os progressos obtidos, o clube mostra-se grato a todos aqueles que manifestaram o seu apoio. No plano desportivo, o Ericeirense tem vivido bons momentos: ainda durante este mês de Junho venceu a Taça e a Supertaça da Associação de Futebol de Lisboa.

LEIA A ENTREVISTA A MANO SILVA (ABRIL DE 2009)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Maradona e Pantani: dois talentos que se perderam

Diego Armando Maradona, El Diós, é considerado quase em unanimidade como o melhor jogador que alguma vez pisou os relvados mundiais. Apenas Pelé tem a capacidade de abrir a discussão. Maradona atingiu o seu máximo no México, no Mundial de 1986. Foi ele o principal responsável pela caminhada da Argentina que viria a assumir o trono destinado à melhor equipa do Mundo. Surgiu aí a famosa mão de Deus. No mesmo jogo, frente à Inglaterra, marcou um golo sublime: arrancou no seu meio-campo e foi deixando todos os adversários pelo caminho até conseguir iludir o guarda-redes Peter Shilton. Foi o apogeu. Pena que tenha entrado na escuridão da droga. É inimaginável onde poderia ter chegado se não fosse o maldito doping.

Marco Pantani, um verdadeiro monstro do ciclismo, era imperial nas mais complicadas subidas. Viveu os melhores momentos da sua carreira em 1998 quando, já depois de ter vencido o Giro de Itália, foi o mais forte no Tour de France. Contudo, o ano seguinte foi o princípio do fim de Pantani. Deu positivo num controlo anti-doping e foi suspenso. Haveria de regressar. Em 2000. Para mais um momento grande: a subida para o mítico Mont Ventoux no Tour, a par de Lance Armstrong, na altura com a camisola amarela e futuro vencedor da prova. Juntos deixaram toda a concorrência para trás num ritmo absolutamente alucinante. No final, Armstrong deixou que Il Pirata vencesse a etapa. Pela última vez na sua vida. Em 2004, já depois de afastado das bicicletas, morreu de overdose. Cocaína.

Por vezes, no desporto, os atletas fazem de tudo para se manterem no topo. Não conseguem de outra forma. Maradona e Pantani eram dois talentos naturais, cada um no seu desporto. Mas, mesmo assim, recorreram a estimulantes de forma a que a sua condição física fosse melhorada. Não precisavam por aquilo que tinha em si próprios. Foram vítimas do doping. Se assim não fosse teriam dado ainda mais ao desporto. Infelizmente existem inúmeros casos assim.

Mercado: Barcelona tenta levar Bruno Alves


O FC Porto continua a ser notícia central no mercado. Após o Olympique Marselha ter confirmado o acordo para a contratação de Lucho González, algo que deverá ser oficializado nos próximos dias, também Bruno Alves parece estar de saída do Dragão. Pelo menos é essa a intenção do Barcelona que estará disposto a oferecer um contrato de cinco épocas ao internacional português. Porém, Pinto da Costa não admite vender por menos de 30 milhões (o valor da cláusula de rescisão) e, de acordo com o jornal Sport, os catalães envolverão o central Henrique no negócio, um jovem que segundo o mesmo diário já havia sido referenciado pelo FC Porto. Por outro lado, ao que tudo indica, Lisandro continuará em Portugal.

Esta segunda-feira marcou o início da temporada do Benfica. Com Jorge Jesus no comando técnico e quatro reforços já garantidos (Patric, Ramires, Shaffer e Saviola), os benfiquistas arrancam com ambições renovadas. Segundo o jornal Record, a renovação de Nuno Gomes ficará consumada proximamente, depois de o avançado se reunir com Luís Filipe Vieira e Rui Costa. O mesmo jornal adianta que Júlio César, guarda-redes brasileiro do Belenenses e bem conhecido por Jesus, foi uma opção sugerida pelo novo treinador encarnado. Além disso, Júlio César não aufere valores muito elevados, algo que poderá facilitar um possível negócio.

No Sporting, a renovação de Liedson ficará resolvida até amanhã. Quem o confirma é o próprio empresário do jogador, Gilmar Veloz, ao desportivo A BOLA: "A situação de Liedson está certa e fica tudo resolvido até terça-feira". Na mesma entrevista, o agente garante que Ciro, avançado de 20 anos do Sport Recife, foi sondado pelos leões mas "é muito caro". Em relação a Filipe Caicedo, também cobiçado pelos ingleses do Wigan e do West Ham, o mesmo jornal avança que ficará decidido no decorrer desta semana. Saif Rubie, empresário de Caicedo, esclarece: "Dentro de dois dias vai haver novidades". O Manchester City, clube do jogador, tem a palavra.

O Sp.Braga parte para a temporada 2009-10 com a esperança de se poder assumir como o quarto grande clube português. Será, por isso, um teste de fogo às capacidades de Domingos Paciência, novo treinador dos bracarenses. Em declarações à Rádio Renascença, o presidente António Salvador assume que o clube tem a obrigação de se intrometer entre os grandes: "O Sp.Braga tem que lutar pelos primeiros quatro lugares. Temos qualidade para isso, os jogadores e equipa técnica também o sentem. Na Europa temos de fazer aquilo a que já estamos habituados e entrar na fase de grupos é um objectivo claro, para depois chegar o mais longe possível". António Salvador mostrou-se ainda esperançado de conseguir alcançar a final da Taça de Portugal.

O Vitória de Guimarães passa por momentos conturbados. Depois da saída de Manuel Cajuda, o presidente Emílio Macedo da Silva tem sido alvo de várias críticas dos adeptos vimaranenses. A última assembleia-geral terminou com os ânimos bem exaltos e para a tarde de hoje está agendada uma reunião de emergência de forma a avaliar os danos causados no castelo. A demissão em bloco por forma a convocar eleições antecipadas é uma opção que vai ganhando cada vez mais força nos dirigentes do Vitória. Seja como for, trata-se de uma situação que atrará o planeamento da próxima temporada.

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domingo, 28 de junho de 2009

A Taça das Confederações

A Taça das Confederações, na África do Sul, foi uma espécie de preparação para o Mundial 2010. Resultou bem. Trouxe vários jogos de qualidade. O da final, por exemplo. Uma final surpreendente entre dois países do mesmo continente: Estados Unidos e Brasil. Teve incerteza até ao último apito. Os norte-americanos, através de uma exibição personalizada e unida, chegaram ao intervalo com dois golos de vantagem. Parecia ter a vitória na mão. Porém, a segunda parte foi diferente. O descanso fez bem ao Brasil. Entraram mais aguerridos, mais fortes, chegaram ao empate. Depois à vitória. Com naturalidade, face às diferenças entre ambas as selecções. Fica um destaque para os Estados Unidos: ninguém apostava um euro que fosse que os norte-americanos conseguissem chegar tão longe - ficam para a História como a equipa que acabou com o record de invencibilidade da Espanha, trinta e cinco jogos depois.

Além disso, serviu para mostrar que as novas tecnologias são mesmo necessárias no futebol. Na África do Sul, houve duas razões brutais a que a FIFA não pode ficar indiferente. A primeira aconteceu com o Egipto: no jogo com o Brasil, Howard Webb assinalou um penalty que, segundo os egípcios, foi comunicado pelo quarto árbitro após ver numa televisão; depois, frente ao Estados Unidos, aconteceu um caso muito semelhante mas nada foi assinalado. Qual a melhor opção? Rectificar ou manter um erro? Houve mais, porém: na final, ainda com os norte-americanos em vantagem, Kaká marcou para o Brasil. O sueco Martin Hansson e o seu assistente consideraram que a bola não tinha ultrapassado totalmente a linha de golo. Erraram. Fica no ar uma pergunta retórica: até quando continuará o conservadorismo do International Board?

Mercado: Lucho vai para Marselha


Ao que tudo indica, Lucho González deverá mesmo rumar a Marselha. Segundo avança a imprensa desportiva portuguesa apenas faltam acertar alguns pormenores, algo que o empresário do jogador, Marcelo Simonian, está a tratar com os dirigentes franceses. O FC Porto recebe no imediato 17 milhões de euros pelo passe do argentino mas que poderá ir até 21 milhões desde que o Marselha se apure para a Liga dos Campeões. A iminente transferência de Lucho, El Comandante, causou grande descontentamento nos adeptos portistas que viam nele o símbolo maior da equipa. O mesmo não deverá acontecer com Lisandro López que viu as negociações com o Lyon complicarem-se.

O jornal Record avança que FC Porto e Benfica disputam Falcão, avançado colombiano do River Plate. Os encarnados pretendem dar mais uma opção de ataque a Jorge Jesus, depois de confirmada a aquisição de Saviola, e poderão aproveitar as boas relações que têm com o clube argentino que atravessa momentos negativos em termos financeiros. Em relação aos portistas querem aumentar o lote de avançados e, segundo o mesmo diário, poderão incluir o médio Bolatti, desejado pelo River, nas negociações. O desportivo O JOGO avança com a mesma possibilidade mas no caso de os dragões se voltarem para Buonanotte.

A BOLA anuncia que Matías Fernandéz, primeiro reforço da era Bettencourt no Sporting para as próximas quatro temporadas, será apresentado até quarta-feira. Fechado esse negócio, os leões continuam na rota de Filipe Caicedo. Porém, segundo O JOGO, o avançado equatoriano do Manchester City não recebeu ainda qualquer proposta do clube português. Recorde-se que Saif Rubie, empresário de Caicedo, questionou-se se o Sporting teria posses económicas para avançar para a contratação.

