domingo, 17 de maio de 2009

Fugir da descida como o diabo da cruz

ANÁLISE JORNADA 29 - LIGA SAGRES

O pódio está completo. Ocupado, sem surpresa, pelos três grandes: FC Porto, Sporting e Benfica. A quarta posição, agora pertença do Nacional está ainda em disputa. Contudo, as atenções voltaram-se para o fundo da tabela e para a luta pela manutenção. Belenenses e Trofense são as equipas com maiores probabilidades de cair na Liga Vitalis, de onde o Olhanense já saltou. O Algarve está de regresso!

O jogo do campeão. O FC Porto tinha o título conquistado, a festa estava feita. Porém, era importante dar minutos a alguns jogadores menos utilizados, tornar Stepanov e Ventura campeões nacionais e, principalmente, conseguir igualar o feito de António Oliveira que alcançou onze vitórias consecutivas fora de casa. Missão cumprida. Mesmo com uma equipa transfigurada, os portistas deram uma lição de profissionalismo e uma prova de força. Ganharam com a naturalidade e a justiça de quem é campeão, mostrando uma diferença colossal para este Trofense, a precisar de pontos como de pão para a boca. Já depois de Nuno ter sido obrigado a uma enorme defesa, num lance de bola parada (a única forma que a equipa de Tulipa arranjou para criar perigo), os portistas chegaram ao golo. À meia-hora, Farías marcou o seu nono tento no campeonato, carimbado uma marca bem interessante para um jogador que se limita a aproveitar as oportunidades que Jesualdo Ferreira lhe vai concedendo. Depois, apareceu Lisandro em dois momentos: primeiro, impedindo o empate com um corte providencial em cima da linha; depois, a dois minutos do intervalo, marcando o segundo golo. O resultado estava feito ao intervalo. A segunda parte foi mais um exemplo de como o FC Porto é exímio a gerir o jogo assim que se encontra em vantagem. Deu para Hulk ganhar alguns minutos, depois de uma recuperação em tempo recorde, tendo em vista a final da Taça de Portugal. Lisandro marcou o terceiro golo, daqueles de fazer uma vénia. Entrou Hugo Ventura, o terceiro guarda-redes do plantel, para se sagrar oficialmente campeão nacional. Aos 80 minutos, Farías bisou num passe milimétrico de Hulk. Três minutos depois, Hugo Leal reduziu com um excelente remate que não deu hipótese a Ventura. Jogo de fácil resumo. O campeão desfilou.

O jogo do segundo classificado. À semelhança do FC Porto, o Sporting tinha quase nada em jogo, depois de garantir a vice-liderança final. Do outro lado, encontrou um Marítimo já sem possibilidades de discutir os lugares europeus, no culminar de uma época que ficou bem abaixo das expectativas. Era um jogo para cumprir calendário, no fundo. Porém, mesmo assim é óbvio que ninguém gosta de perder. A partida começou entretida, com lances de ataque repartidos entre ambos os clubes. O primeiro lance de verdadeiro perigo surgiu no décimo minuto, para o Marítimo, num cabeceamento de João Luiz que Tonel afastou em cima da linha de golo. A equipa de Carlos Carvalhal, um verdadeiro carrasco para os leões, denotava algum ascendente. Porém, foi o Sporting quem marcou. Liedson, pois. Aos 26 minutos, isolado por Derlei e aproveitando um erro de Fernando Cardozo. Até ao intervalo apareceram mais duas ocasiões: para Postiga, primeiro; para Marcinho, depois. No reatamento, Carvalhal retirou Bruno e lançou Baba, tentando dar mais velocidade ao jogo maritimista. O Marítimo criava mais perigo, mas sem nunca ter grande clarividência. Baba teve uma oportunidade soberana de empatar, aos 54 minutos, num cabeceamento que esbarrou no poste da baliza de Tiago. Um minuto depois, Abel viu o segundo cartão amarelo e aumentou as dificuldades para a sua equipa. Com a necessidade de manter o equilíbrio defensivo, Carlos Pereira - Paulo Bento ainda cumpre castigo - trocou Derlei por Pereirinha. Quem não marca, sofre. É uma frase-feita, ok, mas o futebol é quase sempre assim. Voltou a aparecer Liedson, novo golo. A um quarto de hora do final, as esperanças dos madeirenses esfumaram-se. De qualquer forma, sem nunca desistir, o Marítimo tentou de tudo para marcar. Conseguiu-o, a um minuto dos noventa, através de um golaço de Olberdam. Era tarde de mais para mudar a história.

