terça-feira, 31 de março de 2009

As mudanças na Selecção

A Selecção Nacional é o tema que marca o panorama futebolístico. As contas do apuramento para o Mundial 2010 estão mais complicadas do que nunca, ainda para mais num grupo onde os principais adversários são a Dinamarca e a Hungria, sem que nenhum deles seja um todo-poderoso do futebol mundial. Portugal é, de longe, a equipa que dispõe de melhores jogadores e que tem mais obrigações de seguir para a África do Sul até pelo seu passado recente. Esta é uma situação atípica para qualquer português que já se tinha desabituado dessas coisas de ter de fazer contas e depender de terceiros.Desde o falhanço no apuramento para o Mundial'98, em França, que a nossa Selecção não passava por tal situação, tendo conseguido qualificar-se para os Europeus de 2000 e 2008 (em 2004 foi anfitrião, logo estava automaticamente qualificado) e para os Mundiais de 2002 e 2006.

Ora aqui há que reconhecer méritos a Scolari, um treinador nem sempre bem aceite e nem sempre acertado, pois catapultou Portugal para entre os melhores da Europa (2º lugar em 2004, atrás da Grécia) e até do Mundo (4º lugar em 2006), ultrapassando o feito de Humberto Coelho, em 2000 na Holanda e na Bélgica. Além disso, conseguiu unir o país em torno da Selecção, fazendo com que fosse apenas uma força e uma equipa com uma confiança inabalável. Portugal regressou aos grandes palcos, às grandes noites de futebol, estava outra vez entre os melhores depois dos Magriços de 66. Porém, o ciclo de Luiz Filipe Scolari chegou ao fim. Veio Carlos Queiroz, um treinador português bem cotado no estrangeiro. As expectativas eram elevadas, claro. Ainda para mais, Queiroz é um treinador com vistas para o futuro, trabalhador com provas dadas ao nível da formação. O mesmo equivale por dizer que é o contrário de Scolari que apostou em resultados imediatos, a curto prazo, deixando que a formação caísse no esquecimento.

É precisamente aqui que mora a principal diferença entre os dois técnicos, entre os dois períodos da Selecção: Scolari era um treinador com o apuramento em mente e para isso tornou a Selecção numa espécie de clube, sem dispensar o núcleo duro; Carlos Queiroz é um homem talhado para projectos a longo prazo que incluam trabalho nas camadas mais joves, um trabalho demorado e sem pressas - as apostas em Duda, Danny, Eduardo e Orlando Sá são exemplos disso mesmo. Contudo, o que os portugueses querem é conseguir o apuramento para o Mundial 2010. Porque se esse objectivo for falhado, de nada servirá o trabalho de renovação da Selecção que Queiroz quer colocar em marcha.

(Texto feito para o FUTEBOLARTTE, blogue do qual sou colaborador)

domingo, 29 de março de 2009

Os maus dias da Selecção

O momento da Selecção Nacional é preocupante. É acima de tudo algo a que já nenhum português estava habituado neste passado mais recente, se bem que a qualificação para o Euro 2008 também tenha sido conseguida apenas no último jogo. Porém, o panorama actual é bem pior. Em cinco jogos de qualificação, Portugal conseguiu vencer apenas um, frente a Malta, ou seja, a equipa mais fraca do grupo. Seguiu-se a injustíssima derrota com a Dinamarca e três empates a zero, dois com a Suécia e um (incrível!) com a Albânia.

Além dos resultados, os problemas estão também na equipa, na sua estrutura. Ou na falta dela. Existe quase uma relação causa-efeito. Carlos Queiroz tem feito experiências atrás de experiências e tem apostado na formação, algo totalmente esquecido por Scolari. Ora este, talvez, não seja o momento indicado para isso mas também é certo que Queiroz não dispôs de tempo para o fazer pois começou logo a preparar esta qualificação. O problema maior reside no ponta-de-lança - o calcanhar de Aquiles desde a saída de Pauleta - numa altura em que se fala tanto da naturalização de Liedson e do facto de ser ou não selecionável. No jogo de ontem com a Suécia, foi Danny a assumir essa função, ele que não é nem nunca será um verdadeiro homem-golo. Viria a entrar, na segunda parte, Hugo Almeida mas nada mudou. Face à convocatória, Carlos Queiroz pouco mais poderia ter feito, é verdade. Mas a falta de alguém que marque golos tem-se evidenciado nos jogos de Portugal que já leva 270 minutos em branco. É significativo. Os adeptos interrogam-se: por que não convocar Nuno Gomes e/ou Hélder Postiga?

O facto de não conseguir marcar golos é o problema mais gritante de Portugal. Remata muito e joga bem, sem dúvida, mas em futebol mandam os resultados e ganha quem marcar mais golos. Depois de tantos percalços, de todo inesperados, e com metade da qualificação cumprida, resta acreditar que ainda é possível. Para isso é necessário vencer todos os jogos que há pela frente, com deslocações à Hungria e à Dinamarca pelo meio. Depois de desperdiçar sete pontos em casa, há que recuperá-los fora para pelo menos entrar no play-off de acesso ao Campeonato do Mundo da África do Sul. É o triste fado português!

sábado, 28 de março de 2009

Selecção: Que venha a calculadora!

Foram ene remates mas zero golos. Não há forma de Portugal conseguir colocar a bola dentro da baliza. Num jogo fundamental para o apuramento para o Mundial 2010, já por si complicado, a Selecção voltou a vacilar. Jogou bem, teve momentos muito bons em termos colectivos e fartou-se de rematar. Não marcou, porém. Obteve um nulo com a Suécia, no Dragão. Agora há que acreditar.

Sabia-se, à partida, que o embate com a Suécia não seria nada fácil para Portugal. Contudo, este era o momento ideal para que a Selecção Nacional desse a volta às adversidades e ficasse mais próximo do apuramento para o Mundial da África do Sul. Na antevisão, Carlos Queiroz tinha pedido alegria e um jogo tipicamente português para o conseguir. Eduardo estreou-se na baliza, Duda foi o lateral esquerdo, Pepe subiu para trinco e a frente de ataque foi composta por Danny, Ronaldo e Simão. Além disso, Queiroz apostou em Tiago para o lugar de Deco, que ficou no banco por não estar na totalidade das suas capacidades devido a uma paragem prolongada. Contudo, sentiu-se a falta do médio do Chelsea e, sobretudo, da sua magia. Do outro lado, Lars Lagerback não pode contar com Ibrahimovic o que por si só já representa uma vantagem para o adversário.

A uma melhor entrada da Suécia respondeu Portugal com a primeira grande chance de golo, aos quinze minutos, num remate de Pepe que passou perto do poste. Esta foi, talvez, a pedra de toque para que a equipa nacional conseguisse assentar o seu jogo. Três minutos volvidos, nova chance: Cristiano Ronaldo, isolado por Tiago, tentou o chapéu a Isaksson mas a bola saiu ao lado. Veio depois um remate de Duda ao poste. Portugal dispunha de mais oportunidades, estava melhor e já seria justo se estivesse em vantagem. A isso responderam os suecos, num remate de cabeça de Elmander que passou por cima da baliza de Eduardo. Ainda antes do intervalo, Simão, depois de uma jogada colectiva genial, dispôs da melhor ocasião de golo mas a bola, teimosa, saiu para fora. Entretanto surgiu mais uma contrariedade para Carlos Queiroz com a saída, por lesão, de Bosingwa que estava a ser um elemento fulcral no jogo ofensivo devido ao entendimento com Ronaldo. Ricardo Carvalho foi a solução encontrada, com a entrada de Rolando para o centro da defesa.

TENTAR DE TODAS AS FORMAS POSSÍVEIS

Na segunda parte era preciso marcar golos. A exibição estava a ser boa, havia oportunidades mas faltava marcar. Por essa razão, Portugal voltou a entrar no Dragão com uma enorme determinação e vontade de ganhar. Contudo, foram os suecos a criar mais perigo, num cabeceamento de Larsson após uma saída atabalhoada de Eduardo. Respondeu, depois, Danny com um remate à malha lateral. O jogo estava mais dividido e mais aberto. Voltou a estar perto do golo a Suécia mas Eduardo foi melhor e conseguiu parar o remate de Elmander. Os remates de Portugal sucediam-se quer fosse de longa distância ou de bola parada. Mas era mais do mesmo. Carlos Queiroz decidiu, então, fazer entrar Deco para o lugar de Tiago, para abrir mais espaços, aos 62 minutos.