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sábado, 27 de junho de 2009

Só visto...

Acontecem coisas que não lembram a ninguém. As cenas de verdadeira batalha campal verificadas no Sporting-Benfica, jogo decisivo para o campeonato nacional de juniores, são um exemplo concreto. Envolveu pedras, petardos e até tiros aquando da chegada da claque do Benfica à Academia de Alcochete. A partida terminou aos vinte e quatro minutos. Os responsáveis encarnados acusam que o recinto não tem condições para receber um jogo dessa envergadura. E que tal se houvesse civismo?

Freddy Adu, jogador norte-americano do Benfica, está completamente a leste da realidade do que por cá se passa. Imagine-se que nem faz ideia de quando o seu clube regressa aos trabalhos. Perante esse cenário deixou mensagens no twitter, uma rede social bem conhecida, pedindo ajuda para resolver o problema. Além disso, em jeito de brincadeira, atirou: "É muito mau não saber quando a própria equipa se apresenta, não é?". Pois é, sim senhor.

O passado e presente do Benfica

Desde que Rui Costa assumiu o futebol do Benfica que a política de contratações dos encarnados tem passado por contar com nomes sonantes do futebol europeu. Foi assim com Aimar, com Reyes e com Suazo na temporada passada. O Benfica conseguiu para 2008-09, talvez, o melhor plantel da última década. Porém, não obteve resultados porque nunca conseguiu uma verdadeira equipa com solidez e consistência de jogo. Quique Flores, apesar de ser um bom treinador, mostrou-se completamente a leste da dinâmica do futebol português. Pagou por isso.

Quique tem razão quando diz que os encarnados, com ele, melhoraram em relação à temporada anterior. É um facto que se comprova vendo as classificações. Mas isso não chega num clube como o Benfica, aliás, é muito pouco.
Luís Filipe Vieira e Rui Costa perceberam que, para acabar com o reinado do FC Porto, precisavam de um treinador português, alguém que estivesse por dentro da realidade do clube. Jorge Jesus foi a escolha. O tempo o dirá se foi acertada ou não mas o novo técnico tem trunfos importantes: é português e conta com enorme experiência no futebol português.

A política de contratações não mudou muito. Os primeiros reforços foram os brasileiros Patric e Ramires. Seguiu-se Jose Alberto Shaffer, para a lateral esquerda, após o falhanço na contratação de Alvaro Pereira. Três jovens com grande margem de progressão à sua frente - tal como foram Rúben Amorim e Carlos Martins no Verão de 2008. Agora, chegou Javier Saviola, avançado argentino do Real Madrid. É um dos tais nomes sonantes que se falava no início. Apesar de não ter o fulgor de outrora, Saviola é um jogador de grande qualidade internacional. E uma mais-valia para o novo Benfica de Jorge Jesus que, aos poucos, vai ganhando forma.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Saviola é do Benfica


Javier Saviola, avançado argentino, é reforço do Benfica para as próximas três épocas com mais uma de opção. Os encarnados chegaram a acordo com o Real Madrid, depois de Manuel Pellegrini, treinador dos madrilenos, não ter mostrado interesse na continuidade do jogador. Saviola despontou no River Plate, seguindo depois para Barcelona. Por empréstimo, passou pelo Mónaco e pelo Sevilha até regressar ao Barça. No Verão de 2007, imitando Luís Figo, transferiu-se para Madrid. Também ele foi chamado de pesetero. Agora, chega à Luz, confirmando-se assim as notícias dos últimos dias.

Mercado: Sporting arranca; Marselha olha para Lucho


Arrancou a época 2009-10 para o Sporting. Os leões foram pioneiros a pisar os relvados para iniciar a pré-época. O primeiro treino não contou ainda com nenhum reforço mas já ficou certo que Ronny, Tiuí e Romagnoli não farão parte do plantel que Paulo Bento pretende para o ataque ao título na nova temporada. Matigol está certo no ataque leonino.

No FC Porto, o jornal O JOGO adianta que Lucho González é um alvo dos franceses do Marselha. Ao contrário do que Pinto da Costa já havia garantido, o diário francês La Provense adianta que existem contactos entre clubes e que os gauleses estarão dispostos a pagar 16,5 milhões de euros pelo passe do médio argentino. Mesmo asism, será pouco provável que Lucho abandone Portugal. No sentido inverso, de possível entrada, Buonanotte está de saída do River Plate e tem sido apontado ao FC Porto e também ao Benfica. O jornal Clarín noticia que Mario Bolatti, médio cedido pelos portistas ao Huracán, pode ser envolvido no negócio.

Para o Benfica, continuam fortes possibilidades os nomes de Saviola e Falcão. Ambos são avançados e, ao que tudo indica, não continuarão nos seus clubes - Real Madrid e River Plate, respectivamente. São jogadores bem vistos por Jorge Jesus. Contudo, os valores auferidos por qualquer um deles é um problema para os encarnados. Quanto a Jose Antonio Reyes está, segundo a imprensa inglesa, nos planos do Everton, tendo sido um pedido expresso pelo técnico David Moyes.

"Rei morto, rei posto" foram as palavras de Emílio Macedo, presidente do Vitória de Guimarães, na apresentação de Nelo Vingada como novo treinador do clube. Aos 56 anos, o técnico português regressa ao nosso campeonato depois de passagens por Marrocos e Irão. Quem também regressa à cidade-berço é o lateral Alex, após quatro épocas ao serviço do actual campeão alemão Wolfsburgo.

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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Do Boavistão à desgraça

Apenas em 1946 o campeonato tinha fugido ao controlo dos três grandes. Nessa época nem FC Porto nem Benfica nem Sporting: o campeão foi o Belenenses. Porém, representou apenas uma gota no oceano. Após isso, os campeões foram os mesmos do costume. Até 2001, ano em que o Boavista, sem ter uma equipa de estrelas ou um orçamento exorbitante quebrou a hegemonia que reinava em Portugal. O Boavistão, como foi apelidado, estava no seu auge. Meia dúzia de anos volvidos, veio uma queda estrondosa.

Não se pode dizer que o título conquistado pelo Boavista tenha caído do céu até porque a equipa, então treinada por Jaime Pacheco, já tinha alcançado boas classificações e começava a afirmar-se como o quarto clube português. A consagração foi em 2001 com jogadores como Ricardo, Martelinho, Pedro Emanuel ou Petit. Nada de grandes estrelas internacionais. Depois, seguiram-se bons anos desportivos mesmo sem ter alcançado algum título. Em 2002-03, o Boavista esteve a um pequeno passo de chegar à final da Taça UEFA. Se o conseguisse defrontaria o FC Porto, futuro vencedor da competição, num derby histórico e bem nortenho.

Esse foi mesmo o último grande momento do Boavistão. Chegaram anos conturbados, sobretudo a nível directivo e o clube passou a jogar, exclusivamente, para a manutenção. O presidente João Loureiro, presidente nos anos de ouro sucedendo ao pai Valentim, saiu pela porta dos fundos. A gestão de Joaquim Teixeira foi desastrosa, Álvaro Braga Júnior tentou ser bombeiro. Em 2008, o clube que havia sido campeão sete anos antes, caiu na Liga de Honra. Não que tenha ficado em lugares de despromoção mas devido a corrupção no processo Apito Final. Jaime Pacheco era o treinador, novamente, e desceu ao inferno depois de estar no céu.

A contestação que se gerou ganhou proporções gigantescas. Falou-se em cabalas e outras palavras que os dirigentes bem gostam de empregar. No entanto, havia um problema bem mais profundo, de origem económica. A época que se seguiu foi atroz, culminou em mais uma descida. O Boavista, o campeão nacional de 2001, estava fora dos campeonatos profissionais. Em apenas dois anos. Abriu-se uma janela de esperança com a descida do Vizela na secretaria, mais uma vez como resquícios do Apito Final. Os axadrezados poderiam continuar na Liga de Honra. Pura ilusão. As finanças, num estado absolutamente caótico, impediram-no. Em Junho de 2009, acabou o futebol profissional no Bessa...

Blogue em destaque



A 8 de Junho, aquando do primeiro aniversário do blogue, escrevi um texto de onde constava este excerto: "(...) um ano depois, noto que houve uma evolução enorme no blogue. Não que seja um caso raro de visitas, não é isso. Porém, seguiu sempre uma linha pessoal mas de forma objectiva e sem clubismos. Permitiu-me, através daquilo que aqui faço, receber dois convites para colaborar com blogues: do Futebolartte, referência da blogosfera, e do Mestres do Futebol. Agradeço-lhes a oportunidade. E recordo uma frase que Pedro Azevedo, jornalista da Rádio Renascença, bem gosta: para se ter sucesso numa profissão, é preciso gosto nela. Penso que se adapta bem a este caso. Quanto ao FUTEBOLÊS, como diria Freddie Mercury do alto da sua irreverência, the show must go on".

Hoje, o FUTEBOLÊS está em destaque no site da Rádio Renascença, numa secção que serve para dar a conhecer alguns blogues. Além disso, foi citado no fórum oficial do Olympique Lyonnais, na sua página da internet. Tudo o que foi escrito acima se comprovou. Obrigado!