O jogo que tinha em disputa o terceiro lugar. Esta era, indubitavelmente, a partida mais interessante das que envolviam os três grandes. O Sp.Braga, em caso de vitória, podia ainda ambicionar alcançar o Benfica na terceira posição. No entanto, a semana ficou marcada por outro tema: Jorge Jesus e as notícias que o deram como provável substituto de Quique Flores. Ora se a ideia era fazer um confronto entre os dois treinadores, o espanhol ganhou. Categoricamente. Foi desconcertante para Jesus, traído pela sua defesa e por Eduardo, vestidos de Judas. Seis minutos: passe longo de Katsouranis, falha defensiva dos bracarenses, hesitação de Eduardo e golo de Cardozo pleno de oportunismo. Sorria Quique Flores. Até lhe aparecer uma contrariedade, a lesão de David Luiz, quatro minutos depois do golo, que fez com que Maxi recuasse para lateral deslocando Miguel Vítor para o centro da defesa. Ao minuto treze, de enorme azar para o Sp.Braga, Di María aproveitou um brinde de Eduardo e aumentou a vantagem dos encarnados. Assim, de um momento para o outro e num curto espaço de tempo, o Benfica já tinha dois golos de avanço. O Sp.Braga, já se sabe, não é equipa de se ficar. Esteve perto, perto de marcar mas Renteria falhou de forma incrível. O jogo estava numa toada de parada e resposta, aberto, com oportunidades em ambas as áreas. 22 e 28 minutos: Paulo César e Renteria estiveram perto do golo mas Moreira, regressado à baliza, agigantou-se e impediu a festa dos minhotos. Chegou o intervalo e Jorge Jesus decidiu mudar as peças, colocando Rodríguez (Filipe Oliveira) e Luis Aguiar (Mossoró). Contudo, se a primeira parte tinha começado bem para o Benfica, a segunda começou melhor ainda. Três minutos jogados, terceiro golo após uma belíssima jogada de Urreta - com a permissão da defensiva contrária. Respondeu Paulo César, também através de uma jogada individual, mas sem sucesso. A seguir foi Moreira, mais uma vez, a impedir o golo. O Benfica, aos 61 minutos, voltou a mostrar-se num cabeceamento de Cardozo devolvido pelo poste. A partida estava resolvida, Quique melhor do que Jesus. O Sp.Braga nunca baixou os braços, é certo, e acabou recompensado pelo golo de honra marcado por Luis Aguiar já em cima do apito final. Ah, é verdade: Quique Flores foi expulso do banco por protestos. É notícia, de facto.

Atenções viradas para a luta pela permanência. Na última jornada, Rio Ave, Vitória de Setúbal, Belenenses e Trofense decidirão quem cairá na Liga Vitalis. A equipa do Restelo, agora orientada pelo ex-internacional Rui Jorge, conseguiu uma vitória preciosa frente ao Rio Ave que lhe permite ainda sonhar com a permanência. O Vitória poderia confirmar a manutenção caso vencesse o Leixões mas acabou por ser derrotado por 1-0. Dessa luta já não faz parte a Naval, mesmo perdendo com a Académica - época sensacional da Briosa de Domingos. Na Liga Vitalis, o Olhanense confirmou a subida de divisão e, em 2009-10, estará entre os maiores do futebol português.

2 comentários:

André disse...

Excelentes análises as tuas ... muito bem escritas e organizadas, o que é muito bom para quem só tem 16 anos! Vê-se que adoras futebol e assim é tudo mais fácil.

Continua, estás no bom caminho!

Ricardo Costa disse...

André,

Obrigado pelo comentário e pelas palavras.