domingo, 31 de maio de 2009

Taça de Portugal: Lisandro também resolve


Durou apenas até ao sexto minuto o ambiente de euforia criado pelos adeptos do Paços de Ferreira. Foi aí, de forma precoce, precoce de mais, que Lisandro López fez jus ao seu estatuto. Selou a vitória, entregou mais uma dobradinha ao FC Porto, a primeira de Jesualdo Ferreira. O Paços lutou mas ficou-se pelo sonho. Um golo madrugador na final é como que colocar uma mão no troféu. O Porto volta a estar na rua!

Jesualdo Ferreira tinha na final do Jamor uma oportunidade única de juntar mais um título ao seu currículo, conquistando a décima quarta Taça de Portugal do historial portista. Confirmada que estava a ausência de Lucho González e a presença de Hulk, a equipa foi a habitual, apenas com a troca de Helton por Nuno, o guarda-redes da Taça. Já Paulo Sérgio decidiu mexer no seu onze-base: sentou William, o goleador da equipa, no banco e optou por um reforço do meio-campo, surpreendo com a inclusão de Prieto. Era, sem dúvida, uma estratégia de contenção que pretendia segurar os azuis-e-brancos. De certa forma, até fazia sentido que assim fosse.

Não durou mais de seis minutos, no entanto. Raul Meireles pressionou, aproveitou um erro da defesa do Paços e cruzou para Lisandro. O argentino, no seu estilo de antes quebrar que torcer, correu e picou a bola sobre o guarda-redes Cássio. O golo representou um corte na esperança dos pacenses em fazerem história, encaminhou a vitória do FC Porto, enfim, tirou emoção à final. Se a tarefa dos castores já era difícil, ficou quase homérica. Porém, reagiram partindo em busca do golo do empate. E chegaram a estar perto, há que dizê-lo: primeiro num remate de Pedrinha, ao quarto de hora de jogo, que passou perto da barra da baliza de Nuno; mais tarde, aos 23 minutos, foi Jorginho a tentar a sua sorte rematando ao lado. Contudo, era na defesa que estava o maior mal do Paços de Ferreira, com muitos erros e nervosismo. Assim, Lisandro e Hulk estiveram perto de aumentar a vantagem portista. Não passou da intenção.

EM VANTAGEM, ELES SABEM O QUE FAZER

A primeira parte não tinha sido, nem de perto nem de longe, um regalo para a vista. O grande calor que se fazia sentir era uma atenuante, contudo. Se calhar por isso, o clima também resolveu dar um contributo, mudando bruscamente no que toca à temperatura - o sol deu lugar a um estranho nevoeiro. O FC Porto entrou com mais vontade em busca do golo da tranquilidade, que fosse como uma machadada final. Cinco minutos após o reatamento, Raul Meireles acertou no poste, se bem que a bola tenha ainda sido tocada pela ponta dos dedos de Cássio. Mais quatro minutos jogados, mais uma boa ocasião: passe de Mariano, remate de Rodríguez e enorme defesa do guarda-redes brasileiro do Paços. Os dragões, mesmo sem jogar a um grande ritmo, estavam por cima e justificavam a vantagem.

Por fim, já dentro do minuto sessenta, Paulo Sérgio decidiu arriscar. Lançou William, o artilheiro-mor, para o lugar de Prieto que não foi um verdadeiro corpo estranho. Seguiu-se Ferreira. A intenção com a inclusão de ambos era abrir a frente de ataque mas nenhuma das alterações resultou. O FC Porto continuou no seu ritmo, procurando o segundo golo, mas o que é certo é que Jesualdo Ferreira preferiu gerir os últimos minutos lançando Tomás Costa e, mais tarde, Guarín para os lugares de Mariano e Rodríguez. O jogo entrou numa fase de algumas picardias, mais violento, com algum desnorte de Paulo Costa que até aí tinha feito uma arbitragem impecável. Com naturalidade, veio o apito final. E mais uma festa dos portistas.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Més que un club

Aquilo que o Barcelona conseguiu nesta época foi, a todos os níveis, notável. Foi notável a maneira como jogou e como chegou ao triplete: Liga dos Campeões, Liga espanhola e Taça do Rei. É uma equipa com uma atitude alegre, descontraída, que se recusa entrar em jogos demasiado tácticos com estratégias defensivas. O Pep-team joga sempre da mesma forma. Sempre com paixão e com o melhor do futebol, o espectáculo em grande plano. O treinador, de 39 anos e no seu ano de estreia, surpreendeu todos e mais alguns.

Més que un club é a imagem de marca do Barcelona. É quase como um grito de guerra. O clube tem uma paixão muito própria, existe uma enorme mística. Guardiola, depois de ter sido um grandissímo jogador, é um portador dessa forma de sentir o clube. Além disso, em campo, há Puyol, o capitão e imagem perfeita do garra catalã. Há Xavi e Iniesta, uma dulpa de médios soberba que não têm qualquer paralelo no futebol mundial. Na final de Roma, viu-se bem a importância de ambos pois foram os autores dos passes para os golos de Eto'o e Messi. Ora, Lionel Messi. Não há muitos adjectivos para o definir, a não ser uma repetição de tudo aquilo que já sabemos. Será, muito provavelmente, o melhor jogador do Mundo em 2009 e isso diz tudo.

No entanto, fazendo agora uma retrospectiva fica bem claro que as coisas nem sempre correram pelo melhor. O início de campeonato não foi fácil para o Barça porque a uma derrota com o Numancia seguiu-se um empate caseiro frente ao Racing Santader. Os artistas não entraram bem em cena. O jogo com o Sporting, para a Liga dos Campeões, foi talvez o ponto de viragem. Depois disso, a equipa consolidou-se, garantiu o acesso aos oitavos-de-final da prova milionária e assumiu o controlo da Liga espanhola. Esteve dezoito jogos sem perder, até ser derrotado pelo Shakthar Donestk. Isso nada abalou, diga-se. O resto da história todos conhecem. Chapeau! para eles.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A final esperada... ganha pelo argentino

Roma, 27 de Maio de 2009. O jogo era o esperado e desejado por todos. O duelo entre Messi e Cristiano Ronaldo, pelo estatuto de melhor do Mundo, foi visto como prato forte. Não foi tão intenso como esperado. Ganhou o Barcelona e ganhou Messi, portanto. Cristiano Ronaldo não esteve no seu melhor, à semelhança da equipa, mas foi o que mais tentou contrariar a vitória natural dos espanhóis. Em Roma, o Barça foi ele próprio.

Até no banco havia um choque curioso entre Alex Ferguson e Pep Guardiola. Choque de ideias e, sobretudo, de gerações: Ferguson é traquejado nestas andanças, tem aquele ar sóbrio e experiência de inúmeras conquistas enquanto Guardiola surpreendeu todos, no ano de estreia, criando uma dream-team capaz de tirar o melhor da arte do futebol. As equipas são as imagens perfeitas dos treinadores. Um Manchester matreiro, conquistador e um Barcelona jovem e alegre, jogando para o espectáculo. Porém, quer o escocês quer o espanhol tinham baixas importantes: no Manchester não havia Fletcher o que levou Ferguson a colocar Carrick, Anderson e Giggs no meio-campo com Rooney, Park e Ronaldo à frente; do lado dos espanhóis, Guardiola teve de remodelar a defesa em virtude das ausências de Abidal e Daniel Alves, colocando Puyol na direita e Sylvinho na esquerda recuando Touré para o centro da defesa.

Se a ideia era fazer um duelo entre Cristiano Ronaldo e Messi, e não havia como não o fazer, o português deixou bem cedo a sua vontede num livre característico, cheio de efeito estranho mas Valdés, ainda que de forma não muito segura, conseguiu defender. Voltou a repetir por duas vezes os ameaços à baliza blaugrana, era o elemento mais perigoso. Nos primeiros minutos as equipas estudaram-se mutuamente, a expectativa e o medo de errar era grande. Vejam lá as coisas do futebol, tão famosas: o Manchester United estava por cima, marcou o Barcelona, no seu primeiro remate. Estavam jogados dez minutos quando Eto'o, após passe genial de Iniesta, bateu Van der Sar. Numa final, ainda para mais sendo da Liga dos Campeões, marcar um golo tão cedo é o que qualquer equipa precisa para colocar uma mão na taça.

O GOLO MADRUGADOR QUE MUDA TUDO

O golo foi como um rude golpe ao United, teve a capacidade de mudar tudo. A estratégia dos ingleses tinha tombado. Faltavam ideias, faltava aquela chama característica de verdadeiros diabos e nem as transições, que costumam ser letais, resultavam. O Barcelona aproveitou, passou a controlar sem dar espaço de manobra. Apenas Ronaldo conseguia criar perigo para Victor Valdés mas a defensiva do Barça resolvia bem - aquela que mais se pensava que podia falhar, esteve melhor do que a outra. O ritmo não era alto, nem pensar, mas era aquele que os catalães queriam. A noite não era, definitivamente, para o Manchester. Chegou o intervalo, num ápice, sem que tenham existido ocasiões realmente gritantes de golo.

Alex Ferguson tinha que mudar: retirou Anderson para lançar Tevez, procurando alargar a frente de ataque. Porém, entrou melhor o Barcelona. Primeiro Henry, obrigando Van der Sar a uma defesa apertada; depois Xavi, num remate parado pelo poste, estiveram perto do segundo golo. O Barcelona justificava a vantagem, plenamente. Ferguson lançou Berbatov para o lugar de Ji-Sung Park, aos 66 minutos. Quatro minutos depois, golo. O segundo do Barcelona. Marcado por Messi, o génio argentino. A final acabou aqui. Setenta e dois minutos jogados. Nem foi preciso contar mais nada. A vitória assenta como uma luva.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Estará tudo terminado?