Foi com o mágico em campo que a equipa lusa cresceu: aos 72 minutos, protagonizou um bom lance e obrigou Isaksson a uma defesa apertada; pouco tempo depois, voltou a tentar a sua sorte, sem sucesso. Como sempre. O tempo começava a apertar e a esperança em ver Portugal marcar já não era a mesma. A seis minutos do final, Cristiano Ronaldo, em plena pequena área, teve uma oportunidade soberana para o fazer mas cabeceou por cima. Foi o último lance de verdadeiro perigo. Agora, resta acreditar porque a qualificação está muito, muito complicada.

sexta-feira, 27 de março de 2009

A arrogância de Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo, por vezes, ultrapassa alguns limites. Não em termos futebolísticos mas sempre que puxa dos galões e acaba por falar de mais. É sabido por todos, não é novidade alguma. Contudo, Ronaldo voltou a estar mal, na antevisão do jogo de amanhã com a Suécia, fundamental no apuramento para o Mundial 2010, quando confrontado com o facto de as suas exibições pela Selecção não corresponderem àquilo que consegue fazer no Manchester:, respondeu forte: "se todos fizessem o que fiz, Portugal já era campeão do mundo".

A frase de Ronaldo é de todo despropositada. Primeiro porque chega até a ser algo deselegante para com os restantes colegas e depois porque não corresponde à verdade pois nenhum jogador ganha o que quer que seja sozinho. Além disso e apesar de ser o melhor jogador do mundo - e é mesmo! - a verdade é que Cristiano Ronaldo não tem o mesmo rendimento na Selecção do que em Manchester, tal como foi dito. É a estrela da companhia, sim senhor, mas não o único actor. E isso nunca deve ser esquecido.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Não a mais Lucílios!

É padre, chama-se João Eleutério e é um desconhecido da maioria dos portugueses. Ora e a que propósito se fala de um padre num blogue de futebol? Assim à primeira vista não há ligação aparente, até porque futebol e religião é algo que não combina muito bem. Porém, a final da Taça da Liga e o tão falado erro de Lucílio Baptista teve o condão de mudar essa tendência pois chegou à Igreja. Tudo isso porque o tal padre João Eleutério, confesso adepto do Sporting, se recusou a baptizar crianças com o nome de Lucílio. Imagine-se.

A afirmação do sacerdote da freguesia Santa Isabel, em Lisboa, correu meio mundo. Contudo, confrontado pelos órgãos de comunicação social, João Eleutério referiu ter sido apenas uma piada e que nunca esperou que a sua tirada tomasse tais proporções. Mas fica a confirmação de que Lucílio não tem mesmo perdão!

terça-feira, 24 de março de 2009

Ainda a final da Taça da Liga


É mais um texto sobre a polémica em torno da Taça da Liga. E em torno de Lucílio Baptista, sobretudo. Sim, porque agora, para além da contestação, chegaram ameaças de morte ao árbitro de Setúbal que o impediram mesmo de estar presente no programa Prolongamento da TVI-24. É situação lamentável, bizarra até. É certo que a entrevista de Lucílio Baptista para assumir o erro teve um efeito boomerang e acabou por atingi-lo também porque as explicações dadas pelo árbitro não pareceram muito fiáveis.

Contudo, não se deve esquecer que o futebol é um jogo e que deve ser tratado como tal, onde existem protagonistas que, por vezes, cometem erros. Mas não deve passar para a vida privada. As ameaças a Lucílio Baptista são inqualificáveis. O árbitro falhou, é indiscutível, e deverá ser castigado por isso - em termos futebolísticos, evidentemente. Porém, já outros falharam e nunca se chegou a tal ponto. A falha de Lucílio não foi certamente a última de um árbitro. Há que perceber isso, apesar de toda a revolta que possa existir. Porque há limites para tudo.

(IMAGEM TRIBUNAL DO FUTEBOL)

segunda-feira, 23 de março de 2009

Erros, polémica e disparates a mais!

Final da Taça da Liga, penalty fantasma, Pedro Silva e Lucílio Baptista. Ora, há uma semana atrás estas palavras não faziam grande sentido. Contudo, hoje fazem todo e são palavras que os adeptos de futebol não se cansam de repetir. Tudo porque o penalty que deu o empate ao Benfica na final da Taça da Liga, por alegada mão de Pedro Silva, e que levou o jogo para a decisão por grandes penalidades não tinha razão de ser mas o árbitro Lucílio Baptista teve outra opinião. E assim este lance vai ser um dos mais discutidos nesta época futebolística em Portugal. Quer pela jogada em si quer pelas reacções que se seguiram.

Lucílio Baptista, um dia depois do jogo, reconheceu o erro e deu a cara pela equipa de arbitragem como que se desculpando da má decisão que tivera apesar de ter dito que o pedido de desculpas exigido pelo presidente do Sporting, Filipe Soares Franco, era algo relativo. Porém, Lucílio acabou por meter os pés pelas mãos porque afirmou que do ângulo onde se encontrava não teve dúvidas em relação à existência de mão na bola, ou seja, teve certeza que era penalty. Assim sendo, não se percebe o longo diálogo com o assistente José Cardinal. Ainda na mesma entrevista, indo mais longe, Lucílio Baptista contrariou os jogadores do Sporting que haviam dito que Cardinal lhe teria dado a informação de que não seria falta; o árbitro de Setúbal garante que aquilo que José Cardinal lhe confidenciou foi que não vira o lance e que assim não poderia afirmar se seria ou não falta. Porém, mais estranho é que Lucílio tenha afirmado que Pais António, o outro assistente, colocado no meio-campo contrário a uns bons 50 metros lhe tenha corroborado a decisão, via intercomunicador, enquanto que Cardinal, em linha com Pedro Silva, nada tenha visto. Estranho, não?

O Sporting não escondeu a sua revolta pela forma como foi derrotado. Começou nos jogadores e chegou aos dirigentes. Ainda no relvado do Estádio Algarve, Pedro Silva, o "autor" do penalty, teve atitudes que em nada dignificam a sua condição de jogador profissional: primeiro, ao dar uma peitada ao árbitro após ter sido expulso; em seguida, já na cerimónia protocolar, ao arremessar a medalha para bem longe. São inqualificáveis, sem dúvida. Mas é um sentimento de raiva que se percebe, por tudo o que aquele lance representou. Paulo Bento teve também um gesto com a mão a indicar que havia um roubo e afirmou, na flash-interview, que o futebol está cada vez mais podre, lembrando o jogo da Taça de Portugal com o FC Porto em que disse que a arbitragem portuguesa "metia nojo". Chegou, finalmente, aos dirigentes do clube. Primeiro Soares Franco, ainda no estádio, exigiu um pedido de desculpas de Lucílio Baptista e da própria Liga que não foi satisfeito mas o Sporting foi mais longe ao demitir-se da direcção da Liga por entender que em nada estava a ser útil.

No meio de tanta confusão e polémica, Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, continua debaixo de enormes críticas. Ora por não fazer nomeações adequadas ora por não conseguir fazer do grupo de árbitros um grupo unido e coeso que procure objectivos em conjunto. E, apesar, de Lucílio Baptista ter tido uma boa atitude em dar a cara, não fugindo das responsabilidades existe uma colossal diferença com o célebre caso do Benfica-Nacional, em que Pedro Henriques foi censurado por ter defendido, em todos os momentos, a sua decisão. Estava só, indefeso perante tamanha contestação. Também Hermínio Loureiro é acusado de nada fazer para mudar essa situação, de tentar sempre apaziguar os conflitos.