Mercado: Saviola interessa ao Benfica

As atenções do mercado centram-se, sobretudo, no Benfica. O jornal desportivo Record faz manchete com o avanço dos encarnados por Saviola, avançado do Real Madrid, que já se terá informado junto de Pablo Aimar. Também Balboa, em declarações à Rádio Renascença, se mostrou agradado por poder contar com o amigo Saviola. No entanto, existe ainda o interesse em Falcão, avançado que termina contrato com os argentinos do River Plate, segundo aponta A BOLA. Outra boa notícia passa pela facto de, segundo o jornal O JOGO, Abel Resino, treinador do Atlético Madrid, não contar com Reyes.

O Sporting, depois de certa a contratação de Matías Fernandéz, apontará as baterias para Filipe Caicedo. O interesse leonino no avançado equatoriano do Manchester City foi confirmado por Saif Rubie, empresário do jogador, ao site da Sky Sport. No entanto, segundo Rubie, também o West Ham e "outros clubes da Europa" perguntaram por Caicedo. A vontade de jogar na Liga dos Campeões pode pesar na decisão final.

Pinto da Costa, presidente do FC Porto, garantiu ontem que o clube "não está em saldos nem se quer desfazer dos jogadores". Em relação à investida do Lyon por Lisandro López, o presidente portista desvalorizou-a e afirmou que o argentino só sai por uma proposta irrecusável. Bruno Alves e Lucho González são também alvos apetecíveis: o primeiro tem uma cláusula de 30 milhões e o segundo é um símbolo dos portistas, sendo improvável que abandone o Dragão. E Cissokho? "15 milhões e nem menos um euro", disparou Pinto da Costa. Bergessio, ex-jogador do Benfica, não está nos planos do presidente.

Continua a indefinição em volta do sucessor de Manuel Cajuda em Guimarães. O Record insiste no nome de Nelo Vingada e cita Paulo Pereira, director-desportivo, que confessa que Vingada está nos rota dos vimaranenses e que o assunto está preso por detalhes. No entanto, A BOLA afirma que José Romão, técnico que já orientou a Selecção sub-21 e acaba de se sagrar campeão em Marrocos, será o novo comandante das tropas do Vitória. Romão confessa-se agradado com a possibilidade. As próximas horas deverão desvendar o segredo.

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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Estados Unidos, literalmente


A fotografia pode até parecer enganadora porque apenas se vê uma equipa e não há nenhuma que jogue sozinha, obviamente. Porém, no sentido figurativo, foi exactamente isso que aconteceu no relvado de Bloemfontein, na primeira meia-final da Taça das Confederações. Apenas uma equipa jogou: a selecção dos Estados Unidos da América. O adversário era a Espanha, campeã da Europa, que levava um registo impressionante de trinta e cinco jogos sem perder. Pois bem, perdeu. Percebe-se isso pelos festejos dos cinco jogadores norte-americanos que se vêem acima. Cinco, nenhum espanhol. Significativo daquilo que foi o jogo. União foi a palavra de ordem. Afinal, são os Estados Unidos. Quem diria...

As voltas do mercado

De acordo com o que avança a Rádio Renascença, o Blackburn Rovers está interessado na contratação de Óscar Cardozo, avançado do Benfica. O clube inglês perdeu neste defeso o paraguaio Roque Santa Cruz para o Manchester City e pretende preencher essa vaga. Cardozo é um dos jogadores mais valiosos dos encarnados e conta com uma cláusula de rescisão de 50 milhões de euros. Por isso mesmo, nos últimos dias tem sido noticiado o interesse do Benfica em Saviola, avançado que não fará parte do plantel do Real Madrid para a nova época. Porém, o salário auferido pelo argentino é proibitivo.

O jornal A BOLA adianta que o FC Porto estará de olho em Gonzalo Bergessio, avançado que já representou o Benfica na temporada de 2007-08. Actualmente, Bergessio joga nos argentinos do San Lorenzo, onde realizou uma excelente época. Prova disso são as recentes chamadas à selecção por Diego Armando Maradona. Segundo o mesmo diário desportivo, os portistas estarão já a acertar o negócio devido à mais do que provável saída de Lisandro López para os franceses do Lyon.

Ainda no FC Porto, o jornal Sport revela que existe um interesse dos portistas em Luis Garcia, avançado do Espanhol de Barcelona. Mas adianta também que o Benfica poderá estar interessado no jogador asturiano. Sobre o interesse do FC Porto, Ramon Planes, director-desportivo do clube espanhol, em declarações ao programa Bola Branca, da Rádio Renascença, confirmou a existência de "encontros entre clubes com boas relações mas nenhuma oferta concreta assim como podem haver encontros com pessoas do Benfica". Diga-se que Luis Garcia já foi apontado aos encarnados em Verões anteriores.

No Sporting, Matías Fernandéz, jogador argentino que actuou no Villareal, está certo para as próximas quatro épocas. A Rádio Renascença confirma o negócio que custará ao Sporting cerca de 4,5 milhões de euros e dará a Paulo Bento um médio criativo há muito desejado. O jogador deverá chegar a Portugal na próxima semana para integrar os primeiros trabalhos leoninos, depois de terminadas as férias no Chile. Esta sexta-feira marca o início da época.

Nelo Vingada é o nome mais forte para suceder a Manuel Cajuda no comando técnico do Vitória de Guimarães. O treinador português de 56 anos recusou recentemente um convite do Al-Ahly para suceder a Manuel José e encontra-se a passar férias em Portugal. Assim, nas próximas horas deverá ficar oficializado o acordo com os vimaranenses que, recorde-se, terão de pagar a totalidade dos ordenados a Manuel Cajuda.

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terça-feira, 23 de junho de 2009

Nenê, da Madeira para Itália

Anderson Miguel da Silva é um nome que nada lhe deve dizer, leitor. Pois bem, eu também o desconhecia até ter procurado melhor. Tentemos pelo apelido: Nenê. Sim, claro, o do Nacional. Este já é bem conhecido, sagrou-se o melhor marcador da última Liga Sagres e despertou a cobiça dos grandes portugueses e até de outros clubes europeus. Foi uma descoberta dos madeirenses no mercado brasileiro. Hoje saiu para o Cagliari, por quatro milhões de euros. O mesmo que custou Farías ao FC Porto. Ou Balboa ao Benfica.

No início da época, Nenê era apenas mais um no plantel do Nacional da Madeira. Porém, ao longo da temporada foi ganhando destaque. Tal como Rúben Micael ou Maicon. Marcou golos importantes, alguns deles de grande categoria, até ser consagrado como o rei dos artilheiros. Era quase impossível a Rui Alves e Manuel Machado mantê-lo na Madeira. Mesmo sem ser um fenómeno possuidor de uma cláusula de rescisão de muitos milhões, Nenê é um excelente avançado. O Cagliari leva-o para a Serie A italiana. E, no entanto, escapou aos olhares de FC Porto, Benfica ou Sporting. Fica uma pergunta para os clubes nacionais: não será melhor investir em jovens com futuro do que em nomes sonantes que poucas garantias dão?

A propósito das injustiças e de Cajuda

O futebol é injusto. Não apenas no terreno de jogo mas também na capacidade que tem de criar ou destruir heróis. Há uma frase feita que diz que qualquer jogador ou treinador passa de bestial a besta num simples instante. Não podia estar mais acertada. Aqueles que hoje são venerados e adorados, amanhã não servem e têm de ser despedidos. Quando as equipas ganham, tudo corre bem; quando perdem, tem que haver mudanças. É a lei do futebol. E dos resultados. Afinal, eles funcionam como verdadeiros testes a um aluno que pretenda seguir o seu caminho.

Usando esta metáfora: um aluno, por muito regular que seja ao longo do ano, pode hipotecar as suas aspirações num simples teste. O caso de um treinador é igual. Um mau resultado, uma palavra a mais, uma crítica interna pode deitar tudo a perder. Há o caso de Manuel Cajuda. É uma figura com alguma piada, simpático e afável. Ninguém duvida que tem competência. Porém, por vezes, nas suas entrevistas entra por caminhos algo perigosos. Não gosta de ser politicamente correcto nem de cumprir o protocolo. Gosta de ser ele mesmo, sem imitações. E isso causa-lhe dissabores.

Foi herói em Guimarães: entrou no decorrer da temporada 2006/07, a equipa estava na Liga de Honra e já via o caminho da subida fugir. Manuel Cajuda acreditou sempre e foi feliz. O Vitória voltou ao seu sítio de sempre. Na temporada seguinte, chegou à pré-eliminatória da Liga dos Campeões, fruto do terceiro lugar no campeonato. É certo que beneficiou dos tropeções de Benfica e Sporting mas não se pode desvalorizar o feito. Tudo corria bem por essa altura. No entanto, foi precisamente na liga dos milhões que começou o desgaste de Cajuda em Guimarães. Começaram os problemas com o presidente Emílio Macedo. A época foi decepcionante mas teve um voto de confiança por parte de quem manda.

Assim, os vitorianos começaram a preparação desta época com Manuel Cajuda bem firme no comando. Ou pelo menos parecia. Numa entrevista recente, o treinador algarvio deixou críticas a Emílio Macedo e à forma como a temporada anterior havia sido preparada. O presidente não gostou. Respondeu. Corrosivo, desconcertante: "Manuel Cajuda é um funcionário do Vitória e não mais do que isso. Não fui eleito para ser comandado por um treinador". Foi a gota de água. Hoje, terça-feira, o clube comunicado o despedimento do técnico. Tal como numa batalha, o castelo não aguenta sempre. Depois de ter vencido inúmeras batalhas, Cajuda sai sem glória. Não merecia tamanha injustiça.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O incrível barulho da vuvuzela

Não há ainda quem tenha experimentado assistir a um jogo da Taça das Confederações, a decorrer na África do Sul, sem se aperceber do barulho de fundo que se faz ouvir. Trata-se de uma espécie de zumbido que chega a ser incomodativo. Esses sons são emitidos pela vuvuzela, uma corneta típica daquele país que é usada em todos os estádios para criar um som ambiente. Porém, não tem sido uma medida bem aceite. Os jogadores dizem sentir dificuldades em ouvir as indicações do treinador, os adeptos mostram-se descontentes e até as próprias televisões se queixam que a vuvuzela traz prejuízo à qualidade das transmissões.