Terminado o campeonato é hora de balanço. Desde logo dar os parabéns a quem ganhou, até porque o faz pelo quarto ano consecutivo. Melhor equipa (só com duas derrotas), melhor ataque (61 golos), melhor defesa (18 golos) chegam para justificar a regularidade dos pupilos de Jesualdo Ferreira. Mérito para o treinador que esta época construiu uma equipa, juntando seis novos jogadores no onze aos repetentes: Helton, Bruno Alves, Lucho, Raul Meireles e Lisandro. Equipa a crescer de jogo para jogo e sempre respondendo bem ao facto de não poder contar com alguns jogadores influentes em jogos importantes. Jesualdo venceu e convenceu adeptos e críticos e a sua continuidade no Dragão não está em causa.

Chegou aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, venceu o tetra e pode ganhar a Taça de Portugal. Mais? Se calhar era pedir o impossível.


O Sporting foi também tetra, segundo classificado pelo quarto ano consecutivo. Uma equipa treinada por um treinador jovem, com muitos jovens e com alguma inconstância exibicional em algumas alturas da época. Fica no entanto um trabalho de lançamento de alguns jovens com largo futuro, e que com continuidade, pode formar uma equipa fortíssima, se houver capacidade financeira para recrutar os jogadores que sejam mais-valias para o plantel de Paulo Bento. Também aqui não há tabu, Paulo Bento será o treinador leonino porque Bettencourt será o próximo presidente.


O Benfica fez o habitual, prometeu muito, não cumpriu, e ano após ano vai gastando dinheiro sem sucesso, apesar da conquista da Taça da Liga. Equipa mal construída e sem sentido colectivo. Urreta e Balboa foram um fracasso. Suazo uma má insistência de Quique no ataque. Aimar com mais lesões que golos marcados e Reyes com intermitências exibicionais que não se entendem, foram duas desilusões. Se juntarmos a este estado de coisas a não utilização de Cardozo como titular, foi só o melhor marcador dos encarnados nas duas últimas épocas, está explicada a época do Benfica. Falta um tabu por resolver, Quique ou Jesus. A acreditar no comunicado para a CMVM, Quique fica, mas no caso de Ramirez a situação foi assim mesmo, num dia o Benfica confirma à Comissão de Valores que não há nada quanto à sua contratação, para no dia seguinte anunciar que o jogador foi contratado. Um único óbice, rescindir com Quique custa quase quatro milhões de euros, resgatar Jesus ao Braga custa mais um milhão. O que é isso para quem gastou 60 milhões nos últimos anos?


Excelente a época do Nacional, com mais um bom trabalho de Manuel Machado, um saboroso quarto lugar e mais uma vez a colocar uma equipa na Europa. No Nacional nascem goleadores, Adriano antes, agora Nené. Anda tudo cego, que ninguém consegue ver que o rapaz é mesmo goleador? O golo de livre ao Sporting é de compêndio.


Boa época do Sp. Braga, embora creio que prejudicada pela boa prestação na Taça UEFA, mas pesem algumas “bocas” mais ousadas ou atrevidas de Jorge Jesus, parabéns ao rei das tácticas, pela excelente época protagonizada.


Boa época também do Leixões e de José Mota, a aquecerem os lugares cimeiros da classificação durante grande parte da época e parabéns para a Académica e para Domingos Paciência, com um campeonato muito forte em casa, que lhe valeu o sétimo lugar na tabela, melhor classificação dos últimos dez anos.


Bom trabalho de recuperação para Carlos Brito (Rio Ave) e Carlos Cardoso (V. Setúbal), os bombeiros de serviço de clubes a que estão umbilicalmente ligados. Parabéns ao Paços de Ferreira, que conquista lugar europeu via final da Taça, num trabalho muito contestado de um técnico jovem (Paulo Sérgio) que soube acreditar nas suas capacidades, e que teve alguém que quis acreditar no seu trabalho, o presidente Fernando Sequeira, apesar das opiniões (muitas) em contrário.


Desilusão, porque se esperava bem mais, para o Vitória de Guimarães, e para a descida do histórico Belenenses, mas casa onde não há pão…


Na Amadora também não houve pão, mas houve jogadores briosos e competentes que souberam responder a um presidente que promete e não paga.


Assim fecha a cortina sobre mais um campeonato, sendo necessário aguardar mais uma semana para saber se a classificação será esta, pois até ao final do mês há que ter tudo em dia com os jogadores. Será que, quem não teve dinheiro durante o ano, vai agora conseguir arranjá-lo em oito dias? Afinal poderá ainda não estar tudo acabado.


BERNARDINO BARROS

domingo, 24 de maio de 2009

The final countdown

ANÁLISE JORNADA 30 - LIGA SAGRES

Jornada de múltiplos sentimentos. Alegria, tristeza, alívio e desilusão. Foi a última desta temporada. Para uns, foi a consagração. Para outros, a impotência por não terem conseguido os objectivos. É assim o futebol.


Consagração. Do FC Porto, no Dragão, frente ao Sp.Braga. O título já estava garantido, era tempo de os adeptos voltarem a saudar os campeões. A quarta conquista seguido, estava lá marcado na relva o número. Tiraram-se fotografias em conjunto, os jogadores foram chamados um a um, pintados de azul e branco, o ambiente estava fantástico. Andreia Couto, directora-executiva da Liga, entregou o troféu de campeão. Mais uma ovação. Chegou o jogo. Para os portistas pouca coisa havia em disputa, para o Sp.Braga existia ainda, em caso de vitória, a possibilidade de chegar ao quarto lugar. Avancemos até ao minuto 42 porque até aí o jogo não teve grande interesse, tirando uma perdida incrível de Matheus. Foi aí, a três minutos do intervalo, que os adeptos do Dragão tiveram mais um motivo de festejo, com o golo de Farías. A festa ganhou proporções ainda maiores. Para o reatamento, o ritmo não mudou. O mais importante era festejar. O Sp.Braga conseguiu empatar mas nada estragou a festa. O público ovacionou, os jogadores responderam. Jesualdo Ferreira agradeceu com um rasgado sorriso no dia do seu sexagésimo terceiro aniversário. É a festa do campeão, pronto.

Confirmação. O quarto lugar estava ainda em jogo, tanto poderia ir para o Nacional como para o Sp.Braga. A equipa de Manuel Machado fez-se valer dos dois pontos de vantagem e confirmou ser a melhor equipa logo após os grandes. Os arsenalistas só com uma vitória poderiam lá chegar. Não conseguiram, já vimos. Quanto ao Nacional, jogou em Alvalade, frente a um Sporting com o segundo lugar há muito garantido. Havia uma questão a decidir: o melhor marcador do campeonato, se Nenê se Liedson. O Sporting entrou de rompante, marcou dois golos nos primeiros dez minutos. Não foi o levezinho, foi Derlei. Respondeu o goleador-mor da Liga Sagres, Nenê, com um golo de levantar o estádio. Uma bomba de fora da área. Estava decidido o melhor marcador. Ponto final.

Tristeza. Enorme tristeza, aliás. Belenenses e Trofense desceram à Liga Vitalis, ou seja, não conseguindo o feito heróico de se salvarem na última ronda. O Belenenses não tinham tarefa facilitada. Jogava na Luz, ante o Benfica. Porém, começou da melhor forma com um golo de Silas, aos quatro minutos. A vantagem belenense durou até ao minuto 21: golo de Cardozo., empate. Se a vitória da equipa de Rui Jorge já era pouco provável, ficou impossível, a três minutos do descanso: Saulo, numa atitude inacreditável, agrediu Di María e foi expulso. Começou aí a derrocada do Belenenses. Com superioridade numérica, o Benfica avançou para a baliza de Júlio César. Voltou a marcar, num golaço monumental de Felipe Bastos. Depois, em cima dos noventa, Mantorras fixou o resultado. E o Belenenses desceu. Assim como o Trofense, derrotado em Paços de Ferreira. Ora, à equipa de Tulipa, estreante no campeonato principal, era difícil pedir muito mais. Serão substituídos por Olhanense e União de Leiria - recuperação notável da equipa de Manuel Fernandes.

Alívio. Tiveram o Vitória de Setúbal e o Rio Ave. Os sadinos empataram na Figueira da Foz, num estádio-talismã sempre que toca a lutar pela manutenção. Porém, nem precisavam de somar qualquer ponto devido aos resultados de Trofense e Belenenses. O mesmo se pode dizer dos vila-condenses que venceram, em casa, o Estrela por 2-1. Contudo, existe mais uma semelhança entre ambas as equipas: os treinadores, quase dois bombeiros de serviço. Carlos Cardoso e Carlos Brito chegaram quando os clubes viviam momentos complicados mas terminam como vencedores.

Destaque de forma positiva para a Académica e para o Leixões pelo belíssimo campeonato que conseguiram. No pólo oposto encontram-se o Vitória de Guimarães e o Marítimo, equipas de quem se esperava mais até por aquilo que alcançaram na temporada anterior. Tudo dito, tudo contado ao longo destas 30 jornadas. Para o ano, a Liga Sagres está de volta. Com novos artistas.

sábado, 23 de maio de 2009

Foi um prazer, Quique!

Foi um prazer, Quique. É o que apetece dizer no momento de despedida do treinador espanhol do Benfica. Apesar de tudo, foi diferente. Quique não se queixou dos árbitros, não arranjou desculpas fáceis, provou ser um verdadeiro senhor. Porém, isso não chega para quem treina um clube da dimensão do Benfica. A verdade, pura e dura, é que não conseguiu o título. Por isso, a porta da saída abriu-se a partir do momento em que o FC Porto assumiu a liderança. Mesmo tendo à disposição um dos melhores planteis da última vintena de anos, Quique Flores falhou. Perdeu-se em experiências, não conseguiu recolocar o Benfica na rota do título. É indiscutível. Mas será que a sua saída será o melhor para o clube? Luís Filipe Vieira tem a decisão tomada, quer Jorge Jesus.

