sábado, 12 de julho de 2008

Vítor Baía


O nome não deixa ninguém indiferente. Vítor Baía. Foram dezoito anos ao mais alto nível... Com sucessos e fracassos, naturalmente!

Tudo começou em Guimarães. Numa tarde de sol do dia 11 de Setembro de 1989 - este de boa memória. Mlynarczyck, o habitual titular, estava lesionado na clavícula; Zé Beto estava a contas com um processo disciplinar. O treinador, Quinito decidiu então chamar um júnior que já há algum tempo trabalhava com o plantel principal.
Um miúdo precocemente velho, disse depois o treinador, impressionado pela frieza e confiança que o guarda-redes tinha demonstrado. Vítor Baía crescera depressa. Mental e fisicamente. Ele que, quando ingressou no FC Porto - com apenas 14 anos - trazido pelo seu treinador do Académico de Leça deixou os dirigentes desconfiados pela sua baixa estatura. Mas o miúdo estava crescido e com apenas 18 anos ganhou a titularidade da baliza portista que só foi interrompida por motivos de força maior.

BARCELONA, REGRESSO, SCOLARI E A PERDA DA TITULARIDADE

O primeiro grande motivo foi a transferência para Barcelona, em 1996, depois de já ter ganho várias distinções e ter batido o recorde nacional (que ainda hoje se mantém) de inviolabilidade. Esteve 1192 minutos sem sofrer golos. Foi então que se transferiu para os blaugrana, juntamente com Bobby Robson e Mourinho, permitindo ao FC Porto um encaixe de 5,5 milhões €.

Em Espanha teve um primeira época de sonho, onde foi eleito o melhor guarda-redes da liga espanhola e uma época de pesadelo. Começou com uma lesão no joelho esquerdo (a primeira de muitas) e acabou com os conflitos com o treinador holandês Van Gaal que o tornaram suplente de Hesp e lhe abriram as portas da saída. Foi então que Baía decidiu regressar ao seu clube de sempre... Apesar de ter propostas de clubes como o AC Milan.

Nas Antas foi recebido de braços abertos. Numa altura em que os portistas não encontravam um guarda-redes que o pudesse substituir, Vítor Baía era mesmo a opção indicada para suceder a ele próprio.
Apesar de tudo, não foi assim tão simples. Acumulou lesões atrás de lesões e esteve praticamente dois anos parado. Mesmo assim conseguiu estar em grande nível no Euro'00. Voltou-se a lesionar, mas recuperou em cima da meta para o Mundial 2002. No último amigável antes da prova, fez uma exibição soberba contra a China e ganhou a titularidade a Ricardo - que tinha jogado a fase de apuramento juntamente com Quim. O Mundial correu mal a toda a gente e Baía acabou por pagar por isso, apesar de não ter sido tão culpado como quiseram fazer passar.
Depois do Mundial da Coreia-Japão só jogou mais uma vez pela Selecção, em Inglaterra, quando Agostinho Oliveira era o seleccionador. Chegou Scolari e Vítor Baía não mais foi convocado. O guarda-redes da "Geração de Ouro" foi excluído da Selecção sem nunca ninguém saber porquê. A não ser Scolari, é claro.

Porém, no FC Porto, Vítor Baía continuou a provar que era o melhor guarda-redes português. Depois de ultrapassado um processo disciplinar por problemas com Mourinho, teve as melhores épocas de sempre. Venceu uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões para juntar à Taça das Taças, ganha em Barcelona e tornar-se num dos dez jogadores que venceram as três competições europeias. Em 2003-04 foi considerado pela UEFA como o melhor guarda-redes da Europa. Em 2004-05 o melhor guarda-redes da SuperLiga, numa época em que teve exibições estrondosas. Mas continuava fora dos eleitos de Luiz Filipe Scolari!

Os anos de ouro de Baía chegaram ao fim, em Janeiro de 2006, quando um "frango" na Amadora levou Co Adriaanse a trocá-lo por Helton. Mesmo assim, e depois de encostado por Adriaanse, Baía voltou a brilhar: a 22 de Março de 2006, no desempate por penaltis contra o Sporting. O 99 defendeu o remate de João Moutinho e lançou o FC Porto para o Jamor. Onde mais tarde, Adriaanse viria a conquistar a dobradinha. Ironia do destino... ou talvez não!
Foi então que Vítor Baía mudou de funções. Deixou de ser aquele homem das defesas impossíveis e passou a ser o "suporte" do balneário azul-e-branco. Co Adriaanse, Helton e mais tarde Jesualdo Ferreira nunca se inibiram de lhe agradecer publicamente. Na última época como profissional, Baía jogou apenas 4 minutos, na festa do título, com o Aves. Entrou e o estádio quase que foi abaixo... O mesmo estádio que em cada cruzamento gritava: "Baíaaaa!!".

"O Baía" sempre foi o meu ídolo. E eu pude despedir-me dele aplaudindo de pé - assim como os outros 50 mil que estavam no estádio - aquando do seu último jogo para o campeonato. Também por isso não podia deixar de lhe dedicar um espaço no FUTEBOLÊS.

Obrigado, campeão!