Por essa razão e como o Mundial 2010, que também se realizará na África do Sul, se aproxima numa velocidade cada vez mais vertiginosa, o FUTEBOLÊS contactou Jorge Baptista, media officer português da FIFA que se encontra no país, em Bloemfontein: "O barulho provocado pelas cornetas durante todo o encontro é ensurcedor mas a verdade é que nenhuma das equipas que aqui jogou colocou algum protesto. Apenas a Espanha respondeu a perguntas dos jornalistas dizendo que realmente incomoda mas que a concentração no jogo supera isso", afirmou.

Questionado se a situação constituía um real problema para o Mundial 2010, Jorge Baptista entende não haver motivos para preocupação: "A FIFA também nao abordou oficialmente o tema e não creio que isso vá constituir um grande problema para o Mundial e vejo como difícil impedir as pessoas de se manifestarem durante um jogo de futebol. Aliás, do meu ponto de vista, se bem que algumas vezes se torna incomodativo a verdade é que o ambiente à volta do estádio é extraordinário, de grande festa". Assim, teremos a certeza de que as vuvuzelas continuarão a fazer parte do espectáculo.

domingo, 21 de junho de 2009

Um teste sobre as tecnologias

Na África do Sul, para a Taça das Confederações, jogavam Brasil e Egito o último minuto do primeiro encontro do grupo B. O marcador registava um empate a três, surpreendente. Em cima dos noventa, Howard Webb, árbitro inglês, assinala uma grande penalidade que viria a dar a vitória aos brasileiros. Foi um lance causador de grande polémica. Não que se duvide da falta ou muito menos da expulsão do jogador egípcio (cortou a bola em cima do risco de golo) mas a legalidade dos métodos usados pela equipa de arbitragem para tomar essa decisão. Porque nem sempre pensaram assim.

A princípio quer Howard Webb quer o seu assistente tinham marcado pontapé de canto. Por isso mesmo, a federação egípcia apesentou uma queixa onde alega que foi Matthew Cream, o quarto árbitro australiano, quem deu a indicação de falta após ter visto o lance numa televisão que tinha no local onde se encontrava. Recorde-se que o uso das novas tecnologias ainda não foi aceite pela International Board, organismo conhecido pelo seu excessivo conservadorismo. O protesto em nada resultou. No entanto, voltou a existir um problema semelhante: curiosamente também envolvendo o Egipto.

Na partida de hoje, frente aos Estados Unidos da América, os egípcios viram-se na mesma situação. Hani cortou a bola com a mão quando esta se deslocava para a baliza. Seria grande penalidade e expulsão, tal como no outro jogo. Porém, desta vez, o árbitro mandou jogar. Há que dizer que as televisões foram retiradas, por ordem da FIFA, para que não acontecessem situações polémicas em que o quarto árbitro interfere nas decisões do seu chefe de equipa. Com isto, só fica mais provado de como as novas tecnologias são favoráveis ao futebol. E à tão falada verdade desportiva. Afinal, mesmo tendo sido visto na repetição, no Brasil-Egipto, a decisão foi correcta...

REPORTAGEM SOBRE AS NOVAS TECNOLOGIAS


Treinadores portugueses

Actualmente diz-se que os treinadores portugueses voltaram a estar na moda e é normal ouvirmos falar em treinadores da nova vaga. Em Portugal, para a época 2009-10, é apenas uma constatação de um facto: os técnicos das dezasseis equipas que participarão na Liga Sagres são portugueses. Nos três grandes não é uma situação muito vulgar. Porém, no Benfica, Luís Filipe Vieira já percebeu que precisa de apostar num português, com experiência no nosso campeonato, para voltar a ter sucesso. Daí a escolha de Jorge Jesus. Que se junta a Jesualdo Ferreira e Paulo Bento, naturalmente no comando dos outros dois rivais.

Existem mais treinadores portugueses com competência. Três Manuéis, com larga experiência: Machado, Cajuda e Fernandes. São treinadores que merecem oportunidades no nosso campeonato, mesmo que não pertencendo ao famoso top. Manuel Machado fez um bom trabalho no Nacional, a revelação do campeonato que passou; Manuel Cajuda já viveu melhores momentos em Guimarães mas, embora não tenha sido feliz na temporada anterior, deve continuar; por fim, Manuel Fernandes, que parece um técnico talhado para as subidas como aconteceu com a União de Leiria, após uma recuperação incrível. Todos eles já entraram na casa dos cinquenta anos.

Além desses, há jovens treinadores com mérito: Domingos Paciência, Paulo Sérgio e Jorge Costa. Domingos conseguiu a melhor classificação de sempre na Académica (sétimo) e agora foi catapultado para o comando do Sp.Braga onde terá uma prova à altura; Paulo Sérgio, treinador do Paços de Ferreira, com um plantel construído a trancos e barrancos conseguiu chegar à final da Taça de Portugal; Jorge Costa, na sua segunda experiência como treinador principal, devolveu a Olhanense ao principal escalão do futebol português. Serve para provar que sejam de nova vaga ou de velha vaga, os treinadores portugueses têm mérito no trabalho que realizam.

sábado, 20 de junho de 2009

Os discursos de Quique a Jorge Jesus passando por Cajuda

A forma como um treinador consegue comunicar para o exterior é meio caminho andado para que tenha sucesso. Não se trata apenas de falar com a comunicação social mas também com os próprios adeptos, ou seja, tem de ser possível haver um entendimento das ideias. Não se quer com isto dizer que um treinador bem falante seja o melhor, nem por sombras. Existe o caso de Quique Flores: pessoa afável, bom comunicador como poucos mas que teve imensas dificuldades na sua passagem pelo Benfica. Foi sempre extremamente realista e cauteloso. Não teve sucesso e foi acusado de falta de ambição, algo compreensível pelo desconhecimento do futebol português.

Chegou, agora, Jorge Jesus para o substituir no comando técnico dos encarnados. Poucos duvidarão da sua competência e capacidade mas é bem sabido que o discurso, para ele, é um enorme handicap. Jesus não tem papas na língua, diz aquilo que pensa e, por vezes, chega a ser motivo de chacota. Não ficará bem, certamente, a um treinador do Benfica dizer que é "a Paula Rego do futebol" ou que determinada equipa jogou "muito poucochinho". Chegado a um clube grande, Jorge Jesus precisa de ser mais moderado nas suas palavras e na forma como faz passar a sua mensagem. Na sua apresentação oficial disse que, com ele, os jogadores "vão jogar o dobro e se calhar o dobro é pouco". Para os adeptos benfiquistas ficou uma imagem de ambição, de sede de vitórias. Porém, ao longo da época, as afirmações iniciais poderão vir a ser cobradas.

Manuel Cajuda é, sem dúvida, um tipo engraçado. Faz as suas análises de forma diferente, não gosta de ser politicamente correcto. Numa recente entrevista a um diário desportivo afirmou que tem orgulho em ser um "desalinhado". E é mesmo, de facto. Porém, essa mesma entrevista criou um enorme mal-estar junto do presidente do Vitória de Guimarães. Emílio Macedo da Silva mostrou-se "magoado" com o treinador e referiu que este "é apenas um funcionário e nada mais do que isso, portanto, não deve interferir nas decisões da Direcção". Manuel Cajuda havia dito que o clube perdera muito tempo nos tribunais, esquecendo a preparação da época, relembrando a batalha com o FC Porto pela presença na Liga dos Campeões da temporada anterior. Mesmo tendo razão, devido às palavras, a porta do castelo abriu-se para a saída do treinador algarvio. O tal discurso.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A festa do golo


Golos. É atrás deles que os jogadores correm, lutam e dão tudo o que têm. O golo é a essência do futebol, é por ele que multidões são arrastadas a um estádio ou ficam coladas à televisão. Por muito bom que um jogo possa ser, se não tiver golos não tem sentido. Quase como ir ao cinema e só ver uma parte do filme, sair sem saber o seu final. Num jogo de futebol acontece o mesmo. Sem golos, o espectáculo perde dimensão. Pode servir os interesses das equipas mas não dos adeptos. Portanto, hoje soube-me a pouco. O golo é um verdadeiro ópio.

Marca-se um golo, segue-se uma euforia total. Principalmente quando se trata de um golo decisivo, capaz de colocar um jogador ou uma equipa a tocar o céu. Uns correm desenfreados tentando fugir de todos aqueles que os tentam agarrar, outros ficam quase imóveis e agradecem ao divino pela ajuda. Há ainda aqueles que gostam de tirar a camisola, talvez num sinal de raiva, e acabam por ser castigados. Não tem nexo que os principais artistas do espectáculo não possam extravazar os seus sentimentos nos melhores momentos das suas carreiras. No entanto, os senhores que mandam futebol não querem saber disso para nada.