Porém, para já, não há como responder à pergunta. Só os próximos tempos servirão para tirar isso a limpo. Importa ressalvar que adeptos estão ao lado de Quique Flores. Ficou provado, mal terminou o jogo com o Belenenses, o último da época, quando se uniram num aplauso ao treinador. Quique gostou, aproximou-se dos adeptos, pegou numa tarja que pedia a sua continuidade.
Agradeceu, emocionado. Antes disso, já tinha dado provas de enorme carácter ao cumprimentar, um a um, os adversários impotentes e frustrados perante a descida de divisão. Num momento assim, poucos treinadores se lembrariam ou importariam de fazer coisa semelhante. Quique Flores, mais uma vez, deu uma verdadeira lição de humildade. Foi bom tê-lo no nosso campeonato, por isso.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Tu, guarda bem as redes

A baliza é um misto de sensações. Pode trazer uma alegria imensa ou uma profunda desilusão. Um avançado pode lá viver momentos de sonho ou de pesadelo, todos sabemos. Mas a relação entre a baliza e o guarda-redes é diferente, é intimista. Ali, entre os postes, não pode haver qualquer erro. Será fatal se acontecer. Por mais pequeno que seja tem o poder de destruir a imagem de qualquer um. E as defesas que foram feitas esfumar-se-ão como se nem tivessem sequer existido. Por isso, o que se pede a qualquer um que vá para a baliza é simples: não pode deixar a bola entrar. Que guarde bem as redes que defende.

Guarda-redes: o próprio nome da posição diz tudo, é aquele que tem que guardar as redes. Não sei muito bem porquê mas desde cedo me tornei um admirador deles. Admirava-lhes a coragem, o sangue frio e a concentração que tinham que manter, muito mais do que qualquer um dos seus companheiros. Tornam-se heróis ou vilões num instante, passam de bestiais a bestas num abrir e fechar de olhos. O momento da marcação de um penalty é talvez o mais angustiante na vida de um guarda-redes. Assim como é para o jogador que o vai tentar marcar, é certo. Não, é ainda pior: está entre os postes, naquela imensidão de espaço, com a bola a onze metros. A diferença entre um sentimento heróico e outro de total impotência é pequena: a defesa ou o golo.

Vi guarda-redes fantásticos como Oliver Kahn, Peter Schmeichel ou David Seaman. Cada um à sua maneira, com o seu estilo, com as suas manias. Foi uma defesa deste último, um senhor com um visual algo estranho, que me ficou marcada na memória. Aconteceu há já seis anos, num Arsenal-Sheffield United para a Taça de Inglaterra. Foi um lance às três tabelas: canto, cabeceamento para a entrada da pequena área, toque acrobático, novo cabeceamento mesmo em cima da linha de baliza. O golo era evidente, a bola ia entrar. Não! Apareceu David Seaman, contrariando todas as leis da Física ao vencer a inércia, numa estirada espantosa. Os adeptos levaram as mãos à cabeça perante tal defesa, boquiabertos. My god!, o que foi aquilo?

Houve certamente defesas como as de David Seaman, se calhar até melhores. Para mim, aquela foi a melhor que vi. Fiquei espantado, quis voltar a ver, não me cansei. É nestes momentos que um guarda-redes vive a sua glória, com estas defesas impossíveis, tal como acontece a um avançado quando marca um daqueles golos de antologia. É isso que se deve recordar. Erros existirão sempre, os frangos são uma constante. Essa sensação atroz, cruel e injusta todos experimentam, por mais categoria que possuam. Agora, defesas como a de Seaman só os predestinados têm direito.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Manuel Machado e Jorge Jesus

Os famosos Bucha & Estica são uma metáfora perfeita para Manuel Machado e Jorge Jesus. O objectivo não é falar dos atributos físicos de cada um, não é isso. É antes mostrar como um é o perfeito oposto do outro, assim como eram os dois personagens. Têm estilos totalmente diferentes, modos de trabalhar diferentes e posturas diferentes. Por isso mesmo, não morrem de amores um pelo outro. Até a linguagem altera: Manuel Machado diz-se que fala manuel-machadês, uma língua por ele criada e praticada. Jorge Jesus não está com meias-medidas e já tem um reportório bem alargado de calinadas.

Nestas últimas semanas, se houvesse uma contagem de pesquisas no Google, certamente se comprovaria que Jorge Jesus tem sido um nome em destaque. Existe uma razão de grande importância: as notícias que o dão como provável sucessor de Quique Flores no Benfica. Aliás, esse tem sido um assunto cada vez mais discutido à medida que o campeonato se aproxima do seu final. Jesus é um bom treinador, sem qualquer dúvida, conhecido como um ás em termos tácticos. Tem uma aparência desleixada, dá diversos pontapés na gramática - questões do forno interno do clube, disse certa altura - e é um espectáculo vê-lo no banco, sempre preocupado em corrigir os seus jogadores. Conseguiu uma excelente época no Sp.Braga, sobretudo a nível europeu. O possível ingresso no Benfica é a oportunidade de uma vida. E um teste tremendo à sua capacidade. Jorge Jesus merece-o.

Manuel Machado é outro dos bons treinadores do campeonato português. É conhecido pelo seu discurso elaborado, cheio de palavras pouco usuais. Só quem anda muito desatento nunca o ouviu falar da "parte terminal da tabela classificativa" ou do "plano estético da partida". Mais as comparações de Académica e Sp.Braga a bacalhau e lagosta, antes do seu regresso a Coimbra como treinador dos arsenalistas, e o famoso pau de marmeleiro. Ainda há bem pouco tempo definiu Ruben Micael como um "praticante com as ferramentas necessárias para o desempenho de tarefas maiores". No banco tem uma postura calma e pragmática, não sendo muito interventivo durante os jogos. O perfeito oposto de Jorge Jesus, está visto. Mas quer Manuel Machado, treinador sereno e pouco espalhafatoso, quer Jorge Jesus, o homem que não pára quieto um segundo, tiveram sucesso esta época. E à sua maneira, são dois excelentes técnicos.

PS: Um dia depois deste texto, Manuel Machado concedeu uma entrevista onde se mostrou feliz por estar à frente do "mestre das tácticas ou especial dois". E ainda dizem que não há coincidências...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Figo, capaz de criar

Já dizia António Botto que o mais difícil é criar. No futebol, como em tudo, é isso mesmo o mais difícil: criar, ser imaginativo, conseguir coisas novas. O futebol é uma arte. Luís Figo, um artista. Tudo na vida tem um fim, porém. Figo, aos 36 anos, achou que chegava a hora de parar. Colocar um ponto final numa carreira de quase vinte anos, sempre ao mais alto nível, recheada de enormes sucessos. Depois de Eusébio, um ícone, e antes de aparecer um tal de Cristiano Ronaldo foi eleito o melhor jogador do Mundo. Estava no topo. Assim continuou mais oito anos. Até agora. Acaba com glória, como sempre quis, jogando no Inter de Milão.

Somou títulos por onde passou. O tetracampeonato italiano, conquistado pelo Inter, comprova-o bem. Faltou-lhe, talvez, jogar em Inglaterra, no futebol mais apaixonante do planeta. Não o fez por opção, certamente. Despontou no Sporting, com aquele ar jovial e descontraído mas já com enorme talento. Em 1995 chegou a Barcelona para viver os melhores momentos da sua carreira. Tornou-se um jogador fundamental, precioso nos cruzamentos milimétricos - o seu forte! - para Ronaldo, também ele no seu apogeu. Foi idolatrado pelos adeptos blaugrana. Até ao Verão de 2000, altura em que se transferiu para o Real Madrid. Que traição! Um símbolo do Barcelona rumo a Madrid. Os catalães não perdoaram, chamaram-lhe pesetero. Figo não abalou ao contrário do Barça, o que constituiu mais um motivo para a ira dos adeptos. Na capital espanhola, continuou aquilo que tinha conseguido na Catalunha. Ou melhor, superou: foi Bola de Ouro em 2000 e eleito Melhor do Mundo em 2001. Tocou o céu. Apesar disso, o Figo de Barcelona será para sempre lembrado como o melhor. Por aquilo que jogava e fazia jogar.

Tornou-se num dos galácticos que Florentino Pérez juntou no Real Madrid. O clube perdeu alguma identidade, não se deu bem com tantas estrelas juntas. Figo saiu, ao fim de cinco anos tantos quantos havia estado em Barcelona, com o sentido de dever cumprido. Decidiu experimentar um novo campeonato, o italiano. Rumou ao Inter de Milão. Já sem o mesmo fulgor de Barcelona e dos primeiros tempos em Madrid mas com a mesma genialidade e com mais experiência. É isso que fazem os grandes jogadores quando já não conseguem jogar a cem-à-hora, usam a experiência acumulada. Sagrou-se tricampeão com Roberto Mancini - um deles conseguido na secretaria devido ao caso de corrupção da Juventus, ok... -, pensou acabar mas ficou com Mourinho. Para somar mais um título. E acabar em grande.

Na Selecção, Luís Figo foi um dos mais bem sucedidos jogadores da Geração de Ouro, a par de Vítor Baía, Rui Costa e João Pinto. Esteve em todas as grandes provas de selecções desde 1996. Antes disso já havia sido campeão de juniores com Carlos Queiroz. O Euro 2000, em que Portugal apenas foi parado por um penalty maldito marcado por Zidane, marcou os portugueses. Sobretudo o jogo de abertura, em Eindhoven, frente à Inglaterra. Portugal perdia por 2-0. Deu a volta e bateu os ingleses por 3-2. A reviravolta foi notória e na memória ficou também o golo de Figo. Golo sensacional, delicioso, daqueles de tirar o chapéu. David Seaman, o guarda-redes inglês, limitou-se a apreciar o momento. Sem se mexer.

