terça-feira, 11 de novembro de 2008

As crónicas do BB


O QUE VAI ACONTECER AO FUTEBOL PORTUGUÊS?

Perante a pergunta muitas nuvens negras se avistam no horizonte, e não é do tempo invernoso que se faz sentir, isso sim pelo amontoar de dívidas que os clubes profissionais vão acumulando. Os clubes gastam o que não têm, os jogadores preferem ordenados chorudos, prometidos mas não pagos, a propostas mais baixas de clubes que honram os seus compromissos. O Sindicato dos Jogadores sem força suficiente para fazer valer os seus direitos, vai clamando mas ninguém os ouve. A Liga de Clubes enfia a cabeça na areia e limita-se a cumprir o seu papel de organizadora de jogos, preterindo o de fiscalizador, fechando os olhos a incumprimentos que saltam à vista de toda a gente.


Com tudo isto, nada impede, que escassos dois meses após o inicio dos campeonatos profissionais, se entrasse na bancarrota. O Estrela da Amadora já lá chegou, outros para lá caminham (é só questão de esperar mais algumas semanas), os clubes da segunda liga já reuniram com a entidade patronal pedindo mais dinheiro, pois a torneira por onde jorra o líquido que paga a segunda competição profissional não chega para refrescar a garganta a tantos sequiosos. O Boavista safou-se do pedido de insolvência do Beira-Mar, mas já tem outro às costas e muitos outros se seguirão, pois os credores estão em bicha para receber o que a gestão de João Loureiro andou a esconder durante muito tempo, dívidas, muitas dívidas.


Volto pois a um tema que acho importante e relevante. Quem passa as certidões que garantem a inscrição dos clubes endividados na Liga? A Liga aceita, sem fiscalizar, todo o documento que lhe chega às mãos? O súbito enriquecimento não é um fenómeno estranho, para quem na véspera de acabar o prazo legal de apresentação dos documentos de “boa fé”, ainda tinha os credores à soleira da porta?


Responda quem souber, porque pelo que ouvimos do inefável presidente da Liga, prefere contornar as perguntas sobre o assunto, com respostas redondas e sem sumo, diria que resposta à moda da política, ou seja, diz muita coisa mas também coisa nenhuma. A semana passada realizou-se importante reunião de clubes na Liga, para pôr fim a um calendário de jogos catastrófico e que afasta os espectadores de jogos da Taça da Liga e de Portugal. Talvez se vá a tempo de salvar algo para a próxima época. E que tal haver reunião e decisões drásticas sobre os clubes não cumpridores? A transparência de Hermínio e Ricardo não chega a todos os sectores do futebol? Ou a preocupação vai para o caso das escutas que valem mas não valem? Como vai o “justiceiro” Costa descalçar a bota?


Entretanto as chicotadas psicológicas aí estão, Paulo Alves e António Sousa cá no burgo e Carlos Carvalhal além fronteiras.


Os grandes oscilam boas exibições com exibições razoáveis e medíocres, Leixões e Nacional lá vão fazendo como a formiga, amealham no Inverno para passar uma Primavera descansada, enquanto Guimarães e Braga são desilusão, pelo muito que prometeram e pelo pouco que vão cumprindo.


Ou seja nada muda no reino do futebol, até as arbitragens são o que se vai vendo semana após semana, e é preciso muita paixão, para assistir a tanta diatribe.


Fiquem bem e até Dezembro.

BERNARDINO BARROS (Director de comunicação da Global Sport)

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