Chega, por fim João Gabriel. Sim, o director de comunicação (?) do Benfica. Antes do jogo de sábado lançou suspeitas, sem se saber muito bem tiradas de onde, sobre possíveis casos de doping no Sporting. Agora, no final do jogo e no auge de toda a contestação a Lucílio Baptista, Gabriel recordou que o Benfica também tem razões de queixa porque ficaram dois jogadores por expulsar e que Lucílio tirou, na época passada, a oportunidade dos encarnados de disputarem a Liga dos Campeões. Prosseguiu os disparates, afirmando que o Sporting tem demonstrado um enorme mau perder desde o final do jogo e que tem uma posição coincidente com o "clube do Norte". Para colocar a cereja no topo do bolo, João Gabriel finalizou dizendo que o Sporting não faz falta na Liga porque só lá estava para pressionar os árbitros e quem os dirige, elogiando depois Hermínio Loureiro que tem feito um excelente trabalho na luta contra a corrupção. São asneiras a mais ditas por um director de comunicação que só quer protagonismo. E é pena porque o Benfica não precisa disso. Nem de um director de comunicação que sirva, apenas, para criar um ambiente mais hostil.

Porém esta é, infelizmente, uma realidade do futebol português: só criticar quando as coisas correm mal. Sempre que existe um erro de arbitragem em que são prejudicados criticam tudo e todos, avançam com queixas e dizem querer um futebol saudável, onde impere a verdade desportiva. Mas quando são beneficiados não se passa nada, os outros é que têm mau perder e as vitórias são conseguidas com todo o mérito. Ridículo. Simplesmente.

sábado, 21 de março de 2009

Taça da Liga: Quim ganhou na (inesperada) lotaria!


O futebol é um jogo de opostos, de sorte e de azar, em que o mesmo protagonista tanto é herói como vilão. Quim é um exemplo disso. Depois de um par de épocas em que vestiu a capa de salvador, acabou empurrado para o banco por Quique Flores, após um erro frente ao Vitória de Setúbal. Não mais foi titular no campeonato. Porém, regressou à baliza na Taça da Liga. E voltou a ser herói. Na final, Sporting e Benfica acabaram empatados e chegaram aos penaltis. Quim defendeu três. E os encarnados ganharam. Irónico, não?

Houve quem falasse durante a antevisão que este poderia ser um jogo que serviria para salvar a época de uma das equipas, daquela que ganhasse. Ora vencer um troféu é sempre importante, seja ele qual for, e ainda para mais derrotando o velho rival tem um sabor especial. Ambos os treinadores fizeram mudanças em relação às equipas-base. Paulo Bento entregou a baliza a Tiago e colocou Pereirinha na vez do lesionado Izmailov. Do lado do Benfica, além de Quim, Quique Flores entregou também a titularidade a Rúben Amorim e confiou os dois lugares mais ofensivos a Nuno Gomes e Suazo, fazendo com que Aimar caísse mais sobre a esquerda.

Foi precisamente dos pés do capitão que surgiu a primeira chance de golo, aos 4 minutos. Porém, Tiago foi melhor e susteve o remate. Tinha sido um bom começo, com as equipas soltas e a mostrarem aquilo que pretendiam. A esse lance de Nuno Gomes respondeu Liedson, pouco depois de cumprido o primeiro quarto de hora da partida, com um remate cortado por David Luiz sob a linha de golo. O jogo estava entretido e assim chegou ao intervalo. Pelo meio, apenas Aimar na cobraça de um livre levou algum perigo a uma das balizas.


COMEÇAR COM GOLO E ACABAR COM... GALO!

O intervalo foi bom para o Sporting que entrou com tudo na segundo parte. Entrou a marcar. literalmente. Após uma jogada pela esquerda, golo de Pereirinha na recarga a um remate de Liedson ao poste. Estava desbloqueado o resultado. Em vantagem, a equipa de Paulo Bento ficou por cima do adversário, conseguindo mais domínio e mais lances de perigo. Porém, já depois de Derlei e Polga terem assustado Quim com dois cabeceamentos perigosos e de Quique Flores ter colocado Di María para o lugar de Nuno Gomes fazendo com que Aimar voltasse à posição onde mais tem sido utilizado, a servir o ponta-de-lança, o Benfica ameaçou verdadeiramente a baliza de Tiago num remate de Miguel Vítor, de cabeça, que embateu na trave. Estavam jogados 67 minutos, oito antes do empate.

Avancemos, então, esse curto espaço de tempo. Paramos no minuto 73: Lucílio Baptista assinala penalty para o Benfica por mão de Pedro Silva. Uma decisão errada, pois a bola bateu no peito de Pedro Silva - que atitude foi aquela ao empurrar o árbitro após ter visto o segundo amarelo? - que gerou uma enorme confusão entre os sportinguistas. Passada a polémica, Jose Antonio Reyes não tremeu e empatou a partida, a um quarto de hora do final. De um momento para o outro, tudo tinha mudado. Chegaram as grandes penalidades, sem prolongamento.

Ora, aqui não há justiças ou injustiças. Há sim eficácia na hora de marcar. O Sporting até começou em vantagem, devido à defesa de Tiago perante o remate de Aimar e do remate de Katsouranis para a bancada. Pelo meio, Quim defendeu o penalty de Rochemback. Defendeu também os remates de Derlei e Hélder Postiga, deixando assim caminho aberto para que o Benfica ganhasse a Taça da Liga. No momento da verdade, Carlos Martins enganou Tiago e deu a vitória aos encarnados. Para o Sporting fica a frustração de ter voltado a perder nos penaltis, à semelhança da temporada passada ante o Vitória de Setúbal.

Fora de jogo

Em fora de jogo! Foi assim que ficou o FUTEBOLÊS nestes últimos dois dias (ontem e hoje). Por isso mesmo, o blogue mudou de imagem e está agora mais organizado do que estava anteriormente. Ficam as minhas desculpas.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Como não lembrar 2004?

Ora vamos fazer um exercício de memória: quem se lembra daqueles oitavos-de-final da Liga dos Campeões em que o FC Porto de Mourinho eliminou o Manchester United, em Old Trafford, com um golo de Costinha em cima da hora? Muito bem, foi mesmo memorável. Agora que está feita essa visita ao passado, regressemos ao presente: calhou, em sorte, o Machester ao FC Porto no sorteio de hoje.

Não havia como não recordar esse jogo de Março de 2004 pois marcou a última vitória portista na Liga dos Campeões. Contudo, o panorama agora é diferente: o Machester é uma super-equipa, campeã da Europa e do Mundo, partindo claramente como favorita enquanto que o FC Porto assume um papel de outsider. Em termos teóricos, adversários como Villareal ou até Arsenal eram os preferidos ao passo que o United era a equipa a evitar por ser, em igualdade com o Barcelona, a equipa mais forte da Europa. Porém, o sorteio poderá ter um efeito contrário pois a pressão estará toda do lado da equipa de Alex Ferguson e Cristiano Ronaldo. Mas o FC Porto tem hipóteses, obviamente.

Sp.Braga-PSG, 0-1: Acabou o sonho!


Minuto 80 do Sp.Braga-PSG, jogo que iria decidir a passagem aos quartos-de-final da Taça UEFA: livre marcado para a área, Eduardo falha a intercepção e deixa a bola ao dispor de Houarau que cabeceia para o fundo da baliza. Golo! Acabou, ali, o sonho do Sp.Braga. Da pior forma possível. Depois já não havia volta a dar, apesar da boa exibição. Contudo, é esse lance que fica para a história.

Era um jogo de tudo ou nada. Apesar do empate sem golos da primeira mão, em Paris, que poderia dar alguma vantagem ao Sp.Braga, o Paris Saint-Germain continuava como favorito até pela maior experiência neste tipo de competição a que se junta o bom momento no campeonato francês. Contudo, a equipa de Jorge Jesus já deu provas mais do que suficientes que não se deixa intimidar pelo nome do adversário e dispunha, então, de uma oportunidade única para o Sp.Braga fazer história, ao conseguir chegar a uma fase da Taça UEFA onde nunca tinha estado. Feitas as contas no fim e precipitando a conclusão, ainda não foi desta.

A campanha e as boas exibições da equipa contagiaram os adeptos que acreditaram na passagem desde o primeiro minuto. À semelhança daquilo que acontecera no Parque dos Príncipes, foi o Sp.Braga a tomar a iniciativa de jogo. E teve mesmo a primeira grande oportunidade de golo que surgiu aos 13 minutos: Paulo César encontrou a bola a saltitar e, com um remate espontâneo, obrigou Landreau a uma defesa assombrosa para a trave. Viriam a responder os parisienses por Chantôme com um remate que também acabou devolvido pelo travessão da baliza de Eduardo. Porém, pertenceu ao Sp.Braga a última grande ocasião da primeira parte, num livre de Luis Aguiar que passou perto, pertinho do poste.