São estes momentos, de pura magia e arte, que tornam o futebol tão cativante. Figo era um desses jogadores, capazes de inventar um lance genial e resolver o jogo. Esse golo em Eindhoven foi decerto o mais marcante. É claro que existiram mais mas nenhum outro trouxe tanta emoção, teve tanta simbologia. Instantes que perdurarão para sempre. Felizmente existe o Youtube para que os possamos ver sempre que queiramos. E para recordar os bons momentos que Luís Figo nos deixou. Porque ele era capaz de criar num simples toque.

domingo, 17 de maio de 2009

Fugir da descida como o diabo da cruz

ANÁLISE JORNADA 29 - LIGA SAGRES

O pódio está completo. Ocupado, sem surpresa, pelos três grandes: FC Porto, Sporting e Benfica. A quarta posição, agora pertença do Nacional está ainda em disputa. Contudo, as atenções voltaram-se para o fundo da tabela e para a luta pela manutenção. Belenenses e Trofense são as equipas com maiores probabilidades de cair na Liga Vitalis, de onde o Olhanense já saltou. O Algarve está de regresso!

O jogo do campeão. O FC Porto tinha o título conquistado, a festa estava feita. Porém, era importante dar minutos a alguns jogadores menos utilizados, tornar Stepanov e Ventura campeões nacionais e, principalmente, conseguir igualar o feito de António Oliveira que alcançou onze vitórias consecutivas fora de casa. Missão cumprida. Mesmo com uma equipa transfigurada, os portistas deram uma lição de profissionalismo e uma prova de força. Ganharam com a naturalidade e a justiça de quem é campeão, mostrando uma diferença colossal para este Trofense, a precisar de pontos como de pão para a boca. Já depois de Nuno ter sido obrigado a uma enorme defesa, num lance de bola parada (a única forma que a equipa de Tulipa arranjou para criar perigo), os portistas chegaram ao golo. À meia-hora, Farías marcou o seu nono tento no campeonato, carimbado uma marca bem interessante para um jogador que se limita a aproveitar as oportunidades que Jesualdo Ferreira lhe vai concedendo. Depois, apareceu Lisandro em dois momentos: primeiro, impedindo o empate com um corte providencial em cima da linha; depois, a dois minutos do intervalo, marcando o segundo golo. O resultado estava feito ao intervalo. A segunda parte foi mais um exemplo de como o FC Porto é exímio a gerir o jogo assim que se encontra em vantagem. Deu para Hulk ganhar alguns minutos, depois de uma recuperação em tempo recorde, tendo em vista a final da Taça de Portugal. Lisandro marcou o terceiro golo, daqueles de fazer uma vénia. Entrou Hugo Ventura, o terceiro guarda-redes do plantel, para se sagrar oficialmente campeão nacional. Aos 80 minutos, Farías bisou num passe milimétrico de Hulk. Três minutos depois, Hugo Leal reduziu com um excelente remate que não deu hipótese a Ventura. Jogo de fácil resumo. O campeão desfilou.

O jogo do segundo classificado. À semelhança do FC Porto, o Sporting tinha quase nada em jogo, depois de garantir a vice-liderança final. Do outro lado, encontrou um Marítimo já sem possibilidades de discutir os lugares europeus, no culminar de uma época que ficou bem abaixo das expectativas. Era um jogo para cumprir calendário, no fundo. Porém, mesmo assim é óbvio que ninguém gosta de perder. A partida começou entretida, com lances de ataque repartidos entre ambos os clubes. O primeiro lance de verdadeiro perigo surgiu no décimo minuto, para o Marítimo, num cabeceamento de João Luiz que Tonel afastou em cima da linha de golo. A equipa de Carlos Carvalhal, um verdadeiro carrasco para os leões, denotava algum ascendente. Porém, foi o Sporting quem marcou. Liedson, pois. Aos 26 minutos, isolado por Derlei e aproveitando um erro de Fernando Cardozo. Até ao intervalo apareceram mais duas ocasiões: para Postiga, primeiro; para Marcinho, depois. No reatamento, Carvalhal retirou Bruno e lançou Baba, tentando dar mais velocidade ao jogo maritimista. O Marítimo criava mais perigo, mas sem nunca ter grande clarividência. Baba teve uma oportunidade soberana de empatar, aos 54 minutos, num cabeceamento que esbarrou no poste da baliza de Tiago. Um minuto depois, Abel viu o segundo cartão amarelo e aumentou as dificuldades para a sua equipa. Com a necessidade de manter o equilíbrio defensivo, Carlos Pereira - Paulo Bento ainda cumpre castigo - trocou Derlei por Pereirinha. Quem não marca, sofre. É uma frase-feita, ok, mas o futebol é quase sempre assim. Voltou a aparecer Liedson, novo golo. A um quarto de hora do final, as esperanças dos madeirenses esfumaram-se. De qualquer forma, sem nunca desistir, o Marítimo tentou de tudo para marcar. Conseguiu-o, a um minuto dos noventa, através de um golaço de Olberdam. Era tarde de mais para mudar a história.

O jogo que tinha em disputa o terceiro lugar. Esta era, indubitavelmente, a partida mais interessante das que envolviam os três grandes. O Sp.Braga, em caso de vitória, podia ainda ambicionar alcançar o Benfica na terceira posição. No entanto, a semana ficou marcada por outro tema: Jorge Jesus e as notícias que o deram como provável substituto de Quique Flores. Ora se a ideia era fazer um confronto entre os dois treinadores, o espanhol ganhou. Categoricamente. Foi desconcertante para Jesus, traído pela sua defesa e por Eduardo, vestidos de Judas. Seis minutos: passe longo de Katsouranis, falha defensiva dos bracarenses, hesitação de Eduardo e golo de Cardozo pleno de oportunismo. Sorria Quique Flores. Até lhe aparecer uma contrariedade, a lesão de David Luiz, quatro minutos depois do golo, que fez com que Maxi recuasse para lateral deslocando Miguel Vítor para o centro da defesa. Ao minuto treze, de enorme azar para o Sp.Braga, Di María aproveitou um brinde de Eduardo e aumentou a vantagem dos encarnados. Assim, de um momento para o outro e num curto espaço de tempo, o Benfica já tinha dois golos de avanço. O Sp.Braga, já se sabe, não é equipa de se ficar. Esteve perto, perto de marcar mas Renteria falhou de forma incrível. O jogo estava numa toada de parada e resposta, aberto, com oportunidades em ambas as áreas. 22 e 28 minutos: Paulo César e Renteria estiveram perto do golo mas Moreira, regressado à baliza, agigantou-se e impediu a festa dos minhotos. Chegou o intervalo e Jorge Jesus decidiu mudar as peças, colocando Rodríguez (Filipe Oliveira) e Luis Aguiar (Mossoró). Contudo, se a primeira parte tinha começado bem para o Benfica, a segunda começou melhor ainda. Três minutos jogados, terceiro golo após uma belíssima jogada de Urreta - com a permissão da defensiva contrária. Respondeu Paulo César, também através de uma jogada individual, mas sem sucesso. A seguir foi Moreira, mais uma vez, a impedir o golo. O Benfica, aos 61 minutos, voltou a mostrar-se num cabeceamento de Cardozo devolvido pelo poste. A partida estava resolvida, Quique melhor do que Jesus. O Sp.Braga nunca baixou os braços, é certo, e acabou recompensado pelo golo de honra marcado por Luis Aguiar já em cima do apito final. Ah, é verdade: Quique Flores foi expulso do banco por protestos. É notícia, de facto.

Atenções viradas para a luta pela permanência. Na última jornada, Rio Ave, Vitória de Setúbal, Belenenses e Trofense decidirão quem cairá na Liga Vitalis. A equipa do Restelo, agora orientada pelo ex-internacional Rui Jorge, conseguiu uma vitória preciosa frente ao Rio Ave que lhe permite ainda sonhar com a permanência. O Vitória poderia confirmar a manutenção caso vencesse o Leixões mas acabou por ser derrotado por 1-0. Dessa luta já não faz parte a Naval, mesmo perdendo com a Académica - época sensacional da Briosa de Domingos. Na Liga Vitalis, o Olhanense confirmou a subida de divisão e, em 2009-10, estará entre os maiores do futebol português.

sábado, 16 de maio de 2009

O décimo quarto título speciale

José Mourinho está a um pequeno passo de somar mais um campeonato, o décimo quarto título da sua carreira. É uma marca notável, dividida entre Portugal, Inglaterra e (agora) Itália. Há quem diga que é arrogante, prepotente e que usa e abusa dos mind-games provocando os adversários. Mourinho é isso tudo, de facto. Mas é um dos melhores treinadores do Mundo, mostra resultados ao mais alto nível. A sua primeira passagem por um grande clube aconteceu em 2000, quando chegou ao Benfica. Teve complicações mas não deixou de ser ele próprio como o comprova o célebre episódio com Sabry, acusado de demorar muito tempo para apertar as botas, imagine-se. Saiu ao fim de nove jogos, substituído por Toni, o homem da confiança de Manuel Vilarinho, o novo presidente. Num momento em que se começava a assumir nos encarnados.

Não ficou muito tempo no desemprego: ainda nessa época, comandou o União de Leiria, elevando aos leirienses a um patamar a que não estavam habituados, ou seja, colocou-os entre os melhores de Portugal. Deixou obra feita e saiu em Janeiro de 2002 para o FC Porto. Os portistas estavam num período de crise, em quinto lugar, e Pinto da Costa tinha acabado de despedir Octávio Machado. Mourinho chegou com o ego no máximo: "na próxima época vamos ser campeões de certeza". A frase é bem conhecida de todos, foi dita na sua apresentação no Estádio das Antas. O FC Porto terminou essa época em terceiro e, de qualquer forma, José Mourinho fez um bom trabalho.