Já lá vão cinco anos mas não há como esquecer aquele sprint louco de José Mourinho em Old Trafford. O FC Porto tinha um jogo decisivo ou, como diria Scolari, um verdadeiro mata-mata. Aos portistas bastava um empate para juntar à vitória sensacional da primeira mão. Paul Scholes fez questão de ser desmancha-prazeres e colocou o Manchester United em vantagem na eliminatória. Foi assim que o jogo chegou ao minuto 89. Apareceu uma bendita falta à entrada da área, descaído para o lado esquerdo. Era o agora ou nunca para o FC Porto. Os adeptos ingleses puseram as mãos na cabeça, alguns nem quiseram ver, como que antecipando um possível empate.

O sul-africano Benni McCarthy encarregou-se da marcação do livre: tomou balanço, esperou pelo apito de Valentin Ivanov e rematou em jeito. Tim Howard, o guarda-redes do United, foi melhor e conseguiu defender. Defendeu para a frente, porém. Surgiu Costinha, no sítio certo à hora certa, chutando para dentro da baliza do Manchester. Nenhum português ficou parado naquele momento, ninguém aguentou naquele estádio. José Mourinho lá estava no banco. Viu o golo, saiu disparado, correu ao longo da linha lateral. Saltou até chegar onde estavam os jogadores portistas. Alguém conseguiu ficar indiferente?

Esse lance é uma boa amostra de como um golo pode ser festejado. Com a adrenalina nos píncaros, quase como um Axl Rose quando sobe ao palco, com toda a energia. Para terminar, tem que se falar também de quem relata um golo em directo. Não existe forma de conter a alegria, não há como despir a camisola. Impossível ficar indiferente quando um relator de rádio grita a plenos pulmões um goooolo!, impossível. Delicioso, simplesmente. Um golo tem a capacidade de colocar um país parado e um país emocionado, não é Jorge Perestrelo?

VISTO DA BANCADA é um novo espaço de opinião semanal no FUTEBOLÊS

Cissokho tramado... por um dente!

Ao jeito do melhor de Quentin Tarantino, a transferência de Cissokho para o AC Milan teve um final inesperado. E insólito. O negócio foi abortado devido a problema dentário. Na realização dos exames médicos em San Siro, o lateral francês foi reprovado. Ainda assim, o clube italiano deu o caso como resolúvel e não quis colocar a transferência em perigo. Não foi e hoje, quinta-feira, o negócio foi mesmo cancelado. Como se nunca tivesse chegado a existir o acordo entre o FC Porto e o Milan. Como se nunca tivesse havido sequer interesse.

Tudo se esfumou. O Milan ficou sem contar com um jogador fortíssimo, adjectivo dado a Cissokho pelo homem-forte dos milaneses Adriano Galliani, enquanto o FC Porto perdeu um verdadeiro negócio da China envolvendo quinze milhões de euros. Assim, o jovem de 21 anos, a menos que haja nova proposta, fará parte do plantel portista para a próxima temporada. No entanto, Roger Boli, o empresário do jogador, continua a acreditar que este jogará em Milão em 2009-10 por empréstimo do FC Porto. Veremos no que resulta tudo isto. Mas o caso é, sem dúvida, muito estranho.


quarta-feira, 17 de junho de 2009

Desejado por uns, rejeitado por outros

Jorge Jesus foi, finalmente, apresentado como novo treinador do Benfica para as próximas duas épocas com mais uma de opção. O discurso foi o esperado para quem entra pela primeira vez num grande. Ladeado por Luís Filipe Vieira e Rui Costa, o técnico de 54 anos mostrou-se ambicioso dizendo que não vai desiludir quem apostou nele e com vontade de se tornar no décimo oitavo a conseguir ser campeão no Benfica. Em relação ao plantel e a alterações que eventualmente possa sofrer, Jesus disse que ainda não se debruçou sobre possíveis reforços. A esperança benfiquista renasceu.

Porém, há quem não concorde com a contratação de Jorge Jesus para o comando técnico dos encarnados. Um deles é Bruno Carvalho, candidato à presidência. Num vôo entre Porto e Lisboa a bordo do "Eagle One", uma forma inovadora de apresentar as suas ideias, o director do PortoCanal sublinhou que Jorge Jesus não será o seu treinador, caso seja eleito. Mais: voltou a avançar com o nome de Carlos Azenha como sendo a pessoa indicada para o cargo. Até aqui nada de estranho, não fosse Azenha ser há muito o treinador do Vitória de Setúbal para a próxima época. Um grande paradoxo, está fácil de ver.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Dragão 4.0

Num ano de estreias repetiu-se a fórmula de sucesso que tem tingido a liga com nome de cerveja com um sabor bem tripeiro. Este dragão mostrou ser falível e vulnerável se se sabe onde apertar bem, mas feitas as contas, é preciso mais do que uns simples tropeções para colocar em causa uma série de vitórias históricas. 2008/2009 marcou o segundo tetracampeonato do FC Porto, um feito único na história do futebol português.Permitiu também a Jesualdo Ferreira, técnico esquecido durante gerações e que precisou de chegar à Invicta para lograr o primeiro titulo da sua longuíssima carreira, fazer história. Foi o primeiro técnico português a lograr um tricampeonato consecutivo. E o primeiro treinador a fazê-lo sob as ordens de Pinto da Costa. Marcado ainda pelo Apito Dourado, pela polémica com a UEFA no arranque da temporada, o presidente foi muito mais parco em palavras e actos, abrindo espaço para o técnico roubar o protagonismo de uma época pintada de azul e branco onde o colectivo falou mais alto que o individual. Este FC Porto não tem o talento e classe dos grandes dias. Não é letal com os rivais directos, tem dificuldades em jogar diante dos seus e a relação com o golo atravessa já períodos de grande complexidade.

Mas mesmo assim nesta prova maratoniana, tem pedalada suficiente para aguentar os sprints nervosos dos rivais. O SL Benfica arrancou demasiado cedo. Embalado pelo projecto do menino de ouro feito director técnico, os encarnados sonharam que era desta. Não foi. Em Dezembro acabou a gasolina e depois foi a desorganização absoluta numa armada bem montada na secretaria mas pessimamente gerida em campo por um técnico espanhol que nunca percebeu que estava a jogar a Portugal. Já o Sporting arrancou tarde para a liga. Depois de se ter concentrado na Champions, onde logrou um histórico (e mais tarde anedótico) apuramento para os oitavos-de-final, os leões de Paulo Bento lembraram-se de que o campeonato termina à jornada 30 e sonharam com voltar a um título que lhes escapa há oito anos. Nada a fazer. Equipa demasiado curta, balneário demasiado problemático, técnico excessivamente conservador, mistura de risco para qualquer clube que quer ser algo mais que um eterno segundo. E lá vão quatro anos a servir de escudeiro ao campeão.

Fora do espectro dos três grandes – cada vez menos real face ás gritantes distâncias entre FC Porto e perseguidores – a prova foi também do Leixões, Braga e Nacional. Os primeiros arrancaram como Usain Bolt e lograram liderar um campeonato pela primeira vez. Um onze pequeno e sem ambições que perdeu goleador e perdeu o faro de golo arrastando-se na segunda volta até terminar num digno sexto posto. Muito para quem pedia tão pouco. No espectro inverso o Braga. Excelente na UEFA, desanimador na Liga, os bracarenses ambicionavam intrometer-se na luta pelo titulo e chegaram a sonhar, não fossem os árbitros e algum erro de palmatória de Jesus, esse profeta que a Luz espera com fervor. Um onze bem montado e ofensivo valeu-lhe alguns problemas em jogos fora de casa e apesar de ter feito a prova de trás para a frente, nos últimos metros os vermelho e brancos deitaram a toalha. E abriram passo ao Nacional, sempre regular, sempre eficaz. Com dois craques de sotaque brasileiro (Maicon e Nené, duas das figuras da prova) e uma jovem armada de talentos pescados em águas nacionais, na Choupana o ano foi tranquilo e o prémio meritório. Volta à Europa e para o ano espera-se mais de um clube que já é o número um da Madeira.

Vitória de Guimarães e Marítimo (decepcionantes desde o princípio), Académica e Estrela da Amadora (excelentes exemplos de dedicação diante de adversidades, os primeiros que só pecaram nos jogos fora e os segundos que passaram o ano sem receber) e Paços de Ferreira e Naval 1º de Maio (sempre aflitos) marcaram o miolo da tabela, sempre com a cabeça na desgraça alheia e sem capacidade de incomodar mais acima. Na última jornada, o desespero habitual levou consigo mais um histórico campeão (o segundo em duas épocas), o desamparado Belenenses, e o novato Trofense, sem ritmo ainda para estas coisas. Salvaram-se os verde e brancos Vitória de Setúbal e Rio Ave, não sem antes verem bem o rosto maldito da II Liga. Clubes que sabem que para o ano há mais do mesmo se não mudarem drasticamente as suas políticas.