A MALDIÇÃO DO TREZE

O nulo ao intervalo não interessava a ninguém. Era, por isso, mudar alguma coisa na segunda parte, quem quisesse passar tinha a obrigação de marcar. Foi isso que aconteceu aos 80 minutos no tal golo de Houarau que decidiu a eliminatória. Um homem que estava há treze minutos em campo. Irra que o o treze trouxe mesmo azar neste jogo! Antes disso, a toada continuava igual com a equipa do Braga dominadora da bola e dispondo de mais lances junto da baliza de Landreau. Os avançados arsenalistas voltaram a falhar na finalização mas aí também é justo reconhecer méritos ao guarda-redes francês que voltou a estar em grande frente a Renteria, já nos descontos.

Apesar de ter falhado o objectivo, é justo dizer que o Sp.Braga sai de cabeça bem levantada pois tudo fez para inverter o rumo (natural) dos acontecimentos. E nada apaga a campanha sensacional que conseguiu, tendo como ponto alto a espantosa exibição ante o AC Milan, em San Siro. Contudo, em futebol ganha quem marca e, nem sempre, quem joga. É um cliché que faz todo o sentido.

quarta-feira, 18 de março de 2009

O Sp.Braga de Jorge Jesus

Jorge Jesus não reúne consensos no futebol português, por não ter um discurso muito cuidado, chegando mesmo a ser algo desleixado. Mas mostra bons resultados. Num passado mais recente recuperou um Belenenses, que salvara da descida devido a todo o imbróglio do caso Mateus, catapultando-o para a Taça UEFA. Além disso, conseguiu também uma presença na final da Taça de Portugal, algo histórico para o clube. Saiu, apesar do excelente trabalho. Terminado o trabalho no Restelo, foi a primeira escolha de António Salvador para treinar o Sp.Braga.

Os arsenalistas partiam, também, para a época 2008-09 com ambições renovadas após uma época que nada teve de parecido com aquilo que havia sido construído no tempo de Jesualdo Ferreira, em que o Sp.Braga chegou à Taça UEFA e se intrometeu entre os grandes. Sucederam-se os treinadores, os problemas na equipa e acabou a temporada fora dos lugares uefeiros. Contudo, conseguiu-o por via da Intertoto, já com Jorge Jesus no comando. Daí em diante foi somando pontos atrás de pontos na Europa. Num abrir e fechar de olhos, porém com muito trabalho, chegou aos oitavos-de-final da Taça UEFA. Já depois de ter silenciado o San Siro, frente ao AC Milan, embora injustamente derrotado.

Amanhã, o Sp.Braga pode alcançar algo nunca conseguido nos bracarenses, se eliminar o Paris Saint-Germain e avançar para nova eliminatória. Contudo, caso isso não aconteça, nada apagará tudo o que já foi conseguido. Jorge Jesus é, obviamente, um dos maiores responsáveis pelo sucesso do Sp.Braga. Principalmente na Europa. Que mais podem pedir os adeptos quando se conciliam bons resultados com boas exibições?

domingo, 15 de março de 2009

Aceleração para o tetra?

ANÁLISE JORNADA 22 - LIGA SAGRES

Chama-se Roberto, é jogador do Vitória de Guimarães e é o principal responsável pelas mudanças na classificação do campeonato. Foi com um golo seu que a equipa de Manuel Cajuda derrotou o Benfica, na Luz. A oito jornadas do fim, os encarnados ficaram mais longe da liderança e viram-se ultrapassados pelo Sporting. Está mais confortável o FC Porto com quatro e cinco pontos de vantagem para os rivais. Será que embala para o tetra?

Vamos começar, então, pela derrota do Benfica. Sabia-se que seria um jogo complicado para os encarnados mas nesta fase da época todos eles são, existe uma pressão terrível de ganhar. A equipa de Quique Flores falhou. Porque faltaram ideias, faltou chama, faltou querer. A primeira parte não teve grande história à excepção de um remate de Desmarets que Moreira defendeu bem. De qualquer forma, esteve melhor o Benfica tendo mais controlo quer do jogo quer da bola; não havia, porém, as tais ideias para incomodar Nilson. No reatamento, a equipa do Benfica mostrou-se algo nervosa, com vontade de chegar o mais rápido possível ao golo. Só que para isso era necessário um discernimento que os encarnados não tinham. Face a tamanha falta de ocasiões de golo, Quique Flores mexeu na equipa. Mexeu mal. Retirou Cardozo, ainda que desinspirado era o único avançado em campo, e lançou Nuno Gomes. Contudo, pertenceu a um médio, Katsouranis, um lance de ataque mas o remate saiu para fora. Aproveitou o Vitória de Guimarães para, aos 66 minutos, chegar à vantagem com um golo de Roberto. Três minutos depois disso, Nuno Gomes dispôs de uma oportunidade soberana para empatar mas Nilson foi melhor. Apareceu mais uma oportunidade de ouro, já em descontos, num remate de Balboa para fora. À quinta tentativa, o Vitória conseguiu mesmo derrotar o Benfica. Na Luz, numa exibição fraca dos encarnados que deixaram o título mais longe.

González & González. Não é o nome de nenhuma multinacional mas fazem uma boa sociedade: um é Lucho, o outro Mariano. Foram eles os principais destaques da vitória do FC Porto sobre a Naval, que permitiu aos portistas ficar com mais vantagem sobre o segundo lugar, agora de posse do Sporting - falaremos deles mais à frente. Haveria, à partida, um certo desgaste na equipa de Jesualdo Ferreira, muito por culpa da partida da Liga dos Campeões, com o Atlético Madrid e além disso é nos jogos em casa que o FC Porto mais desperdiça pontos. Contudo, nada disso aconteceu. Os portistas entraram com garra e com enorme vontade de chegar ao golo. Sucederam-se as oportunidades, tendo Rodríguez (falhanço incrível aos três minutos!), Mariano e Lisandro na linha da frente. A Naval aguentava o barco muito por culpa de Paulão, já com dois cortes in extremis a impedir que o FC Porto marcasse. Porém, não chegou, para travar um remate vitorioso de Mariano González, à meia hora de jogo, depois de um bom lance sobre Daniel Cruz - o tal que marcou o golo da vitória da Naval na primeira volta. O momento alto da partida estava, ainda, reservado para o minuto 68 quando a sociedade González voltou a funcionar e Lucho, com uma classe enorme, marcou o segundo golo para os portistas. Era o golo da tranquilidade, sobretudo. Até porque antes disso, Paulão quase empatou. Contas feitas, o FC Porto ganhou de forma confortável. E alguém se lembrou que faltavam Fernando e Hulk?

Ora como o prometido é devido, chegamos ao jogo do Sporting. Foi um jogo sem grande história, há que dizê-lo. Era um jogo importante para os leões se redimirem (ou pelo menos, tentarem) do jogo de Munique frente ao Bayern. O Rio Ave, a precisar de pontos para sobreviver, queria complicar a tarefa. Em vão, contudo. A equipa de Paulo Bento foi sempre a mais perigosa, esteve sempre por cima do adversário e mostrou, desde o começo, grande vontade de ganhar. A resistência do Rio Ave durou, apenas, até aos 22 minutos quando João Moutinho marcou o primeiro golo. Três minutos volvidos, o Sporting teve oportunidade de aumentar a vantagem mas Paiva foi enorme após um remate de Izmailov. Surgiu, depois, a melhor oportunidade da equipa de Carlos Brito, por Fábio Coentrão, aparecido frente-a-frente com Rui Patrício; o lance não teve consequências, porém. Já em cima do intervalo, os leões deram uma machadada final na partida: Bruno Mendes cortou a bola com a mão, foi expulso e na conversão do livre, Rochemback, fez o segundo golo. Ponto final. Porque na segunda parte e a jogar com mais um elemento, o Sporting limitou-se a gerir o resultado, sem criar situações de golo.