As duas épocas de Mourinho no FC Porto estão bem presentes na memória de todos: bicampeão nacional, vencedor da Liga dos Campeões, da Taça UEFA, Taça de Portugal e Supertaça. Estava na plenitude dos seus recursos enquanto treinador, o campeonato português era demasiado pequeno para ele. Rumou a Inglaterra, ao Chelsea do milionário Roman Abramovich, em Junho de 2004. Não saiu a bem dos portistas, contudo. O russo disponibilizou as verbas, Mourinho construiu uma equipa à sua imagem. Na primeira época na Premier League, foi campeão, algo que os blues não conseguiam há meio século. Somou outros troféus, somou mais um campeonato. Faltou a Liga dos Campeões. Na sua terceira época em Inglaterra, teve incompatibilidades com Abramovich e acabou por sair em Setembro de 2007. Com glória, deixando um enorme sentimento de saudade nos adeptos. Sendo para sempre o special one, alcunha que deu a ele próprio.

Ficou o resto dessa temporada sem treinar. Regressou em 2008 para assumir o comando do Inter de Milão, substituindo Roberto Mancini que, apesar de tricampeão, não renovou o seu contrato. Foi chegar, ver e vencer a Supertaça frente à Roma. A fasquia foi colocada nos píncaros, a imprensa falou que o objectivo-mor era a vitória na Liga dos Campões, ou seja, algo que Mancini não conseguira. Mourinho, porém, também não pois caiu aos pés do Manchester United e esse sonho dos nerazzuri esfumou-se. O treinador português foi contestado por isso mas a verdade é que será campeão italiano no seu primeiro ano de Inter. No entanto, há que dizer que esta é talvez a equipa com menos dedo de Mourinho em relação ao FC Porto e ao Chelsea, a equipa menos espectacular e apaixonante. Aquilo que fez foi adaptar a sua filosofia de jogo aos jogadores que Roberto Mancini deixou - as contratações como Mancini, da Roma, e Quaresma, do FC Porto, revelaram-se autênticos fracassos.

Na próxima época, será diferente. Naturalmente, porque o objectivo Champions volta a ser prioritário. O estilo, esse, é que será o mesmo. Sempre com as picardias às imprensa e aos rivais. Os resultados estão à vista. São catorze títulos desde 2003. Goste-se ou não, o homem é mesmo speciale.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O título do FC Porto e de Jesualdo Ferreira

É uma opinião unânime: o FC Porto foi um justo campeão porque provou ser mais forte e soube aproveitar os erros dos rivais. Porventura, este foi o título mais difícil de alcançar desde que Jesualdo Ferreira chegou. A época não começou bem, muito longe disso, não só a nível interno mas também na Liga dos Campeões. Disse-se que o FC Porto estava numa crise. E era, de facto. Na Liga Sagres, teve um mau período com duas derrotas consecutivas, frente ao Leixões e à Naval, chegando mesmo a estar a cinco pontos do Benfica. Porém, a segunda volta foi avassaladora. E a concorrência ultrapassada, com naturalidade.

Em 2008-09, o FC Porto teve de construir uma equipa. Saíram jogadores fundamentais como Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma. Era preciso encontrar soluções, encontrar substitutos. Jesualdo Ferreira conseguiu-o, com enorme mérito. Não foi fácil, o treinador foi questionado e até se falou numa possível saída. No entantom, Jesualdo acreditou sempre no valor da sua equipa. E em si mesmo. Conseguiu integrar e formar jovens jogadores vindos de clubes inferiores como Rolando, Fernando, Hulk ou, principalmente, Cissokho. Tornou-os campeões. Não veio um substituto puro para Quaresma. Mudou-se o esquema, os jogadores passaram a ter outras funções. Lucho e Lisandro, duas peças-chave, foram obrigados a um enorme desgaste.

Este foi o maior mérito de Jesualdo Ferreira. Não herdou uma equipa, construiu. Trabalhou-a, moldou-a, fez experiências e acabou por ser feliz. Somou o seu terceiro título na temporada em que conseguiu melhores resultados no FC Porto. Além disso, com a suspensão de Pinto da Costa, o treinador foi obrigado a estar isolado na defesa do clube. Excessivamente isolado, por vezes. Mostrou ser um verdadeiro líder. Pode não se admirar o estilo, pode-se dizer que não gosta de correr muitos riscos mas não há dúvidas que Jesualdo tem mostrado bons resultados. Por isso, é justo que continue no Dragão.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

As Crónicas do BB


O TÍTULO VISÍVEL

Ainda sem ter acabado, o campeonato está acabado. O título está entregue pela quarta vez consecutiva ao FC Porto, o décimo sétimo nos últimos vinte e cinco anos. Um título visível e com uma conquista previsível desde algumas jornadas atrás. A superioridade dos dragões face aos seus adversários é esmagadora. Mais significado tem perante a tarefa que se desenhou no inicio de época a Jesualdo Ferreira, construir uma equipa e colmatar as saídas de três peças bem importantes, Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma. Há dois anos, Jesualdo começou o campeonato com o onze base do anterior, e foi polvilhando a equipa com a entrada de alguns reforços. Esta época teve que se socorrer de alguns (cinco ou seis) da época do tri, para fazer entrar de imediato as novas peças, fazendo crescer a equipa à medida que a competição ia avançando. Parece fácil mas não é e não o foi de certeza. Daí o ar de satisfação do professor com esta conquista, que certamente lhe deu mais satisfação que os outros, melhor dizendo, foi igualmente saboroso, mas foi diferente.

É por isso que tem toda a legitimidade para poder prosseguir com a sua obra, construir uma equipa. Forte, jovem e que tem muita margem de progressão, até pelos próprios jogadores já contratados.

O contrário passou-se durante toda a época com o Benfica, que nunca conseguiu formar uma equipa, e só as equipas ganham. Um técnico desfasado do futebol português, jogadores contratados pelo nome e não pelo rendimento (Aimar, Reyes, Balboa e Suazo) aposta em contra-ataque em vez do ataque continuado (sem alas e sem o melhor marcador do ano anterior, Cardozo), e muita dificuldade para explicar o insucesso. Valeu-se Quique Flores, do trabalho invisível que diz que fez, mas por ser invisível, ninguém o viu ou vislumbrou. Convinha avisar, o ainda, técnico encarnado, que ninguém lhe gabou a capacidade de montar um colectivo, porque afinal de contas ele não nunca existiu, ou se existiu, era invisível. A diferença continua visível a todos, enquanto o FC Porto prepara (já há muito está preparada) a nova época, alicerçada na anterior e retocada com jogadores portugueses, novos e de valor, o Benfica continua ano após ano, a construir equipas alicerçadas em nada ou em projectos construídos em cima do joelho, com novo técnico (Scolari será se Rui Costa engolir um sapo) e novos jogadores por empréstimo ou em ocaso (a oferta de Robert Pires é ridícula).

A diferença está á vista de todos, enquanto na casa do dragão se trabalha com bases sólidas e alicerçadas ao longo dos anos, na casa da águia trabalha-se para o imediato, sem pensar e planificar, e o que se ganha é frustração ano após ano. É a diferença entre um trabalho invisível que dá resultados visíveis e de sucesso, perante outro onde está bem patente que o trabalho visível, é invisível até para o insucesso.

BERNARDINO BARROS

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Jornada de campeão

ANÁLISE JORNADA 28 - LIGA SAGRES

(Crónica FC Porto-Nacional)

Havemos campeão. Sem surpresas, o FC Porto conquistou o segundo tetracampeonato da sua história. Um golo de Bruno Alves, frente ao Nacional, serviu de chave para desbloquear nova conquista. Na mesma jornada, o Sporting confirmou o segundo lugar enquanto que o Benfica voltou a perder pontos em casa, desta vez ante o Trofense, penúltimo classificado. No regresso de Jorge Jesus ao Restelo, o Sp.Braga confirmou a Liga Europa e deu guia de marcha ao Belenenses para a descida.

89 minutos, Sporting-Vitória de Setúbal, 1-1, empate que parece ser definitivo. Aparece Liedson, o único capaz de marcar, o único capaz de resolver. Golo. O Sporting ganha: o jogo e o segundo lugar. É verdade que não jogou bem mas foi sempre a melhor equipa perante um frágil Vitória, desesperado por um pontinho que fosse. Sem poder contar com Paulo Bento no banco e Pedro Silva no lado direito da defesa, ambos castigados ainda por causa da final da Taça da Liga, a equipa leonina sabia que em caso de derrota daria automaticamente o título ao FC Porto, enquanto que se ganhasse segurava o segundo lugar, devido ao empate do Benfica ante o Trofense. Jogados os primeiros vinte e seis minutos sem grandes cometimentos, Liedson entra em cena para o seu primeiro acto: cruzamento de Caneira, falha entre Kieszek e Anderson e golo do levezinho, pleno de oportunismo. Porém, o Sporting jogava à semelhança daquilo que havia feito em Coimbra, no nulo frente à Académica: sem velocidade, sem aquela garra de querer empurrar o adversário para a sua área, algo que tinha sido apanágio nesta ponta final do campeonato. Daí que o Vitória, num lance de puro contra-ataque trabalhado por Leandro Lima e concluído por Bruno Gama, tenha empatado. E assim terminou a primeira parte, com um empate que sabia a justiça para os vitorianos. Após o descanso, o Sporting entrou melhor na partida, mais mandão. No entanto, aos 47 minutos, Zoro teve a oportunidade de silenciar Alvalade e colocar o Vitória em vantagem mas o cabeceamento saiu ao lado da baliza de Rui Patrício. Com o empate, persistente, Carlos Cardoso encolheu a sua equipa, fechando-se em torno da sua área - voltou a tirar Bruno Gama e Leandro Lima, à semelhança do jogo do Dragão. O Sporting cresceu, o golo anunciava-se, Pawel Kieszek não permitia que se confirmasse. E assim se chegou a esse tal minuto 89 onde Liedson voltou a ser obrigado a resolver. Nota final para os incidentes, ainda no aquecimento, entre o árbitro Duarte Gomes e o treinador de guarda-redes do Sporting, Ricardo Peres, que chegou a envolver empurrões, stewards e acabou na expulsão de Peres. Uma cena de autoritarismo despropositado.