Numa prova sem grandes figuras individuais – o campeonato português vive uma sangria constante que, de ano para ano, faz com que perca postos no ranking das principais ligas europeias – o futebol português começa a habituar-se à necessidade que a imprensa tem de criar novos heróis. Só assim se explica o ênfase dado a nomes como Hulk, Cissokho ou Di Maria, elementos com destaque nas suas equipas habituais mas que mesmo assim estão uns furos abaixo da qualidade necessária para ser estrelas de renome como a nossa prova já produziu e acolheu. Pela regularidade, a prova foi essencialmente de um trio de azuis e brancos liderados pelo capitão Bruno Alves, sempre escudado por Fernando e Raul Meireles no meio-campo. Lisandro Lopez esteve muito apagado e Lucho foi sombra de si próprio nesta equipa com sotaque argentino. O Nacional teve direito às duas revelações do ano, o promissor central Maicon e o melhor marcador Nené, ambos “restos” do Cruzeiro. A prova revelou também jovens nacionais com grande futuro (Yazalde, Fábio Coentrão, Nuno Coelho, Rúben Micael, Daniel Carriço) e reencontrou em Liedson, o suspeito do costume. Decepcionantes acabaram por ser as sonantes contratações do SL Benfica (o argentino Aimar e o espanhol Reyes) e as jovens promessas leoninas (Moutinho, Veloso, Djaló). Pouca coisa para os grandes da segunda Circular que já vivem o seu particular Verão quente para atacar o orgulho Dragão que caminha a passo largo para lograr o histórico segundo penta.


MIGUEL LOURENÇO PEREIRA (jornalista e blogger do em jogo)


segunda-feira, 15 de junho de 2009

Aliados preciosos


Deixemos o futebol de lado, por um momento. É certo que é o desporto-rei mas não é o único. Há que realçar também outras modalidades. O ciclismo, neste caso. Assim como no futebol, também no ciclismo são necessárias boas equipas para juntar ao talento de cada um. Para um corredor que pretenda uma vitória numa prova de vários dias, é fundamental que exista ajuda por parte dos seus colegas e uma estratégia melhor do que todas as outras. Hoje em dia, é cada vez mais difícil ver alguém resolver uma corrida sozinho ou imagens espantosas de enormes fugas como Miguel Indurain, Marco Pantani, Lance Armstrong ou até Joaquim Agostinho no mítico Alpe d'Huez eram capazes. Agora joga-se nos bastidores, na expectativa e com demasiada táctica à mistura.

Peguemos no caso do Critérium Dauphiné Liberé, terminado ontem. A vitória final foi, pelo segundo ano consecutivo, de Alejandro Valverde. Fazendo uma retrospectiva, nota-se que o êxito do espanhol foi alcançado quando os ciclistas subiram ao Mont Ventoux, na quinta etapa. Nessa altura, Cadel Evans estava na liderança e Valverde tinha 1.54 minutos de atraso. Sem nada a perder, escapou do grupo do líder. Evans não respondeu. Foi um erro, sem dúvida. No entanto, deve-se dizer que o ciclista australiano da Silence não tinha nenhum colega para o ajudar na subida. Ficou entregue a si próprio, atacado por tudo e todos. Alejandro Valverde subiu de forma impressionante - lá está, o talento do ciclista - e, apesar de ter deixado o seu companheiro de fuga Sylvester Szmyd ganhar a etapa, ficou na frente da classificação geral.

O penúltimo dia da prova foi talvez o mais emocionante. Viu-se algo nunca antes visto em Cadel Evans, um ciclista sempre expectante e defensivo: atacou, atacou, fez de tudo para reduzir os dezasseis segundos que o separavam da camisola amarela. Foi inglório, contudo. Valverde esteve sempre sereno, contou com a enorme ajuda da sua Caisse d'Epargne e de um aliado precioso: Alberto Contador, considerado por muitos como número um do mundo, e ciclista da Astana. Apesar da rivalidade, os dois espanhóis uniram-se. A imagem que antecede o texto é perfeita: Cadel Evans, com um esforço enorme bem visível na face, faz de tudo para ganhar enquanto Contador reboca Valverde como se de um colega se tratasse. O Tour de France do próximo mês pode ser uma oportunidade para a Caisse d'Epargne retribuir a Alberto Contador. É que, além disso, Valverde não estará em prova...

domingo, 14 de junho de 2009

A prova de Manuel Pellegrini

É mais um texto sobre as contratações que o Real Madrid tem feito neste defeso. Os cerca de 160 milhões de euros gastos por Florentino Pérez em Kaká e Cristiano Ronaldo são números demasiadamente elevados para se esquecerem no espaço de um suspiro. Não há dúvida de que os madrilenos estão a construir o melhor plantel desde o tempo dos galácticos. Falta apenas Messi para compor o trio de melhores do mundo. Bem, mas isso seria um autêntico golpe de teatro. Porém, parece-me que há uma questão a que não se tem dado muita importância.

Uma questão importante: o treinador. Possivelmente, no meio de tantos milhões, deverá existir alguém que não saiba que será Manuel Pellegrini o novo comandante do Real. Pode até causar alguma estranheza não se tratar de um técnico com maior renome no futebol mundial. Pellegrini é chileno e realizou um excelente trabalho no Villareal. É um treinador experiente, sem dúvida, e conta com títulos nacionais nos argentinos do River Plate e do San Lorenzo e nos chilenos da Liga Universitária de Quito. Contudo, penso que é uma aposta algo arriscada de Florentino Pérez. Aliás, diga-se que o presidente fez de tudo para contratar Arsène Wenger e piscou o olho a José Mourinho. O chileno de 55 anos não foi a primeira escolha, portanto.

A primeira etapa de Manuel Pellegrini será criar um grupo forte, que seja imune à terrível pressão que o capital investido por Pérez causará e onde o clube seja colocado acima de cada um. Quando se conjugam os melhores do mundo, por vezes acontecem atropelos entre eles. Veja-se o caso dos galácticos, onde aconteceram diversos casos e amuos. Enfim, vedetismos. No entanto, para que a época seja boa, Pellegrini terá de ser um verdadeiro líder. Terá pela frente um verdadeiro teste de fogo.

sábado, 13 de junho de 2009

A ascensão meteorítica de Cissokho

Por vezes, quando se pretende realçar a rapidez com que um jogador chegou ao topo utiliza-se uma frase-feita bem conhecida: teve uma ascensão meteorítica. É precisamente isso que se pode dizer de Aly Cissokho, lateral esquerdo do FC Porto, chegado no mercado de Inverno. Até há bem pouco tempo, não passava de um perfeito desconhecido, um jogador como tantos outros. Chegou a Portugal, para o Vitória de Setúbal, proveniente do Gueugnon da segunda divisão francesa.

Foi através das excelentes prestações conseguidas ao serviço dos sadinos que o FC Porto partiu para a sua contratação. Era preciso colmatar aquele buraco defensivo, algo não conseguido desde a saída de Nuno Valente em 2004. Bastaram apenas 300 mil euros. A opção pelo jovem Cissokho, com apenas vinte e um anos, foi algo arriscada. Porém, num ápice, o francês ganhou confiança e arragou o lugar com unhas e dentes. Tornou-se num dos indiscutíveis do campeão. O jogo que realizou em Old Trafford, frente ao gigante Manchester United, foi um exemplo da sua capacidade. E comprovou como tinha crescido enquanto jogador.

Agora, durante o período de transferências, o nome de Cissokho tem sido apontado para reforçar clubes europeus de renome. O Lyon já se confessou interessado e avançou com uma proposta de 12 milhões de euros. Foi recusada. Também o Milan aparece na corrida pelo lateral. Não que seja o melhor defesa do Mundo mas já desperta atenções. De um momento para o outro. É estranho como andava pela segunda divisão francesa. Lá está: teve uma ascensão meteorítica.

PS: O AC Milan confirmou hoje, 14 de Junho, a contratação de Cissokho por 15 milhões de euros. Um negócio fabuloso do FC Porto. O mercado está louco!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Um escorpião chamado Higuita


Defender uma baliza não está ao alcance de todos. Um bom guarda-redes, para além do dom natural, tem que saber manter a concentração total durante os noventa minutos, sem um segundinho que seja para admirar o ambiente que o rodeia. É imperativo que possua uma coragem do tamanho dos Himalaias, sem temer mazelas ou arranhões. Há mesmo quem diga que todos os guarda-redes precisam de um bocadinho de loucura. René Higuita é um nome que figurará para sempre nos melhores momentos do futebol mundial. Não que tenha sido um jogador de grande dimensão. Mas porque teve um momento delicioso, de pura loucura.

Com um visual ao jeito de um Demis Roussos, com cabelo e barba longos, se bem que não tão efusivo como o mítico Carlos Valderrama, Higuita não representava a forma mais sensata e formal de defender uma baliza: era por demais arrojado, jogava fora da sua área, tentava fintar os adversários. Colocava os adeptos da sua equipa com o coração nas mãos, em jogadas de cortar a respiração. Ganhou a alcunha de El Loco e é fácil perceber porquê. Foi em Setembro de 1995 que espantou o mundo do futebol num jogo amigável entre a sua Colômbia e a Inglaterra. Aí nasceu a defesa de escorpião, digna de qualquer compêndio.

Esse lance, passado no estádio de Wembley, foi qualquer coisa de extraordinário. Ninguém sabe o que se terá passado pela cabeça do guarda-redes colombiano, sem calhar nem ele próprio. A bola rematada pelo médio Jamie Redknapp, no seu jogo de estreia pelos ingleses, foi mais ou menos para o meio da baliza. Higuita estava bem colocado, no caminho da bola, o lance não geraria grande perigo. Seria uma defesa fácil, portanto. Para Higuita não, ele não era assim tão simples. Gostava de arriscar, jogar nos limites. Qualquer um teria levantado os braços e defendido.