O derby madeirense, Nacional-Marítimo, deu empate; marcou primeiro a equipa de Manuel Machado, num bom remate de Juliano e empatou, já na segunda parte, Baba com um pontapé de moinho fantástico. O resultado agradou ao Sp.Braga, que não se viu ultrapassado pelo Nacional no quarto lugar, depois de ter empatado também o seu jogo com a Académica, denotando algum desgaste devido à sobrecarga de jogos a que os jogadores têm sido sujeitos. A luta pela UEFA está concentrada, sobretudo, em Braga e na Choupana. Até porque o Leixões está numa autêntica queda livre e foi derrotado, em Paços de Ferreira, por 4-0. Contudo, nada apaga a sensacional primeira volta realizada pela equipa de José Mota e esta quebra é natural. Na luta pela permanência, o Vitória de Setúbal voltou a ganhar, desta vez na Trofa e deixou a equipa de Tulipa com maiores motivos de preocupações. Por fim, o Belenenses voltou a não ganhar; empatou, em casa, frente ao Estrela. Mas também é justo dizer que recuperou de uma desvantagem de dois golos.

Com tudo contado, a Liga Sagres regressa dentro de três semanas. Num estádio perto de si.


A FRASE DA JORNADA:


Não sou o Zandinga nem a Maya mas os primeiros quatro lugares já estão entregues.
Manuel Machado, treinador do Nacional


A incógnita de Jesualdo Ferreira

O campeonato aproxima-se do fim e o FC Porto é, novamente, o mais sério candidato a vencer mais um título tendo uma oportunidade de ouro para se distanciar dos rivais em caso de vitória, hoje, sobre a Naval. Está também nos quartos-de-final da Liga dos Campeões após ter eliminado com categoria o Atlético de Madrid. Por isso mesmo, há um tema que tem sido recorrente nesta altura: a renovação de Jesualdo Ferreira. O treinador acaba contrato no final desta época e ainda nada está definido. Jesualdo fecha-se em copas e só diz querer ganhar, ganhar e ganhar. Mas até os próprios adeptos se mostram divididos no que toca a esse assunto.

De um lado estão os resultados que o FC Porto de Jesualdo consegue - esta temporada é, talvez, a melhor do professor no comando dos portistas se virmos bem todas as competições - mas de outro as exibições menos conseguidas e que não costumam entusiasmar. As opções de Jesualdo Ferreira são também discutíveis, por vezes, sendo apelidado de receoso e de não ter o hábito de arriscar muito em alturas do tudo ou nada. Porém, há que reconhecer os seus méritos naquilo que o FC Porto tem conseguido nos dois últimos anos e em formar jogadores: Bruno Alves e Fernando são os maiores exemplos.

Por tudo o que isso representa, as conquistas recentes dos portistas não se podem resumir a demérito dos adversários. O campeonato do ano passado, ganho com mais de vinte pontos de vantagem sobre o segundo classificado, não foi obra do acaso. Resultou de trabalho, de concentração, de aproveitamento. Esta época, o FC Porto mantém-se na liderança da Liga Sagres, nos quartos da Liga dos Campeões e nas meias-finais da Taça de Portugal tendo apenas perdido a Taça da Liga. Soube ultrapassar uma fase má em que tanto as competições internas como as competições europeias chegaram a estar em xeque. O que significa que continue ou não, Jesualdo terá sempre o seu dever cumprido.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O problema das claques e dos ultras do Atlético

Muito se discute sobre o verdadeiro valor das claques dos clubes de futebol. Há quem as considere fundamentais nas vitórias das equipas através do apoio que é dado mas, por outro lado, também há quem as considere bem dispensáveis. Eu confesso que me enquadro com as duas opiniões. Concordo quando se diz que são um factor extra de motivação e de força quanto mais não seja a puxar por aqueles adeptos mais calmos e que não entram em grande gritarias. Contudo, existe um lado violento nas claques. Em todas elas.

O exemplo mais recente disso mesmo aconteceu no jogo da passada quarta-feira, FC Porto-Atlético de Madrid. A cerca de hora e meia do início da partida, os ultras do Atlético começaram a descer a Alameda sozinhos, sem escolta policial. É inacreditável mas é verdade, ainda para mais num jogo como este, de alto risco. A claque do Atlético chegou ao Dragão sozinha nem com um único polícia que seja pelo meio. À medida que se aproximavam do estádio, foram lançando pedras, garrafas e até very-lights chegando a partir duas janelas de um autocarro que transportava adeptos do FC Porto. Até os próprios adeptos colchoneros que ali se encontravam, sem terem nada a ver com aquilo, ficaram surpreendidos e apreensivos. Depois, claro, seguiu-se a reacção dos portistas que levou a uma autêntica batalha campal, com a polícia a distribuir pancada a torto e a direito. Foram quinze minutos de cortar à faca, quinze minutos de plena violência. Houve detenções, houve feridos. Tudo ali em frente à polícia e aos seguranças.

Por isso, se diz que as claques estragam o futebol pois preferem climas violentos e hostis a climas de festa e rivalidade sã. É um mal geral. Porém, pior mesmo é ver as atitudes da polícia que falhou, claramente, e reagiu tarde de mais, não usando os melhores métodos. Infelizmente.

PSG-Sp.Braga, 0-0: Empate precioso!


O resultado foi bom. Porém, melhor seria se o Sp.Braga tivesse conseguido marcar para trazer vantagem para o jogo da segunda mão. Tirando o Milan, este Paris Saint-Germain é, talvez, a equipa mais complicada que os arsenalistas encontraram. Seja como for, ficou bem provado que em nada é inferior. Regressa, por isso, cheio de esperança para o jogo de Braga.

Jorge Jesus procedeu a algumas alterações na equipa, desde logo com a inclusão de Rodríguez no onze titular acabando com as adaptações no centro da defesa a que tem sido obrigado por várias lesões. A ele juntou-se César Peixoto e, também, Jorginho regressou à titularidade para servir de apoio ao avançado Renteria. Era reconhecido que o PSG tinha algum favoritismo, quanto mais não fosse por jogar em casa e além disso contava com jogadores de enorme qualidade como Makelele, Giuly ou Kezman se bem que já veteranos. Contudo, ambos os treinadores jogaram à defesa na antevisão do jogo: Jorge Jesus mostou vontade de ganhar mas ficaria feliz da vida com um empate, sobretudo com golos; Paul Le Guen alertou também para os perigos deste Sp.Braga, uma equipa que vai surpreendendo cada vez mais a Europa com as prestações na Taça UEFA.

E o Sp.Braga surpreendeu mesmo nos minutos iniciais. Jogou desinibida, sem complexos e assumindo claramente o que pretendia. Entrou a mandar no Parque dos Príncipes, literalmente. O PSG explorava, principalmente, os lances de bola parada para criar perigo para Eduardo mas sem nunca criarem um lance de golo iminente. A grande oportunidade para marcar surgiu do lado contrário, num lance em que Renteria se conseguiu isolar mas adiantou a bola em demasia permitindo a defesa do guarda-redes Edel. Foi uma oportunidade soberana para a equipa de Jorge Jesus se colocar em vantagem não só no jogo mas também na eliminatória.

BENDITO POSTE!

No reatamento, o PSG entrou com outra dinâmica, bem diferente daquela que tinha mostrado na primeira parte. Com 51 minutos jogados, Chantome, em posição frontal, cabeceou para uma defesa soberba de Eduardo. Pouco depois disso, Paul Le Guen decidiu lançar dois homens de ataque, Houarau e Giuly, para tentar chegar ao golo. Jorge Jesus respondeu colocando Stélvio na vez de César Peixoto a fim de ter jogadores mais fortes em termos físicos para disputar a batalha a meio campo. O jogo estava vivo, com o PSG mais perigoso e controlador enquanto que o Sp.Braga preferia fazer a escolta da baliza de Eduardo e sair para o ataque por meio de transições rápidas.

O aviso mais sério dos franceses apareceu aos 61 minutos, altura em que Rothen acertou no poste. Daí até final, o PSG tentou de tudo para marcar mas o Sp.Braga, inteligentemente, fechou-se e protegeu o empate. Precioso para a segunda mão.

quinta-feira, 12 de março de 2009

FC Porto-Atlético Madrid, 0-0: Nos quartos com classe!