93 minutos, Benfica-Trofense, 2-2, apito final de João Ferreira. Os encarnados voltam a desiludir os adeptos, ouvem-se assobios estridentes, vêem-se lenços brancos. Quique Flores sabe bem que o seu futuro também se joga dentro das quatro linhas. Por isso, era imperativo ganhar para pressionar o Sporting, na luta pelo segundo lugar, e afastar-se do quarto, ocupado pelo Nacional. Não conseguiu nada disso. Esta partida com o Trofense significou o adeus definitivo à Liga dos Campeões e deixou o treinador espanhol numa posição cada vez mais frágil, com a porta de saída entreaberta. Vamos por partes. O jogo começou entretido. Surgiu a primeira grande ocasião de golo, aos treze minutos, num cabeceamento de Luisão ao poste. O Benfica estava por cima, voltou a estar perto do golo aos 28 minutos: a jogada foi algo confusa e dividida entre Aimar, Cardozo e Urreta, mas nenhum deles conseguiu marcar, devido também à boa acção de Zamorano e do guarda-redes Marco. Dois minutos volvidos, golo. Do Trofense. Após um livre milimétrico de Hugo Leal, Valdomiro saltou mais alto do que Luisão e cabeceou para dentro da baliza de Quim. A vantagem da equipa de Tulipa, surpreendente, foi sol de pouca dura. Em três minutos, aos 36 e 39, Oscar Cardozo deu a volta ao resultado. Primeiro, sem oposição, apenas encostou o pé à bola para empatar; depois, após um bom cruzamento de Urreta, cabeceou para o segundo. A vantagem do Benfica ao intervalo era merecida. O segundo tempo começou com os encarnados por cima, obrigando Marco a algumas boas intervenções. Mas veio o golo do Trofense, a dois minutos de se completar a hora de jogo. Novo livre de Hugo Leal, desvio de Varela, golo de Paulinho. O Benfica perdeu a capacidade de reacção que tivera na primeira parte. Quique Flores lançou Balboa e Mantorras mas os efeitos foram nulos, o Trofense fechou-se para garantir o empate. Assim terminou o jogo, com 2-2. Que dá esperança aos da Trofa e acentua a crise dos encarnados. Qué pása?

O último lugar europeu está definido. Com as derrotas de Leixões frente à Académica e do Marítimo em Paços de Ferreira, o Sp.Braga garantiu a presença na Liga Europa. A equipa de Jorge Jesus jogou no Restelo e contribuiu para afundar ainda mais o Belenenses, numa goleada por 5-0. Nacional e Sp.Braga lutarão agora pela melhor classificação possível, com o terceiro lugar em vista. Na cauda da tabela, o Belenenses parece mesmo destino a descer à Liga Vitalis, enquanto que o Trofense ganhou novo ânimo com o empate frente ao Benfica. Garantiram a permanência o Paços e o Estrela da Amadora. O Rio Ave, com a vitória em Guimarães, deu um passo importante para se manter.

FC Porto-Nacional, 1-0: Campeão, quarto acto


O FC Porto é campeão. Tetracampeão pela segunda vez na sua história. Com justiça. A época não começou bem, muito longe disso. Houve quem duvidasse da qualidade desta equipa. Porém, agora não restam dúvidas. A vitória sobre o Nacional, no Dragão onde não cabia nem mais uma mosca, permitiu fazer história. E trouxe a confirmação de que, a nível interno, os portistas não dão hipóteses.

Será o minuto 48 deste FC Porto-Nacional aquele que entrará para a história do campeonato. Foi aí, três minutos após o regresso dos balneários, que apareceu o golo que confirmou o título, o quarto seguido. Os protagonistas são três dos jogadores mais importantes deste FC Porto: Raul Meireles, Lisandro e Bruno Alves. Canto, assistência, golo. Loucura por entre os adeptos, depois de um período de alguns suspiros. Gritos, cânticos, festejos e mais festejos. O tetra estava a um palmo de distância, já não tinha como fugir. E os 50 309 adeptos que encheram o Dragão sentiram-no. O que faltava para jogar deu lugar a um acto de boa gestão, algo em que os portistas são especialistas. O apito final de Artur Soares Dias confirmou-o, apenas.

Mas voltemos ao início. O Nacional, jogando de igual para igual e sem qualquer complexo, prometia tentar manchar a festa azul que se anunciava. As primeiras oportunidades pertenceram a Nenê, o goleador do campeonato. Helton, do alto da sua confiança, impediu que o avançado brasileiro pudesse estragar o que quer que fosse. Aos poucos, a partir dos vinte minutos de jogo, o FC Porto foi passando a ser mais dominador, a ter mais posse de bola, sem ser, porém, perigoso para a baliza de Bracalli. O ataque estava atabalhoado, os jogadores pareciam acusar a ansiedade de confirmar o título, faltava inspiração também. Embora tivessem esse tal domínio, há que dizer que as melhores oportunidades pertenceram ao Nacional. Daí que o intervalo tenha chegado sem golos. Merecido.

O GOLO TÃO ESPERADO E O QUATRO NA PLACA

A segunda parte começou com o momento de maior festa portista: canto de Raul Meireles, desvio de Lisandro ao segundo poste e cabeçada de Bruno Alves para dentro da baliza de Rafael Bracalli. O Dragão explodiu, por fim. A partir daí, o FC Porto melhorou, passou a não dar tantos espaços para o Nacional se acercar da área de Helton. Acrescente-se ainda que a troca de Tomás Costa por Farías, ao intervalo, veio dar maior poder de fogo à equipa e permitiu a Lisandro andar mais solto na defensiva adversária. Manuel Machado, em desvantagem e ainda com o pensamento no terceiro lugar, mexeu na equipa: em apenas quatro minutos trocou Ruben Micael e Luís Alberto por João Aurélio e Fabiano, respectivamente. Tentou arriscar. Não teve resultado, contudo.

O jogo entrou numa fase de ritmo baixo, sem lances de perigo para qualquer das balizas. Vieram mais duas contrariedades para Jesualdo Ferreira com as lesões de Fucile e Raul Meireles que obrigaram o treinador portista a esgotar as substituições, acabando assim com qualquer réstia de esperança de ver Hulk em campo. Os adeptos faziam a onda mexicana, gritavam que eram eles os campeões de Portugal. A partir de certo momento, as atenções viraram-se mais para a bancada do que propriamente para o relvado. O espectáculo estava bonito, sem dúvida. Findos os noventa minutos, a placa electrónica do quatro árbitro mostrou o número quatro. Era o tempo de compensação mas também o número de títulos que os dragões festejam. Ao ver esse tal número levantado por Cosme Machado, ninguém mais conseguiu ficar sentado.

sábado, 9 de maio de 2009

Incríveis à sua maneira

Hulk, David Luiz e Hugo Almeida, incríveis. Por razões bem diferentes. O jogador do FC Porto tem esse nickname devido ao outro Hulk, o monstro verde da banda desenhada. Porém, em campo, o brasileiro também gosta de ser incrível e imitar o herói: rápido, forte, pujante. É difícil pará-lo. Normalmente, recorrem às faltas, a forma mais eficaz de parar um jogador melhor. Ney Santos, do Estrela da Amadora, fê-lo durante um jogo da Taça da Liga, em Abril. Hulk ficou mal tratado, teve de ser substituído, disse-se que não mais jogaria esta época, a não se na final da Taça de Portugal e mesmo para isso teria de ser feito um enorme esforço. Nada disso, porque ele é incrível até a recuperar. Ao fim de dezassete dias está apto, convocado para o encontro com o Nacional, que poderá dar o tetracampeonato ao FC Porto. Surpreendentemente.

David Luiz, agora. Um jogador jovem, apontado por muitos como um talento para o futuro se bem que ainda precise de se consolidar um pouco mais. É defesa central de origem mas joga na lateral esquerda, adaptado por Quique Flores, face à irregularidade de Jorge Ribeiro. Não tem comprometido, é verdade, mas não é o mesmo jogador. Gosta de subir, fá-lo bem. Contudo, não é sobre os atributos futebolísticos de David Luiz que se pretende aqui falar, é antes das suas declarações de ontem. Foi o jogador escolhido para fazer a antevisão do encontro com o Trofense e, relembrando que ainda faltam nove pontos para disputar, prometeu lutar pelo... título. Mas o Benfica já está a onze do FC Porto. Falando agora um pouco mais a sério, esta declaração de David Luiz demonstra, na minha opinião, um certo desnorte que se instalou entre os encarnados.

Hugo Almeida, por fim. O avançado português do Werder Bremen deu o seu contributo à equipa para vencer o Hamburgo e está na final da Taça UEFA, onde defrontará os ucranianos do Shakthar. No entanto, o internacional português, não poderá jogar essa partida devido a castigo. Acumulou cartões amarelos, sem saber: "Sinceramente não sabia que estava em risco de suspensão, que podia ficar de fora", afirmou Hugo Almeida ao Maisfutebol. Aqui como com David Luiz, os jogadores demonstram enorme distracção. Bem se diz que eles são contratados para jogar, apenas. Incríveis à sua maneira.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O treinador Quique Flores e o futuro do Benfica

Ao longo de toda a época tenho sido elogioso para com Quique Flores. Comunica bem, não entra em discussões inúteis sobre arbitragem, é frontal e directo. Tudo isto é verdade, tudo isto aprecio em Quique. No entanto, não me parece que o espanhol seja assim tão talentoso como treinador, ou seja, a sua função e aquilo que deve fazer melhor. Esta época tem cometido vários erros. Começando na formação da equipa, onde tem feito mudanças atrás de mudanças. Chega a parecer estar ainda em fase experimental. E isso não é comum. Porquê tanta demora na escolha do onze-base? Porquê tanta experiência?