Higuita não era qualquer um. Lá do alto da sua loucura e ousadia, deixou a bola passar-lhe por cima. Foi totalmente inesperado. Quando estava mesmo em cima da linha de golo, lançou o corpo para a frente, defendendo-a com os dois pés num salto fantástico. Num salto de escorpião, como lhe convencionaram chamar. O seu corpo ficou quase como uma ponte invertida. Os adeptos levantaram-se e aplaudiram aquele instante mágico que um colombiano desconhecido tinha alcançado. Higuita agradeceu, sereno, como se fosse algo que fizesse todos os dias.

O salto de escorpião será para sempre recordado como a mais espectacular defesa alguma vez feita por um guarda-redes. Foi irreverente e inesperada, à semelhança de Higuita. Se calhar foi por essa razão que não se tornou num jogador de categoria mundial, por ser um verdadeiro louco na forma como se comportava em campo. Só um louco, um homem sem medo de ultrapassar todos os limites seria capaz de nos proporcionar momentos assim. Obrigado por essa tua loucura, René!

VISTO DA BANCADA é um novo espaço de opinião semanal no FUTEBOLÊS

Florentino-euro-Pérez

Ponto prévio: Cristiano Ronaldo foi hoje oficialmente confirmado como jogador do Real Madrid. 94 milhões de euros (certo, noventa-e-quatro) foi quanto pagaram os merengues para assegurarem o jogador português. É um preço pecaminoso, quase. Ainda para mais num momento em que todos os clubes são obrigados a fazer contenção e alguns vivem momentos bem complicados. Nada disso parece chegar à capital espanhola porque no espaço de uma semana, o Real Madrid assegura Kaká e Ronaldo por qualquer coisa como 160 milhões de euros.

Florentino Pérez, o presidente do Real, é o rosto destas contratações. Mas fixemo-nos na de Ronaldo, um amor antigo dos madrilenos que esteve quase a concretizar-se no último Verão. Porém, Ramón Calderón quis contar com ele a todo o preço e acabou por não saber negociar. Ao invés, Pérez não entrou em conflitos e portou-se como um verdadeiro diplomata. Disse sempre que apenas avançaria para a contratação se os ingleses assim o permitissem. Conduziu o processo com uma naturalidade incrível.

É impressionante o capital que Florentino Pérez tem para investir no clube. Já o fez em 2000 com as contratações de Zidane e Figo, no tempo dos galácticos. Porém, acabou por sair sem glória. As estrelas eram muitas mas os resultados foram poucos. Os treinadores, Del Bosque, Wanderley Luxemburgo, Carlos Queiroz e Camacho, sucederam-se. Pérez prometera regressar e fê-lo agora. Com ele, o Real Madrid volta a contar com as melhores estrelas do futebol mundial. Nós, à distância, esperamos para ver.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Manuel Vilarinho

Manuel Vilarinho é uma figura incontornável do Benfica. Entrou para a presidência em Outubro de 2000, derrotando Vale e Azevedo nas eleições mais concorridas de sempre, com Toni e Jardel como trunfos eleitorais. Toni substituiu José Mourinho, Jardel nunca chegou. Após ter cumprido o seu mandato, decidiu não se recandidatar e apoiou Luís Filipe Vieira que viria a tornar-se no novo presidente dos encarnados. Regressou para a assembleia-geral, no segunda eleição de Vieira. Agora, em Junho de 2009, é um dos rostos da demissão em bloco dos órgãos sociais. Ou melhor, desse verdadeiro golpe de estado, como já foi apelidado.

Como presidente da assembleia-geral, é a ele quem cabe a missão de esclarecer os sócios encarnados das decisões tomadas. Por isso, numa conferência de imprensa realizada no Estádio da Luz, Manuel Vilarinho afirmou que a demissão em bloco foi a melhor medida para acabar com a instabilidade que o clube vive. É uma razão, aceita-se. Porém, a queda dos dirigentes do Benfica parece bem mais um acto político com a intenção de retirar espaço de manobra aos adversários na corrida à presidência do clube. Não faz sentido que alguém se demita e volte a candidatar-se.

Vilarinho devia saber que, segundo o estatuto que possui dentro do clube, não pode dizer tudo o que lhe apeteça. No entanto, fê-lo e cometeu gaffes graves. É inaceitável que diga que está farto dos benfiquistas e que verdadeiros benfiquistas apenas ele e mais dez ou vinte. São frases de Manuel Vilarinho, não há aqui qualquer deturpação. Além disso, afirmou que o título conquistado pelo Benfica em basquetebol, catorze anos depois, nada lhe dizia. Convenhamos que é pouco ético dizê-lo, mesmo que assim pense. Um clube não é apenas futebol, tem também as suas modalidades.

Mesmo fazendo parte do projecto que Luís Filipe Vieira pretende manter no clube, Manuel Vilarinho deve, acima de tudo, ser ponderado e imparcial de forma a fazer o melhor para o Benfica. Não pode, nem deve, desprezar a concorrência: dizer que José Veiga perderia por 9-1 ou minimizar a candidatura de Bruno Carvalho são atitudes difícil de aceitar. Os benfiquistas agradecem que Vilarinho faça aquilo que lhe compete e não que tome partido entrando em acusações fúteis. Ou a estabilidade já não interessa para nada?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Jogar nos bastidores

A demissão dos órgãos sociais do Benfica, ontem, provocando uma antecipação das eleições presidenciais para o próximo dia 3, não foi mais do que uma jogada de antecipação por parte de Luís Filipe Vieira. Facilmente se explica: os candidatos adversários de Vieira nas eleições terão, agora, muito menos tempo para formarem as suas listas e apresentarem os seus projectos. O prazo dura apenas até ao dia 22 do corrente mês. Luís Filipe Vieira sai mas pretende voltar com o apoio dos sócios. A jogada política, de bastidores, foi uma finta à oposição.

Florentino Pérez assumiu há menos de um mês a presidência do Real Madrid e já teve o poder de colocar o mercado de transferências numa verdadeira roda viva. Tudo porque quer, sem olhar a preços, juntar os melhores do futebol mundial em Madrid. O primeiro a chegar foi Manuel Pellegrini, treinador argentino que conseguiu um excelente trabalho no Villareal. Porém, hoje, os merengues garantiram Kaká, por cerca de 65 milhões de euros. É um preço pecaminoso, quase. Para Pérez, não. E ainda está esperançado em garantir Cristiano Ronaldo, um amor antigo, Ribéry e David Villa. Passar cheques é com ele...

Voltando a Portugal, através de uma deliberação da Comissão Disciplinar da Liga, ficaram consumadas as descidas do Gondomar e do Vizela em consequência do processo "Apito Final". Assim, será o Boavista a manter-se no segundo escalão do futebol profissional, ocupando a vaga deixada pelos vizelenses. O presidente Ricardo Costa foi, mais uma vez, implacável.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Um ano de futebolês em jeito de carta aberta

Foi numa tarde de sol, como tantas outras, de 8 de Junho de 2008 que nasceu o FUTEBOLÊS. Completa-se hoje um ano, precisamente. Começou quase como uma experiência, sem um objectivo bem definido sequer, esperando para ver o que dava. Ficou bem firmado, apenas, que abordaria todos os assuntos possíveis sobre futebol. Estávamos no início de um Europeu, foi um bom ponto de partida. Comecei por comentar os jogos, depois decidi avançar para as crónicas: o infeliz Alemanha-Portugal, o último da nossa selecção na prova, foi o primeiro a ter tais honras.

Após isso, chegou o defeso e com ele as análises aos reforços de cada clube e uma perspectiva sobre a época que se aproximava num velocidade cada vez mais vertiginosa. O blogue estava mais sólido já, adquirira alguma dimensão: em Setembro, Bernardino Barros, comentador da Rádio Renascença, passou a ter uma rubrica mensal. Foi um passo importante. Entretanto, iniciou-se o campeonato português. Seguindo um estilo mais ou menos jornalístico, passei a fazer a análise de todas as jornadas com o destaque natural para os jogos dos grandes. Também das competições europeias. Foi criado o Parada&Resposta, um espaço de entrevista. Agora, ainda durante este mês, apareceu outra rubrica: Visto da Bancada.

Hoje, um ano depois, noto que houve uma evolução enorme no blogue. Não que seja um caso raro de visitas, não é isso. Porém, seguiu sempre uma linha pessoal mas de forma objectiva e sem clubismos. Permitiu-me, através daquilo que aqui faço, receber dois convites para colaborar com blogues: do Futebolartte, referência da blogosfera, e do Mestres do Futebol. Agradeço-lhes a oportunidade. E recordo uma frase que Pedro Azevedo, jornalista da Rádio Renascença, bem gosta: "para se ter sucesso numa profissão, é preciso gosto nela". Penso que se adapta bem a este caso. Quanto ao FUTEBOLÊS, como diria Freddie Mercury do alto da sua irreverência, the show must go on.

PS: Era impossível enumerar o nome de todos aqueles que colaboraram comigo, de forma directa ou indirecta, durante todo este período. Deixo-lhes um obrigado. Tal como a todos os leitores.

sábado, 6 de junho de 2009

Albânia-Portugal,1-2: Bruno Alves mantém o sonho

Era absolutamente imperativo que Portugal ganhasse na Albânia para continuar a sonhar com a presença no Mundial 2010. Para isso, havia a necessidade de eliminar a crise de golos que os avançados portugueses atravessam. Hugo Almeida conseguiu marcar. No entanto, apenas sessenta segundos passados, Bogdani empatou para os albaneses. Os noventa minutos chegaram com o empate. Carlos Queiroz mandou Bruno Alves para a frente, para jogar a ponta-de-lança. Com resultado: o defesa do FC Porto fez o golo que mantém viva a esperança.