Uff, já acabou. Ora vamos ao que interessa: o FC Porto eliminou o Atlético de Madrid e está nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Foi um jogo de sofrimento, de nervos, de batimentos acelerados. Os portistas foram sempre mais equipa, estiveram mais perto de marcar mas não conseguiram sair do nulo. Só após o apito final de Pieter Vink é que o Dragão descansou. E vieram os festejos, enfim. Efusivos, eufóricos e merecidos depois de uma enorme prova de qualidade do dragão.

A Liga dos Campeões é uma prova em que só os mais fortes sobrevivem. Por isso mesmo, ambas as equipas sabiam que um pequeno erro podia custar bem caro. O FC Porto partia com vantagem devido ao jogo de Madrid; o Atlético era obrigado a correr atrás do prejuízo mas sabendo, também, que um golo bastaria para eliminar os portistas. Porém, a não inclusão de Diego Forlán no onze titular podia indicar o contrário. Essa foi, de facto, uma opção estranha de Abel Resino que preferiu um 4x3x3 com Paulo Assunção, Raul García e Maxi Rodríguez no meio campo e com Sinama Pongolle, Simão e Agüero na linha de ataque à baliza de Helton. Por sua vez, Jesualdo Ferreira colocou a equipa do costume, já com o regresso de Sapunaru à lateral direita.

Entrou melhor o FC Porto, com boa troca de bola e sem se agarrar em demasia à vantagem traiçoeira do jogo da primeira mão. Os portistas entraram decididos, com vontade de resolver de vez a passagem aos quartos. A primeira grande ocasião de golo surgiu aos 14 minutos num livre directo de Bruno Alves que passou pertinho, pertinho da trave. O Atlético quase que só fazia figura de corpo presente a apenas em jogadas individuais criava algum perigo para Helton. Foi precisamente dessa forma que, aos 25 minutos, Simão conseguiu entrar na área onde viria a ser derrubado por Bruno Alves sem que Pieter Vink tenha assinalado qualquer falta. Surgiu, então, a melhor oportunidade de golo da primeira parte: após um alívio da defesa colchoneros, Fernando rematou bem mas Leo Franco respondeu com uma grande defesa. Foi aí que a equipa de Abel Resino acordou por fim e partiu para o ataque, nos últimos dez minutos. O lance mais perigoso do Atlético foi criado por Kun Agüero, a estrela da companhia, que deu um autêntico nó cego a Sapunaru só não resultando na perfeição porque Pongolle chegou um pouco atrasado. Ao intervalo, a equipa espanhola estava instalada no meio campo do FC Porto e com mais posse de bola.

MANTER O RITMO, SABER SOFRER E JÁ ESTÁ!

O segundo tempo começou como acabou, com o Atlético melhor e a jogar mais no meio campo contrário. Estava melhor no jogo, há que dizê-lo. Porém, essa toada durou apenas até aos 54 minutos, quando Abel Resino retirou Maxi Rodríguez para lançar Forlán para o ataque. Foi a pedra de toque que mudou outra vez o rumo dos acontecimentos pois era pelo capitão dos colchoneros que passava a organização de jogo ofensivo. O FC Porto aproveitou e voltou a tomar conta da partida. O jogo estava vivo e intenso, por esta altura. Um minuto após a alteração, surgiram duas oportunidades de rajada para os portistas: primeiro Raul Meireles fez a bola passar perto do poste; depois Lisandro entrou na área mas não conseguiu bater Leo Franco. Antes do FC Porto partir para vinte minutos finais de grande categoria, o Atlético criou perigo com um cabeceamento de Agüero que passou por cima da baliza de Helton.

Em apenas dez minutos, os portistas dispuseram de enormes oportunidades para marcar. Contudo, Leo Franco e os ferros da sua baliza não quiseram entrar na festa. Primeiro aos 71 minutos, Rolando cabeceou bem mas o guarda-redes argentino foi enorme ; cinco minutos depois foi Lucho quem esteve perto de desempatar mas mais uma vez Leo Franco foi melhor; um minuto após, Hulk acertou na barra; e finalizando esse fantástico período de futebol atacante, Lisandro isolado por Raul Meireles, rematou ao poste aos 81'. Pelo meio, o árbitro ainda deixou passar uma grande penalidade de Antonio Lopez sobre Lisandro.

Nesta altura, o empate já era pouco para aquilo que o FC Porto produzia. Mas era perfeito para o resultado da eliminatória. Os três minutos de desconto dados por Pieter Vink foram de festa, ninguém se calou no Dragão. Porque a passagem já não fugia.

terça-feira, 10 de março de 2009

Bayern Munique-Sporting, 7-1: Não havia necessidade!


Chamem-lhe pesadelo, chamem-lhe desastre, chamem-lhe vergonha. Porque todos esses adjectivos se aplicam na perfeição àquilo que aconteceu no Allianz Arena. O Bayern de Munique deu um autêntico amasso ao Sporting. O jogo acabou com 7-1 no resultado, sem espinhas. Uma das maiores goleadas de sempre sofridas por equipas portuguesas nas competições europeias. Sete a um, enquanto que o conjunto dos dois jogos ficou em 12-1.

O Sporting partiu para Munique com a vontade de tentar limpar a desastrosa imagem deixada no jogo da primeira mão, em Alvalade, acabado com um 5-0 para o Bayern. O objectivo era exactamente esse, era honrar a camisola e o clube, tal como Paulo Bento referiu. Porque quanto à eliminatória estava arrumada e nem o mais fanático adepto acreditaria numa reviravolta. Por isso mesmo, também Jürgen Klinsmann poupou alguns jogadores como Ribéry e Luca Toni, dando oportunidade a outros menos utilizados. Do lado do Sporting, jogaram Tonel e Miguel Veloso na linha defensiva. Surpreendeu, sobretudo, a titularidade de Veloso depois das suas declarações polémicas à partida para a Alemanha. O que é certo é que foi ele a ocupar a lateral esquerda.

O festival de golos do Bayern começou aos sete minutos. Num lance que não parecia trazer grande perigo, Miguel Veloso atrasou a bola para Polga; o brasileiro entregou a bola a Podolski que, de fora da área, rematou para dentro da baliza de Rui Patrício - ficou a olhar para o boneco!. Era um prenúncio do que se seguiria e vieram à memória as facilidades que o Bayern havia tido em Alvalade. Percebeu-se que, desta vez, não seria diferente. A equipa de Klinsmann mesmo em poupanças apresentou um ritmo forte e o Sporting estava completamente à deriva, entregue à sorte. Veio o segundo golo, aos 33 minutos; cinco minutos depois, o terceiro. Ora aqui importa referir Anderson Polga, porque esteve num daqueles dias em que é preferível não sair de casa: deu uma autêntica barracada, a meias com Rui Patrício, no segundo golo; marcou o terceiro, na própria baliza, ao tentar um alívio para fora. A isso junte-se o mau passe no golaço de Podolski, o primeiro. Mau de mais!

BARRACADAS A MAIS

A noite era já de pesadelo. Porém, no meio de tanto desastre, surgiu o melhor momento da noite. Um golão de João Moutinho com a bola a entrar no ângulo da baliza de Butt, na gaveta. Porém, serviu apenas para reduzir a desvantagem. Mas por pouco tempo, porque os jogadores do Bayern de Munique não gostaram da brincadeira e na jogada seguinte voltaram a marcar. Tudo tão, tão fácil. Chegou o intervalo com 4-1. No reatamento, os bávaros retiraram o pé do acelerador permitindo que o Sporting conseguisse chegar mais perto da baliza de Hans-Jorg Butt e tentasse chegar ao golo. Também as entradas de Abel e, principalmente, de Izmailov contribuiram para isso. Vukcevic - sempre o mais inconformado - esteve perto de marcar mas perdeu-se em fintas e não teve discernimento para bater o guarda-redes alemão. Nada havia a fazer.

Foi, então, com naturalidade que o Bayern chegou ao quinto golo. O jovem Muller, recém-entrado, arrancou de forma sensacional pela direita permitindo a Van Bommel marcar. Vieram ainda mais dois tentos para arrumar as contas. Primeiro, Pedro Silva cometeu um penalty que Klose aproveitou para picar o ponto; depois, na sequência de um canto, ficou toda a equipa a ver navios enquanto Muller empurrava a bola para dentro da baliza. Acabou, enfim. Sete a um!

Olha, ganharam os três!