Com a temporada fracassada - a Taça da Liga não pode servir de salvação, se atendermos que os encarnados tinham boas perspectivas para o campeonato e até a nível europeu - não é certo que o treinador espanhol continue na próxima época. Tem sido, inclusivamente, acusado de não perceber o futebol português, de não perceber como se joga em Portugal. Hoje, em conferência de imprensa, Quique não desfez as dúvidas: "Poderei seguir ou então darei o lugar a outro". Na minha opinião, a sua continuidade será a melhor opção para o Benfica, se pretende realmente voltar a ter estabilidade. Porém, para isso, terá que existir uma estrutura sólida que suporte a equipa. Em caso de saída repetir-se-à aquilo que tem acontecido nas épocas anteriores: novo treinador, novos jogadores, pouca estabilidade. E é isso que os benfiquistas querem evitar.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

LC: Mais do que uma final

Manchester United e Barcelona estão na final da Liga dos Campeões, em Roma. O United confirmou a vantagem que trazia da primeira mão, dando uma autêntica lição de futebol no Emirates Stadium, com Cristiano Ronaldo em super-forma. Na outra meia-final, manchada por uma arbitragem péssima do norueguês Tom Henning, o Barcelona empatou em Londres. E garantiu a final. Com um golo aos 92 minutos.

Rocket Man
foi um nome que Elton John deu a uma música nos anos 70. Agora, pode ser uma boa alcunha para dar a Ronaldo porque parece mesmo um verdadeiro foguete. Esteve em grande na meia-final frente ao Arsenal, comandando o Manchester United para uma vitória categórica, servindo de prova cabal do seu poderio. Que começou com um golo de Ji-Sung Park, aos 8 minutos, aproveitando um erro enorme de Gibbs. Três minutos volvidos, apareceu Cristiano Ronaldo, o super, num golo fantástico de livre. A eliminatória estava resolvida, a estratégia de Arsène Wegner em xeque. Os red devils, com toda a sua experiência, controlaram, geriram, jogaram com o relógio. Apareceu na segunda parte o melhor do jogo, um autêntico hino ao futebol num transição a alta rotação: recuperação de Ronaldo; bola para Park; abertura de Rooney para o CR7 que, à saída de Almunia, colocou a bola no fundo da baliza do Arsenal. Delicioso. Depois, já em cima do final, houve tempo para Van Persie reduzir, de penalty. Que originou a expulsão de Fletcher e o fará falhar a final.

Minuto 92 do Chelsea-Barcelona, 1-0: ataque do Barcelona, bola para a entrada da área, remate fortíssimo de Iniesta e golo. Grande golo. Uma extâse total, um sprint louco de Guardiola pela linha lateral, o Barça qualificado para a final. Ora, vamos voltar ao início. No minuto nove, o primeiro grande momento, marcado por um golão sensacional de Essien, candidato a melhor da competição. Inesperadamente, o Chelsea estava na frente da eliminatória. E melhor no jogo, com mais oportunidades, criando mais perigo, a estratégia de Guus Hiddink não dava espaços de manobra aos avançados blaugrana - Messi foi uma sombra. Pôde alargar a vantagem, Victor Valdés não deixou. Veio depois, para complicar, o árbitro dinamarquês Tom Henning. O jogo não merecia tal arbitragem, de tão baixa categoria: os ingleses podem queixar-se de quatro grandes penalidades por assinalar enquanto que o Barça foram prejudicados na expulsão de Abidal. Com o domínio e controlo do Chelsea, a final estava próxima mesmo com os equívocos do árbitro. Até ao tal minuto 92, que o Barcelona rematou pela primeira vez à baliza de Cech. Com uma eficácia de fazer inveja. São assim as grandes equipas.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Boas novidades para o Ericeirense

Tal como Mano Silva, presidente do Ericeirense, tinha afirmado aquando da sua entrevista ao FUTEBOLÊS, decorreu, na passada sexta-feira, um jantar em sua homenagem. Num comunicado enviado para o blogue, lê-se que esta foi uma manifestação que serviu para os 360 presentes manifestarem o seu apoio ao presidente que, recorde-se, suspendeu a sua greve de fome no dia 22 de Abril. Porém, mais importante do que isso, foi o facto de se terem aberto boas perspectivas para o clube: as entidades responsáveis anunciaram os primeiros sinais concretos de apoio.

Assim, a Direcção do GD Ericeirense afirma que a Junta de Freguesia da Ericeira se dispôs a oferecer um terreno, ao passo que a Câmara Municipal de Mafra se comprometeu em colaborar nos aspectos técnicos de aprovação da construção no local. Mano Silva congratulou-se com a tomada de medidas necessárias, mostrando-se confiante no facto de o clube conseguir os apoios que tanto reclama. Em relação à greve de fome, obviamente, espera não ter de a retomar. Finalmente, uma luz ao fundo do túnel.

Leia a entrevista a Mano Silva


domingo, 3 de maio de 2009

Aberto o caminho para o tetra!

ANÁLISE JORNADA 28 - LIGA SAGRES

Ponto final, parágrafo. O FC Porto está a um pequeno, pequeno passo de se tornar campeão. Venceu na Madeira, o Marítimo, e aproveitou o empate do Sporting ante a Académica. A festa da consagração poderá ser feita já no próximo jogo, no Dragão, onde encontrará o Nacional, que venceu o Benfica, garantindo a presença europeia e agudizando o mau período encarnado. Atenções também voltadas para a luta pela permanência.

Três pontos, três escassos pontos é aquilo que separa o FC Porto de mais um título de campeão nacional. A vitória frente ao Marítimo, a décima seguida fora de casa, deixa os portistas à espera de novo encontro que lhes possa dar esses tais pontinhos que faltam. Entraram em campo sabendo dos resultados dos mais directos rivais, sabendo que poderiam aumentar a vantagem para seis pontos. O jogo na Madeira era, porventura, o mais difícil que a equipa de Jesualdo Ferreira teria pela frente nesta ponta final. A exibição não foi de luxo, nem de perto nem de longe, mas foi consiste. A vitória, objectivo-mor, foi conseguido: três golos divididos por Raúl Meireles, Rolando e Tomás Costa, a que o Marítimo não teve capacidade para responder. Porém, não se pense que a partida foi um passeio para o FC Porto. A equipa entrou bem, desejosa de resolver logo a questão, dando um enorme passo para o tetra. Depois de um ameaço de Bruno Alves que esbarrou no poste da baliza de Marcos, veio o primeiro golo, o golo de Meireles. Estavam jogados três minutos, não havia melhor começo possível. Em vantagem na partida, são bem conhecidos os atributos dos portistas para controlarem as operações. Foi isso que fizeram, exactamente, ao passo que o Marítimo não conseguia criar perigo para Helton, numa tentativa de imitar aquilo que havia feito na ronda anterior diante do Benfica. No entanto, para o reatamento, Carlos Carvalhal lançou Baba, com a finalidade de dar maior velocidade ao ataque. Conseguiu-o. Os maritimistas subiram de produção, criaram mais perigo. O entrado Baba, por duas vezes, esteve perto do empate. Não foi eficaz e ao invés, o FC Porto marcou o segundo, num desvio de Rolando após livre de Rodríguez. O golo da tranquilidade. Até final houve gestão. Puramente. Marcinho, para o Marítimo, acertou com estrondo na barra a mais ou menos um quarto de hora dos noventa. Aos 83, numa transição rápida, Tomás Costa finalizou o resultado. Ponto final. No jogo e no campeonato.

Paulo Bento tinha dito na antevisão que não era admissível que a Académica voltasse a tirar pontos ao Sporting, depois do nulo em Alvalade. Era obrigatório vencer para manter a perseguição ao FC Porto, esperando por uma escorregadela do líder. Primeiramente existia a necessidade de vencer os seus encontros, só depois olhar para os da concorrência. Em relação ao último onze, apresentado frente ao Estrela da Amadora, regressaram Moutinho e Derlei enquanto que Abel e Tonel voltaram à defesa, em substuição de Pedro Silva (lesionado) e Polga (castigado), respectivamente. A Académica, tranquilamente colocada a meio da tabela, nada tinha a perder e pretendia voltou a ser desmancha-prazeres, retirando pontos à equipa leonina. O início do jogo mostrou que este não era o mesmo Sporting que se tem exibido ultimamente, com garra, atitude e enorme vontade de vencer. Pelo contrário: sem velocidade, sem ideias, com pouco espaço de manobra. A primeira parte quase não teve história, assistiu-se a um jogo sem balizas apesar de disputado. No Sporting, a única equipa a precisar da vitória, o meio-campo não tinha capacidade de produção, João Moutinho estava irreconhecível falhando imensos passes e era Liedson quem tinha de procurar a bola atrás. Após o intervalo, a equipa de Paulo Bento surgiu melhor e com mais vontade de chegar ao golo. A pressão foi aumentando, abriram-se mais espaços. Trocaram-se Adrien por Izmailov e Pereirinha por Djaló, a fim de dar mais largura ofensiva. Aos 73 minutos, apareceu Derlei: boa desmarcação, entrada na área e remate com selo de golo parado pelo gigante Peskovic, ele que teima em não deixar os sportinguistas festejarem depois daquela monumental exibição em Alvalade. Finalmente uma real oportunidade para alguém marcar. Porém, o jogo continuou na mesma toada que trazia, com diversas pausas, quase sem ritmo. Em cima do final, num contra-ataque, Sougou quase fez o golo para a Académica. Rui Patrício, com uma enorme defesa, impediu. O golo e uma vitória injusta dos estudantes. No entanto, o Sporting, esse, ficou fora do título.