Os primeiros minutos da partida não foram bem jogados, sempre com ritmo baixo por culpa dasdiversas faltas cometidas pelos albaneses. A mais grave delas, aos 18 minutos, sobre Cristiano Ronaldo ficou sem a punição do árbitro. Seria grande penalidade. Respondeu depois a Albânia num lance de enorme perigo para a baliza de Eduardo mas bem resolvido por Pepe em cima da linha. Veio o golo de Portugal, logo após, numa incursão de Bosingwa no ataque finalizada por Hugo Almeida. O mais difícil estava feito. Não fosse aparecer, apenas um minuto volvido, Bogdani a elevar-se a Duda e cabecear para dentro da baliza portuguesa. Até intervalo, o jogo não foi bonito mas, mesmo assim, Raul Meireles ainda dispôs de uma oportunidade de marcar.

CRISE DE GOLOS NÃO AFECTA A DEFESA

Para a segunda metade, Carlos Queiroz tinha que mudar com o objectivo de lançar Portugal para a vitória. Decidiu retirar Boa Morte, um verdadeiro corpo estranho, e lançar Simão Sabrosa. A equipa melhorou um pouco, é certo, mas continuava sem criar perigo iminente para a baliza de Hidi. Aliás, foi mesmo a Albânia a ter um lance de grande frisson para a defensiva portuguesa após um erro clamoroso de Ricardo Carvalho. Também aqui ficou uma grande penalidade por assinalar, há que dizê-lo. Entrado nos últimos vinte minutos da partida, e sem encontrar soluções, Queiroz voltou a mexer trocando Hugo Almeida por Edinho. Uma alteração de zero risco.

A toada da partida não mudou. O colectivo não funcionava, os jogadores procuravam cada vez mais as jogadas individuais que, porém, também não davam o resultado desejado. Entrou, por fim, Nani para mudar o sistema para 4x4x2 jogando Ronaldo e Edinho na frente de ataque. Contudo, não havia forma de marcar. O empate era uma realidade, a presença no Mundial 2010 cada vez mais uma miragem. Findos os noventa minutos, Floryan Meyer deu mais cinco de desconto. Foi já dentro desse período que Bruno Alves marcou um golaço de cabeça que deixa Portugal com esperança de rumar à África do Sul. Apesar do panorama ser ainda bem complicado.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Bettencourt é o trigésimo sexto

José Eduardo Bettencourt é o novo presidente do Sporting. Sem qualquer surpresa pois há muito tinha ficado provado que se tratava de uma figura unânime entre os sportinguistas. Além disso, pretende dar seguimento à política desenvolvida por Filipe Soares Franco. Ou seja, algo totalmente diferente de Paulo Pereira Cristóvão, o candidato derrotado, que pretendia romper com o passado.

A vitória de Bettencourt não deixa margem para dúvidas: segundo uma sondagem à boca das urnas recolhidas pelo jornal Record, foram cerca de 90% de votos favoráveis. Se a vitória não surpreende, já os números de Paulo Cristóvão ficam muito aquém do esperado. Assim, com o trigésimo sexto presidente do Sporting eleito, fica formalizado que Paulo Bento será o treinador para a próxima época. Continuidade a todos os níveis, portanto.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A loucura e a tristeza num simples penalty


Como em qualquer um dos filmes de James Bond, os momentos que antecedem a marcação de uma grande penalidade são de uma enorme adrenalina. Diria mais, são angustiantes. É em ambos os lados, não discrimina: para o guarda-redes e para o jogador que vai tentar marcar o golo. Existem onze metros entre eles, olham-se nos olhos mas apenas um deles poderá festejar. Um sente-se perdido numa imensidão de espaço, o outro sabe que tem a glória nos pés. A marcação de um penalty, além do talento necessário, tem uma enorme carga psicológica.

O apito do árbitro é como o sinal de arranque de uma montanha russa. O guarda-redes continua na baliza, em cima da linha. Por vezes saltita fazendo de tudo para desconcentrar e até provocar o seu adversário, algo a que o público da sua equipa também ajuda. Quem vai marcar tem de estar vacinado contra isso. Não pode sentir a pressão, apenas confiar em si. E que a bola vai mesmo entrar. Precisa de sorte também. Concentra-se, arranca, escolhe um lado e atira. Com ou sem paradinha, não interessa.

Não haverá, hoje em dia, um adepto de futebol que nunca tenha ouvido do penalty à Panenka. Vamos pegar naquilo que foi dito acima e transferir para um caso real, o de Antonín Panenka, um jogador checo que entrou directamente para a História do futebol. Jogava-se a final do Europeu de 1976, entre Alemanha e República Checa. A partida terminou empatada e teve de ser decidida através da marcação de grandes penalidades. Foi no quinto penalty que tudo se decidiu. Depois de um falhanço de Honess, os checos podiam ganhar caso marcassem. Ou melhor, caso Panenka marcasse. Pegou na bola, colocou-a na marca. Pela frente tinha um gigante alemão chamado Sepp Maier.

Este é um desses momentos em que a adrenalina está nos limites. Um momento que colocava o jogador entre a glória e o desespero. Antonín Panenka, nervos de aço, não se intimidou. Correu, foi cheio de confiança. No momento exacto de fazer o remate, aproveitou que o guarda-redes alemão já estava em queda e fez-lhe um chapéu subtil. A bola entrou ao meio da baliza, a poucos centímetros de Maier, perante o olhar atordido de todos os que acompanhavam aquele jogo de altíssima tensão. Seguiu-se uma euforia total nos checos. Sepp Maier, esse, ficou estendido no chão, impotente, tão próximo mas tão distante que esteve de defender.

A imagem do golo de Panenka é deliciosa. É de loucos o que aquele homem fez. Parece simples, assim na teoria. Mas era um golo decisivo, tinha uma carga psicológica atroz. Ele tornou tudo fácil, fácil de mais. Houve já diversas tentativas de imitação: umas saíram bem, como aquela de Hélder Postiga frente à Inglaterra no Euro 2004, outras nem por isso. É preciso coragem para fazê-lo. Não é à toa que Panenka foi apelidado de louco pela sua obra de arte. Um verdadeiro artista nos momentos mágicos do futebol.

VISTO DA BANCADA é um novo espaço de opinião semanal no FUTEBOLÊS

quarta-feira, 3 de junho de 2009

As Crónicas do BB


SILLY SEASON FUTEBOLÍSTICA

A política tem a sua denominada silly season no período dos banhos de praia, Agosto, em que os políticos vão de férias e nada se passa de transcendente para a politica nacional, altura em que as revistas cor-de-rosa aproveitam para espiolhar os governantes em calções. No futebol, a silly season é esta em que nos encontramos, o chamado defeso, e onde muito vai ser decidido da época seguinte, mas onde a especulação é o prato forte. Senão vejamos:


Ainda não tinha terminado o campeonato e já se falava em transferências para os mais diversos clubes, mas sempre com os três grandes em grande destaque. O Benfica, FC Porto e Sporting, já tiveram vários nomes pretendidos nos plantéis da próxima época. Pretendidos por quem? Pelos clubes ou pelos agentes dos jogadores, que despudoradamente se insinuam junto da comunicação social para fazer passar os seus “recados”. Nenê do Nacional está em leilão para os três grandes, com o empresário e Rui Alves a fazerem render o peixe. Domingos Paciência viu o seu nome oficialmente desligado da Académica, e não oficialmente ligado a dois clubes, Braga e Guimarães. Carlos Azenha foi apontado para dois clubes, Belenenses e Setúbal, e vai para a cidade do Sado. Qualquer clube que ande à procura de treinador, vê dado à estampa os nomes suspeitos do costume (são sempre os mesmos) em ofertas publicas que incomodam alguns treinadores. Foi o caso de Cajuda que se queixou do comportamento de alguns colegas “oferecidos”. Tem razão Cajuda, mas amigo Manel os tempos são outros, agora o telemóvel e o correio electrónico são mais ágeis que o fax, em que alguns eram bem diligentes a fazer chegar aos clubes o seu currículo. Lembra-se mister?


As novelas do defeso futebolístico, vão manter-se, até que finalmente chegue o regresso da bola aos relvados, seja nos jogos particulares ou nas peladinhas de inÍcio de época e aí, vai tudo regressar à velha forma, falar-se-á dos golos dos novos craques contratados, das virtudes de cada um deles, vêm à baila as “pérolas” do discurso dos dirigentes onde se apresentará melhor equipa dos últimos anos, onde todas as equipas jogam para ganhar o título, as três suspeitas do costume, para a Europa, julgo que aqui um leque bem mais alargado, e nenhuma jogará para descer.


Aproveitemos para nos deliciar com as eleições do Sporting, que Bettencourt ganhará, com as eleições do Benfica, em que Luís Filipe Vieira vai ter que levar com José Veiga, e ao que me constou o diálogo não vai ser bonito.


Que a nossa selecção ganhe um jogo que tem obrigação de ganhar, para que a ilusão de estar na África do Sul se mantenha, e que finalmente se possa assistir a uma exibição de Cristiano Ronaldo, de quinas ao peito, igual ao seu imenso prestigio.


Da novela Quique fica/Jesus entra, ela vai acabar assim que os encarnados paguem a indemnização ao espanhol, e se cheguem à frente com o dinheiro para António Salvador, pela cláusula de rescisão do contrato do novo Messias da Luz.

Boa Silly Season.

BERNARDINO BARROS