ANÁLISE JORNADA 21 - LIGA SAGRES

Pela segunda vez esta época, os três grandes ganharam os seus jogos. O que equivale por dizer que se mantém tudo igual, as mesmas posições, as mesmas distância. Ou melhor, existe uma única diferença: agora falta menos uma jornada para jogar. E as decisões estão cada vez mais próximas. E tudo, tudo está em aberto.


O FC Porto era, à partida, aquele que tinha a tarefa mais complicada. Jogava com o Leixões, no Estádio do Mar. Era esperado um jogo intenso e disputado. Jesualdo Ferreira tinha mais um impedimento, a juntar aos laterais Fucile e Sapunaru: o castigo de Rodríguez, por acumulação de cartões amarelos. Foi então com Tomás Costa no lado direito da defesa e Mariano González e Farías - jogou na vez de Lisandro, poupado - no ataque que o FC Porto entrou no relvado. O começo prometeu muito, tendo um Leixões mais pressionante e mais rematador. Porém, a primeira grande oportunidade de golo saiu dos pés de Hulk, depois de uma arrancada a todo o gás. A equipa portista começou a tomar conta do jogo e instalou-se no meio-campo contrário. Depois de mais uma ou duas ameaças, apareceu o primeiro golo. Marcado por Lucho, de penalty. O Leixões perdeu um pouco o norte e não mais conseguiu dar seguimento à boa exibição dos primeiros minutos. Ao intervalo, a vitória assentava na perfeição aos portistas. A segunda parte começou, praticamente, com o segundo golo: erro enorme de Laranjeiro, corrida de Hulk para a baliza e já está. Aí a história do jogo ficou contada. O resto deu para o FC Porto começar a preparar o jogo da Liga dos Campeões, com o Atlético Madrid. E houve mais golos, sobretudo: o terceiro do FC Porto marcado por Raul Meireles após um nó cego de Farías a Brayan Angulo e uma simulação fantástica de Hulk; depois disso, marcou El Tecla; e para finalizar, em cima dos 90 minutos, Diogo Valente aproveitou um autêntico cabaz de Helton e reduziu a desvantagem para 4-1. Um resultado que só confirma que este FC Porto gosta mesmo é de jogar fora.

O Benfica de Quique Flores tem uma vertente masoquista, sem dúvida. Os encarnados chegaram à Figueira da Foz, para defrontar a Naval, um dia depois do jogo do FC Porto com o Leixões, sabendo que não tinham qualquer margem de erro e só a vitória servia. Porque em caso contrário, ficariam com o primeiro lugar mais longe. Conscientes disso mesmo, o jogadores do Benfica entraram com tudo. Três minutos jogados: livre de Reyes, mau alívio da defesa da Naval e remate de Aimar, de primeira, para dentro da baliza de Peiser. Porém, por paradoxal que pareça, o golo foi a pior coisa que podia ter acontecido à equipa de Quique Flores. Foram então os figueirenses a ter mais bola, mais controlo, a jogar a toda a largura. Estavam melhores do que o Benfica, há que dizê-lo. Mas não criavam perigo para a baliza de Moreira. E foi isso que valeu aos encarnados, secos de ideias e acumulando erros. A segunda parte continuou na mesma toada e, aos 53 minutos, a Naval chegou mesmo ao golo. Marcou Marcelinho com um bom remate cruzado. E foi este golo que mudou o jogo, mudou tudo. O Benfica acordou e percebeu que tinha que fazer muito mais para ganhar. Apareceu, finalmente, Di María que carregou a equipa para a frente. Já depois desse mesmo Di María ter acertado na barra, os encarnados chegaram ao segundo golo. Num cabeceamento de Katsouranis, em cima da baliza, após um cruzamento de Miguel Vítor. Era o golo da vitória. Este Benfica gosta mesmo de sofrer.

O Sporting entrou em campo primeiro que os rivais, tendo assim a possibilidade de colocar pressão extra nos outros jogos. Pela frente tinha o Paços de Ferreira, em Alvalade. Paulo Bento fez três alterações em relação ao jogo do Dragão: Rui Patrício regressou à baliza, jogando também Grimi e Adrien em vez dos lesionados Caneira e Rochemback. A equipa entrou bem, dinâmica e com boa troca de bola. O golo não tardou. Estavam jogados oito minutos e Liedson atirou para o fundo da baliza de Coelho que deu um autêntico frangão. O Paços estava com imensas dificuldades em acertar as marcações, em conseguir jogar. No oposto, os leões estavam bem melhores, sempre mais perigosos. O segundo golo já se adivinhava até que surgiu mesmo, aos 35 minutos, numa cabeçada imparável de Derlei - ele que já havia estado perto de marcar. Para a segunda parte, Paulo Sérgio lançou Cristiano para a frente de ataque levando também a uma mudança em termos tácticos. Com a alteração, os pacences conseguiram ser melhores do que tinham sido no primeiro tempo. Contudo, não incomodavam Rui Patrício. O jogo perdeu interesse e até os adeptos desligaram, fazendo a festa na bancada. Porque o resultado há muito que estava feito.

Na jornada em que os três grandes ganharam, as equipas com aspirações europeias claudicaram e nem Nacional nem Sp.Braga aproveitaram a derrota do Leixões, para se destacarem no quarto lugar. A equipa de Manuel Machado perdeu, em Setúbal, frente ao Vitória que assim recebeu um enorme balão de oxigénio enquanto que os bracarenses empataram, na Amadora, com o grande Estrela que é um exemplo a todos os níveis. Na luta pela manutenção, o Rio Ave cedeu um empate frente ao Marítimo, já em descontos, com um golo sensacional de Djalma; a Académica venceu o Trofense por 1-0 e o Vitória de Guimarães derrotou o Belenenses que está cada vez mais afundado. Porém, nada está decidido.

domingo, 8 de março de 2009

Rui e Sara na aventura de Turim

Chama-se Rui Silva, é um atleta português bem conhecido e esteve quatro anos sem competir ao mais alto nível. Pois bem, hoje, nos campeonatos de pista coberta voltou à ribalta: medalha de ouro nos 1500 metros. A vitória da garra, do querer, da força. É, acima de tudo, um exemplo. Porém, as medalhas portuguesas não ficaram só por aí. Porque Sara Madeira, surpreendentemente, conseguiu a prata nos 3000 metros. Um dia em cheio para o atletismo português, portanto.

sábado, 7 de março de 2009

Mais um saído do baú!

O futebol português tem umas personagens engraçadas. Cómicas, até. Apareceu mais uma, em pleno tribunal, no julgamento do caso do envelope com dinheiro que Pinto da Costa terá entregue ao árbitro Augusto Duarte dois dias antes do jogo entre o Beira-Mar e o FC Porto, de 2003-04: chama-se António Mortágua. É juiz e já foi presidente do Conselho de Justiça. Ora no tribunal disse que não acreditava que o presidente do FC Porto tivesse entregue esse tal envelope e que "500 contos (2.500€) só dava para o aquecimento porque a bitola dos árbitros, nessa época, era muito maior". Perante tal afirmação, Mortágua foi questionado sobre se os árbitros eram corruptos. A resposta seguiu a linha do que já haveria dito: "Alguns eram!". E continuou, ao falar de um jogo do Feirense e do Beira-Mar em que o árbitro recebeu, antecipadamente, 1.500€ de cada equipa.

Depois de tudo isto regista-se o facto de António Mortágua não acreditar que Pinto da Costa tivesse tentado corromper Augusto Duarte pelo simples facto de ser pouco dinheiro - disse mesmo que 500 contos era uma quantia ridícula - e, ainda, de não se sentir surpreendido com tudo isto. Porque diz que os árbitros de 2003/04 viciavam resultados. Mas nunca não falou, nunca disse nada. Fê-lo agora, atirando mais lenha para a fogueira. Dá para acreditar?

sexta-feira, 6 de março de 2009

É mesmo speciale

É impossível ficar-lhe indiferente: ou se ama ou se odeia, sem meio termo. Mourinho é frontal, directo, desconcertante. Se calhar por isso também lhe chamam arrogante. Tem um ego do tamanho do mundo já se sabe há muito, talvez desde a sua apresentação como treinador do FC Porto quando prometeu que seria campeão. Muitos desconfiaram mas ele cumpriu-o. Não costuma falhar. Partiu para Inglaterra para revolucionar a Premier League e devolver ao Chelsea a grandeza há muito desaparecida. Acabou com os jogos de cavalheiros, em que nada se discutia. Agora, em Itália, falou de "prostituição e manipulação intelectual". O ataque foi forte apanhando treinadores, árbitros e jornalistas. Disse ainda, pleno de ironia, que o "grande escândalo" está reservado para este fim de semana, nos jogos de Milan e Juventus.