Um fala espanhol, o outro diz-se que manuel-machadês. Um teve receio e foi conservador, o outro não. Um, de seu nome Quique Flores, foi impotente para travar um outro, Manuel Machado. E, consequentemente, o Benfica não teve armas para vencer o Nacional. Quique apostou num onze de contenção, com Katsouranis na vez de Di María, fazendo com que Rúben Amorim fosse obrigado a jogar sobre o lado direito, perante um Nacional onde Cléber, na sua posição de médio defensivo, funcionava, por vezes, como central. A equipa insular entrou melhor, com boas combinações entre Nenê e Mateus, sempre com o apoio presente de Rúben Micael e aproveitando bem as subidas dos laterais Patacas e Alonso. O jogo estava entretido mas sem grandes cometimentos. Até aparecer David Luiz, à meia hora, numa boa incursão pela esquerda, rematando para uma enorme defesa de Rafael Bracalli. Depois, foi Cardozo a testar o guarda-redes do Nacional, que voltou a responder da melhor forma. Chegou o intervalo com o nulo, justo. A segunda parte começou de igual forma: o Benfica tinha a iniciativa mas faltava inspiração; o Nacional tentava sair em transições rápidas, a grande arma desta equipa. O jogo ganhou um novo ânimo, entrando nos 50 minutos. Nenê, de muito longe, obrigou Quim a uma boa defesa enquanto que, na resposta, Cardozo esteve perto do golo mas voltou a esbarrar em Bracalli. Quique Flores decidiu, por fim aos 55 minutos, arriscar tirando Katsouranis para lançar Di María. No minuto seguinte, numa dessas tais transições,
Alonso fez um cruzamento milimétrico para Nenê, o goleador-mor, desviar de Quim, aproveitando uma falha de Sidnei. Golo. O Benfica reagiu, tentou o empate, Bracalli não deixou. 64 minutos, dois-zero: contra-ataque rápido, passe de Mateus para Rúben Micael, uma folha seca para dentro da baliza encarnada. Parecia o fim definitivo do Benfica. Não foi porque Reyes, servido de calcanhar por Rúben Amorim, reduziu. Depois, Jorge Sousa deixou passar em claro um penalty de Cléber e David Luiz atirou à barra. Numa altura em que o golo do Benfica era iminente, veio o do Nacional. Transição rápida, cruzamento, golo. Simples de mais.

O Nacional garantiu a presença na Liga Europa, após a vitória sobre o Benfica: aproximou-se do terceiro lugar e afastou-se do quinto, ocupado pelo Sp.Braga, que cedeu um empate em Vila do Conde - ponto precioso para o Rio Ave. Além disso, também o Leixões comprometeu pois foi derrotado pelo Estrela da Amadora, equipa que garantiu a permanência na Liga Sagres. Fora dessas contas está o Vitória de Guimarães, mesmo tendo vencido a Naval, senhora de uma posição tranquila. Em termos de fuga à despromoção, o Vitória de Setúbal somou mais uma vitória, que o catapultou para lugares mais desafogados. Nos lugares que dão descida, continuam Trofense e Belenenses. Independentemente do que possa dar o jogo de amanhã.

Os novos galácticos

Galácticos foi um adjectivo que deram ao Real Madrid construído sob os milhões de Florentino Pérez, onde havia jogadores como Zidane, Figo, Beckham, Ronaldo ou Raúl. Tudo jogadores de enorme classe, uma verdadeira constelação de estrelas. Estrelas a mais até que levaram a um choque de protagonismo. O Real Madrid ficou sem ganhar nada durante esse tempo. Os galácticos desapareceram sem glória. Porém, actualmente, há uma nova equipa de outra galáxia: o Barcelona. Um verdadeiro dream-team, capaz de encantar qualquer adepto de futebol.

Quem gosta de puro espectáculo, do melhor que o futebol pode oferecer, tem que gostar de ver esta equipa de Pep Guardiola. Uma equipa jovem, formada por imensos talentos mas sem o estrelato dos merengues. Analisando-a da frente para trás: Messi é, sem dúvida a estrela da companhia, formando com Henry e Eto'o um ataque terrível; Xavi e Iniesta são jogadores de top-class, pautando todo o jogo com categoria; na defesa há Puyol, simbolo da mística do Barça, como comandante. Um luxo. Uma arte.

Ontem, em Espanha, jogou-se o clássico de sempre: Real Madrid-Barcelona, o jogo do título. Em caso de vitória, os merengues, autores de uma recuperação incrível desde que Juande Ramos susbtituiu Bernd Schuster - dezasseis vitórias e um empate consecutivos são sintomáticos - poderiam, em caso de vitória, ficar a apenas um escasso ponto do Barça. O golo de Higuaín, nos primeiros minutos, alimentou essa esperança. Durou pouco, no entanto. Aliás, durou muito pouco. A equipa de Guardiola desfez as dúvidas, se é que havia. Com classe, com arte, com magia, foram desconcertantes. Deram a volta, jogaram, marcaram, desperdiçaram até. O jogo acabou com a goleada histórica de 6-2, em Madrid, favorável ao Barcelona. Acrescente-se que Casillas evitou que entrassem outros mais, o que torna a partida ainda mais inacreditável. Que bom é ver este futebol. Estes é que são galácticos!

sábado, 2 de maio de 2009

Aquele Chelsea de Mourinho

O Chelsea é uma equipa da qual me habituei a gostar desde 2004. Sou um enorme admirador de José Mourinho e, por contágio, fiquei também do clube. Mourinho chegou no Verão desse tal ano de 2004, depois de ter sido campeão europeu no FC Porto, pela mão do milionário Roman Abramovich. Os londrinos estavam há precisamente 50 anos sem ganhar a Premier League, tinham-se perdido num domínio de Manchester United, Arsenal e Liverpool. Com o treinador special, chegaram os portugueses Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho, Petr Cech, Robben e Drogba. Jogadores que não tinham ainda uma grande propensão a nível mundial que se juntaram a alguns importantes na estrutura do Chelsea, casos de John Terry, Lampard, Cudicini ou Makelele.

Mourinho construiu um grupo fortíssimo. E dominador e desconcertante. À semelhança do treinador, daquilo que tinha feito em Portugal. Não deu hipóteses à concorrência, foi campeão no primeiro ano em Inglaterra - ainda ganhou mais alguns troféus mas o campeonato é sempre o mais importante. Repito: algo que não sucedia há meio século. Além disso, o Chelsea voltou a assumir um papel de relevo na Europa, tornando-se um lógico candidato a vencer a Liga dos Campeões. Dava gosto ver aquela equipa jogar, era um autêntico espectáculo. Falhou esse tal objectivo europeu. O Chelsea caiu nas meias-finais, aos pés do Liverpool de Rafa Benítez, o ódio de estimação de Mourinho. Porém, na ronda anterior tinha afastado o Barcelona de Rijkaard e Ronaldinho, no auge do seu poderio. Numa eliminatória deliciosa. No segundo jogo, aos vinte minutos, o Chelsea já tinha três golos de avanço.

A época seguinte não fugiu muito aos padrões da anterior. Os blues voltaram a vencer a Premiership sem contestação, voltaram a cair na Champions. Encontraram o Barça nos oitavos-de-final, foram eliminados. Foi uma espécie de vingança dos espanhóis. A eliminatória trouxe polémica, Mourinho acusou Frank Rijkaard de ter estado no balneário do árbitro Anders Frisk (viria mesmo a abandonar a arbitragem!) e disse que Messi havia feito teatro, "teatro de calidad". A terceira época de Mou no Chelsea tinha, para além de conquistar o tricampeonato, a "obrigatoriedade" de vencer a Liga dos Campeões. Porém, nada correu como nos anos transactos. Surgiram diversas contrariedades, inúmeras lesões. O campeonato foi para o Manchester United, onde começava a despontar Cristiano Ronaldo, mas mesmo assim o Chelsea lutou até final de todas as formas possíveis. José Mourinho disse que treinava uns verdadeiros heróis. Na Europa, acabaram novamente eliminados pelo Liverpool. Em penaltis.

O special one viria a sair no decorrer da época de 2007-08, de costas voltadas com Abramovich. Ficou Avram Grant no seu lugar. A equipa perdeu a magia que tinha com Mourinho, perdeu identidade mas continuou a lutar pelos seus objectivos. Internamente, o Manchester foi outra vez mais forte; chegou à final da Champions, algo que o português não tinha conseguido, perdendo de forma cruel nos penaltis perante os mesmos red devils de Alex Ferguson. O resto, para a frente, não importa. Importava mesmo era relembrar o melhor período do Chelsea. Daquele Chelsea de Mourinho, cheio de magias e encantos. Acredito que ambos têm saudades: o Chelsea e José Mourinho. Sim, porque foi marcante para ambos.

(Postado também no FUTEBOLARTTE, blogue do qual sou colaborador)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Mestre... do futebol

Assim do nada, sem que estivesse à espera, recebi um convite para colaborar com o blogue MESTRES DO FUTEBOL, através do Pedro Magalhães, um dos seus administradores. Depois de uma breve troca de impressões, aceitei de pronto. Farei uma crónica semanal, todas as sextas-feiras sobre os assuntos correntes em termos futebolísticos. Sou arttista e passei a mestre.

Além disso, nestes últimos tempos, tenho recebido inúmeros elogios ao meu trabalho aqui no FUTEBOLÊS - muito por culpa da reportagem sobre as novas tecnologias. Agradeço-os, assim como todos os incentivos. Este foi um blogue que surgiu quase por acaso, no dia 8 de Junho de 2008. Teve um início um pouco difícil mas daí para cá tem vindo a desenvolver-se de forma progressiva. Obrigado e continuem a passar por cá.