quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

As Crónicas do BB


A COSMÉTICA NÃO CHEGA

Estão na moda as operações de cosmética, quer no sentido figurativo, quer no sentido lato. No sentido lato, as ditas operações vão levando algumas figuras nacionais ao contacto com o bisturi, e apesar do sofrimento (não esbocem esse sorriso maroto porque isto não tem nada a ver com a Maya) que revelam após as ditas operações, não há grandes reclamações.


No sentido figurativo, elas raramente resultam, quer porque são arquitectadas por gente sem capacidade, quer porque são feitas em cima do joelho. É o que acontece no futebol português, onde as ondas de regeneração, de tão mal calculadas, se estão a transformar num tsunami de asneiras. Para não ser muito fastidioso tomemos apenas como exemplo a Taça da Liga, competição criada para dar mais jogos e consequentemente mais dinheiro aos clubes. Jogos só para alguns, os que chegam à fase final de grupos, porque os outros ficam logo pelo caminho.. Dinheiro só para os “grandes”, que beneficiaram de um sorteio “cozinhado” a preceito, e a verdade é que não “queimou no refogado”, pois saiu direitinho como tinha sido calculado, Sporting, Benfica, FC Porto e V. Guimarães nas meias-finais. Falta de espectadores na prova (ainda ontem nas meias-finais um total de 31.00 espectadores nos dois encontros), jogos sem interesse competitivo, ausência de delegados de arbitragem numa prova inequívoca que, nem a Liga, liga à Taça da Liga, e um regulamento arcaico, são as queixas mais ouvidas.


Sobre o regulamento e o célebre “goal average” já muito se explicou, e se o espírito da letra não condiz com o espírito da lei, o melhor é não se meterem a fazer regulamentos com anglicismos ou francesismos. A língua portuguesa é perfeita, embora alguns dos legisladores não a domine também na perfeição, mas isso já são outras histórias.


Faltava a cereja no topo do bolo, o argumento, estúpido e sem senso, dado pelo Conselho de Justiça da Federação, sobre o recurso do Belenenses que foi mal endereçado, pois nem sempre se deve seguir o caminho que os franceses indicam, “cherchez la femme”. É tudo uma questão de saber traduzir, coisa que os juízes não fizeram, optaram pelo que se quis dizer e não pelo espírito da lei. Abriu-se um precedente grave com esta decisão, não se julgava pelo que está escrito nos regulamentos, mas pelo que o bom senso manda. Já estou a ver alguns “chicos-espertos” do nosso futebol a começar a tirar proveito desta coisa do bom senso. Para os doutos “justiceiros”, média de golos e diferença de golos é a mesma coisa, na linguagem tida no futebol como comum. Argumentam ainda com a brilhante ideia que "mister" é a palavra comum para treinador. Eu também tenho uma palavra comum para os classificar, “assholes”, que pode ser traduzida como pessoas tontas ou estúpidas, mas dada a confusão reinante na Wikipédia para a definição correcta, o melhor é não a utilizar para fugir a más interpretações. Assim, apenas digo que, em certas pessoas, as operações de cosmética não resultam.


BERNARDINO BARROS

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