Houve quem o apoiasse, houve quem o censurasse. O que é certo é que mais uma vez as palavras de Mourinho escaldaram. E até já se fala que poderá sair do Inter no final da época. Caso isso venha a acontecer, arrisca-se a sair com o título de campeão da Serie A, com uma valente indemnização e com a porta de Inglaterra, onde já disse querer regressar, aberta. Sairá mais uma vez por cima. Por isso causa tanto desconforto aos rivais. Foi assim em Portugal, em Inglaterra e agora em Itália. O homem é mesmo speciale.

terça-feira, 3 de março de 2009

Crónicas do BB


O NOSSO FUTEBOL DE VÁRIAS PERSPECTIVAS

Foram muito diferentes os dois clássicos que se jogaram em Fevereiro. Alvalade assistiu a um empolgante duelo entre leões e águias, com muitos golos, futebol de ataque e muita emoção. O Dragão viu um jogo sensaborão, com muita luta e entradas violentas, um árbitro desadequado, redundando tudo num espectáculo pobre. O que dita estes comportamentos díspares? O medo de perder? O receio de ao tentar a vitória poder perder pontos? Seja qual for a resposta, e os treinadores não são tão abertos ao ponto de o declararem, preferindo dizer que jogam sempre para ganhar, mesmo quando o anti-jogo é patente. Quem perdeu foram os espectadores, os de sofá e os de bancada.

Grande vai a bronca, como habitualmente, sobre o passivo dos grandes clubes, clamando que estão na falência técnica. Grave ilusão. Que vivem acima das suas posses, é verdade. Que gastam tolamente, também não o é menos. Mas basta ao FC Porto vender, Lucho, Bruno Alves ou Hulk, ao Sporting vender, João Moutinho, Miguel Veloso ou Vukcevic, e ao Benfica, Aimar, Reyes ou Cardozo, para reduzirem a cinzas o passivo. Já agora nem precisam de os vender todos, basta só um ou dois jogadores. Os activos dos clubes, os jogadores, não são cotados pelo valor de mercado, por ser variável, mas sim pelo valor de referência, muito abaixo da realidade, por isso a "falência técnica" é um flop. Preocupem-se com outros factores bem mais preocupantes da sociedade portuguesa.


O FC Porto faz uma inflexão clara na sua política de contratações, abandonando o mercado estrangeiro (preponderância argentina) e preferindo o mercado português. Ou seja, perante as fracas apostas nas contratações de inúmeros laterais esquerdos e direitos que não "pegaram", para além de médios de condição duvidosa e de atacantes que só a "teimosia" de Jesualdo Ferreira ainda fazem continuar de dragão ao peito, agora aponta-se baterias a jovens e bons valores portugueses como Varela e Miguel Lopes (já contratados) ou Beto (desejado). Que haja olhinhos para os muitos jogadores emprestados, que estão a fazer boa época, Nuno Coelho, Tengarinha, Ibson, Renteria, Candeias e outros tantos que se calhar, para vingarem no Dragão, só precisariam de metade das oportunidades que são dadas a Mariano.


Excelente época, aconteça o que acontecer daqui para diante, do Leixões de José Mota, do Nacional de Manuel Machado, do Braga de Jorge Jesus e do Estrela de Vidigal e Lázaro. Má época de Belenenses, V. Setúbal, Rio Ave e V. Guimarães, os três primeiros com a "corda na garganta" a apertar cada vez mais, e a equipa de Manuel Cajuda a definhar jogo após jogo, numa política de contratações dúbia (não se gastou dinheiro na continuidade de Ghilas para se contratar "pés de chumbo" como Douglas ou Jean Coral), com a "ebulição interna" a estender-se ao elenco directivo, com uns de um lado e outros do outro, e Vasco Santos ao meio, como pomo da discórdia.

Por último de referir a "lata" de Vítor Pereira, continuando de pedra e cal num lugar a que está agarrado como "lapa em rocha", apesar das asneiras que vai fazendo na nomeação dos árbitros para os jogos, e na liderança de uma "equipa" que funciona mal e com cada um a tocar o seu instrumento. Não falta muito para aparecerem os verdadeiros líderes da arbitragem a clamarem pelo lugar do menino Vítor. Mas não admira que com tão fraco prior a freguesia ande toda dividida e à deriva.

Assim vai o reino do futebol...
BERNARDINO BARROS

segunda-feira, 2 de março de 2009

Clássico só para o Benfica!

ANÁLISE JORNADA 20 - LIGA SAGRES

(Crónica FC Porto-Sporting)


O campeonato está cada vez mais emotivo. Para isso contribuiu o clássico entre FC Porto e Sporting que deu num teimoso empate, permitindo assim ao Benfica aproximar-se da liderança. A juntar ao facto de até final não haver mais clássicos o que equivale por dizer que será nos jogos entre
grandes e pequenos que existirão as decisões da Liga Sagres. O FC Porto parte para as últimas nove etapas com a camisola amarela, símbolo de liderança, vestida; Benfica e Sporting continuam na roda do líder, sempre na perseguição. Contudo, há mais para decidir quer no fundo quer no que toca aos lugares europeus.

Para o Benfica era fulcral vencer o jogo, em casa, com o Leixões para depois ver descansado o clássico e ganhar terreno a, pelo menos, um dos rivais. Porém, os encarnados tinham bem a noção de que iriam defrontar a equipa sensação do campeonato que já havia conseguido ganhar no Dragão e em Alvalade e era obrigatório vencer até porque vinham de uma derrota frente ao Sporting, no derby. Seria, à partida, um jogo escaldante. E foi-o, principalmente na segunda parte. A lesão de Carlos Martins (que já havia substituído o também lesionado Rúben Amorim), a mais ou menos quinze minutos do final, quando já não havia mais substituições para fazer obrigou a que os encarnados tivessem de sofrer até ao último apito de Lucílio Baptista. Porém, houve muito jogo antes disso. Houve os golos do Benfica, incialmente: o primeiro marcado por Élvis na própria baliza, aos 16 minutos; o segundo por Nuno Gomes, já na segunda parte, após um cruzamento de Cardozo com o pé direito (sim, direito!). Aí, com 67 minutos de jogo e 2-0 no resultado, o jogo parecia acabado. Além disso, o Leixões também não tinha o caudal ofensivo de outrora, não criava lances de perigo iminente para a baliza de Moreira. Contudo, tudo mudou de uma forma repentina: a equipa de José Mota conseguiu chegar ao golo por Rodrigo, num lance um pouco atabalhoado, aos 74 minutos; dois minutos volvidos surgiu a tal lesão de Carlos Martins. Daí até final, o Leixões tentou de tudo para chegar ao empate. O jogo acabou com o clima bem quentinho. E com a vitória do Benfica, sobretudo.

A jornada 20 trouxe ainda outro clássico, um derby. Entre Sp.Braga e Vitória de Guimarães: duas equipas em momentos bem diferentes. Ganhou a equipa de Jorge Jesus, com um golo de Paulo César. Destaque para a vitória do Marítimo por 5-1 frente ao Vitória de Setúbal, na estreia de Carlos Carvalhal no comando dos insulares. Em contrapartida, passam maus momentos os sadinos. Quem também passa por dificuldades mas ninguém o diria é o Estrela da Amadora que continua a somar bons resultados: desta vez com um empate na Trofa. O Nacional de Manuel Machado e Nenê derrotou a Académica e continua bem encaminhado para a Taça UEFA. Enquanto isso, na luta pela permanência, o Belenenses pode ter feito um hara-kiri ao ter perdido, em casa, com a Naval por 2-1, ao passo que o Paços de Ferreira derrotou o Rio Ave e tirou a corda do pescoço.

Quer no topo quer no fundo, a luta está bem renhida. Nada está definido, mas agora é aquela fase do tudo ou nada.